Lina Bo Bardi e a Fábrica da Pompéia: relações entre pensamento crítico, projeto e apropriação da arquitetura
Escola da Cidade Trabalho de Curso Graduação em Arquitetura e Urbanismo Aluna: Gabriela Fuganholi Silva Orientador: Cesar Shundi Iwamizu Banca avaliadora: André Vainer e Marina Grinover
Escola da Cidade
Trabalho de Curso
Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Aluna: Gabriela Fuganholi Silva
Orientador: Cesar Shundi Iwamizu
Banca avaliadora: André Vainer e Marina Grinover
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Bardi pôde incorporar nos projetos seus pensamentos sobre a
arquitetura moderna e tradicional brasileira, oriundos de sua
formação pessoal, arquitetônica e política. Sua juventude na
Itália, contemporânea ao período entre-guerras, deu a ela os
princípios para sua visão de mundo, estruturadora de toda
sua produção. Somada à sua origem europeia, ao chegar no
Brasil, Lina se depara com uma cultura diferente e extremamente
rica, na qual pôde apoiar mais um pilar de suas convicções
políticas e arquitetônicas. Desta forma, se torna uma
grande pensadora sobre o artesanato nordestino e crítica do
modernismo que estava sendo difundido no país através da
construção de importantes obras de interesse nacional. Sua
presença no canteiro de obras formou um repertório técnico
coerente com o contexto de seus projetos, somando e justificando
os princípios adquiridos anteriormente, criando um
ciclo capaz de produzir uma arquitetura extremamente coerente
com esses pensamentos.
A terceira parte se propõe a analisar o projeto a partir de
desenhos, feitos entre agosto de 2022 e março de 2023, retratando
o estado em que o SESC Pompéia se encontra no
período de produção deste trabalho. Os principais programas
existentes foram representados buscando encontrar as relações
entre as características arquitetônicas espaciais e as diversas
formas de apropriação da arquitetura pelos frequentadores
do SESC Pompéia. A apropriação dos espaços é a chave
de investigação, uma vez que esse era o principal elemento
considerado no projeto, e portanto, incapaz de ser desvinculado
da análise, além de ser essa apropriação também o que
faz o projeto ter sido considerado tão bem sucedido. Além
disso, será abordada uma breve discussão sobre as formas e
técnicas de representação, hipóteses que surgiram durante a
execução de todos os desenhos e que só puderam aparecer
pela prática do desenhar e pelo consequente enfrentamento
a questões de representação das formas, luzes, tons e outros
aspectos do desenho de arquitetura.
O SESC Pompéia é analisado na segunda parte deste trabalho
como projeto mais bem sucedido desse ciclo de aprendizado
e produção, embasado nos pensamentos políticos e arquitetônicos
de Lina Bo Bardi. Para além de sua forma final, o
interesse está no processo que tornou possível a arquitetura
que hoje conhecemos, local ímpar na cidade de São Paulo,
intrínseco ao que hoje chamamos de arquitetura moderna
brasileira. Seus desenhos, ferramenta essencial para projetar,
revelam as projeções sobre as pessoas que frequentariam
aquele espaço e suas formas de apropriação como partido
de projeto. O escritório montado dentro do canteiro de obras
criou uma virtuosa relação de transferência de conhecimento
capaz de enfrentar os desafios que o projeto apresentava,
considerando seu pioneirismo no restauro e revitalização de
uma estrutura pré-existente, alterando seu uso.