Lina Bo Bardi e a Fábrica da Pompéia: relações entre pensamento crítico, projeto e apropriação da arquitetura
Escola da Cidade Trabalho de Curso Graduação em Arquitetura e Urbanismo Aluna: Gabriela Fuganholi Silva Orientador: Cesar Shundi Iwamizu Banca avaliadora: André Vainer e Marina Grinover
Escola da Cidade
Trabalho de Curso
Graduação em Arquitetura e Urbanismo
Aluna: Gabriela Fuganholi Silva
Orientador: Cesar Shundi Iwamizu
Banca avaliadora: André Vainer e Marina Grinover
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
20 CAPÍTULO 1 LINA BO BARDI - O PENSAMENTO CRÍTICO 21
ocorreram por escrito, Lina também se apropriou da escrita
como forma de atuação, expondo seus pensamentos e posições
a respeito dos mais diversos assuntos no campo da arquitetura,
atividade que não pode ser ignorada na análise de
sua obra como um todo. 7
Lina como repórter
para o jornal Milano
Sera, após o fim da II
Guerra.
(foto: Federico
Patellani, fonte: site
Instituto Bardi)
Também em 1946, Lina Bo casou-se com Pietro Bardi – jornalista,
crítico e colecionador de arte, figura internacionalmente
conhecida nos círculos eruditos de arquitetura e artes visuais,
a quem admirava desde menina-soquete no tempo do Liceu
Artístico de Roma. 8 No mesmo ano mudaram-se para o Brasil,
chegando de navio ao Rio de Janeiro, desembarcando na
Baía de Guanabara. No ano seguinte, o casal mudou-se para
São Paulo após o convite de Assis Chateaubriand para Pietro
Bardi participar da fundação do MASP - Museu de Arte de São
Paulo, instalado na rua 7 de Abril — essa amizade resultou no
projeto da segunda sede do MASP, na Avenida Paulista, em
1957.
Sua trajetória até então havia despertado uma visão bastante
genuína sobre a arquitetura que se fazia na Europa durante
o período, que deixou para trás, no país ao qual já não pretendia
mais voltar. O impacto da guerra, que sempre foi um
espectro presente em sua vida, impactava a arquitetura e a
sua relação com a Itália como lar:
“Mas que estranho, que estranho que nada se visse da
nossa casa tão bela, que nada tivesse ficado capaz de
distingui-la das outras! Era tudo cinzento, tudo pó, tudo
igual aos outros montes cinzentos que também haviam
sido casas, mas certamente muito menos bonitas do
que a nossa.
Lina Bo Bardi no jardim
de seu escritório em
Vila Gesú. Milão, 1940.
(fonte: site Instituto
Bardi)
7 RUBINO, Silvana. A escrita de uma arquiteta. In: RUBINO, Silvana;
GRINOVER, Marina (org.). Lina por escrito: Textos escolhidos de Lina Bo
Bardi. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
8 BARDI, Lina Bo. Curriculum literário. In: FERRAZ, Marcelo (org.). Lina Bo
Bardi. 4. ed. São Paulo: Romano Guerra Editora, 2018. p. 9-12.