INFORMAQ | Nº 287 | maio de 2024 | Ano XXIII
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22 INFORMAQ Ano XXIII • nº 287 • Maio de 2024
rEFLEXÃO › PEDrO ESTEVÃO
Diretor de relações institucionais na Jacto S/A, membro do Conselho Administrativo da ABIMAQ e
presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ.
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
NA INDÚSTRIA DE MÁQUINAS
E IMPLEMENTOS AgRÍCOLAS
Para o ano de 2024,
não se espera um aumento
nas vendas de máquinas
agrícolas, devido
principalmente aos
problemas enfrentados
pelos agricultores
em relação à rentabilidade.
No entanto, é importante
ressaltar que esses
desafios são passageiros
e que estruturalmente
o Brasil está bem
posicionado,
com estimativas
de aumento significativo
da área cultivada nos
próximos anos.
Osetor de máquinas e implementos agrícolas
no Brasil enfrenta um cenário desafiador
em 2024, marcado por uma série
de fatores que impactam diretamente a
rentabilidade dos agricultores e, consequentemente,
as vendas do segmento.
Um dos principais desafios é a queda nos
preços das commodities, especialmente de
produtos como soja e milho, que são fundamentais
para a economia agrícola brasileira.
Essa redução nos preços tem gerado uma menor
rentabilidade para os produtores, que
acabam adiando investimentos em novos
equipamentos.
Além disso, os altos juros praticados no
mercado, como os do ModerFrota, que atualmente
estão em 12,5%, também contribuem
para desestimular os agricultores a adquirir
novos maquinários. Muitos agricultores
acreditam que esperar por uma redução nas
taxas de juros poderia ser mais vantajoso a
longo prazo.
Outro fator que impactou negativamente
a rentabilidade dos produtores foi a quebra
de safra causada pela seca severa que atingiu
o Brasil. Essa condição climática adversa resultou
em menor produtividade e, consequentemente,
em menor rentabilidade para
os agricultores.
Essa conjuntura financeira e climática
também afetou as exportações de máquinas
agrícolas brasileiras, que estão concentradas
principalmente na América Latina. Países como
Argentina, Paraguai e Bolívia, importantes
mercados para as máquinas brasileiras, também
sofreram com a queda nos preços das
commodities e viram sua rentabilidade diminuir,
o que impactou negativamente a demanda
por novos equipamentos.
No mercado interno, as importações de
máquinas agrícolas também caíram, acompanhando
a redução na demanda interna. Setores
como o de máquinas de colheita de algodão
e acessórios foram os mais afetados.
Para o ano de 2024, não se espera um aumento
nas vendas de máquinas agrícolas, devido
principalmente aos problemas enfrentados
pelos agricultores em relação à rentabilidade.
No entanto, é importante ressaltar que
esses desafios são passageiros e que estruturalmente
o Brasil está bem posicionado, com
estimativas de aumento significativo da área
cultivada nos próximos anos. O ministério da
agricultura projeta um aumento de 20% a 30%
nas exportações de produtos agrícolas para os
próximos 10 anos. Para conseguirmos este aumento
será necessário um aumento de 18 milhões
de hectares na área plantada que representa
21% a mais na atual área.
As empresas do setor estão atentas às
oportunidades apresentadas pela demanda
por biocombustíveis, buscando desenvolver
máquinas que possam utilizar diferentes tipos
de combustíveis, como motor elétrico híbrido,
elétrico com etanol, diesel e biodiesel. Esse é
um mercado promissor e que pode impulsionar
a demanda por novos equipamentos agrícolas
nos próximos anos.
Apesar dos desafios enfrentados em
2024, a indústria de máquinas agrícolas no
Brasil tem potencial para se recuperar e continuar
crescendo, impulsionada pela necessidade
de maior eficiência e sustentabilidade
no campo.