12.01.2013 Views

Era uma vez uma campanha publicitária que anunciava cartões de ...

Era uma vez uma campanha publicitária que anunciava cartões de ...

Era uma vez uma campanha publicitária que anunciava cartões de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONFISSÕES<br />

Os segredos da empatia ainda estão mal explicados, mas<br />

Susana Carvalho, CEO da agência <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> JWT e presi<strong>de</strong>nte<br />

da Associação Portuguesa das Empresas <strong>de</strong><br />

Publicida<strong>de</strong> (APAP), era a cobaia i<strong>de</strong>al para o neurocientista<br />

<strong>que</strong> quisesse <strong>de</strong>scobrir como é <strong>que</strong> alg<strong>uma</strong>s pessoas se ligam<br />

às outras, ultrapassando barreiras e timi<strong>de</strong>zes, e criando<br />

instantaneamente a sensação <strong>de</strong> <strong>que</strong>, afinal, o mundo não<br />

é um lugar perigoso, como tantas <strong>vez</strong>es por aí se diz.<br />

Sentada à secretária do seu gabinete, está voltada para as portas<br />

<strong>de</strong> vidro, abertas para um pátio do Centro Cultural <strong>de</strong> Belém<br />

por on<strong>de</strong> entram agora as vozes <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> cinco e seis<br />

anos <strong>que</strong> ali improvisaram um recreio. “Quando tinha a<strong>que</strong>la<br />

ida<strong>de</strong>”, recorda com o entusiasmo <strong>que</strong> a caracteriza, “estava<br />

em Timor, on<strong>de</strong> o pai fazia a tropa, e <strong>que</strong>ria ser enfermeira”.<br />

Influenciada por tudo o <strong>que</strong> a ro<strong>de</strong>ava e por um livro <strong>de</strong> capa<br />

encarnada <strong>que</strong> falava na profissão, ficou feliz no dia em <strong>que</strong><br />

a mãe lhe ofereceu um estojo <strong>de</strong> primeiros socorros. “Parti à<br />

procura <strong>de</strong> algum animal ferido <strong>que</strong> precisasse dos meus préstimos<br />

e, como não encontrei nenhum, acabei por plantar-me<br />

ao lado <strong>de</strong> um formigueiro, quase à porta <strong>de</strong> casa, a ver se ninguém<br />

as pisava.” Decididamente, <strong>uma</strong> fase passageira, por<strong>que</strong><br />

ainda hoje se sente mal quando vai tirar sangue e vê <strong>uma</strong> seringa,<br />

conta, a rir. Mais tar<strong>de</strong>, foi o ténis <strong>que</strong> quis levar a sério,<br />

SUSANA CARVALHO<br />

“Consi<strong>de</strong>ro-me <strong>uma</strong><br />

maratonista.”<br />

Quis ser enfermeira, tenista e jornalista, mas foi a publicida<strong>de</strong> <strong>que</strong><br />

acabou por conquistar Susana Carvalho. Directa e <strong>de</strong>scomplicada, a CEO<br />

da agência JWT é tão certeira como as <strong>campanha</strong>s <strong>que</strong> cria.<br />

TEXTO DE ISABEL STILWELL. FOTOGRAFIAS DE PEDRO BETTENCOURT.<br />

sobretudo quando, aos 16 anos, passou um ano nos EUA, num<br />

programa <strong>de</strong> intercâmbio <strong>de</strong> estudantes. Ganhou troféus e o<br />

direito a <strong>uma</strong> bolsa para a universida<strong>de</strong> com tudo pago e a garantia<br />

<strong>de</strong> <strong>que</strong> podia continuar a estudar e a jogar, mas, para<br />

<strong>de</strong>sgosto imenso, não lhe era legalmente permitido ficar mais<br />

tempo por<strong>que</strong> “havia muitos estudantes <strong>que</strong> acabavam por<br />

transformar a<strong>que</strong>les intercâmbios n<strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> asilo”.<br />

Voltou para Portugal frustrada. No liceu, ficara fascinada por<br />

jornalismo e, por cá, não só ainda não havia curso superior nesta<br />

área, como se vivia o ano do propedêutico, <strong>uma</strong> experiência<br />

estranha <strong>que</strong> se havia <strong>de</strong> transformar no 12.º ano. Ainda por cima,<br />

sem apoios <strong>de</strong> espécie nenh<strong>uma</strong> para o ténis, jurou <strong>que</strong>, daí<br />

a dois anos, voltaria para Boston. Contudo, enquanto esperava,<br />

e por<strong>que</strong> não está na sua natureza cruzar os braços, matriculou-se<br />

não num, mas em dois cursos: Turismo e Comunicação<br />

Social, na Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa. Confessa <strong>que</strong> o curso<br />

<strong>de</strong> Comunicação Social a <strong>de</strong>siludiu por ser <strong>de</strong>masiado teórico,<br />

“sobretudo para alguém como eu, <strong>que</strong>, no liceu, nos EUA, tinha<br />

tido <strong>uma</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> jornalismo em <strong>que</strong> nos pediam para fazer<br />

um jornal da escola a sério”.<br />

Não admira <strong>que</strong>, mal os dois anos <strong>de</strong> “exílio” passaram, estivesse<br />

<strong>de</strong> malas feitas <strong>de</strong> regresso à América, mas, entretanto, tudo

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!