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Depressão AnsieDADe e stresse - Universidade de Coimbra

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capítUlO ii - DepressãO, a n sieDa De e s t resse<br />

neste sentido consi<strong>de</strong>rou os stressores como os agentes que causam <strong>stresse</strong> (lovallo, 1997; lovallo & tho-<br />

mas, 2000; mcEwen, 2002; praag, Kloet & os, 2004; men<strong>de</strong>s, 2002).<br />

Como referimos, um stressor, como um estímulo no ser humano, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> natureza biológica ou<br />

psicológica e é avaliado pelo indivíduo a ele exposto, como rotineiro ou <strong>de</strong>safiador, gratificante ou não,<br />

como benigno ou prejudicial. no caso da avaliação ser negativa, o indivíduo po<strong>de</strong> ainda reconhecer a sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coping ou interpretar o estímulo como ameaçador à sua integrida<strong>de</strong> (lazarus & folkman,<br />

1984; praag, Kloet & os, 2004).<br />

Estes autores referem que as emoções resultantes da avaliação que a pessoa faz do estímulo po<strong>de</strong>m<br />

variar <strong>de</strong> alegria a <strong>de</strong>sespero, <strong>de</strong> tranquilida<strong>de</strong> a ansieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> suavida <strong>de</strong> a enfurecimento, <strong>de</strong> paz interior a<br />

culpa, <strong>de</strong> generosida<strong>de</strong> a inveja, <strong>de</strong> auto-confiança a vergonha, <strong>de</strong> satisfação a amargura, po<strong>de</strong>ndo ocorrer<br />

vários tipos <strong>de</strong> combinações. as emoções <strong>de</strong>sagradáveis levam a um estado <strong>de</strong> tensão quando o estímulo<br />

é avaliado como perturbador. do ponto <strong>de</strong> vista do comportamento evi<strong>de</strong>nte, as pessoas po<strong>de</strong>m ficar irritáveis,<br />

tensas, agressivas, distraídas, <strong>de</strong>sinteressadas, resignadas, ansiosas ou agitadas. po<strong>de</strong> ainda ocorrer<br />

perturbação do sono, do apetite e diminuição do <strong>de</strong>sejo sexual.<br />

neste sentido, o <strong>stresse</strong> não é uma síndroma uniforme, sendo fortemente influenciado pelas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

coping, pelas características da personalida<strong>de</strong>, pelas condições <strong>de</strong> vida, pela severida<strong>de</strong>, duração e número dos<br />

stressores. o estado <strong>de</strong> hiperestimulação é chamado <strong>stresse</strong>, ou o componente psíquico da síndroma <strong>de</strong> <strong>stresse</strong>.<br />

para muitas pessoas, o <strong>stresse</strong> refere-se a um estado <strong>de</strong> completa sobrecarga. os acontecimentos externos,<br />

em conjunto com o <strong>de</strong>sconforto da resposta ao <strong>stresse</strong>, conjugam-se para esvaziar a capacida<strong>de</strong> para<br />

lidar com os estímulos, ou seja para subjugar as estratégias <strong>de</strong> coping do indivíduo, tendo como consequência<br />

o estado <strong>de</strong> doença, com manifestações <strong>de</strong> cansaço, irritação e energia reduzida. a incapacida<strong>de</strong> para<br />

lidar com a situação e com o mundo provoca no indivíduo uma sobrecarga e um sentido <strong>de</strong> insuficiência, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>samparo e <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão (mcEwen, 2002).<br />

mas o <strong>stresse</strong> po<strong>de</strong> ajudar as pessoas a lidar com a emergência e a lidar com as mudanças. para conseguir<br />

estes feitos, os sistemas principais do corpo trabalham para prover a resposta <strong>de</strong> <strong>stresse</strong>, também conhecida<br />

como a resposta <strong>de</strong> luta ou fuga. Contudo, para ter este efeito têm que ser colocados em jogo: cérebro, mús-<br />

petências adaptativas. neste tipo <strong>de</strong> reacção, tendo em conta as condições <strong>de</strong> vida actuais, a resposta <strong>de</strong> fuga ou luta po<strong>de</strong> estar<br />

<strong>de</strong>sajustada. É um tipo <strong>de</strong> resposta crónica que mantém o indivíduo em condição <strong>de</strong> alerta por períodos prolongados <strong>de</strong> tempo e<br />

que po<strong>de</strong> ser responsável pelas doenças <strong>de</strong> adaptação (Walis, 1983 cit. in men<strong>de</strong>s, 2002).<br />

do ponto <strong>de</strong> vista das reacções orgânicas e comportamentais, Kaplan et al. (1993) cit. in men<strong>de</strong>s (2002) na fase <strong>de</strong> alarme o<br />

organismo apresenta respostas fisiológicas, com ingurgitamento do córtex supra-renal e do sistema linfático, aumento dos níveis<br />

hormonais como a adrenalina, o que conduz a um aumento da estimulação fisiológica. do ponto <strong>de</strong> vista comportamental po<strong>de</strong><br />

apresentar aumento da sensibilida<strong>de</strong> às modificações <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> stressor e aumento da susceptibilida<strong>de</strong> à doença.<br />

na fase <strong>de</strong> resistência as respostas fisiológicas passam pela retracção do córtex supra-renal, normalização do tamanho dos nódulos<br />

linfáticos e continuação dos elevados níveis hormonais. a via parassimpática do sistema nervoso autónomo tenta contrariar a<br />

alta estimulação. do ponto <strong>de</strong> vista comportamental, a resposta ao <strong>stresse</strong> está aumentada. o indivíduo tenta suportar o stressor e<br />

resiste aos seus efeitos mais <strong>de</strong>bilitantes.<br />

no estado <strong>de</strong> exaustão as estruturas linfáticas tornam-se ingurgitadas e/ou disfuncionais, os níveis hormonais estão ainda mais<br />

elevados havendo <strong>de</strong>pleção das hormonas adaptativas. do ponto <strong>de</strong> vista comportamental, a resistência ao <strong>stresse</strong> está diminuída, o indivíduo<br />

está frequentemente <strong>de</strong>primido, po<strong>de</strong>ndo ficar doente ou morrer, caso a exposição ao <strong>stresse</strong> severo continue (men<strong>de</strong>s, 2002).<br />

Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor<br />

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