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MOÇAMBIQUE PELO SEU POVO

moçambique pelo seu povo - Centro de Estudos Africanos da ...

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DE UMA SOCIEDADE COMUNITÁRIAPARA AS EMPRESAS DE05. FINALIDADE LUCRATIVAD. C., 24 ANOS, NATURAL DE DEMBA E RESIDENTE NO POSTOADMINISTRATIVO DO CANXIXE.72O motivo porque obriguei-me a escrever esta carta é o seguinte: Eusou agricultor de seis anos. Por mais que eu tenha seis anos enquantoestou cultivar o algodão, este ano de 1964 em 10 de Agosto chegou onosso mercado. Eu tinha recebido 30 sacos tiveram e enchi-os de talmodo que uma mulher não consiga transportá-los senão um homem debicicleta nova, e tãc forte marca Cumber. Por fim o resultado dos meus30 sacos tiveram com totais de 1.083 Kgs. E o resultado do dinheiro éo seguinte: 3.929$80. É verdade Senhor Director que eu merecia dereceber o dinheiro deste?! Eles dizem que cada quilo custa 3$80 maseu fiz as minhas contas não deram o resultado semelhante. Assim ospesadores não é praticar roubos? Se elguem tiver dificuldades fazero seguinte 1.083 Kgs multiplicar por 3$80 que é de cada quilo. Está aver? Portanto, se assim for para o ano, não terei vocação de cultivar oalgodão senão de trabalhar qualquer serviço que não seja do algodão.Bem sei que eu sou bruto. Mas não sou tão bruto da primeira marcacomo os outros são. Assim terminando os meus recados que nada maisa dizer 1919Um dos aspectos mais flagrantes da exploração em Moçambique processava-se na cultura do algodão.As companhias concessionárias dispunham de grandes áreas onde era obrigatória a cultura. Ascompanhias distribuíam as sementes e todos os riscos corriam por conta do agricultor. Este, no final, levavaa colheita aos mercados (também de exclusividade da mesma companhia) onde, frequentemente, oalgodão era classificado em categoria inferior à que tinha, realmente. Roubava-se no peso e ainda no actodo pagamento, como refere a carta. Durante o período da cultura, os agricultores, forçados a fazer algodãopara as grandes companhias, eram ainda sujeitos a castigos corporais por parte duma fiscalização quechegava a não permitir as culturas domésticas de subsistência. Nesta fiscalização tomavam parte, muitasvezes, as autoridades administrativas, cumulativamente com os funcionários das companhias.E-BOOK CEAUP 2008

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