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COMUNICAÇÕES 248 - VIRGÍNIA DIGNUM: IA RESPONSÁVEL PRECISA DE "REGRAS DE TRÂNSITO"

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itech 54 PEDRO FAUSTINO:

itech 54 PEDRO FAUSTINO: Paixão controlada Começou a vida profissional, imagine-se, a contar ovelhas. Uma experiência que jamais esquecerá. Depois foram outros os “bichos” que lhe tomaram os dias, as noites e os fins de semana. Mas com regras, porque a vida não se passa só em frente a um ecrã de computador. Texto de Teresa Ribeiro | Fotos de Vítor Gordo/ Syncview Foi, como todos os miúdos que se tornaram adolescentes na década de 80, um apaixonado pelo ZX Spectrum. E lembra-se bem de ficar a jogar o Pac Man e o Jet Man, os seus jogos favoritos, madrugada adentro, às escondidas dos pais: “Apagava a luz do quarto e punha o computador ligado por detrás da cama, para não se ver a claridade que irradiava”, recorda, divertido. Com essa experiência, o atual managing director da Axians aprendeu precocemente quanto o ecrã de um dispositivo eletrónico pode viciar e alienar os seus utilizadores. Uma lição que lhe ficou para a vida. Apesar daquele fascínio que sentiu na adolescência, na hora de escolher o que queria ser quando fosse grande optou pela área de economia e gestão. Licenciou-se em Economia, em 1994, em pleno boom do financiamento comunitário a Portugal e, na altura, surgiu-lhe a oportunidade de trabalhar como auditor no INGA (Instituto Nacional de Garantia Agrícola), a agência estatal que geria os fundos que eram canalizados para a agricultura. A sua função era, como lhe explicaram no primeiro dia, fazer a auditoria aos agricultores que recebiam subsídios comunitários ao abrigo da medida “Ovinos e Caprinos”. Aquilo soou-lhe a missão de grande responsabilidade, que o encheu de orgulho, mas quando perguntou qual era o protocolo a seguir, percebeu que, afinal, o que lhe pediam era para ir para o campo… contar ovelhas: “Como cada agricultor recebia em função do número de ovelhas e cabras que tinha, explicaram-me que o controlo era feito mesmo assim”, conta Pedro Faustino, por entre risos. Diz que correu o país de norte a sul, de exploração em exploração, a contar ovelhas. Uma experiência que jamais esquecerá, mas que o colocava muito aquém das suas expetativas. Quando se apercebeu de que o financiamento comunitário, em vez de contribuir para a modernização da agricultura, só servia para estimular o consumo, nomeadamente dos jeeps que na época inundaram o parque automóvel nacional, desiludiu-se de vez. Pouco tempo depois, surgiu-lhe uma oportunidade para mudar de vida. Despediu-se das paisagens bucólicas do campo, passou pela Sinfic, Movensis e GE, e entrou por uma porta igualmente inesperada, a de uma empresa de software, a Novabase. Na faculdade tinha aprendido uns rudimentos de programação: “Fazíamos umas coisas, sem muita graça, no quadro das aulas, em Pascal”, recorda. Antes disso, também tinha feito um curso de programação, através do qual conseguiu, com grande satisfação sua, pôr um jogo do galo a funcionar em Basic. Eram estas as suas skills técnicas. Mas tal não o impediu de se tornar gestor de produto: “Tive a sorte de encontrar naquela pequena tecnológica portuguesa muita gente que me ajudou. Ainda hoje, passados 30 anos, uso muito do que aprendi nesse tempo, até porque (brinca) as leis da física são as mesmas”. Desde então, a tecnologia e ele nunca mais se deixaram. O que o fascina nela, acima de tudo, é a capacidade que tem de transformar o mundo. Sabe também que pode tornar-se “numa arma e num enorme fator de desequilíbrio social”, mas defende que “cada um de nós tem a responsabilidade de contribuir para atenuar e combater esse efeito”. Pedro Faustino admite que, se tivesse feito o seu percurso profissional noutra área, “teria, certamente, uma mundivisão diferente, menos abrangente”, porque trabalhar em tecnologia permite-lhe contactar “com todas as indústrias e todos os setores, todas as formas de pensar”. Ele gosta disso, gosta que a tecnologia lhe abra os horizontes e lhe dê ferramentas para contribuir para um mundo melhor. Mas a lição que aprendeu em garoto nunca esqueceu: “Não sou um geek, um adicto tecnológico, ou gadget dependente. Aliás, até há oito meses, tomava os meus apontamentos num caderno em papel, por muito que me tentassem convencer a usar um ipad (risos). Também sou incapaz de ler um e-book. Este fim de semana fui à livraria e trouxe dez livros num saco. Gosto de manusear, de marcar os livros, de os colocar na estante”, confessa. São exemplos que revelam que, apesar de ser um apaixonado por tecnologia, o managing director da Axians faz questão de viver fora da bolha tecnológica. Porque a vida é para desfrutar em pleno: online e offline.•

Usa um iPhone 11, mas teve de se certificar do modelo durante a entrevista, o que diz muito acerca do seu desprendimento em relação ao telemóvel: algo que considera indispensável, mas que não passa de uma ferramenta Só há oito meses deixou de tirar apontamentos num caderno em papel, quando finalmente encontrou um book digital que na sua opinião simula na perfeição o “feeling físico” do papel. Foi assim que passou a usar o Remarkable 55

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