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Encarte 3 - ICMBio

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Plano de Manejo do PN Montanhas do Tumucumaque<br />

ANÁLISE DA REGIÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO<br />

município suscitou interpretações diversas, algumas fantasiosas, como Oyampioca, morada<br />

dos índios Oyampis ou Oiapucu, rio da cobra grande. Tudo indica que se trata de um termo<br />

em língua Tupi, cuja origem remonta provavelmente aos antigos habitantes da bacia e não<br />

aos Wajãpi, que continuam chamando o rio de Wajapuku sem explicar sua etimologia.<br />

Em su a co nfiguração a tual, o m unicípio dat a de 1945, se ndo um dos mais antigos do<br />

estado. A hi stória das l ocalidades que or iginam a at ual se de do município é m uito<br />

interessante, com seus fluxos e refluxos de população, num movimento que exemplifica o<br />

modo como se deu a ocupação de toda a região.<br />

A fundação da atual cidade de Oiapoque é atribuída, conforme a memória de seus<br />

habitantes mais antigos, a um crioulo da Martinica, chamado Emile que se instala por volta<br />

de 1908, próximo ao rio Pantanari com sua família, e onde se reuniram poucos pescadores<br />

que vendiam seus produtos aos franceses, na margem oposta. Até hoje, muitos moradores<br />

de Saint Georges ainda se referem à cidade de Oiapoque como “Martinique”.<br />

Durante as décadas seguintes não foi a pe quena Martinique que cr esceu, m as um out ro<br />

povoado, si tuado r io aci ma. É fundado nos anos 1920, pel a C omissão C olonizadora do<br />

Oiapoque sob o nom e de Colônia Agrícola de C leveland. Ali foram instalados, inicialmente<br />

flagelados da grande seca de 1920 no Ceará. Em 1922, com escola, hospital, rádiotelégrafo,<br />

hospedaria, igreja e várias casas particulares. Mas a natureza de Clevelândia mudaria<br />

rapidamente: “ Os pronunciamentos militares contra a pol ítica da primeira r epública<br />

aumentaram tremendamente a de manda de esp aço nos presídios nacionais. S em a<br />

truculência da bagne francesa, da terrível ilha do Diabo, optou-se por solução semelhante: o<br />

desterro de pr isioneiros par a os confins do t erritório. A ssim ch egaram 250 pr esos em<br />

dezembro de 1924; mais 120 em janeiro de 1925; e em meados do ano 577” (Costa &<br />

Sarney, 1999: 231).<br />

A maioria dos presos eram anarquistas, tenentes rebelados, e todo tipo de pessoa que fosse<br />

considerada perturbadora da ordem. Com os que se evadiram (262 fugas registradas, quase<br />

28% dos presos), su rgem denúnci as, publ icadas às vezes em out ros países, dr iblando a<br />

censura, falando dos obstinados que teimavam em se organizar, como o núcleo de<br />

anarquistas, m esmo dentro da co lônia penal . Com o fim do governo Artur B ernardes, a<br />

censura di minuiu co nsideravelmente, e au mentam o nú mero de de núncias sobre as<br />

deportações.<br />

Além dos enormes problemas de convivência, do problema físico de al ojamento, um maior<br />

abalou a cidade: uma epidemia de febre disentérica. A combinação destes problemas com o<br />

fim do boom da bor racha e co m a di minuição da imigração nordestina resultou, ainda uma<br />

vez, em progressiva decadência. O quadro era triste em 1927, quando Rondon passou por<br />

lá: “ Levo impressão t udo j á est á feito, se ndo clima est ável e r egular. Palúdicos existentes<br />

foram trazidos dos seringais, p opulação l ocalizada g oza sa úde. C onvém i nsistir fixar<br />

trabalhadores nesta fronteira, evitar se percam tantos esforços e dinheiro despendidos. Sem<br />

tenaz per sistência não se al cançará a v itória” ( Costa & S arney, i dem). A co lônia a grícola<br />

entra e m deca dência. Pouco t empo depoi s, c om a ani stia dos pr esos, o pov oado de<br />

Clevelândia do Norte se dissolve completamente. No mesmo período, Emile da Martinique<br />

morre e sua pequena vila também se esvazia. Os únicos moradores daquela área se<br />

concentram na vila de Taparabu, rio abaixo, onde aumentam cultivos e pequena produção<br />

de gado.<br />

Foi somente em 1940 que a área volta a ser ocupada mais intensamente, com a instalação,<br />

nos restos de Clevelândia, do Pelotão de Fuzileiros Independente. A unidade militar foi-se<br />

modificando ao longo do tempo: em 1942 a Companhia de Fuzileiros e logo 3 o Batalhão de<br />

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