Silogismos Categ—ricos - CFH
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0.3 Redução à primeira figura<br />
Um dos feitos mais relevantes de Aristóteles no que se refere à lógica foi ter mostrado<br />
de que forma os silogismos podem ser ’reduzidos’ uns aos outros, de modo que bastam<br />
apenas poucos deles para sustentar todas outras formas de argumentação silogística.<br />
Ele mostrou que há várias possibilidades de se realizar essa redução. Aqui, esboçaremos<br />
como os silogismos das figuras 2, 3 e 4 podem ser reduzidos aos da primeira,<br />
ou seja, transformados em um silogismo equivalente da primeira figura. Na verdade,<br />
como mostrou Aristóteles, bastam os silogismos em Barbara e Darii, mas aqui, por<br />
facilidade, ficaremos com os quatro da primeira figura. 7 Isso funciona, resumidamente,<br />
do seguinte modo (seguiremos mais uma vez [Kneeb.1063, pp. 18ss]).<br />
Deve-se levar em conta os processos de conversão vistos acima, e atentar para as seguintes<br />
regras, dadas em função dos nomes dos silogismos mostrados nos versos anteriormente<br />
exibidos:<br />
(i) No nome de cada silogismo, a primeira letra indica para qual silogismo da primeira<br />
figura ele será reduzido (o de mesma letra inicial).<br />
(ii) A letra s indica uma conversão perfeita da proposição denotada pela vogal precedente.<br />
(iii) A letra p indica uma conversão imperfeita (por limitação) da proposição denotada<br />
pela vogal precedente.<br />
(iiv) A letra m (de mutare) indica uma permutação das duas premissas.<br />
Vamos ilustrar com alguns casos. Por exemplo, um silogismo em Cesare, da forma (E)<br />
’Nenhum P é M’, (A) ’Todos os S são M’ / (E) ’Nenhum S é P’, reduz-se a Celarent<br />
(de acordo com (i) acima) do seguinte modo: primeiro, a letra s indica que devemos<br />
converter de modo simples a proposição E, obtendo ’Nenhum M é P’. Esta premissa,<br />
junto com a segunda original e a conclusão, dão um silogismo em Celarent. Assim,<br />
obtivemos um silogismo da primeira figura cuja conclusão é derivada de premissas<br />
equivalentes.<br />
Mais um exemplo: veremos como Felapton (por exemplo, (E) ’Nenhum M é P’, (A)<br />
’Todo M é S ’ / (O) ’Algum S não é P’) se reduz a Ferio. Primeiro, a letra p indica que<br />
devemos converter por limitação (per accidens) a premissa em A, obtendo ’Algum S<br />
é M’; então, ficamos com o silogismo (E) ’Nenhum M é P’, (I) ’Algum S é M’ / (O)<br />
’Algum S não é P’, que é um caso de Ferio.<br />
Os únicos silogismos que não podem ser reduzidos seguindo-se as regras acima são<br />
Baroco e Bocardo, devido à presença de uma proposição em ’O’, que não pode ser<br />
convertida das formas acima. Para reduzí-los, usa-se o método indireto ou reductio<br />
ad impossible, que pode também ser aplicado a outras formas de silogismo). 8 Este<br />
7. O leitor curioso pode alternativamente ver o capítulo 12 de [?], [Dopp.1970, p. 147].<br />
8. Ver Kneale & Kneale op. cit., p. 80.<br />
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