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Frédéric Bastiat - Ensaios - Ordem Livre

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No momento em que estamos preocupados em fazer economia no setor de transportes; no<br />

momento em que, para realizar tais economias, as estradas estão sendo niveladas, os rios<br />

canalizados, os navios a vapor aperfeiçoados, todas as nossas fronteiras ligadas a Paris por uma<br />

estrela de ferro, por sistemas de tração atmosféricos, hidráulicos, pneumáticos, elétricos; no<br />

momento em que, enfim, devo acreditar que cada um procura com afinco e sinceridade a solução<br />

para o seguinte problema: "Reduzir tanto quanto possível a diferença entre os preços dos produtos nos<br />

locais onde são produzidos e os preços nos locais onde são consumidos", nesse momento, eu me sentiria<br />

culpado para com o meu país, para com meu século e para comigo mesmo, se insistisse em man<br />

ter secreta por mais tem-po a descoberta maravilhosa que acabo de fazer.<br />

Embora as ilusões do inventor sejam proverbialmente otimistas, tenho a certeza de haver<br />

encontrado um meio infalível para trazer à França produtos do mundo inteiro, e vice-versa, com uma<br />

redução de preços considerável.<br />

Mas ser infalível é apenas uma das vantagens de minha maravilhosa invenção.<br />

Ela não requer planos, orçamentos, estudos preparatórios, engenheiros, maquinistas, empresários,<br />

capitais, acionistas, nem ajudas do governo! (111)<br />

Ela não apresenta nenhum perigo de naufrágio, explosões, choques, incêndio ou descarrilamento!<br />

Ela pode ser posta em prática de um dia para outro!<br />

Enfim, e isto a recomendará sem dúvida ao público, ela não sobrecarregará em um centavo sequer o<br />

orçamento, pelo contrário! Ela não aumentará o quadro de funcionários nem as exigências da burocracia,<br />

pelo contrário! Ela não custará a ninguém a sua liberdade, pelo contrário!<br />

Não foi o acaso que me fez possuidor dessa descoberta: foi a observação. Devo explicar como<br />

cheguei a ela.<br />

Eu tinha o seguinte problema para resolver:<br />

"Por que um artigo feito em Bruxelas, por exemplo, custa mais caro quando chega a Paris?"<br />

Ora, não tardei a me dar conta do feto de que, entre Paris e Bruxelas, existem obstáculos de várias<br />

espécies. Primeiramente, à distância. Não se pode vencê-la sem alguma dificuldade e sem perda de tempo.<br />

E é preciso submeter-se a ela ou pagar para que alguém o faça. Em seguida, vêm os rios, os pântanos,<br />

acidentes do terreno, a lama: são muitas dificuldades a vencer. Consegue-se vencê-las construindo estradas,<br />

pontes, pavimentando-se o solo e colocando-se no chão chapas de ferro, etc. Mas tudo isso custa dinheiro<br />

e esse custo tem de ser repassado para o preço do artigo que se quer importar. Há ainda que se levar em<br />

conta os ladrões de estrada, o custo de guardas, policiais, etc.<br />

Ora, entre esses obstáculos existe um que foi colocado por nós mesmos, e com grande custo, entre<br />

Bruxelas e Paris. São homens emboscados ao longo da fronteira, armados até os dentes e encarregados<br />

de opor dificuldades ao transporte de mercadorias de um pais para o outra Eles se chamam fun-cionários da<br />

alfândega. Agem da mesma forma que a lama e os buracos da estrada. Atrasam, entravam, contribuem para que<br />

exista a diferença entre o preço de produção e o preço de consumo, diferença que nosso problema objeüva<br />

reduzir o mais possível. (116)<br />

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