Frédéric Bastiat - Ensaios - Ordem Livre
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Sou engajado.<br />
Não digo o nome de Fulano de Tal, porque ele não pediu meu voto.<br />
Voto em Fulano de Tal, porque me prestou um serviço.<br />
Voto em Fulano de Tal, porque desejo uma colocação.<br />
Voto em Fulano de Tal, porque receio perder meu lugar.<br />
Voto em Fulano de Tal, porque ele é da minha terra.<br />
Voto em Fulano de Tal, porque ele não é da minha terra.<br />
Voto em Fulano de lal, porque ele falará.<br />
Voto em Fulano de Tal, porque, se ele não for eleito, nosso prefeito ou nosso subprefeito serão<br />
destituídos.<br />
Cada um desses sofismas tem seu caráter especial, mas há, também, no fundo de cada um, algo<br />
de comum e que é preciso tornar claro.<br />
Todos eles repousam sobre o seguinte dado duplo:<br />
A eleição se faz no interesse do candidato.<br />
O eleitor é proprietário exclusivo de uma coisa: seu vo-to, do qual ele pode dispor a seu bel-prazer e<br />
em favor de quem ele quiser.<br />
A falácia dessa doutrina e a aplicação que dela é feita co-tidianamente vão resultar da análise que<br />
levaremos a efeito. (121)<br />
I. Não voto em Fulano de Tal, porque ele não pediu meu voto.<br />
Tal sofisma, como os demais, repousa num sentimento que, em si, não é condenável, e que é o<br />
sentimento da dignidade pessoal.<br />
É raro, na verdade, que os paradoxos que os homens se impõem a si próprios, a fim de tomarem<br />
coragem para desenvolverem uma má ação, sejam completamente falsos. Trata-se de uma trama na qual se<br />
percebem sempre alguns fios de boa qualidade. Há sempre neles algo de verdadeiro e é por esse lado que<br />
se impõem. Se fossem totalmente falsos, não lograriam enganar tanta gente.<br />
O sofisma que estamos examinando resume-se no seguinte:<br />
"O Sr. A aspira a ser deputada Ser deputado é o caminho para se alcançarem honras e fortuna. Ele<br />
sabe que meu voto pode ajudá-lo a ser eleito. É a menor coisa que ele pode me pedir. Se ele bancar o<br />
orgulhoso, eu farei o mesmo também. E quando me disponho a dar a alguém algo tão precioso quanto meu<br />
voto, espero que a pessoa se mostre agradecida, que venha até mim, que me contacte, me aperte a mão<br />
etc etc"<br />
Fica bem claro que o eleitor que pensa assim cai em duplo erro, conforme já assinalamos.<br />
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