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Dos Bastidores ao Espetáculo do Cirque Du Soleil ... - Anpad

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negócio <strong>do</strong> circo. Ainda que seus espetáculos conservem alguns elementos típicos (como a<br />

tenda, os palhaços e os acrobatas), deixaram de la<strong>do</strong> outros (números com animais), dan<strong>do</strong><br />

ênfase à música, <strong>ao</strong> figurino e à cenografia.<br />

O fato de não trabalhar com animais reduz os custos com seus cuida<strong>do</strong>s, além de<br />

evitar as críticas <strong>do</strong>s defensores de seus direitos. Como resulta<strong>do</strong> dessa estratégia, a<br />

companhia atraiu um público que não era especta<strong>do</strong>r de circo, implementou um modelo de<br />

negócio difícil de imitar e obteve para sua marca um grau de conhecimento dura<strong>do</strong>uro<br />

utilizan<strong>do</strong>-se da metáfora <strong>do</strong> discurso que permite o envio de mensagens a um público<br />

específico. Mais que cálculos precisos e fórmulas revela<strong>do</strong>ras, os critérios <strong>do</strong> <strong>Cirque</strong> du<br />

<strong>Soleil</strong> evidenciam histórias, paixões e sonhos como o de percorrer o mun<strong>do</strong> e se divertir<br />

fazen<strong>do</strong> isso. Surge nesse momento da narrativa, a figura <strong>do</strong> herói: “Esse foi o sonho de Guy<br />

Laliberté, um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res da companhia”.<br />

Na metáfora da voz, as questões de poder e significa<strong>do</strong> conectam-se com a<br />

comunicação. Algumas vozes tem mais força que outras (PUTNAM, CHAPMAN; PHILIPS,<br />

2004), como é o caso da voz <strong>do</strong> funda<strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong> a saga <strong>do</strong> herói é narrada: “Laliberté não<br />

nasceu em família de artistas. Filho de um executivo e uma enfermeira, aban<strong>do</strong>nou os estu<strong>do</strong>s<br />

secundários e a cidade natal, Québec, e viajou para a Europa. Lá se divertiu aprenden<strong>do</strong> a<br />

técnica de engolir fogo e percorreu o velho continente financian<strong>do</strong>-se como artista<br />

mambembe”. Quan<strong>do</strong> voltou <strong>ao</strong> Canadá, em 1982, entrou em contato com acrobatas e atores<br />

<strong>do</strong> povoa<strong>do</strong> de Baie-Saint-Paul e juntos formaram o Le Club des Talons Hauts (o clube <strong>do</strong>s<br />

saltos altos, em alusão às pernas de pau usadas em alguns números), que fazia espetáculos<br />

abertos em praças públicas.<br />

O <strong>Cirque</strong> tem um organograma no qual a união entre o artístico e o comercial se<br />

reflete. Além <strong>do</strong>s departamentos tradicionais-marketing, recursos humanos, compras, finanças<br />

e assuntos legais, há outros igualmente relevantes: (1) Criação: é responsável pela concepção<br />

<strong>do</strong>s espetáculos; (2) Produção: encarrega-se da confecção de vestuário, assim como da<br />

construção de cenografias, tendas e ferramentas; (3) Shows: cuida das operações relacionadas<br />

com os espetáculos, como os acor<strong>do</strong>s com sócios de negócios; (4) Qualidade de shows:<br />

ocupa-se <strong>do</strong> casting e de garantir a alta qualidade artística <strong>do</strong>s intérpretes; (5) Produtos<br />

artísticos: é responsável pela criação de números acrobáticos; (6) Multimídia: comercializa<br />

DVDs e filmes; (7) <strong>Cirque</strong> du <strong>Soleil</strong> Musique: cuida da venda de CDs com as trilhas sonoras<br />

<strong>do</strong>s espetáculos; (8) Merchandising: vende roupas e acessórios com o logo <strong>do</strong> <strong>Cirque</strong> du<br />

<strong>Soleil</strong>; (9) Novos empreendimentos: encarrega-se da criação de conteú<strong>do</strong> para terceiros.<br />

A gestão <strong>do</strong> <strong>Cirque</strong> tem padrões de controle e usa técnicas modernas de gestão, como<br />

a terceirização. A única exceção é a diretoria de criação, que pertence à companhia e atua<br />

como seu media<strong>do</strong>r com os terceiriza<strong>do</strong>s e com os funcionários contrata<strong>do</strong>s para a produção<br />

<strong>do</strong> figurino e <strong>do</strong>s cenários, entre outras tarefas. Depois da estréia <strong>do</strong> espetáculo, a célula de<br />

terceiriza<strong>do</strong>s se dissolve e um diretor artístico, contrata<strong>do</strong> pela companhia, assume o<br />

gerenciamento. Tanto na criação como nas etapas posteriores de um espetáculo, o casting<br />

cumpre uma função vital. As 40 pessoas que se ocupam dessa tarefa devem encontrar<br />

substitutos para 150 artistas por ano e procurar os protagonistas <strong>do</strong> espetáculo seguinte. Além<br />

disso, da<strong>do</strong> que alguns números são idealiza<strong>do</strong>s para pessoas com habilidade específica, é<br />

preciso viajar pelo mun<strong>do</strong> para encontrar as que se ajustam <strong>ao</strong> papel.<br />

Embora a maior parte da renda da companhia venha da venda de ingressos, 25% vem<br />

<strong>do</strong> patrocínio e de negócios secundários, como venda de CDs e DVDs, produção de<br />

programas televisivos sobre os espetáculos e criação de conteú<strong>do</strong> para terceiros. Outro<br />

negócio é atuar como terceiriza<strong>do</strong>, ou seja, a companhia fez um convênio com a empresa de<br />

cruzeiros Celebrity, que vem investin<strong>do</strong> para oferecer experiências diferentes <strong>ao</strong>s passageiros<br />

de seus navios.<br />

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