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Dos Bastidores ao Espetáculo do Cirque Du Soleil ... - Anpad

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A abordagem da legitimação sustenta-se no trabalho de Weick (1979), para quem a<br />

comunicação é uma interação dupla que “consiste em uma ação-reação-ajuste que forma<br />

comportamentos entrelaça<strong>do</strong>s ou ciclos de comportamentos” (PUTNAM; PHILLIPS;<br />

CHAPMAN, 2004, p.92). Nesse senti<strong>do</strong>, Weick (1979) explica que as interações duplas são<br />

ocasionadas pelos equivocos organizacionais que ocorrem devi<strong>do</strong> às múltiplas interpretações<br />

que os indivíduos fazem <strong>do</strong>s eventos organizacionais. Segun<strong>do</strong> o autor, essa equivocidade é<br />

reduzida pelas ações coordenadas <strong>do</strong>s indivíduos que agem, refletem sobre suas próprias<br />

ações e assim dão senti<strong>do</strong> <strong>ao</strong> ato de organizar. Weick, Stucliffe e Obstfeld (2005) explicam<br />

que padrões de organizar estão localiza<strong>do</strong>s nas ações e conversações que ocorrem entre as<br />

pessoas em dada organização e nos textos destas atividades que são preserva<strong>do</strong>s na estrutura<br />

social.<br />

Nessa perspectiva, as interações sociais produzem práticas sociais e coordenam<br />

acor<strong>do</strong>s sociais, realizan<strong>do</strong> um processo de co-produção em que a comunicação surge de<br />

forma coletiva. E é nesse senti<strong>do</strong> que Putinam, Phillips e Chapman (2004, p.93) afirmam que<br />

“A comunicação produz organizações, assim como as organizações produzem comunicação”.<br />

Putnam, Phillips e Chapman (2004) chamam a atenção para a importância da narrativização,<br />

que é a forma pela qual os membros tentam dramatizar a vida organizacional e introduzir<br />

histórias de sua performance, cuja narrativa é freqüentemente reconstruída, na medida em<br />

elementos novos são adiciona<strong>do</strong>s. Assim, as organizações também são narra<strong>do</strong>ras de histórias.<br />

Na metáfora <strong>do</strong>s símbolos, a comunicação “funciona como a criação, a manutenção e<br />

a transformação <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s” (PUTNAM; PHILLIPS; CHAPMAN, 2004, p.94), sen<strong>do</strong><br />

considerada um processo de representação pela produção de símbolos que dão senti<strong>do</strong> <strong>ao</strong><br />

mun<strong>do</strong>. Os estu<strong>do</strong>s dirigi<strong>do</strong>s por essa perspectiva enfatizam a construção e a manutenção de<br />

culturas organizacionais. Os autores ilustram o símbolo da metáfora com cinco formas ligadas<br />

à literatura: (1) narrativas; (2) metáforas; (3) ritos e rituais; (4) para<strong>do</strong>xo; e (5) ironia.<br />

Boje (1991, p.106) denomina as narrativas de storytelling organizacional e as define<br />

como um sistema coletivo de contar histórias, cujo desfecho das mesmas é fundamental para<br />

criar significa<strong>do</strong>s (sensemaking) <strong>ao</strong>s membros da organização. O uso de storytelling pelas<br />

organizações é visto por alguns autores como um instrumento para disseminação de<br />

significa<strong>do</strong>s compartilha<strong>do</strong>s dentro das organizações (KAYE; JACOBSON, 1999; BOJE,<br />

1991); já, outros, como Vendelo (1998), sugerem que é um mecanismo para legitimação da<br />

organização e garantia de sua reputação. Segun<strong>do</strong> esse autor, narrativas de desempenho futuro<br />

têm impacto na reputação de uma empresa junto <strong>ao</strong>s consumi<strong>do</strong>res na medida em que criam<br />

expectativas quanto a ela. As narrativas desempenham papel central para a legitimação de<br />

poder, a construção de identidades individuais e organizacionais e, também, servem de<br />

mecanismos implícitos de controle de forma a administrar os significa<strong>do</strong>s organizacionais.<br />

As metáforas são simbólos que contribuem para que os membros da organização<br />

estruturem suas crenças e comportamentos. Os ritos e rituais são eventos e práticas<br />

organizacionais, símbolos que desempenham papel importante na manutenção da infraestrutura<br />

organizacional. Putnam, Phillips e Chapman (2004, p.96) diferenciam ritos e rituais:<br />

“Os ritos são atividades elaboradas e dramáticas que consolidam as expressões culturais em<br />

um evento”; e rituais são “as normas e os comportamentos que fazem fluir os ritos”. Para os<br />

autores, os ritos e rituais são atos comunicativos desempenha<strong>do</strong>s como parte da conclusão <strong>do</strong><br />

ato de organizar.<br />

Os para<strong>do</strong>xos e ironias dirigem seu foco para os relacionamentos entre mensagens, e<br />

não para símbolos e significa<strong>do</strong>s. Os para<strong>do</strong>xos são declarações e ações que se<br />

autocontradizem, embora aparentemente sejam verdadeiras; as ironias ocorrem quan<strong>do</strong> há<br />

contradições entre os significa<strong>do</strong>s pretendi<strong>do</strong>s e as práticas efetivas. Ambos, para<strong>do</strong>xos e<br />

ironias, são características comuns nas organizações (PUTNAM; PHILLIPS; CHAPMAN,<br />

2004) e causam comportamentos que vão desde tensões, conformidade e confronto.<br />

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