A Tempestade
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Fontes, salinas, terras férteis e estéreis.<br />
Maldição! Que minha mãe te lance os piores feitiços,<br />
Que sapos, baratas, morcegos te cubram!<br />
Sou o teu único servo quando já fui<br />
Meu próprio rei; e aqui me encarceras,<br />
Neste rochedo frio, enquanto me privas<br />
Do resto da ilha.<br />
PRÓSPERO<br />
Seu escravo mentiroso,<br />
Que o chicote comove, não a bondade! Tratei-te,<br />
Meu porco, com carinho humano, alberguei-te<br />
Na minha própria gruta, até ao dia em que tentaste<br />
Desonrar minha filha.<br />
CALIBÃ<br />
Eh, eh, só tenho pena de não o ter feito.<br />
Impediste-me, senão, esta ilha estaria<br />
Povoada de calibãs.<br />
MIRANDA<br />
Escravo odioso<br />
Incapaz de um assomo de bondade,<br />
Portador de todo o mal! Compadeci-me de ti,<br />
Quão difícil me foi ensinar-te a falar!<br />
Antes de o aprenderes, selvagem,<br />
Nem o teu próprio pensamento entendias.<br />
Balbuciavas como uma besta, e eu ensinei-te<br />
As palavras que traduziam teus pensamentos.<br />
Apesar disso, tua raça era tão vil<br />
Que não suportou lidar com a boa natureza.<br />
Ficaste preso neste rochedo mas para ti<br />
A prisão é boa demais.<br />
CALIBÃ<br />
Ensinaste-me a falar, mas o que aprendi<br />
Foi a praguejar! Que a peste te cubra de chagas<br />
Por mo teres ensinado.<br />
PRÓSPERO<br />
Vai-te, filho de bruxa!<br />
Traz-nos lenha - e depressa pois outras coisas<br />
Tens para fazer. Encolhes os ombros, malvado?<br />
Se não me obedeceres ou o fizeres de má vontade<br />
Encho-te os ossos de dores e berrarás tanto<br />
Que as bestas tremerão com o ruído.<br />
CALIBÃ<br />
Não, eu te rogo!<br />
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