12.04.2013 Views

Gênero no texto visual: a (re)produção de significados nas imagens ...

Gênero no texto visual: a (re)produção de significados nas imagens ...

Gênero no texto visual: a (re)produção de significados nas imagens ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

variações, <strong>no</strong> entanto, po<strong>de</strong>m se dar até numa mesma localida<strong>de</strong> (HALL, 1997b; SILVA, 2001).<br />

A partir <strong>de</strong>stas consi<strong>de</strong>rações po<strong>de</strong>-se perceber que as <strong>re</strong>p<strong>re</strong>sentações <strong>de</strong> dança e <strong>de</strong> quem<br />

dança, assim como <strong>de</strong> (uma) masculinida<strong>de</strong> ditada como dominante, não são únicas, particula<strong>re</strong>s<br />

e/ou exclusivas <strong>de</strong>sse filme – estas são constantemente produzidas e postas em circulação <strong>no</strong>s/pelos<br />

mais variados artefatos e instâncias culturais, através dos filmes, da televisão, da mídia imp<strong>re</strong>ssa, do<br />

cotidia<strong>no</strong> (seja ele familiar, escolar, <strong>re</strong>ligioso,...) etc., ensinando modos específicos <strong>de</strong> ser<br />

homem/mulher, o que é dança e quem po<strong>de</strong> (ou não) dançar.<br />

O filme <strong>no</strong>s ap<strong>re</strong>senta um <strong>de</strong>terminado modo <strong>de</strong> ser homem adulto na pequena cida<strong>de</strong><br />

britânica na primeira meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1980 – ou seja, a or<strong>de</strong>m local, a <strong>no</strong>rma, é ser um<br />

minerador. Trata-se <strong>de</strong> um trabalho braçal, <strong>de</strong> classe popular, tipicamente masculi<strong>no</strong>, heterossexual,<br />

tipificado pelas figuras do pai e do irmão <strong>de</strong> Billy (ambos minerado<strong>re</strong>s, engajados numa luta <strong>de</strong><br />

classe, <strong>de</strong>monstrando força, ag<strong>re</strong>ssivida<strong>de</strong>, li<strong>de</strong>rança e que têm <strong>no</strong> boxe uma tradição a ser seguida<br />

pelos homens da casa).<br />

Em qualquer cultura, como é ap<strong>re</strong>sentado por Hall (1997a), há semp<strong>re</strong> uma gran<strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>significados</strong> acerca <strong>de</strong> todo e qualquer tópico. Significados estes que, como <strong>no</strong> caso<br />

da masculinida<strong>de</strong>, não se exp<strong>re</strong>ssam ape<strong>nas</strong> em conceitos e idéias, mas também se <strong>re</strong>fe<strong>re</strong>m a<br />

sentimentos, vínculos e emoções. Existem, então, dife<strong>re</strong>ntes possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>re</strong>p<strong>re</strong>sentação da<br />

masculinida<strong>de</strong> e do “tornar-se masculi<strong>no</strong>”, pois, tal como comenta Connell (1995) existem<br />

“masculinida<strong>de</strong>s” e expan<strong>de</strong> tal conceito como sendo “uma configuração <strong>de</strong> prática em tor<strong>no</strong> da<br />

posição dos homens na estrutura das <strong>re</strong>lações <strong>de</strong> gênero” (p.188).<br />

Para melhor enten<strong>de</strong>r as questões <strong>re</strong>fe<strong>re</strong>ntes ao gênero masculi<strong>no</strong> e as masculinida<strong>de</strong>s, é<br />

necessário comp<strong>re</strong>en<strong>de</strong>r como <strong>no</strong>s mostra Meyer (2003), que o termo “gênero” <strong>re</strong>p<strong>re</strong>senta,<br />

os modos pelos quais características femini<strong>nas</strong> e masculi<strong>nas</strong> são <strong>re</strong>p<strong>re</strong>sentadas<br />

como mais ou me<strong>no</strong>s valorizadas, as formas pelas quais se <strong>re</strong>conhece e se distingue<br />

femini<strong>no</strong> <strong>de</strong> masculi<strong>no</strong>, aquilo que se torna possível pensar e dizer sob<strong>re</strong> mulhe<strong>re</strong>s<br />

e homens que vai constituir, efetivamente, o que passa a ser <strong>de</strong>finido e vivido como<br />

masculinida<strong>de</strong> e feminilida<strong>de</strong>, em uma dada cultura, em um <strong>de</strong>terminado momento<br />

histórico. (MEYER, 2003, p. 14).<br />

Assim, Meyer (op.cit.) <strong>re</strong>ssalta o quanto as dife<strong>re</strong>nças e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s ent<strong>re</strong> homens e<br />

mulhe<strong>re</strong>s são social e culturalmente construídas, e não biologicamente <strong>de</strong>terminadas. O gênero,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> essa perspectiva pós-estruturalista, é consi<strong>de</strong>rado um constructo social e lingüístico, produto e<br />

efeito das <strong>re</strong>lações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (MEYER, 2003; LOURO, 2001; 2004). Isso implica dizer que é <strong>no</strong><br />

ent<strong>re</strong>cruzamento <strong>de</strong> <strong>re</strong>p<strong>re</strong>sentações e p<strong>re</strong>ssupostos (<strong>de</strong> masculi<strong>no</strong> e <strong>de</strong> femini<strong>no</strong>) <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssos mundos<br />

sociais, culturais e lingüísticos que os corpos e as subjetivida<strong>de</strong>s vão sendo produzidos,<br />

distinguidos, <strong>re</strong>gulados, controlados e separados em sexo, gênero e sexualida<strong>de</strong>.<br />

Nessa di<strong>re</strong>ção, po<strong>de</strong>-se pensar, seguindo a argumentação <strong>de</strong> Louro (2001), que a inscrição<br />

do gênero masculi<strong>no</strong> <strong>no</strong> corpo <strong>de</strong> Billy é feita <strong>no</strong> con<strong>texto</strong> <strong>de</strong> sua cultura e com as marcas <strong>de</strong>sta –

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!