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Trabalho ESCRAVO - Anamatra

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12<br />

caros amigos julho 2010<br />

entrevista FREI BETTO<br />

Participaram: Gabriela Moncau, Hamilton Octavio de Souza, Lúcia Rodrigues e Tatiana Merlino. Fotos Paulo Pereira<br />

“O Brasil<br />

se tornou<br />

o paraíso<br />

do capital<br />

especulativo”<br />

Frei Betto fala sobre a chegada do PT ao poder, rumos da esquerda e governo Lula.<br />

frade dominicano, jornalista, escritor, autor de<br />

52 livros, Carlos Alberto Libânio Christo, mais<br />

conhecido como Frei Betto, foi militante contra<br />

a ditadura civil-militar, ajudou na fundação<br />

da CUT e do PT. Foi assessor da Presidência da<br />

República para assuntos sociais, onde coordenou<br />

o programa Fome Zero. Nesta entrevista, Betto<br />

fala sobre o período em que trabalhou como jornalista,<br />

a chegada do PT ao poder, os rumos da<br />

esquerda do país e sobre o governo Lula. Para ele,<br />

embora o governo atual seja “o melhor da história<br />

republicana do Brasil”, o PT e um grupo hegemônico<br />

que o comanda “trocaram um projeto<br />

de Brasil por um projeto de poder”. Entre as lições<br />

que aprendeu no período em que esteve no Planalto,<br />

uma delas é que “o governo é que nem feijão,<br />

só funciona na panela de pressão”.<br />

Hamilton Octavio de Souza - Fale sobre você,<br />

onde nasceu, onde estudou, como começou a<br />

ter militância?<br />

Frei Betto - Sou mineiro, e como diz o Drummond,<br />

a gente sai de Minas, mas Minas não sai<br />

da gente. Meu pai era advogado e terminou a sua<br />

vida profissional como juiz. Era homem de extrema<br />

direita e terminou de extrema esquerda. A<br />

única vez que saiu do Brasil foi para ir a Cuba. A<br />

minha mãe é uma especialista em culinária, tem<br />

oito livros de culinária, entre eles o “Fogão de Lenha,<br />

trezentos anos de cozinha mineira”. É considerada<br />

a maior especialista nesse tema no Brasil.<br />

Éramos oito irmãos; um já faleceu, o mais novo.<br />

Hamilton Octavio de Souza - De que cidade<br />

de Minas?<br />

Todos de Belo Horizonte. É um caso raro em uma<br />

cidade que tem pouco mais de 100 anos. Meus pais<br />

também nasceram em Belo Horizonte. Mais raro<br />

ainda: os dois e os oito filhos estudaram no mesmo<br />

grupo escolar Barão do Rio Branco, que há pouco<br />

fez 90 anos. Tive uma infância extremamente feliz,<br />

de moleque de rua, não havia a psicose televisiva.<br />

Brincava-se muito na rua, havia muita leitura,<br />

porque meu pai tinha duas manias: padaria e<br />

livraria. E ele comprava muito mais livros do que<br />

tinha tempo para ler, e não havia cômodo na casa<br />

para servir exclusivamente de biblioteca. Todos os<br />

cômodos, menos o banheiro e a cozinha por razões<br />

óbvias, tinham livros. Creio que minha vocação literária<br />

tenha a ver com isso. Meus pais escreviam,<br />

minha mãe na culinária e ele cronista dos principais<br />

jornais de Belo Horizonte durante mais de<br />

quarenta anos. Bem, depois, com treze anos, entrei<br />

na militância estudantil através da Juventude<br />

Estudantil Católica, a JEC.<br />

Tatiana Merlino - Em que ano foi isso?<br />

Em 1959. Na mesma época entrou o Henriquinho,<br />

que o Brasil conhece como Henfil. Nós dois éramos<br />

considerados muito crianças para pertencer<br />

à JEC. E esse desafio nos levou a nos firmar como<br />

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