Heráclio Duarte Tavares - SBHC
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Na ocorrência do eclipse total do Sol de 29 de junho de 1927, visível na Noruega,<br />
Suécia e Norte da Finlândia, Banachiewicz liderou uma expedição polonesa para a realização<br />
de um experimento que consistiu na identificação precisa do segundo e do terceiro contatos<br />
do eclipse a partir de duas bases de observação afastadas uma da outra. Se fosse possível<br />
determinar os momentos em que o eclipse fosse entrar na sua fase de totalidade com um<br />
grande grau de exatidão em duas bases de observação situadas em dois pontos afastados na<br />
superfície terrestre, os pesquisadores usariam o intervalo de tempo entre as fases de totalidade<br />
observadas nestes pontos, o valor da velocidade da sombra da lua projetada na Terra e<br />
chegariam ao valor da distância que as separa. No quarto encontro da Baltic Geodetic<br />
Commission, que ocorreu em 28 de setembro de 1928, Banachiewicz falou da metodologia<br />
que usou durante as observações do eclipse de 1927 e a apresentou com o nome de<br />
chronocinematographical method, que tinha como instrumento um aparelho de filmagem<br />
acoplado a um cronômetro e registrava em um mesmo filme a imagem do eclipse e o passar<br />
do tempo. 1<br />
A utilização desta metodologia na ocorrência de eclipses do Sol continuou ao longo do<br />
tempo. Banachiewicz usou este método novamente durante o eclipse de 19 de junho de 1936,<br />
quando quatro bases de observação foram montadas desde a Grécia até o Japão (PIEGZA,<br />
1945). Apesar de a Segunda Grande Guerra Mundial ter atrapalhado o andamento de<br />
pesquisas científicas que eram conduzidas em diversas partes do Mundo, as observações de<br />
eclipses solares não desapareceram por completo. O eclipse total do Sol de 09 de julho de<br />
1945 foi importante nestas circunstâncias. Este eclipse foi visível em uma faixa que começou<br />
no Oeste dos EUA e terminou na região central da União Soviética, passando pela Finlândia.<br />
Ilmari Bonsdorff se baseou no método de Banachiewicz para medir a distância entre dois<br />
pontos distantes e, através da utilização de câmeras de filmagem emprestadas por companhias<br />
cinematográficas, adaptadas a receptores de sinais de rádio que marcavam o tempo (LÚCIO,<br />
1947), realizou observações dentro do território finlandês. O experimento foi feito, mas,<br />
apesar dos dados coletados terem sido de boa qualidade, Bonsdorff não publicou os<br />
resultados.<br />
As observações do eclipse de 1945 trouxeram à cena algumas dificuldades que já se<br />
apresentavam nos eclipses anteriores e continuaram nos eclipses seguintes, quando da<br />
realização deste experimento de medição geodésica. Os principais problemas eram a distância<br />
1 A utilização de “revólveres fotográficos” (câmeras de filmagem rudimentares) para o registro de eventos<br />
astronômicos foi motivada pelo trânsito de Vênus de 1874-1882 e precedeu a utilização deste instrumento com<br />
fins sociais. O que Banachiewicz fez foi adaptar esta ação para o registro dos contatos de um eclipse total do Sol<br />
(CANALES, 2002).<br />
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