LEMAD_DH_USP_Jao Ribeiro 1917.pdf
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80 Francezes no Hio dt' Janeiro<br />
dignamente que defenderia a cidade até á ultima<br />
gotta de sangue; mas a conducta que teve não<br />
correspondeu a esse arranco diplomatico.<br />
Em noite escura de trovoada e ao clareiar<br />
dos relampagos, emquanto em mal seguros botes<br />
desembarcavam os francezes para os lados de<br />
S. Bento, o povo fugia, homens, mulheres e<br />
crianças, pelo campo afóra no terror que a escuridão<br />
e a tempestade tornavam panico e lugubre.<br />
Os pl'oprios soldados resentiam-se dessa debandada,<br />
perdendo o espirito e a coragem. E logo<br />
um embaixador (que foi o ajudante de Du Clerc,<br />
prisioneiro) levou ao ousado invasor a declaração<br />
de que a cidade se entregava sem resistencia.<br />
Seguiu-se horrivel saque de despojos, alfaias<br />
e fazendas pelos soldados, aos quaes se juntaram<br />
quinhentos prisioneiros que aqui estavam da<br />
guerra anterior; por obra d'estes foram comtudo<br />
poupadas as casas de amigos caridosos que os<br />
protegeram no captiveiro. Du Guay Trouin conseguiu,<br />
passando alguns pelas armas, estabelecer<br />
a disciplina da esfaimada soldadesca.<br />
A cidade foi então resgatada por 600 mil<br />
cruzados e enormes proyisões, fóra o que já se<br />
achava nas garras dos saqueiadores.<br />
Chegavam, então, de Minas, grandes reforços (cerca<br />
de 3.000 homens ao mando de Antonio de Albuquerque<br />
Coelho de Carvalho) e era possivel resistir com segura<br />
victoria; mas não se cuidou mais nisso e a vergonha<br />
do desastre consummou-se inteira.<br />
Por falta de animo e prudencia, foi o inepto Governador<br />
duramente condemnado a degl'edo perpetuo<br />
na India. «As nossas injurias, diz um contemporaneo