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Universidade Federal Fluminense Outros estudos apontam para este crescimento da parcela feminina da força de trabalho atentando para o aspecto precário que acompanha este crescimento: A participação feminina no mercado de trabalho aumentou, tanto no setor formal quanto nas atividades informais, com especial incremento do emprego no setor de serviços. Entretanto, [...] tal aumento foi acompanhado da precarização e da vulnerabilidade crescente dos novos empregos. Com muita frequência, trata-se de ocupações mal remuneradas, desvalorizadas socialmente e com possibilidade quase nula de promoção e de carreira, além de amparadas por direitos sociais frequentemente limitados ou inexistentes (IRATA, 2009, p. 149). Esta citação demonstra que a força de trabalho feminina é geralmente fruto de maior exploração por parte do capital. Se compararmos historicamente com os homens, as mulheres são objeto de extração de mais- valia com mais intensidade. O crescimento de empresas multinacionais em Macaé reafirma e intensifica esta tendência de precarização da força de trabalho feminina. No mesmo estudo, Irata (idem, p. 146, 147) pondera que há nas empresas mundializadas uma inserção diferenciada dos homens e das mulheres nos processos de trabalho destas. Quanto a isso, as “condições de trabalho e de remuneração [das mulheres] são claramente menos favoráveis nas filiais dos grupos internacionais situadas nos países do sul”. Uma análise feita por Oliveira (2003, p. 136) acerca do mercado de trabalho de 1981 a 1999 aponta para a existência de um “hiato salarial de gênero”, que tende a aumentar com o aumento da proporção feminina na ocupação. Ou seja, aumenta-se o assalariamento feminino na mesma medida em que se aumenta o abismo salarial se comparado com os homens. Esta fórmula é verificável em Macaé. No que respeita ao setor do extrativismo mineral em particular, a parcela representada pelas mulheres não abarca esta importância. Eram 673 mulheres em 1990 e 2.550 em 2010. Relativamente, em 1990 este número representava 8,5% do total no extrativismo mineral, e em 2010 implica em 9,5%. Não é possível, portanto, afirmar que a heterogeneidade quanto ao gênero seja uma realidade para o setor do extrativismo mineral. Pode-se sugerir que, historicamente, criou-se uma tradição que vincula as atividades da área de extrativismo mineral à figura masculina. Esta cultura é reproduzida de tal forma que implica na diminuta participação feminina neste setor de atividades. Analisando o número de vínculos de mulheres no Brasil, no estado do Rio de Janeiro e em Macaé, percebemos que o percentual em Macaé (26,5%) é muito inferior ao país (41,6%) e ao estado (40,2%), conforme tabela 08 abaixo: Tabela 08: Porcentagem da força de trabalho feminina Brasil, RJ e Macaé (2010) % Total da FT feminina em 2010 Brasil 41,60% Rio de Janeiro 40,20% Macaé 26,50% Fonte: RAIS/ MTE – Elaboração: Pesquisa “Trabalho, reestruturação do capital e mercado de trabalho em Macaé” Contudo, no que concerne à nacionalidade, esta heterogeneidade apresenta-se com grande vigor na área do extrativismo mineral. O aumento relativo de estrangeiros empregados no extrativismo mineral é de 1.080,6%
Universidade Federal Fluminense desde 1990 até 2010. Em geral, os estrangeiros empregados aumentam em 650% neste mesmo período. Aqui reside um aspecto de peso quanto à heterogeneidade da classe trabalhadora em Macaé. Isso traz uma nova dinâmica para a organização do comércio, das escolas, do lazer, da hotelaria, dos restaurantes, etc., uma vez que há que se preparar para receber este contingente populacional, requerendo força de trabalho qualificada. Em termos absolutos, é possível que os números da tabela não expressem a realidade como tal em Macaé: são apresentados 690 estrangeiros empregados em 2010. Em reportagem recente, a revista Veja aponta para o fato de que 10% da população de Macaé consistem em estrangeiros, somando 13 mil habitantes de diversas nacionalidades até 2003 7 . Como se vê, há uma disparidade entre as informações. Quanto aos dados sobre a faixa etária, não houve uma camada mais beneficiada com a geração de empregos em Macaé. Isso é o que demonstram a tabela 09 e o gráfico 09, cujos números apontam para as mesmas tendências de contratação de força de trabalho para as faixas de 18 a 64 anos entre 1992 e 2010. Vale ressaltar que, a partir de 2006, é possível de se verificar um aumento de vínculos da faixa etária de 30 a 39 anos e uma estabilização de 18 a 24 anos e de 40 a 49 anos. Futuras pesquisas deverão afirmar ou refutar esta tendência. Tabela 09: Faixa Etária Macaé (1992 – 2010) Ano 10 a 14 15 a 17 18 a 24 25 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 64 65 ou mais Total 1992 6 179 2634 4211 9651 4111 1441 93 22326 1994 11 206 2861 3374 8619 4721 1604 107 21503 1996 10 201 3592 4004 11251 6680 1958 104 27800 1998 11 249 4354 4328 12039 8254 2137 104 31476 2000 6 272 6847 6041 12496 9094 3055 158 37969 2004 0 278 10301 10746 17789 17754 6592 222 63682 2006 0 374 14777 16163 23579 20823 9263 318 85297 2008 0 812 15302 20627 29975 23477 12564 402 103159 2010 8 889 16986 22943 36292 23394 14783 480 115775 Fonte: RAIS/ MTE – Elaboração: Pesquisa “Trabalho, reestruturação do capital e mercado de trabalho em Macaé” 7 Ver Gráfico 09: Faixa Etaria Macaé (1992 – 2010)
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