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Relatório Final PIBIC - Pesquisa Mercado de Trabalho em - Pólo ...

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense<br />

qualificação, o que nos leva a investigar se os trabalhadores <strong>de</strong> Macaé (ex-<strong>em</strong>pregados <strong>em</strong> setores como a<br />

agropecuária) respon<strong>de</strong>m a este perfil; ou se esta é uma das causas do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> migrações para o<br />

município, como <strong>de</strong>scrito na pesquisa <strong>de</strong> Paganoto (2008, p. 6), cujos resultados enumeram 35.304 migrantes<br />

apenas na década <strong>de</strong> 1990.<br />

Aqueles migrantes com qualificação técnica para trabalhar no ramo do petróleo ou nas<br />

ativida<strong>de</strong>s diretamente ligadas a ele consegu<strong>em</strong> <strong>em</strong>prego com certa facilida<strong>de</strong>, receb<strong>em</strong> salários<br />

acima da média regional e estimulam um processo <strong>de</strong> especulação imobiliária no vetor <strong>de</strong><br />

expansão sul do município. Ao mesmo t<strong>em</strong>po, os migrantes s<strong>em</strong> qualificação ou não<br />

consegu<strong>em</strong> <strong>em</strong>pregos ou ficam sub<strong>em</strong>pregados, engrossando os bolsões <strong>de</strong> pobreza que<br />

cresc<strong>em</strong> <strong>em</strong> ritmo acelerado, principalmente nas áreas ao norte do Rio Macaé e nas imediações<br />

do Parque Nacional da Restinga <strong>de</strong> Jurubatiba. O crescimento da mancha urbana da cida<strong>de</strong><br />

baseada na expansão <strong>de</strong>stes dois vetores principais, ao sul – essencialmente constituído por<br />

população <strong>de</strong> alta renda - e ao norte – <strong>de</strong> população majoritariamente <strong>de</strong> baixa renda -, mostra o<br />

aprofundamento <strong>de</strong> um nítido processo <strong>de</strong> segregação sócio-espacial.<br />

Configuram-se, nestas condições, enclaves <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, a ex<strong>em</strong>plo dos condomínios<br />

exclusivos e bairros nobres, conectados a socieda<strong>de</strong> local pela exploração <strong>de</strong> uma mão-<strong>de</strong>-obra<br />

numerosa e barata, que atua, por ex<strong>em</strong>plo, nos serviços domésticos e nos da construção civil.<br />

Como se <strong>de</strong>duz da passag<strong>em</strong> transcrita, muitos trabalhadores procuram a região na certeza <strong>de</strong> encontrar<br />

um novo “eldorado”, a “terra prometida”. Contudo, a “terra prometida” não se comprova para amplas camadas<br />

da classe trabalhadora. Fatos recentes veiculados pela mídia nacional 2 mostram uma favelização da cida<strong>de</strong>, e,<br />

acompanhado do aumento da pobreza, o aumento da criminalida<strong>de</strong> e do tráfico <strong>de</strong> drogas, como expressões da<br />

questão social, tão palpáveis no capitalismo cont<strong>em</strong>porâneo 3 .<br />

O município apresenta sobrecarga nos serviços <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública, congestionamento <strong>em</strong><br />

horários <strong>de</strong> pico, falta d’água <strong>em</strong> bairros periféricos, enchentes constantes, escassez crescente<br />

<strong>de</strong> moradia, favelização acelerada e uso predatório do litoral, além <strong>de</strong> outras mazelas que uma<br />

ocupação industrial s<strong>em</strong> planejamento acarreta nos locais <strong>em</strong> que se fixa. (PAGANOTO, 2008,<br />

p. 6)<br />

E, ainda, pesquisas anteriores indicam um aumento <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos na construção civil, no setor <strong>de</strong><br />

transportes e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s imobiliárias. Estes setores <strong>de</strong>monstram um aumento <strong>de</strong> contratação <strong>de</strong> força <strong>de</strong><br />

trabalho no setor <strong>de</strong> comércio e <strong>de</strong> serviços, <strong>em</strong> contrapartida uma diminuição da ocupação na indústria.<br />

A<strong>de</strong>mais, Paganoto (2008) aponta que o complexo petroquímico na região se restringe ao extrativismo e<br />

não ao beneficiamento do petróleo e gás – o que é uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicação do aumento do setor <strong>de</strong><br />

serviços e comércio <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da indústria, já que não exist<strong>em</strong> refinarias na região.<br />

2 Bope vai ficar por t<strong>em</strong>po in<strong>de</strong>terminado nas comunida<strong>de</strong>s Nova Holanda e Malvinas. Disponível <strong>em</strong>:<br />

http://vi<strong>de</strong>o.globo.com/Vi<strong>de</strong>os/Player/Noticias/0,,GIM1468842-7823-<br />

BOPE+VAI+FICAR+POR+TEMPO+INDETERMINADO+NAS+COMUNIDADES+NOVA+HOLANDA+E+MALVI<br />

NAS,00.html. Acessado <strong>em</strong> março <strong>de</strong> 2011.<br />

3 À guisa <strong>de</strong> entendimento, convém citar Marilda Iamamoto para <strong>de</strong>terminar do que se trata a questão social: “questão<br />

social [é] apreendida como o conjunto das expressões das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> capitalista madura, que t<strong>em</strong> uma<br />

raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a<br />

apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da socieda<strong>de</strong>” (IAMAMOTO, 2009, p. 27)

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