AGOSTINHO ALVES BARBOSA (Bate Asa) - Oktiva
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Para ser um bom cobrador é preciso tratar bem os passageiros, ser educado. Não<br />
é bom andar com muita ignorância. Hoje em dia é mais fácil entrar na Base ou na<br />
Marinha do que entrar em uma empresa de ônibus para ser cobrador. As<br />
empresas querem que o cobrador tenha primeiro e segundo graus, querem que<br />
ele saiba fazer as quatro operações de contas e daí por diante. Antigamente não<br />
tinha nada disso... Eu estudei pouco, só no interior. Depois que vim para cá, não<br />
estudei mais.<br />
Aprendi a ser cobrador foi na vida mesmo. Depois, a Inspetoria inventou que a<br />
gente tinha que tirar uma licença para continuar trabalhando. Depois chegou a<br />
Secretaria de Transportes e nós fizemos cursos. Os cursos da Secretaria eram<br />
bons. Os professores diziam como que era para tratar os passageiros, como era<br />
para cobrar e isso e aquilo.<br />
Eu não sei ler, só escrever o meu nome e fazer algumas continhas nos dedos. Se<br />
eu fosse entrar hoje para trabalhar, não conseguiria. Na empresa onde eu<br />
trabalhava, os estudantes terminavam os cursos e iam pedir vaga de cobrador.<br />
Eles passavam nos testes e ainda tinham que esperar para serem chamados.<br />
Cansei de ver isso acontecer.<br />
Era divertido ir para o trabalho, ganhar dinheiro. Eu gostava de trabalhar... às<br />
vezes a gente fazia especial, para a Companhia das Docas, com turistas. Era um<br />
serviço pela empresa, mas, como a gente saía de manhã e voltava só à tarde,<br />
eles sempre davam umas gorjetas. Essas saídas especiais eram engraçadas...<br />
Quando levávamos para o piquenique, tínhamos que esperar que o pessoal<br />
voltasse das piscinas, dessas coisas... Então ficava a turma todinha lá. Seis, oito,<br />
dez ou doze carros, todos esperando. E a gente ficava com nossas brincadeiras.<br />
As festas que a empresa dava também eram boas. Eles sempre faziam festas em<br />
fim de ano, aniversário da empresa... Levavam cantor... Eu sempre ia e levava a