AGOSTINHO ALVES BARBOSA (Bate Asa) - Oktiva

terminal eu contava 30 passageiros, só na cabeça. Aí quando chegava lá,
anotava: dez, vinte, trinta, cinco passageiros.
As crianças que eram da altura da borboleta não podiam passar sem pagar. Não
podiam passar por cima e nem por baixo. Tinha até aquelas borboletas duplas,
para dificultar. Então, quem fazia mais raiva nos cobradores eram os pais dos
meninos, quando a gente cobrava a passagem. Eles ficavam discutindo,
chamavam de ladrão, diziam que a passagem não era para nós e sim para os
donos da empresa... e daí por diante...
Com os estudantes era diferente. Dava problema às vezes, quando eles estavam
sem carteira ou com a carteira atrasada. Então, apareciam aquelas desavenças...
Por exemplo: às vezes, um estudante entrava no ônibus com a carteira de um
colega. Eu olhava para fotografia, olhava para a pessoa e via que a fotografia da
carteira era diferente. Então, não podia passar.
E problema de troco, hein? Os estudantes não deixavam nem um tostão. Era uma
briga. Eles ficavam esculhambando com os cobradores: “- Cobrador ladrão!” e
assim por diante. Comigo aconteceram umas duas ou três brigas por causa disso.
Dava muita confusão por causa de troco. Saía briga. E sobrava mesmo era nome
para gente: “-Seu ladrão! Ficou com o troco e não quer dar!” Quando tinha um
dinheiro miúdo, era uma seda, era bom demais.
Eu vi diversas brigas. Quando não tinha troco e a gente ficava com um ou dois
tostões, era uma guerra medonha. Hoje em dia não. Está melhor. Quando a
passagem era oitenta centavos, se o passageiro desse um real e faltassem os
vinte centavos do troco, não tinha confusão, porque era pouco dinheiro. Mas
quando eu comecei, era um sufoco medonho.