AGOSTINHO ALVES BARBOSA (Bate Asa) - Oktiva
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Os passageiros aborreciam demais a gente. Às vezes, o motorista parava fora de<br />
parada, porque era bom para ele. Só que da outra vez, ele não parava. Então, o<br />
cobrador levava a bronca do passageiro. Ele dizia que cobrador era isso, era<br />
aquilo...<br />
Eu não tinha muitas amizades com passageiros. Só um pouco, daqueles que<br />
pegavam o ônibus sempre no mesmo horário, todo dia, no mesmo canto.<br />
Tinha também briga de passageiro com passageiro. Mas eu não me metia nisso.<br />
Eles que resolvessem tudo ali, sozinhos. Um dava murro no outro e essas coisas.<br />
Mas eu ficava de fora... Se eles são doidos...<br />
Tiveram alguns acidentes. Por três vezes o meu carro atropelou gente, mas nunca<br />
ninguém morreu. Na última vez, foi a pessoa que atropelou o carro. O rapaz vinha<br />
numa descida de bicicleta, saindo perto do cemitério e nós íamos pela Guilherme<br />
Rocha, próximos do Liceu. Ele era mecânico e veio na rua de uma vez! Aí bateu<br />
no ônibus, quase no meio do ônibus... a bicicleta acabou...<br />
Hoje em dia tem mais acidentes do que antigamente. As batidas de carro<br />
aumentaram muito. Antes, eram apenas umas batidazinhas. Quebrava-se a perna<br />
ou o braço. Se morresse, era só um ou outro. Agora, se tiver uma batida, morrem<br />
sempre duas ou três pessoas! Veja o acidente que aconteceu há pouco, com o<br />
ônibus da Guanabara: morreram 21 pessoas!<br />
O trânsito era mais calmo, mas as estradas eram ruins demais! A de Messejana<br />
então... Era mais de uma hora para sair de Messejana e chegar no Centro. Era na<br />
buraqueira mesmo.<br />
Tinham também os pregos. Antigamente, quando o ônibus quebrava, a gente<br />
ficava esperando que o mecânico fosse lá para ajeitar. Eu e o motorista podíamos<br />
ficar umas duas ou três horas parados, se o prego fosse grande. Ficava no lugar