AGOSTINHO ALVES BARBOSA (Bate Asa) - Oktiva

família. Mas no dia de São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas, não tinha festa.
Era trabalho normal.
Quando fizeram os terminais, meu serviço diminuiu. Porque então, a gente só
cobra os passageiros que pegam o ônibus na linha. Ninguém cobra dos
passageiros que embarcam no terminal. A gente trabalha menos e ganha o
mesmo ordenado. Tanto faz passar o dia todo cobrando o passageiro ou
carregando passageiros do terminal. Para os passageiros também foi bom. Com
uma passagem só, eles podem rodar o dia todinho: vão para o terminal, descem,
pegam outro ônibus e só pagam uma passagem.
Agora, depois que inventaram essas borboletas com o GET, tem gente falando
que a profissão de cobrador vai acabar. Mas acho difícil... O motorista teria que
cobrar passagem e guiar. Seria como nesses ônibus pequenos, os microônibus,
onde os motoristas são cobradores também. Duas funções. Isso traz dificuldade e
atrasa a viagem do carro. Porque passa troco, passam três ou quatro passageiros
e só pode continuar a viagem depois que cobrar todos. O motorista não pode sair
guiando e passando o troco ao mesmo tempo.
E outra coisa que melhorou para nós, cobradores, foi a implantação dos vales
transporte: entregou o vale e não tem conversa! Não tem negócio de troco, nem
isso nem aquilo. Já o GET ajudou porque diminuiu a desconfiança do pessoal da
empresa. Não sei se ele foi colocado por isso, mas melhorou cem por cento! Com
o GET, a gente usa só um cartão para trabalhar. Nele, a gente marca os vales
transportes e as carteirinhas de estudante. Por exemplo, dei 400 rodadas: Passou
70 estudantes, passou 80 vales transportes. Depois passo a carteira dos passes
para marcar os passes e aí, é só diminuir. Fica assim: 400 rodadas, com 70
estudantes, 80 vales transportes e 10 passes livres. Diminui esses e só ficam as
passagens inteiras. O resto que passou é tudo inteira.