AGOSTINHO ALVES BARBOSA (Bate Asa) - Oktiva

até virem buscar o ônibus. E sempre foi assim, porque eram poucos carros, e não
tinha outro para substituir o quebrado. Agora não, tem ônibus para substituir...
Sempre tem um ou dois carros de reserva na garagem. Assim, os carros de
reserva podem cumprir os horários. Sempre tem que cumprir os horários dos
ônibus. E mais: hoje em dia, tem o reboque. Deu o prego, a gente liga e o reboque
vai buscar o carro. O conserto é feito na garagem.
O negócio era cobrar as passagens direitinho e não chegar atrasado. Porque
chegar atrasado sempre dá problema: troca de linha, troca de carro... Se você
está em um carro bom, vai para um carro mais velho. Se está em uma linha boa,
vai para uma pior... Muda de horário também. Por isso, eu não gostava quando eu
atrasava. Por exemplo: eu começava a trabalhar às cinco horas, para largar à uma
tarde. Se eu perdesse esse horário, podia ser colocado em outro carro que tivesse
outra pegada para chegar à meia noite. A empresa também exigia que não
bebesse e não fumasse.
A gente trabalhava por escala. Era fixa. Na escala tinha a linha, o número do carro
e o número do cobrador. Era obrigatória, não podia mudar. A cada semana
mudava o motorista que ia com a gente. Mas eu trabalhei muito tempo num carro
só. Aí era só eu e o motorista, o João Amaro... Trabalhei com ele muito tempo, na
linha do Tirol, que hoje em dia não existe mais. Agora é a Leste-Oeste. Trabalhei
muito tempo também com o Oscarito. Uns três ou quatro anos. O Oscarito ainda
está vivo. Eu não tinha reclamação com motorista.
Não tinha dia certo para folga. As folgas eram sempre sábado ou domingo.
Ninguém parava durante a semana. Hoje em dia parece que já tem folga na
semana, mas no meu tempo não tinha.
Apesar de tudo isso, a vida era tranqüila. Mas agora, com este negocio de assalto,
ficou perigosa. Eu já fui assaltado duas vezes. Uma vez, foi na linha do Beira Rio.
Tive sorte, porque levaram só o dinheiro e não fizeram nada comigo. Puxaram o