8. Estudo da não-idealidade da fase líquida
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PQI 5821 – Fun<strong>da</strong>mentos de Processos em Engenharia Química II 2009<br />
<strong>8.</strong> <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
Assuntos<br />
1. A lei de Raoult<br />
2. Definição de ativi<strong>da</strong>de<br />
3. Convenções assimétricas e a lei de Henry<br />
4. Exercícios<br />
<strong>8.</strong>1. A lei de Raoult<br />
Consideremos o problema de equacionar o equilíbrio líquido-vapor em uma<br />
mistura. Os critérios de equilíbrio para esse problema compreendem a igual<strong>da</strong>de de<br />
temperatura, pressão e fugaci<strong>da</strong>de de todos os componentes nas duas <strong>fase</strong>s. Em sistemas<br />
a baixas pressões duas simplificações podem ser feitas:<br />
A <strong>fase</strong> vapor pode ser considera<strong>da</strong> ideal. Excetuando-se alguns poucos<br />
componentes que se associam fortemente em <strong>fase</strong> vapor (como o ácido acético e o ácido<br />
fluorídrico), em geral pode-se considerar que a <strong>fase</strong> vapor é uma mistura de gases ideais<br />
em pressões inferiores 5,0 atm.<br />
As proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> dependem muito pouco <strong>da</strong> pressão. Também<br />
nessa situação pode-se considerar que a <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> é praticamente independente <strong>da</strong><br />
pressão. Uma dependência considerável ocorre somente em sistemas a altas pressões ou<br />
próximos de condições críticas.<br />
Esses dois fatos permitem que se estabeleçam algumas relações úteis, váli<strong>da</strong>s<br />
para misturas ideais em <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong>. Por exemplo, sabe-se que em uma mistura ideal,<br />
valerá, pela lei de Lewis-Ran<strong>da</strong>ll:<br />
fˆ<br />
L<br />
i<br />
L<br />
( T , P,<br />
x ) = x f ( T , P )<br />
( 8-1 )<br />
i<br />
i<br />
Ou seja, existe uma proporcionali<strong>da</strong>de entre a fugaci<strong>da</strong>de do componente e a<br />
fração desse mesmo componente na mistura. Em uma situação de equilíbrio vale<br />
também a igual<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fugaci<strong>da</strong>de:<br />
fˆ<br />
fˆ<br />
L<br />
i<br />
V<br />
i<br />
V<br />
( T , P,<br />
x ) = fˆ ( T , P,<br />
y )<br />
( 8-2 )<br />
i<br />
Como a <strong>fase</strong> vapor é forma<strong>da</strong> por um gás ideal:<br />
( T , P,<br />
y ) = y P<br />
( 8-3 )<br />
i
<strong>8.</strong>2 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
Resta descobrir o valor <strong>da</strong> fugaci<strong>da</strong>de do composto puro, para estabelecer a<br />
relação entre as duas <strong>fase</strong>s. Para isso, considera-se a situação de equilíbrio, em que a<br />
fugaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> vapor será igual à pressão de saturação, ou seja:<br />
L sat sat<br />
f i ( T , Pi<br />
) = Pi<br />
( T )<br />
( 8-4 )<br />
Considerando que a fugaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> <strong>não</strong> se altere com a pressão<br />
(conforme visto anteriormente), tem-se:<br />
fˆ<br />
L<br />
i<br />
sat<br />
( T , P,<br />
x ) = x P ( T )<br />
( 8-5 )<br />
equilíbrio:<br />
i<br />
i<br />
Igualando a fugaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> à <strong>da</strong> <strong>fase</strong> vapor, tem-se para a situação de<br />
x i<br />
sat<br />
i Pi<br />
( T ) = y P<br />
( 8-6 )<br />
Essa é a chama<strong>da</strong> lei de Raoult. Deve-se notar que ela <strong>não</strong> é uma lei, como as<br />
leis <strong>da</strong> Termodinâmica – é uma simplificação váli<strong>da</strong> em alguns poucos casos especiais,<br />
baixas pressões e <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> ideal. Apesar de to<strong>da</strong>s as considerações feitas, ela é muito<br />
útil no estudo do equilíbrio líquido-vapor de sistemas cuja <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> seja ideal, sendo<br />
bastante utiliza<strong>da</strong> no estudo de sistemas formados por hidrocarbonetos.<br />
<strong>8.</strong>2. Definição de ativi<strong>da</strong>de 1<br />
<strong>8.</strong>2.1. Variação na energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à mistura<br />
O que ocorreria com a lei de Raoult se a <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> <strong>não</strong> fosse ideal? Nesse<br />
caso, <strong>não</strong> haveria a identi<strong>da</strong>de entre ativi<strong>da</strong>de e fração em quanti<strong>da</strong>de de matéria. A<br />
expressão para a variação <strong>da</strong> energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à mistura respeitaria a seguinte<br />
desigual<strong>da</strong>de:<br />
∆<br />
mis<br />
G = G −<br />
c<br />
∑<br />
j=<br />
1<br />
n µ<br />
j<br />
j<br />
≠ RT<br />
c<br />
∑<br />
j=<br />
1<br />
n<br />
j<br />
ln x<br />
j<br />
( 8-7 )<br />
Suponhamos que houvesse uma expressão para ∆ misG<br />
em função de T, P e <strong>da</strong><br />
composição. Assim, obter-se-ia por diferenciação:<br />
⎛ ∂∆<br />
mis G ⎞<br />
⎜<br />
n ⎟<br />
⎝ ∂ i ⎠<br />
T , P,<br />
n<br />
j ≠i<br />
= µ ˆ<br />
i<br />
( T , P,<br />
x ) − µ ( T , P )<br />
( 8-8 )<br />
i<br />
Embora, em virtude <strong>da</strong> <strong>não</strong> ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong>, <strong>não</strong> possamos postular<br />
1 Ver também Tester e Modell, capítulo 9, seção 9.<strong>8.</strong>
PQI 5821 – Fun<strong>da</strong>mentos de Processos em Engenharia Química II Prof. Pedro <strong>8.</strong>3<br />
uma expressão simples para o segundo membro, essa equação nos sugere a<br />
possibili<strong>da</strong>de de calcular o potencial químico <strong>não</strong> mais referenciado ao componente<br />
puro no estado de gás ideal, mas referenciado ao composto puro no mesmo estado de<br />
agregação. Fun<strong>da</strong>mentalmente, conhecendo-se o comportamento de uma mistura em<br />
<strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong>, pode-se obter uma função para a variação na energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à<br />
mistura, ∆ misG<br />
. Conhecendo-se essa expressão, é possível então obter a diferença<br />
ˆ i<br />
i<br />
µ ( T , P,<br />
x ) − µ ( T , P ) por diferenciação. Pela definição de fugaci<strong>da</strong>de, tem-se:<br />
⎛ fˆ ⎞ ˆ i µ i(<br />
T , P,<br />
x ) − µ<br />
ln⎜<br />
⎟<br />
⎜<br />
=<br />
f ⎟<br />
⎝ i ⎠ RT<br />
i<br />
( T , P )<br />
( 8-9 )<br />
Em muitas situações, é possível obter o valor <strong>da</strong> fugaci<strong>da</strong>de do composto puro<br />
na temperatura em questão em uma determina<strong>da</strong> condição – por exemplo, na condição<br />
de saturação, se a <strong>fase</strong> vapor for ideal o valor <strong>da</strong> fugaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> será igual à<br />
pressão de saturação: mesmo em pressões mais altas, a fugaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> vapor<br />
normalmente pode ser conheci<strong>da</strong> com boa precisão.<br />
A vantagem deste procedimento é que, se forem conheci<strong>da</strong>s as condições de<br />
saturação dos compostos puros e uma expressão para a energia de Gibbs de mistura,<br />
será possível calcular a fugaci<strong>da</strong>de dos componentes em to<strong>da</strong> a faixa de composições.<br />
Essa abor<strong>da</strong>gem é mais promissora que aquela basea<strong>da</strong> em equações de estado<br />
na forma P=P(V,T), pois é mais simples propor equações para a <strong>não</strong> ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong><br />
líqui<strong>da</strong> sem se preocupar com o comportamento volumétrico em to<strong>da</strong> a faixa de<br />
volumes específicos – do líquido até o gás ideal. Além disso, em geral, em condições<br />
distantes do ponto crítico a influência <strong>da</strong> pressão nas condições <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> é muito<br />
pequena, o que quer dizer que um desvio muito pequeno no cálculo de V pode ocasionar<br />
um grande desvio no cálculo <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des de afastamento (e no equilíbrio<br />
calculado). Com a adoção de uma referência na própria <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong>, pode-se eliminar<br />
em grande parte esse problema.<br />
Quando é utilizado um estado de referência diferente do gás ideal na mesma<br />
condição de temperatura e pressão, é costume definir uma função chama<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. A<br />
ativi<strong>da</strong>de faz mais ou menos o papel do coeficiente de fugaci<strong>da</strong>de, só que relaciona a<br />
fugaci<strong>da</strong>de <strong>não</strong> com a fugaci<strong>da</strong>de no estado de gás ideal, mas em um estado de<br />
referência genérico. Ela é defini<strong>da</strong> por meio de:
<strong>8.</strong>4 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
fˆ<br />
a i = ( 8-10 )<br />
f<br />
i<br />
ref<br />
i<br />
O estado de referência mais comumente adotado é o composto puro nas mesmas<br />
condições de pressão e temperatura e no mesmo estado de agregação, mas existem<br />
outros estados de referência possíveis e, em alguns momentos, pode ser necessário<br />
adotá-los.<br />
<strong>8.</strong>2.2. A convenção simétrica<br />
Denomina-se convenção simétrica a utilização do estado de referência para ca<strong>da</strong><br />
composto como o composto puro no mesmo estado de agregação, temperatura e pressão<br />
<strong>da</strong> mistura. Essa convenção é útil quando todos os componentes podem estar presentes<br />
em to<strong>da</strong> faixa de concentrações, como ocorre em quase to<strong>da</strong>s as misturas líqui<strong>da</strong>s<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s anteriormente. Nesse caso, a ativi<strong>da</strong>de relaciona-se ao potencial químico por<br />
meio de:<br />
ln a<br />
i<br />
µ ˆ i(<br />
T , P,<br />
x ) − µ i(<br />
T , P )<br />
=<br />
RT<br />
( 8-11 )<br />
Se for proposta uma expressão para a variação <strong>da</strong> energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à<br />
mistura, a ativi<strong>da</strong>de poderá ser obti<strong>da</strong> simplesmente por meio de:<br />
ln a<br />
i<br />
⎛ ∂∆<br />
mis G ⎞<br />
=<br />
RT ⎜<br />
n ⎟<br />
⎝ ∂ i ⎠<br />
1<br />
T , P , n j ≠i<br />
Pela definição de energia de Gibbs, tem-se que:<br />
( 8-12 )<br />
∆ = ∆ H − T∆<br />
S<br />
( 8-13 )<br />
misG<br />
mis<br />
mis<br />
Pode-se observar que variações na energia de Gibbs devi<strong>da</strong>s à mistura podem ser<br />
devi<strong>da</strong>s a dois principais fatores: fatores entálpicos (ou energéticos) e fatores entrópicos.<br />
Fatores entálpicos são usualmente relacionados à energia libera<strong>da</strong> ou absorvi<strong>da</strong> pelas<br />
moléculas devido à diferença entre as interações intermoleculares (forças de van der<br />
Waals, ligações de hidrogênio). Fatores entrópicos se ligam à maneira como as<br />
moléculas se organizam nos compostos puros e na mistura: quanto mais aleatoriamente<br />
as moléculas se distribuem, maior é a entropia. Também a variação na entropia está<br />
liga<strong>da</strong> às ligações intermoleculares: uma diminuição nas interações intermoleculares<br />
comumente leva a uma maior dispersão <strong>da</strong>s moléculas, e, portanto, a uma maior<br />
entropia. Desse modo, uma mistura entre etanol e n-hexano é entalpicamente
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desfavorável (pois ocorre com quebra de ligações), mas entropicamente favorável. Do<br />
balanço entre as duas tendências é que advém a característica geral <strong>da</strong> mistura.<br />
<strong>8.</strong>2.3. Uso <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de no equacionamento do equilíbrio líquido-vapor<br />
Tomemos um sistema para cuja variação de energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à mistura<br />
seja conheci<strong>da</strong> uma expressão. De que maneira se poderá usar essa expressão para o<br />
cálculo do diagrama de <strong>fase</strong>s do equilíbrio líquido-vapor a baixas pressões?<br />
Inicialmente, consideremos que em baixas pressões a <strong>fase</strong> vapor pode ser<br />
considera<strong>da</strong> ideal. Duas informações advêm desse fato: a fugaci<strong>da</strong>de de um componente<br />
V<br />
i em <strong>fase</strong> vapor é <strong>da</strong><strong>da</strong> por fˆ ( T , P,<br />
y ) = y P , e a fugaci<strong>da</strong>de do componente i puro<br />
L sat sat<br />
pode ser escrita f ( T , P ) P ( T )<br />
i<br />
i = i na condição de saturação.<br />
i<br />
Em sistemas a baixas pressões, é possível considerar que a fugaci<strong>da</strong>de do<br />
componente puro na <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> <strong>não</strong> depen<strong>da</strong> <strong>da</strong> pressão. Nesse caso:<br />
L<br />
sat<br />
f i ( T , P ) = Pi<br />
( T )<br />
( 8-14 )<br />
Como se conhece uma expressão para a variação na energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à<br />
mistura, é possível calcular diretamente o valor <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de:<br />
ln a<br />
i<br />
⎛ ∂∆<br />
mis G ⎞<br />
=<br />
RT ⎜<br />
n ⎟<br />
⎝ ∂ i ⎠<br />
1<br />
T , P , n j ≠i<br />
com o que é possível obter o valor <strong>da</strong> fugaci<strong>da</strong>de na <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong>:<br />
L<br />
i<br />
i<br />
L<br />
i<br />
i<br />
sat<br />
i<br />
( 8-15 )<br />
fˆ ( P,<br />
T , x ) = a f ( P,<br />
T ) = a P<br />
( 8-16 )<br />
do que vem que:<br />
y P = a P<br />
( 8-17 )<br />
i<br />
i<br />
sat<br />
i<br />
No caso de uma mistura líqui<strong>da</strong> ideal, tem-se que ai = xi, e a lei de Raoult é<br />
obti<strong>da</strong>. Fora dessa circunstância é necessário considerar a <strong>não</strong> ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
por meio <strong>da</strong> expressão <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à mistura.<br />
<strong>8.</strong>3. Convenções assimétricas e a lei de Henry<br />
<strong>8.</strong>3.1. Expandindo o conceito de ativi<strong>da</strong>de: convenções assimétricas<br />
A pergunta que fica do desenvolvimento anterior é: por que definir a ativi<strong>da</strong>de?<br />
No fundo, ela <strong>não</strong> seria “dispensável,” resumindo-se a uma maneira de trazer a<br />
referência para o líquido puro?
<strong>8.</strong>6 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
A resposta é negativa por várias razões. Inicialmente, o estado de referência <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de <strong>não</strong> precisa ser o líquido puro, e a ativi<strong>da</strong>de pode ser calcula<strong>da</strong> em situações<br />
em que o composto <strong>não</strong> existe nesse estado. Mesmo nas situações em que isso ocorre, a<br />
ativi<strong>da</strong>de guar<strong>da</strong> um sentido próprio: a relação entre o potencial químico do composto<br />
na mistura e o potencial químico do composto puro.<br />
ln a<br />
i<br />
Por sua própria definição, a ativi<strong>da</strong>de pode ser escrita como:<br />
ref ref ref<br />
µ ˆ ˆ<br />
i(<br />
T , P,<br />
x ) − µ i ( T , P , x )<br />
= ( 8-18 )<br />
RT<br />
Nota-se que o estado de referência pode ser calculado a uma pressão diferente <strong>da</strong><br />
pressão do sistema e também a uma composição diferente <strong>da</strong> composição do sistema,<br />
mas sempre à mesma temperatura, pois <strong>não</strong> se compararam potenciais químicos a<br />
diferentes temperaturas 2 .<br />
ln a<br />
i<br />
ln a<br />
A expressão acima pode ser escrita:<br />
1 ⎛ ∂G<br />
⎞<br />
=<br />
RT ⎜<br />
n ⎟<br />
⎝ ∂ i ⎠<br />
T , P , n j ≠i<br />
µ ˆ<br />
−<br />
ref<br />
i<br />
( T , P<br />
RT<br />
ref<br />
, x<br />
Considerando a existência de outros compostos, tem-se:<br />
1<br />
⎛<br />
c<br />
i = ⎜ ⎜G<br />
RT ⎜ n ⎜<br />
− ∑<br />
i j=1<br />
⎝<br />
∂<br />
∂<br />
⎛<br />
⎝<br />
n µ ˆ<br />
j<br />
ref<br />
j<br />
( T , P<br />
ref<br />
,<br />
ref<br />
)<br />
⎞⎞<br />
⎟⎟<br />
⎟⎟<br />
⎠⎠<br />
T , P,<br />
n<br />
j ≠i<br />
( 8-19 )<br />
ref<br />
x )<br />
( 8-20 )<br />
A definição acima sugere que se possa estender o conceito de variação devi<strong>da</strong> a<br />
mistura. De fato, pode-se definir uma variação assimétrica <strong>da</strong> energia de Gibbs por meio<br />
<strong>da</strong> expressão:<br />
∆G<br />
= G −<br />
c<br />
∑<br />
j=<br />
1<br />
n µ ˆ<br />
j<br />
ref<br />
j<br />
( T , P<br />
ref<br />
ref<br />
x )<br />
( 8-21 )<br />
,<br />
Essa variação assimétrica já <strong>não</strong> se refere mais à variação <strong>da</strong> energia de Gibbs<br />
quando se misturam os compostos puros. Ela já perdeu muito de seu sentido físico, e<br />
deve ser vista mais como o produto de uma operação hipotética de mistura do que<br />
propriamente uma grandeza mensurável. Esse conceito é extensível a qualquer<br />
proprie<strong>da</strong>de; de maneira geral:<br />
2 Pelo fato de a variação do potencial químico com a temperatura estar liga<strong>da</strong> ao valor absoluto <strong>da</strong><br />
entropia.
PQI 5821 – Fun<strong>da</strong>mentos de Processos em Engenharia Química II Prof. Pedro <strong>8.</strong>7<br />
∆B<br />
= B −<br />
c<br />
∑<br />
j=<br />
1<br />
n<br />
j<br />
B<br />
ref<br />
j<br />
( T , P<br />
ref<br />
ref<br />
x )<br />
( 8-22 )<br />
,<br />
Um estado de referência possível para um soluto que <strong>não</strong> exista puro no mesmo<br />
estado de agregação <strong>da</strong> mistura é a solução ideal de concentração unitária. Esse estado<br />
é definido de modo que:<br />
lim<br />
i ξ<br />
ξ →0<br />
ai<br />
i<br />
= 1<br />
( 8-23 )<br />
em que ξ é uma uni<strong>da</strong>de de concentração conveniente. Em virtude <strong>da</strong> definição acima,<br />
esse estado é erroneamente chamado de estado de referência em diluição infinita. Pelo<br />
fato de ca<strong>da</strong> composto ter um estado de referência diferente, essa abor<strong>da</strong>gem é<br />
conheci<strong>da</strong> por convenção assimétrica, e é comumente usa<strong>da</strong> no estudo de soluções<br />
diluí<strong>da</strong>s.<br />
<strong>8.</strong>3.2. A lei de Henry<br />
Consideremos um composto (um soluto, 2) bastante diluído em outro (o<br />
solvente, 1). Na medi<strong>da</strong> em que o composto aproxima-se <strong>da</strong> condição de composto<br />
puro, sua fugaci<strong>da</strong>de aproxima-se do valor calculado pela lei de Raoult, ou seja:<br />
fˆ<br />
1<br />
( T , P,<br />
x ) = x f ( T , P )<br />
( 8-24 )<br />
1<br />
1<br />
Pode-se aplicar, nesse caso, a equação de Gibbs-Duhem, e obter uma expressão<br />
para a fugaci<strong>da</strong>de do soluto. Para T e P constantes:<br />
n dµ<br />
ˆ + n dµ<br />
ˆ = 0<br />
( 8-25 )<br />
1<br />
1<br />
2<br />
2<br />
Pelo fato de o potencial químico do composto puro no estado de gás ideal <strong>não</strong><br />
variar com a concentração, pode-se escrever:<br />
GI<br />
GI<br />
n d(<br />
µ ˆ − µ ) + n d(<br />
µ ˆ − µ ) = 0<br />
1<br />
1<br />
1<br />
2<br />
2<br />
2<br />
Como a pressão e a temperatura são manti<strong>da</strong>s constantes:<br />
( 8-26 )<br />
n d ln( fˆ ) + n d ln( fˆ ) = 0<br />
( 8-27 )<br />
1<br />
1<br />
2<br />
2<br />
ou, em termos intensivos, x d ln( fˆ ) + x d ln( fˆ ) = 0 .<br />
1<br />
1<br />
2<br />
Entretanto, se a fugaci<strong>da</strong>de do solvente segue a lei de Raoult, então:<br />
L<br />
fˆ<br />
1 = x1<br />
f1<br />
⇒ d ln( 1 ) d ln( x1<br />
)<br />
Dessa maneira, tem-se também que:<br />
fˆ<br />
2<br />
= ( 8-28 )
<strong>8.</strong>8 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
d ln( fˆ<br />
2 ) = d ln( x2<br />
) ⇒<br />
o que implica que:<br />
fˆ<br />
2<br />
=<br />
x<br />
fˆ<br />
2<br />
cte.<br />
x<br />
dfˆ<br />
dx<br />
2 2<br />
= ( 8-29 )<br />
2<br />
fˆ<br />
x<br />
2<br />
( 8-30 )<br />
É costume definir uma constante H2,1, chama<strong>da</strong> constante de Henry, tal que:<br />
H<br />
( T , P )<br />
2 = 2 2,1<br />
( 8-31 )<br />
O subscrito 2,1 indica que a constante refere-se ao soluto (2) diluído no solvente<br />
(1). A expressão acima é váli<strong>da</strong> somente no limite de soluções muito diluí<strong>da</strong>s. Ela é<br />
conheci<strong>da</strong> popularmente por lei de Henry, mas – como a lei de Raoult – <strong>não</strong> é uma lei<br />
exata, mas uma aproximação váli<strong>da</strong> em uma <strong>da</strong><strong>da</strong> situação.<br />
As Figuras seguintes apresentam a fugaci<strong>da</strong>de dos componentes do sistema<br />
benzeno (1) – 1-propanol (2) a 45°C. Deve-se notar que o intervalo em que a lei de<br />
Henry é váli<strong>da</strong> para um dos componentes corresponde ao intervalo em que a lei de<br />
Raoult é váli<strong>da</strong> para o outro componente.<br />
f<br />
^<br />
1<br />
/ bar<br />
0.40<br />
0.30<br />
0.20<br />
0.10<br />
0.00<br />
lei de Henry: f<br />
^<br />
1<br />
= 0,97x<br />
1<br />
lei de Raoult: f<br />
^<br />
1<br />
= 0,3x<br />
1<br />
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0<br />
x 1<br />
Figura 8-1. Fugaci<strong>da</strong>de do benzeno, sistema benzeno (1) – 1-propanol (2) a 45°C.
PQI 5821 – Fun<strong>da</strong>mentos de Processos em Engenharia Química II Prof. Pedro <strong>8.</strong>9<br />
^f<br />
2<br />
/ bar<br />
0.10<br />
0.08<br />
0.06<br />
0.04<br />
0.02<br />
0.00<br />
lei de Henry: f<br />
^<br />
2<br />
= 0,58x<br />
2<br />
^<br />
lei de Raoult: f<br />
2<br />
= 0,094x<br />
2<br />
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0<br />
x 2<br />
Figura 8-2. Fugaci<strong>da</strong>de do 1-propanol, sistema benzeno (1) – 1-propanol (2) a 45°C.<br />
A vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s leis de Raoult e Henry nos limites do gráfico liga-se às interações<br />
moleculares presentes. Quando o composto está muito concentrado, praticamente puro,<br />
a presença de outro componente é significativa, mas de alguma maneira as interações<br />
que suas moléculas realizam ain<strong>da</strong> ocorrem preferencialmente com outras moléculas<br />
suas – <strong>da</strong>í a vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> lei de Raoult, que relaciona a fugaci<strong>da</strong>de à pressão de saturação.<br />
Por outro lado, no limite do composto diluído, a fugaci<strong>da</strong>de de um componente é<br />
influencia<strong>da</strong> principalmente pelas interações entre as moléculas desse componente e as<br />
moléculas do composto que está em maior quanti<strong>da</strong>de – <strong>da</strong>í a fugaci<strong>da</strong>de variar<br />
linearmente com a composição, mas a constante de proporcionali<strong>da</strong>de ser diferente.<br />
<strong>8.</strong>3.3. Coeficiente de ativi<strong>da</strong>de e grandeza excedente<br />
igual<strong>da</strong>de:<br />
MI<br />
i<br />
Em uma mistura ideal, como visto na dedução <strong>da</strong> lei de Raoult, vale a seguinte<br />
µ ˆ ( T , P,<br />
x ) − µ ( T , P ) = RT ln x<br />
( 8-32 )<br />
i<br />
i<br />
i<br />
Em uma mistura real, valerá, considerando a convenção simétrica:<br />
µ ˆ ( T , P,<br />
x ) − µ ( T , P ) = RT ln a<br />
( 8-33 )<br />
a<br />
ln<br />
x<br />
i<br />
i<br />
i<br />
i<br />
Comparando as duas equações, obtém-se a relação seguinte:<br />
MI<br />
µ ˆ ˆ<br />
i(<br />
T , P,<br />
x ) − µ i ( T , P,<br />
x )<br />
= ( 8-34 )<br />
RT<br />
É costume definir um coeficiente de fugaci<strong>da</strong>de pela expressão:
<strong>8.</strong>10 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
a<br />
i<br />
γ i =<br />
( 8-35 )<br />
xi<br />
O coeficiente de fugaci<strong>da</strong>de, então, é uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong><br />
líqui<strong>da</strong>. Deve-se notar que ele é expresso pela diferença entre o potencial químico e o<br />
potencial químico que o composto teria em uma mistura ideal. Isso sugere a definição<br />
de grandeza excedente, a diferença entre o valor <strong>da</strong> variação de uma grandeza devi<strong>da</strong> à<br />
mistura e o valor dessa mesma variação para uma mistura ideal:<br />
B ∆ − ∆<br />
EX<br />
MI<br />
= B B<br />
( 8-36 )<br />
Os conceitos de coeficiente de ativi<strong>da</strong>de e grandeza excedente <strong>não</strong> trazem em si<br />
mesmos nenhum conhecimento novo sobre o sistema – no fundo, são apenas outras<br />
maneiras de expressar a mesma coisa – mas são muito utilizados em cálculos, por se<br />
relacionarem diretamente à <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de. Ambos são relacionados pela expressão<br />
seguinte:<br />
ln γ<br />
i<br />
1 ⎛ ∂G<br />
= ⎜<br />
RT ⎜<br />
⎝ ∂n<br />
<strong>8.</strong>4. Exercícios<br />
EX<br />
i<br />
⎞<br />
⎟<br />
⎠<br />
T , P , n j ≠i<br />
( 8-37 )<br />
1. A pressão de saturação do benzeno a 50°C é de 0,35 atm; do n-hexano, na mesma<br />
temperatura, é de 0,53 atm. Complete, usando esses <strong>da</strong>dos e a lei de Raoult, a seguinte<br />
tabela: fˆ<br />
1<br />
Tabela 8-1. Equilíbrio calculado para o sistema benzeno (1) – n-hexano (2) a 50ºC<br />
x1<br />
0,0<br />
0,2<br />
0,4<br />
0,6<br />
0,8<br />
1,0<br />
fˆ / atm 1<br />
fˆ / atm P / atm y1<br />
2<br />
2. Considere o equilíbrio líquido-vapor em mistura forma<strong>da</strong> por n-hexano (1) e n-
PQI 5821 – Fun<strong>da</strong>mentos de Processos em Engenharia Química II Prof. Pedro <strong>8.</strong>11<br />
heptano (2). Usando a lei de Raoult, pede-se:<br />
a. Qual a pressão e a composição <strong>da</strong> <strong>fase</strong> vapor em equilíbrio com uma <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> cuja<br />
composição seja x1 = 0,5?<br />
b. Qual a temperatura em que deve ser mantido o sistema para que, com uma <strong>fase</strong><br />
líqui<strong>da</strong> cuja composição seja x1 = 0,5, haja uma <strong>fase</strong> vapor em equilíbrio à pressão de<br />
0,4 atm?<br />
c. Qual a pressão e a composição <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> em equilíbrio com uma <strong>fase</strong> vapor cuja<br />
composição seja y1 = 0,5?<br />
d. Qual a temperatura em que deve ser mantido o sistema para que, com uma <strong>fase</strong> vapor<br />
cuja composição seja y1 = 0,5, haja uma <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> em equilíbrio à pressão de 0,4 atm?<br />
Para esse cálculo, considere as seguintes expressões para a pressão de saturação<br />
dos compostos envolvidos:<br />
sat<br />
P1<br />
ln<br />
atm<br />
sat<br />
P2<br />
ln<br />
atm<br />
= 9,<br />
2033 −<br />
( T<br />
= 9,<br />
2404 −<br />
( T<br />
2697,<br />
55<br />
/ K ) − 48,<br />
78<br />
2911,<br />
32<br />
/ K ) − 56,<br />
51<br />
3. Entre as equações apresenta<strong>da</strong>s para a variação na energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à<br />
mistura, uma <strong>da</strong>s mais importantes é a equação de Flory-Huggins 3 . Ela é útil para o<br />
cálculo de proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> mistura de um polímero (1) em um solvente orgânico (2).<br />
A equação de Flory-Huggins é composta de duas partes: uma contribuição<br />
entrópica e uma contribuição entálpica. A primeira refere-se à entropia de mistura de<br />
moléculas de diferentes tamanhos:<br />
∆ mis S<br />
= −n1<br />
lnφ1<br />
− n2<br />
ln φ2<br />
R<br />
em que φ1 é a fração volumétrica do soluto, <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
φ<br />
1<br />
n1V1<br />
=<br />
n V + n V<br />
1<br />
2<br />
2<br />
e analogamente para o solvente.<br />
A contribuição entálpica, devi<strong>da</strong> à interação entre as moléculas, é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
3 Flory, P. J., J. Chem Phys., v. 10, 51, 1942.
<strong>8.</strong>12 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
∆ mis H ⎛ V<br />
= ⎜<br />
⎜n1<br />
RT ⎝ V<br />
1<br />
2<br />
⎞<br />
+ n2<br />
⎟<br />
⎟χ12φ1φ<br />
⎠<br />
2<br />
em que χ12 é o chamado parâmetro de interação, e é dependente dos compostos<br />
envolvidos.<br />
Pede-se:<br />
a. Escreva a expressão <strong>da</strong> variação <strong>da</strong> energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à mistura.<br />
b. Obtenha a expressão <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de do solvente.<br />
4. A condição de estabili<strong>da</strong>de para uma mistura binária é, como visto anteriormente:<br />
⎛ ∂µ<br />
ˆ i ⎞<br />
⎜<br />
⎟<br />
⎝ ∂ni<br />
⎠<br />
T<br />
, P,<br />
n<br />
j ≠i<br />
> 0<br />
a. Escreva a condição de estabili<strong>da</strong>de em função <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de do componente i.<br />
b. Obtenha o limite de estabili<strong>da</strong>de para o modelo de Flory-Huggins.<br />
5. A mais antiga expressão para a variação na energia de Gibbs devi<strong>da</strong> à mistura foi<br />
apresenta<strong>da</strong> por van Laar, segundo a qual se tem para uma mistura binária:<br />
∆<br />
mis<br />
G = RT(<br />
x<br />
2<br />
1 2 1 2 1 2<br />
1 1 2 2<br />
⎟<br />
1 1 2 2 1 2<br />
⎟<br />
x x b b ⎛ ⎞<br />
+ + ⎜<br />
a a<br />
ln x x ln x )<br />
−<br />
x b + x b ⎜ b b<br />
em que a e b são os parâmetros <strong>da</strong> equação de van der Waals 4 . Obtenha a expressão <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de e do coeficiente de ativi<strong>da</strong>de de um dos componentes a partir <strong>da</strong> equação de<br />
van Laar.<br />
⎝<br />
Como a equação de van der Waals, essa equação tem importância histórica, mas<br />
pouca importância prática hoje em dia.<br />
6. [Sandler] A 60°C a pressão de saturação do acetato de metila (1) é 1,126 bar, e do<br />
metanol (2) é 0,847 bar. O comportamento de suas misturas pode ser razoavelmente<br />
aproximado pela equação de Margules:<br />
4 van Laar era aluno de van der Waals, razão pela qual usou essa equação como base de seu<br />
desenvolvimento. É possível considerar que os parâmetros que aparecem na equação sejam ajustáveis:<br />
nesse caso, a equação passa a funcionar relativamente bem.<br />
⎠
PQI 5821 – Fun<strong>da</strong>mentos de Processos em Engenharia Química II Prof. Pedro <strong>8.</strong>13<br />
G EX<br />
RT<br />
= 1, 06x<br />
x<br />
1<br />
2<br />
Complete, com esses <strong>da</strong>dos, a seguinte tabela:<br />
Tabela 8-2. Equilíbrio calculado do sistema acetato de metila (1) e metanol (2) a 60ºC.<br />
x1<br />
0,0<br />
0,2<br />
0,4<br />
0,6<br />
0,8<br />
1,0<br />
fˆ / atm 1<br />
fˆ / atm P / atm y1<br />
2<br />
7. Para o sistema acima, calcule o valor <strong>da</strong> constante de Henry do metanol dissolvido<br />
em acetato de metila, e compare-o com o valor <strong>da</strong> pressão de saturação do metanol. O<br />
que se pode notar? Faça o mesmo para a constante de Henry do acetato de metila<br />
dissolvido em metanol.<br />
<strong>8.</strong> No cálculo de colunas de destilação, um parâmetro usualmente encontrado é a<br />
volatili<strong>da</strong>de relativa, defini<strong>da</strong> para dois compostos (1) e (2) como sendo:<br />
α<br />
12<br />
y1<br />
/ x1<br />
=<br />
y / x<br />
2<br />
2<br />
em que as composições calcula<strong>da</strong>s de <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> (x) e vapor (y) referem-se ao<br />
equilíbrio. Por facili<strong>da</strong>de de cálculo, muitas vezes a volatili<strong>da</strong>de é assumi<strong>da</strong> constante,<br />
ou seja, independente de temperatura, pressão e composição.<br />
Verifique se essa hipótese é correta calculando a volatili<strong>da</strong>de relativa do par<br />
etanol (1) e acetato de etila (2) a 300K para composições de líquido em equilíbrio iguais<br />
a x1 = 0,1, x1 = 0,5 e x1 = 0,9. São conhecidos os seguintes <strong>da</strong>dos:<br />
G 8163x x<br />
EX = J.mol -1 .<br />
1<br />
sat<br />
P1<br />
− 4728,<br />
98<br />
ln =<br />
+ 13,<br />
4643<br />
bar T / K<br />
2
<strong>8.</strong>14 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
sat<br />
P2<br />
− 3570,<br />
58<br />
ln = + 10,<br />
4575<br />
bar T / K<br />
9. [Prova – 2007] Benzeno e ciclohexano são compostos semelhantes, mas pelo fato de<br />
sua pressão de saturação ser muito próxima, o diagrama de equilíbrio líquido-vapor de<br />
suas misturas apresenta um azeótropo. Assim, a <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> desse sistema <strong>não</strong> pode ser<br />
considera<strong>da</strong> ideal.<br />
Na temperatura de 40ºC, a pressão de saturação do ciclohexano (1) é de 0,246<br />
bar, e do benzeno (2) é 0,244 bar. Nessa temperatura, esses compostos formam um<br />
azeótropo de composição x1 = y1 = 0,51, e a pressão de equilíbrio no ponto de azeótropo<br />
é de 0,2747 bar.<br />
Considere que a <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> seja <strong>da</strong><strong>da</strong> pela equação de<br />
Margules de um parâmetro:<br />
∆ misG<br />
= x1<br />
ln x1<br />
+ x2<br />
ln x2<br />
+ Ax1x<br />
2<br />
RT<br />
Estime o parâmetro A <strong>da</strong> equação de Margules para esse par.<br />
10. [Prova – 2007] Um estu<strong>da</strong>nte fez a seguinte observação em uma aula <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />
obrigatória: “Água e etanol devem formar uma solução líqui<strong>da</strong> ideal, pois ambos os<br />
compostos formam pontes de hidrogênio e portanto interagirão de maneira semelhante.”<br />
Obviamente, ele está errado – mas a pergunta é: quão errado? Para verificar, pede-se:<br />
a) complete a tabela seguinte, em que o composto (1) é o etanol, para o equilíbrio<br />
líquido-vapor à temperatura de 50 °C, considerando que a <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> seja ideal.<br />
x1<br />
0,0<br />
0,2<br />
0,4<br />
0,6<br />
0,8<br />
1,0<br />
L<br />
L<br />
fˆ / atm 1 fˆ / atm y1 P / atm<br />
2
PQI 5821 – Fun<strong>da</strong>mentos de Processos em Engenharia Química II Prof. Pedro <strong>8.</strong>15<br />
b) complete a tabela seguinte, semelhante à anterior, para o equilíbrio líquido-vapor à<br />
temperatura de 50 °C, considerando que a <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> seja <strong>da</strong><strong>da</strong> pela<br />
equação de Margules de dois parâmetros, ajusta<strong>da</strong> para esse sistema específico.<br />
x1<br />
0,0<br />
0,2<br />
0,4<br />
0,6<br />
0,8<br />
1,0<br />
L<br />
L<br />
fˆ / atm 1 fˆ / atm y1 P / atm<br />
2<br />
Explique por que seus resultados demonstram que o aluno se enganou<br />
completamente.<br />
A pressão de saturação do etanol a 50°C é igual a 0,290 atm, e a <strong>da</strong> água, 0,122<br />
atm. A equação de Margules de dois parâmetros para esse sistema é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
2<br />
ln a1<br />
= ln x1<br />
+ x2<br />
( 1, 58 −1,<br />
30x1<br />
)<br />
2<br />
ln a2<br />
= ln x2<br />
+ x1<br />
( 0 , 93 + 1,<br />
30x<br />
2 )<br />
11. [Prova – 2008] Considere a mistura forma<strong>da</strong> por n-hexano (1) e n-heptano (2). A<br />
pressão de saturação desses compostos é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
P<br />
2697,55<br />
sat<br />
1 ln = 9,2165 −<br />
bar ( T / K)<br />
− 48,78<br />
sat<br />
P2<br />
2911,32<br />
e<br />
ln = 9,2534 −<br />
bar ( T / K)<br />
− 56,51<br />
a. Uma determina<strong>da</strong> mistura é forma<strong>da</strong> por 70 % de n-hexano (em base molar) e 30 %<br />
de n-heptano, está a 300 K e 0,15 bar. Qual o estado físico dessa mistura?<br />
b. Uma mistura forma<strong>da</strong> por 40 % de n-hexano (em base molar) e 60 % de n-heptano<br />
atinge uma condição em que a temperatura é de 360 K e a pressão é de 1,0 bar. Qual<br />
porcentagem (também em base molar) <strong>da</strong> mistura inicial estará na <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong>?
<strong>8.</strong>16 <strong>Estudo</strong> <strong>da</strong> <strong>não</strong>-ideali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong><br />
c. Repita o cálculo do item anterior para uma temperatura de 370 K, manti<strong>da</strong>s iguais as<br />
outras condições (pressão e composição).<br />
12. [Prova – 2008] Você está projetando uma coluna de destilação para a separação <strong>da</strong><br />
mistura etanol (1) e água (2). Para esses compostos, a pressão de saturação (em função<br />
<strong>da</strong> temperatura) é <strong>da</strong><strong>da</strong> por:<br />
P<br />
1554,3<br />
sat<br />
1 log10 = 5,16995 −<br />
bar ( T / K)<br />
− 50,55<br />
e os coeficientes de ativi<strong>da</strong>de na <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong> (γ) são <strong>da</strong>dos por:<br />
log<br />
0,1228x<br />
2<br />
2<br />
10 γ 1 =<br />
2<br />
(0,7292 x1 + 0,4104 x2)<br />
P<br />
1668,21<br />
sat<br />
2 log10 = 5,09182 −<br />
bar ( T / K)<br />
− 45,20<br />
log<br />
0,2182 x<br />
2<br />
1<br />
10 γ 2 =<br />
2<br />
(0,7292 x1 + 0,4104 x2)<br />
em que x representa a fração molar na <strong>fase</strong> líqui<strong>da</strong>. Lembrando que a ativi<strong>da</strong>de é <strong>da</strong><strong>da</strong><br />
por ai = xiγ<br />
i , pede-se:<br />
a. Para a pressão atmosférica (1,01 bar) calculou-se que a temperatura de bolha de uma<br />
mistura líqui<strong>da</strong> em que x1=0,1238 seria igual a 358,5 K, e a composição <strong>da</strong> <strong>fase</strong> vapor<br />
seria y1=0,4741. Este cálculo está correto?<br />
b. O par etanol-água forma um azeótropo: a 1,01 bar e 350,3 K, as composições do<br />
líquido e do vapor são idênticas, o que significa que a coluna de destilação <strong>não</strong> será<br />
capaz de separar totalmente o binário. Mesmo sem conhecer a composição do<br />
azeótropo, determine os coeficientes de ativi<strong>da</strong>de de etanol e água nessa condição.