13.04.2013 Views

baixar artigo completo em pdf - Gláuks

baixar artigo completo em pdf - Gláuks

baixar artigo completo em pdf - Gláuks

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

46<br />

<strong>Gláuks</strong><br />

Primeiro de Março; daí vai passando pela Pracinha do Diário,<br />

continuando pela Rua Nova, até chegar noutra ponte, a da Boa<br />

Vista. Aí o sujeito que veio do Recife Velho (Ponte Maurício de<br />

Nassau) para o Bairro de Santo Antonio (Antiga Ilha de<br />

Antonio Vaz) chega à Boa Vista, completando a formação<br />

geográfica do Recife atual, que se limita a uma conquista sua, o<br />

que é reforçado pelo seu reconhecimento histórico, uma vez que<br />

o seu ponto de chegada é o Recife moderno e não mais o bairro<br />

do Recife, o antigo que era o Recife todo. É no Recife moderno<br />

que o sujeito do po<strong>em</strong>a encontra o Tio Ulysses e a Tamarineira,<br />

duas marcas por excelência da modernidade encravadas naquela<br />

cidade.<br />

Antes de prosseguirmos, algumas referências: o diário<br />

mencionado é o Diário de Pernambuco, de cuja edição<br />

centenária, organizada por Gilberto Freyre, resultou o Livro do<br />

Nordeste. A Rua Nova é a mesma <strong>em</strong> que residiu Antonio de<br />

Moraes Silva – tetravô do poeta – e que foi palco do episódio<br />

que redundou na tentativa de assassinato do governador Luiz do<br />

Rego Barreto, estopim para a eclosão de uma das revoluções<br />

pernambucanas. Além de d<strong>em</strong>arcar um espaço preciso na<br />

paisag<strong>em</strong> da cidade, não pod<strong>em</strong>os ignorar que a Ponte da Boa<br />

Vista r<strong>em</strong>ete a acontecimentos não menos precisos, até porque<br />

qu<strong>em</strong> cruza aquela ponte no sentido proposto do po<strong>em</strong>a vai<br />

des<strong>em</strong>bocar na Avenida Conde da Boa Vista, que, sendo um<br />

Cavalcanti, r<strong>em</strong>ete a toda sua parentela e ao silogismo que gira<br />

entre cavalgar e ser cavalgado <strong>em</strong> Pernambuco.<br />

Ao chegar à Ponte da Boa Vista é que aquele sujeito<br />

desesperado por um encontro real vai se confidenciar a um<br />

estranho, que o escuta, não como um doutor, e sim<br />

pacient<strong>em</strong>ente. Ocorre que o “estranho” mencionado é o seu<br />

Tio Ulysses, psiquiatra que tratou o sujeito do po<strong>em</strong>a e o autor<br />

na vida real. No po<strong>em</strong>a, só não o cura de pontes do Capibaribe,<br />

ou mais abstratamente, da ponte que há <strong>em</strong> qualquer Capibaribe

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!