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<strong>Gláuks</strong><br />
considerações acerca de sua subjetividade, mesmo quando não<br />
pod<strong>em</strong>os fugir à obviedade irrefutável de que há um expediente<br />
estruturador do texto que só pode ser associado ao autor, através<br />
de suas eleições. Por isso, a produção de João Cabral expande o<br />
sentido da poesia não por denegar ali a existência do sujeito<br />
lírico, mas por conferir-lhe outro lugar, que está nitidamente<br />
expresso no texto, mesmo quando o autor não usa os pronomes<br />
eu, me, mim, comigo, meu e suas derivações – sabendo-se que<br />
ele os utiliza <strong>em</strong> diversos momentos. Então, processa-se um<br />
desdobramento da poesia <strong>em</strong> direção à história, conquanto se<br />
nos pareça que há uma retração subjetiva, quando, na verdade, a<br />
suposta retração subjetiva se revela um salto <strong>em</strong> direção à sua<br />
dimensão m<strong>em</strong>orialística, porque a um só t<strong>em</strong>po individual e<br />
coletiva.<br />
Com efeito, quando estivermos <strong>em</strong> busca da história que<br />
se desenrola a partir de sua obra, invariavelmente alguma<br />
consideração há de se desprender do seu universo familiar<br />
ancestral, b<strong>em</strong> como da localidade a que está vinculada e que se<br />
inscreve <strong>em</strong> derredor do Recife, sendo Sevilha uma experiência<br />
particular do poeta. Como o foco aqui se volta, ocasionalmente,<br />
para a sua cidade natal, é preciso pontuar que, entre a história<br />
pernambucana e a respectiva historiografia, há a expressão do<br />
poeta, que se vale de ambos os domínios para conferir-lhes um<br />
teor subjetivo, que é dado assaz pela vinculação familiar que o<br />
afeta sobr<strong>em</strong>aneira. Sendo aquela cidade o espaço definidor da<br />
história que aparece no fraseado dos versos de João Cabral, é<br />
preciso também circunscrever o t<strong>em</strong>po que se depreende na sua<br />
abordag<strong>em</strong> da localidade. Esse t<strong>em</strong>po se arrasta da invasão<br />
batava à revolução de 1930, através daqueles mesmos ramos<br />
familiares tão repetidos pela historiografia correspondente.<br />
Cumpre registrar que a historiografia provinciana se constituiu,<br />
sobretudo, <strong>em</strong> contraposição à coroa, estivesse ela sediada <strong>em</strong><br />
Lisboa ou no Rio de Janeiro. Trata-se, portanto, de uma história