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XIX Jornadas Gulbenkian de Música Antiga [ 4 ]
I n t r o d u ç ã o Em 1998 comemora-se o quarto centenário da representação, em Florença, da primeira ópera – a D a f n e de Jacopo Peri, espécie de preâmbulo experimental, cuja Música entretanto se perdeu, às duas aventuras operáticas imediatamente posteriores (1600) do mesmo Peri e de Giulio Caccini sobre a E u r i d i c e do poeta Rinuccini, essas sim preservadas até aos nossos dias. Entramos, por isso, num triénio em que os grandes Teatros e Festivais de Ópera de todo o mundo não deixarão por certo de dedicar uma parte significativa da sua programação à abordagem dos grandes monumentos do novo género, recriando-os com o esplendor desse cruzamento deslumbrante de todas as linguagens artísticas que constituiu desde a origem a essência e o fascínio da Ópera. Ao conhecimento considerável de que dispomos hoje sobre o repertório e as práticas interpretativas da Música teatral dos séculos XVII e XVIII juntar-se-á então um trabalho fundamental de estudo e recriação sobre a integração do discurso musical com a cenografia, a maquinaria de cena, as técnicas de encenação, a géstica e a dança maneiristas e barrocas. As XIX Jornadas Gulbenkian de Música Antiga preferem associar-se às comemorações do quarto centenário da Ópera propondo uma reflexão breve sobre as potencialidades de sugestão dramática da própria linguagem musical nos seus vários contextos teatrais ou para-teatrais: da Música de Cena para o Teatro renascentista de Juan del Encina à componente musical do drama shakespeareano; das pequenas representações musico-teatrais sacras dos vilancicos barrocos ibero-americanos aos géneros de concerto que procuram recriar em miniatura a atmosfera operática e aos géneros instrumentais concebidos para o palco cénico, como as aberturas, danças e intermezzi; de duas das primeiras obras primas da Ópera maneirista, como La Dafne de Marco da Gagliano ou o C o m b a t t i m e n t o de Monteverdi, à síntese händeliana das várias linguagens operáticas do Barroco e, por último, ao repertório inovador da Ópera de Hamburgo, símbolo do orgulho cívico da sua cidade, em pleno período do racionalismo clássico e iluminista. Por último, as Jornadas prestam homenagem a dois dos seus colaboradores mais constantes, Jordi Savall e Montserrat Figueras, celebrando os vinte anos da sua primeira apresentação em Portugal, com três concertos assegurados pelos seus três agrupamentos permanentes: o Hesperion XX, a Capella Reial de Catalunya e a orquestra Le Concert des Nations. Rui Vieira Nery [ 5 ] Lisboa, 6 a 1 4 Outubro MCMXCV III.
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