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PereiraHS - Programa de Pós-Graduação em História - UFBA ...

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sucesso. Mais uma vez, perceb<strong>em</strong>os a construção da legitimação como uma operação<br />

que seleciona el<strong>em</strong>entos no passado e presente produzindo um futuro 8 vivido no agora.<br />

São ricas e numerosas as informações que o documento [AJ3] oferece para<br />

construir uma legitimação dos Novos Baianos. Po<strong>de</strong>mos perceber, por ex<strong>em</strong>plo, a<br />

estratégia <strong>de</strong> ir para São Paulo, pois, segundo Galvão, “O carioca só compra artista<br />

<strong>de</strong>pois que este foi lançado <strong>em</strong> São Paulo”. Nesse trecho, v<strong>em</strong>os uma mudança com o<br />

posicionamento do grupo no quesito mercadológico: se antes, na reportag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 14-15<br />

<strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1969, Galvão havia dito “é claro que não atingir<strong>em</strong>os as paradas <strong>de</strong><br />

sucesso” [AJ2] como se isso fosse algo intrínseco ao seu trabalho, agora, na reportag<strong>em</strong><br />

[AJ3] <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1970, já aparece uma preocupação com o trabalho do grupo<br />

como mercadoria a ser consumida; enfim, uma preocupação com dinheiro, o que não<br />

quer dizer que esta <strong>de</strong>manda tenha passado a figurar no centro dos objetivos do grupo.<br />

O leque <strong>de</strong> referências legitimadoras, nomes evocados pelos próprios Novos<br />

Baianos para dar suporte ao seu próprio trabalho, cresce consi<strong>de</strong>ravelmente na<br />

reportag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1970 [AJ3]. A crítica especializada que apoiava o<br />

trabalho dos Novos Baianos, segundo Galvão, incluía nomes como Haroldo e Augusto<br />

<strong>de</strong> Campos, Décio Pignatari, Rogério Sganzerla, Tato Taborda, Nelson Mota, Adoniran<br />

Barbosa, Araci <strong>de</strong> Almeida, Luís Van<strong>de</strong>rlei, Erasmo Carlos e outros.<br />

Quando Galvão se pronuncia sobre o trabalho do grupo [AJ3], o que v<strong>em</strong> à tona<br />

não é a simples construção sucessória <strong>de</strong> Caetano e Gil para os Novos Baianos; pelo<br />

contrário, Galvão elenca tantos el<strong>em</strong>entos distintos convergidos no trabalho dos Novos<br />

Baianos que mais uma vez fica explicitada a i<strong>de</strong>ntificação do grupo com o movimento<br />

tropicalista. Além <strong>de</strong> Caetano e Gil, são tidos como referências Tom Zé, Fernando<br />

Pessoa, Riachão, “Jimmy Hondrix”, Jamelão, Moreira da Silva, Valdick Soreano e<br />

outros. Entre as preferências musicais <strong>de</strong> Galvão, aparec<strong>em</strong> também Roberto Carlos,<br />

Gal Costa, Rita Lee e Vanusa. Po<strong>de</strong>-se perceber, então, como se esten<strong>de</strong> o leque <strong>de</strong><br />

artistas com os quais os Novos Baianos dialogam na construção do seu trabalho e,<br />

principalmente, na construção <strong>de</strong> sua posição no campo da arte.<br />

É <strong>de</strong>vida especial atenção à relação estabelecida entre os Novos Baianos e<br />

Roberto Carlos nesse documento [AJ3] <strong>de</strong> 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1970. Além da relação<br />

comum com o mesmo <strong>em</strong>presário, há a citação <strong>de</strong> Galvão que coloca Roberto Carlos<br />

entre as referências que o grupo utiliza <strong>em</strong> seus trabalhos e, ainda, um po<strong>em</strong>a<br />

8 Ao jogar para o futuro a expectativa que os Novos Baianos “vão explodir”, o que se busca é produzir<br />

esse efeito no agora com essa configuração momentânea do t<strong>em</strong>po por vir, mesmo que este não se realize.<br />

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