1 relações entre a construção imagética de “i died for ... - Unesp
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ANAIS DO X SEL – SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />
As reflexões propostas neste trabalho buscaram dar ênfase na relação <strong>entre</strong> a mulher<br />
como escritora na socieda<strong>de</strong> patriarcal do século XIX e o produto <strong>de</strong>ssa escrita condicionada<br />
pelo contexto histórico e literário. Sobre isso afirma Wendy Martin, estudiosa das questões <strong>de</strong><br />
gênero em literatura, que “Dickinson’s poetry expresses her struggles with her faith, with her<br />
father, with mortality, and with the challenges of being a woman poet.” (MARTIN, 2007, p.1).<br />
Dessa <strong>for</strong>ma, ao examinar o poema em questão, buscamos compreen<strong>de</strong>r quais os efeitos que a<br />
autoria feminina produz na escrita <strong>de</strong> Dickinson, mas enten<strong>de</strong>mos que a análise <strong>de</strong> apenas um<br />
poema não é suficiente para conclusões mais precisas. Ainda assim, propomos que a análise da<br />
obra <strong>de</strong> Emily Dickinson po<strong>de</strong> contribuir significativamente para a compreensão <strong>de</strong> como o<br />
feminino se constitui e se revela na escrita, em especial a partir das imagens que constituem<br />
seus poemas.<br />
Em vista disso, a imagem do confinamento em “I <strong>died</strong> <strong>for</strong> Beauty – but was scarce” nos<br />
parece <strong>de</strong>senhada à semelhança <strong>de</strong> uma representação pictórica, em que<br />
O pintor, <strong>de</strong> um modo geral, se obstina a criar uma representação permanente <strong>de</strong> algo<br />
fugaz, e mesmo incorpóreo. Ele projeta materialmente em sua tela, com tintas e cores, uma<br />
imagem bidimensional daquilo que em dado momento o impressionou, fixando<br />
figurativamente o que, na verda<strong>de</strong>, não se po<strong>de</strong> fixar [...]. Cria-se assim, muitas vezes, um<br />
paralelo palpável àquilo que, na realida<strong>de</strong>, é intangível. (THAMOS, 2003, p.104)<br />
Acreditamos, portanto, que a imagem <strong>de</strong> confinamento construída no poema reflete o<br />
uso do subtexto como estratégia da poetisa para lidar com o fenômeno da criação literária diante<br />
das circunstâncias impostas pela socieda<strong>de</strong> patriarcal oitocentista. A associação <strong>de</strong> imagens e<br />
sons no poema dá concretu<strong>de</strong> a essa estratégia, <strong>de</strong>monstrando <strong>de</strong>sse modo, a concepção <strong>de</strong><br />
uma poesia com estilo e tema à frente <strong>de</strong> seu tempo.<br />
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