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Interpretando o espaço na literatura de temática ... - ppgel/ileel/ufu

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Revista Eletrônica <strong>de</strong> Ciências Huma<strong>na</strong>s, Letras e Artes<br />

encontros configuram o que Dimas (1987) e Moisés (1981) <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>m Lócus amoenus,<br />

expressão lati<strong>na</strong> utilizada pra classificar paisagens <strong>na</strong>turais como esta:<br />

O rio cor <strong>de</strong> chá corria veloz com o <strong>de</strong>gelo da neve, uma faixa <strong>de</strong> bolhas <strong>na</strong>s rochas<br />

altas, lagos e rodamoinhos fluindo. Os salgueiros <strong>de</strong> galhos ocre balançavam<br />

rígidos, os amentos carregados <strong>de</strong> pólen qual impressões digitais amarelas. Os<br />

cavalos beberam e Jack apeou, apanhou um pouco <strong>de</strong> água gelada com a mão,<br />

gotas cristali<strong>na</strong>s pingando dos <strong>de</strong>dos, um brilho molhado <strong>na</strong> boca e no queixo.<br />

(PROULX, 2006, p. 46)<br />

A configuração do <strong>espaço</strong> <strong>na</strong> obra <strong>de</strong> Annie Prouxl revela tão somente aquilo que o<br />

título traduzido remete, um segredo. Os protagonistas refugiam-se em um paraíso <strong>na</strong>tural,<br />

construído sob uma geografia composta por montanhas, campi<strong>na</strong>s, bacias hidrográficas; e,<br />

apesar <strong>de</strong> serem <strong>espaço</strong>s abertos, ao ar livre, os vaqueiros atravessavam esses cenários com o<br />

objetivo <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>r a relação homoerótica, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, num lugar afastado <strong>de</strong> todos (por conta<br />

do medo, do preconceito), viver o <strong>de</strong>sejo sentido por eles. Além disso, a montanha Brokeback<br />

tor<strong>na</strong>-se, especialmente, símbolo do amor entre os dois, o começo <strong>de</strong> tudo, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Jack<br />

que, ao morrer, pe<strong>de</strong> para suas cinzas serem espalhadas lá; e a eter<strong>na</strong> lembrança <strong>de</strong> um cartão<br />

postal da montanha, que Ennis guarda como recordação do amor <strong>de</strong>dicado ao “amigo”.<br />

Os <strong>espaço</strong>s urbanos <strong>de</strong> Outros sabores<br />

Dos poemas <strong>de</strong> Rafael Luz Serafim (2005), nove nos chamaram atenção porque fazem<br />

menção a <strong>espaço</strong>s, sejam eles lugares reais como cida<strong>de</strong>s e estados brasileiros (é o caso dos<br />

poemas Reencontro <strong>na</strong> Cida<strong>de</strong> Baixa, Aprontes em Fortaleza e On<strong>de</strong> estará meu amor?) ou a<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong>dos cenários como um shopping center, um cinema, que funcio<strong>na</strong>m como pontos <strong>de</strong><br />

encontro do sujeito poético com outros com quem se relacio<strong>na</strong> (é o caso do poema Crônica do<br />

Bate-Trapo, que remete também ao <strong>espaço</strong> virtual do chat).<br />

É preciso salientar que os <strong>espaço</strong>s, nesses poemas, não são <strong>de</strong>scritos, eles são ape<strong>na</strong>s<br />

mencio<strong>na</strong>dos <strong>de</strong> modo a servirem <strong>de</strong> pano <strong>de</strong> fundo aos <strong>de</strong>sejos expressos pelo sujeito poético.<br />

No poema Pa<strong>de</strong>iro safado, quando lemos o primeiro verso, temos: “Nunca imaginei gostar<br />

tanto <strong>de</strong> uma padaria [...]” (p. 100); ou ainda <strong>na</strong> primeira estrofe no do poema Roça-roça no<br />

Buzão:<br />

ônibus lotado é o que há<br />

quando passa aquele gatinho por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> você<br />

aquele aperto gostoso<br />

aquele calor no pescoço<br />

um roça-roça tudo <strong>de</strong> bom! (SERAFIM, 2005, p. 98)<br />

Ou ainda <strong>na</strong> segunda estrofe do poema No vestiário:<br />

[...]<br />

no vestiário<br />

compartilhamos o mesmo armário<br />

mantemos contato físico intenso... às escondidas [...] (SERAFIM, 2005, p. 94)<br />

A MARgem - Estudos, Uberlândia - MG, ano 2, n. 3, p. 45-55, jan./jun. 2009<br />

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