14.04.2013 Views

A Criança Eterna - Faap

A Criança Eterna - Faap

A Criança Eterna - Faap

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

andeira, nomeada e articulada –, a configuração<br />

do masculino coloca-se como prioritariamente reativa,<br />

marcada pela falência de seu antigo ideário<br />

bem denominado machista que, no entanto, e por<br />

isso mesmo, não deixa de buscar se exercer, muitas<br />

vezes, pela dominação. Sabemos, porém, que<br />

os pólos do embate subjetivo operam em estrutura<br />

dialética e o par complementar da passividade,<br />

que estava subjugado, tende a emergir no aparato<br />

consciente – inconsciente.<br />

Assim, o macho moderno, buscando delinear o<br />

novo papel do masculino, tende a oscilar entre<br />

a afirmação mais decidida e a crise mais paralizante:<br />

caminha entre identificações aos ideais<br />

Divulgação<br />

de sucesso e a suspensão melancólica da ação.<br />

Dessa forma, reitera-se a crença no universo da<br />

competição capitalista e na ilusão de um “eu”<br />

vencedor: espécie de self made man, machoalfa,<br />

provedor ou conquistador, e demais figuras<br />

identificáveis das idealizações individualistas<br />

dos dizeres contemporâneos. Elas apoiam-se na<br />

ideia do eu moderno racional e realizador, o que traz<br />

problemas quando se evidencia que todo o jogo produtivo<br />

é obrigatoriamente interligado – global – e o<br />

narcisismo é o mito de base que alimenta a idéia de<br />

um eu a ser imaginariamente potencializado.<br />

O avesso dessa tessitura só pode se dar por uma<br />

atividade tateante e incerta de si, que passa a bus-<br />

1º Semestre de 2009 Revista FACOM<br />

Nº21<br />

car a garantia e a aprovação no olhar do outro,<br />

por vezes refugiando-se na inércia desejante<br />

de seguir os modelos enfeitiçados<br />

propostos pelos discursos correntes, ator<br />

transparente que segura os instrumentos<br />

operados por outros, e muitas vezes preso<br />

na sedução mortífera da fantasia infantil de<br />

um período de gozo, infinito e hipervalorizado,<br />

e que tudo faz para nele permanecer.<br />

E, quando não alcançado, remete o sujeito<br />

a uma contra-aura de frustração, tristeza e<br />

inação.<br />

Nesse sentido, ambas as estratégias acabam<br />

por dar na viela de um puer eterni-<br />

Filme “ A <strong>Criança</strong> “<br />

zado que cai na armadilha de nada mais<br />

fazer para poder permanecer na chupeta<br />

do receber ou do não fazer, e em paz. No<br />

entanto, o sujeito não percebe o quanto<br />

de atividade há em buscar se manter no<br />

lugar da recepção ou da inatividade, na<br />

luta para não despertar de um imaginário<br />

idílio feliz. Na ausência de um modelo forte<br />

e seguro, a força em buscar alcançá-lo<br />

se desloca para a negação de sua própria<br />

ausência.<br />

Assim, ao embaralhamento dos pares<br />

topológicos do pater e seus seguidores,<br />

junta-se o descompasso entre masculino<br />

9

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!