Dom Pedro II no Inferno de Wall Street - II. - Eutomia
Dom Pedro II no Inferno de Wall Street - II. - Eutomia
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Introdução<br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> <strong>no</strong> Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> - <strong>II</strong>.<br />
1<br />
por Carlos Torres-Marchal<br />
Resumo<br />
Continuação dos comentários sobre a presença <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> <strong>no</strong><br />
Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong> (ver primeira parte em<br />
<strong>Eutomia</strong> A<strong>no</strong> IV, N° 1). As quatorze estrofes interpretadas foram<br />
inicialmente publicadas em 1877 e tratam da visita do imperador aos<br />
Estados Unidos entre abril e julho <strong>de</strong> 1876 e da sua presença na<br />
Exposição do Centenário, realizada em Filadélfia. Sousândra<strong>de</strong><br />
contrasta os regimes republica<strong>no</strong>, dos Estados Unidos, e imperial, do<br />
Brasil, sem por isso mo<strong>de</strong>rar as críticas à corrupção <strong>no</strong> gover<strong>no</strong> do<br />
presi<strong>de</strong>nte Ulysses Grant envolvendo colaboradores próximos ao<br />
presi<strong>de</strong>nte.<br />
Abstract<br />
Continuing commentary on the presence of Brazilian Emperor <strong>Dom</strong><br />
<strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> in Sousândra<strong>de</strong>’s <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> Infer<strong>no</strong> (see first part in <strong>Eutomia</strong><br />
Year IV, N° 1). The fourteen stanzas discussed were originally<br />
published in 1877 and <strong>de</strong>al with the visit of <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> to the United<br />
States between April and July of 1876, including his participation at<br />
the Phila<strong>de</strong>lphia Centennial Exhibition. The American presi<strong>de</strong>ntial<br />
form of government and the Brazilian imperial regime are<br />
contrasted. The Grant administration is criticized for the wi<strong>de</strong>spread<br />
corruption involving close ai<strong>de</strong>s to the Presi<strong>de</strong>nt.<br />
No primeiro 1 artigo <strong>de</strong>sta série sobre <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> <strong>no</strong> Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong>, foi<br />
apresentada a origem das convicções republicanas <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>safeição pelo<br />
imperador. Foram analisadas as primeiras estrofes do Infer<strong>no</strong> sobre <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>, as quais, pelo<br />
seu caráter críptico, precisam <strong>de</strong> esclarecimentos <strong>de</strong>talhados. Aborda-se em seguida a<br />
viagem <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> aos Estados Unidos, e estrofes relatando inci<strong>de</strong>ntes referentes à<br />
viagem entre o Rio <strong>de</strong> Janeiro e Nova Iorque. Como <strong>no</strong> artigo anterior, foi realizada uma
pesquisa em fontes primárias, incluindo os jornais <strong>no</strong>va-iorqui<strong>no</strong>s que Sousândra<strong>de</strong> teria<br />
usado como inspiração.<br />
Estrofe 49<br />
O presente trabalho inicia com a chegada <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> ao porto <strong>de</strong> Nova Iorque.<br />
(Um rei yankee <strong>de</strong>sembarca entre os immigrantes nas<br />
BATERIAS, bebe águas republicanas na fonte <strong>de</strong><br />
BOWLINGGREEN e <strong>de</strong>sapparece ; o povo saúda os<br />
carros <strong>de</strong> CÆSARINO e ANTONIO pelo <strong>de</strong> JULIUS-<br />
CÆSAR :)<br />
— Off ! Off ! para São Francisco off,<br />
Sem primeiro a Grant saudar !<br />
Só um spokesman<br />
Disse amen . . .<br />
Que a Deus <strong>de</strong>ve a não a Cæsár. 2<br />
A estrofe <strong>de</strong>screve ironicamente a chegada <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> aos Estados Unidos, a<br />
recepção oficial recusada pelo imperador e a polêmica sobre uma visita protocolar ao<br />
presi<strong>de</strong>nte Grant.<br />
Um rei yankee <strong>de</strong>sembarca entre os immigrantes nas BATERIAS<br />
O rei yankee é D. <strong>Pedro</strong>. Numa entrevista ao New York Herald, 3 o imperador<br />
afirmou: “eu sou, sem dúvida, um yankee”. Alguns dias mais tar<strong>de</strong> o mesmo jornal<br />
publicou uma <strong>no</strong>ta intitulada Our Yankee Emperor (“O <strong>no</strong>sso Imperador ianque”) 4 .<br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> – Yankee go-ahead 5 .<br />
Baterias: Em 1693, os ingleses, receando o ataque <strong>de</strong> uma frota francesa, construíram<br />
um aterro <strong>no</strong> extremo sul da ilha <strong>de</strong> Manhattan on<strong>de</strong> instalaram uma bateria <strong>de</strong><br />
canhões peque<strong>no</strong>s. Os franceses nunca aportaram em Manhattan e o aterro, o<br />
primeiro da cida<strong>de</strong>, passou a ser chamado Battery Park (o parque das baterias) 6 .<br />
2
Sousândra<strong>de</strong> imagina D. <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong>sembarcando como um imigrante comum<br />
<strong>no</strong> Centro <strong>de</strong> Recepção <strong>de</strong> Castle Gar<strong>de</strong>n nas Baterias, <strong>no</strong> extremo sul da ilha <strong>de</strong><br />
Manhattan. A partir <strong>de</strong> 1855 os imigrantes que chegavam a Nova Iorque passavam<br />
pela quarentena em Staten Island, logo pela alfân<strong>de</strong>ga num cais <strong>no</strong> rio Hudson e<br />
finalmente chegavam a Castle Gar<strong>de</strong>n, on<strong>de</strong> eram cadastrados e funcionava um<br />
centro <strong>de</strong> recrutamento 7 .<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente, D. <strong>Pedro</strong> só passou por este procedimento na imaginação <strong>de</strong><br />
Sousândra<strong>de</strong>. O Hevelius, vapor que transportava D. <strong>Pedro</strong> e seu séquito, ancorou <strong>no</strong><br />
seu molhe habitual perto da rua Fulton, <strong>no</strong> Brooklyn 8 .<br />
bebe águas republicanas na fonte <strong>de</strong> BOWLINGGREEN e <strong>de</strong>sapparece<br />
Bowling Green é um peque<strong>no</strong> parque perto do centro <strong>de</strong> imigração nas Baterias com<br />
uma fonte <strong>no</strong> lugar on<strong>de</strong> antigamente erguia-se uma estátua <strong>de</strong> chumbo do rei inglês<br />
Jorge <strong>II</strong>I. Esta estátua foi <strong>de</strong>rretida para fabricar balas durante a Revolução<br />
Americana 9 . Nas primeiras linhas do Canto X <strong>de</strong> O Guesa, Sousândra<strong>de</strong> erradamente<br />
supõe que a estátua era <strong>de</strong> bronze e foi transformada na fonte <strong>de</strong> Bowling Green.<br />
Logo a seguir, porém, afirma que foi refundida em balas:<br />
Aquella fonte d'onda crystallina,<br />
Estatua foi <strong>de</strong> bronze. On<strong>de</strong> murchava<br />
Toda esperança, agora s'illumina<br />
Um iris <strong>de</strong> oiro e bebe o que abrazava.<br />
. . . . . .<br />
E mas fun<strong>de</strong>m-se em balas taes thesoiros,<br />
Que propagam sombria solidão,<br />
Contra elles voam rubidos pelloiros<br />
Sagrando causas <strong>de</strong> revolução 10 .<br />
o povo saúda os carros <strong>de</strong> CÆSARINO e ANTONIO pelo <strong>de</strong> JULIUS-CÆSAR :<br />
Na continuação do texto introdutório é feita alusão à recusa <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong><br />
aceitar uma recepção oficial na sua chegada a Nova Iorque 11 .<br />
3
O vapor Hevelius <strong>no</strong> qual viajava D. <strong>Pedro</strong> foi recebido na baía <strong>de</strong> Nova Iorque<br />
por uma comissão <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s que incluía os ministros <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s Fish<br />
(Relações Exteriores), Robeson (Marinha) e Taft (Guerra). O imperador recusou as<br />
homenagens programadas, alegando o caráter privado da sua viagem. O Hevelius<br />
continuou então a sua viagem até seu atracadouro habitual <strong>no</strong> Brooklyn. A comitiva<br />
imperial <strong>de</strong>sembarcou, atravessou o East River <strong>no</strong> ferryboat da rua Fulton, alugou uma<br />
carruagem e chegou praticamente incógnita ao Hotel da Quinta Avenida.<br />
Enquanto isso, os membros da comitiva do gover<strong>no</strong> <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> voltaram<br />
ao cais das Baterias na corveta Alert, ovacionada pelo público que imaginava estar<br />
dando as boas-vindas ao imperador. A comitiva dirigiu-se então para o hotel on<strong>de</strong> se<br />
hospedaria D. <strong>Pedro</strong> sendo <strong>no</strong>vamente saudada nas ruas pelo povo, que supunha<br />
estar o Imperador numa das carruagens 12 .<br />
Cæsari<strong>no</strong>, o Cesarion (peque<strong>no</strong> César) foi filho <strong>de</strong> Cleópatra e do político e<br />
general roma<strong>no</strong> Júlio César. Antonio é Marco Antônio, primo e amigo <strong>de</strong> Júlio César.<br />
Ao igual que este, foi amante <strong>de</strong> Cleópatra, com quem teve três filhos. Sousândra<strong>de</strong><br />
compara <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> a Júlio César (que recusou a coroa <strong>de</strong> rei oferecida por Marco<br />
Antônio). Além da comitiva oficial estaduni<strong>de</strong>nse, estiveram presentes na corveta<br />
Alert diplomatas brasileiros, como o Ministro Plenipotenciário Carvalho Borges e<br />
Salvador <strong>de</strong> Mendonça, cônsul brasileiro em Nova Iorque. A menção a Júlio César<br />
serve também para estabelecer um paralelo entre <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> e o presi<strong>de</strong>nte <strong>no</strong>rte-<br />
america<strong>no</strong> Ulysses S. Grant que, à época, era acusado <strong>de</strong> tentar perpetuar-se <strong>no</strong><br />
po<strong>de</strong>r. Durante a campanha para sua reeleição em 1872, Grant foi comparado a Júlio<br />
César pelo senador Charles Sumner 13 . A campanha contra o suposto cesarismo <strong>de</strong><br />
Grant foi adotada <strong>no</strong> a<strong>no</strong> seguinte pelo New York Herald. Nas eleições <strong>de</strong> 1876 a<br />
acusação voltou à tona, motivando uma carta <strong>de</strong> Grant em que afirmava renunciar a<br />
qualquer intenção <strong>de</strong> concorrer a um terceiro mandato 14 . O assunto do terceiro<br />
mandato <strong>de</strong> Grant é retomado na estrofe 62 do Infer<strong>no</strong>.<br />
Off ! Off ! para São Francisco off,<br />
4
O jornal New York Herald <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> abril <strong>no</strong>ticia a partida do imperador para San<br />
Francisco com a mesma frase usada por Sousândra<strong>de</strong> (Off for San Francisco – <strong>de</strong><br />
partida para San Francisco.<br />
Sem primeiro a Grant saudar !<br />
Off for San Francisco – De partida para San Francisco<br />
New York Herald, 18 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876 p. 4<br />
D. <strong>Pedro</strong> chegou a Nova Iorque em 15 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876. Dois dias <strong>de</strong>pois<br />
embarcou rumo a San Francisco. Apesar <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>clarado o caráter privado da sua<br />
visita aos Estados Unidos (chegou a <strong>de</strong>clarar: “O Imperador est| <strong>no</strong> Brasil; eu sou só<br />
um cidad~o brasileiro” 15 ), D. <strong>Pedro</strong> foi criticado por não ter apresentado<br />
imediatamente seus respeitos ao presi<strong>de</strong>nte Grant em Washington. Dois dias após a<br />
chegada do imperador, um editorial do New York World consi<strong>de</strong>rou o fato uma<br />
“<strong>de</strong>scortesia proposital”, que o imperador n~o teria sequer cogitado cometer com o<br />
magistrado da me<strong>no</strong>r monarquia europeia 16 .<br />
Só um spokesman / Disse amen . . .<br />
O editorial do New York World criticando D. <strong>Pedro</strong> recebeu resposta numa<br />
carta publicada <strong>no</strong> Herald e assinada por J. C. R. 17 A carta leva o título O Imperador e o<br />
Presi<strong>de</strong>nte, e apareceu sem <strong>de</strong>staque na seção <strong>de</strong> <strong>no</strong>tícias internacionais e miscelânea<br />
local. O remetente <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> as ações <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong>, mesmo <strong>de</strong>clarando não ser porta-<br />
voz do imperador nem do seu séquito (I am <strong>no</strong>t a spokesman for dom <strong>Pedro</strong>, <strong>no</strong>r even<br />
his officers). O assinante por trás das iniciais J.C.R. é José Carlos Rodrigues, diretor do<br />
5
semanário O Novo Mundo, publicado em Nova Iorque, do qual Sousândra<strong>de</strong> era<br />
colaborador e vice-presi<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1875, da empresa controladora (a Novo Mundo<br />
Association) 18 . A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do assinante é confirmada numa cópia da carta<br />
<strong>de</strong>positada <strong>no</strong> Instituto Histórico e Geográfico do Brasil <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro 19 . O<br />
imperador retribuiu a solidarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rodrigues visitando a redação do Novo Mundo<br />
na véspera <strong>de</strong> sua partida dos Estados Unidos 20 .<br />
Apontamos ainda a utilização do termo inglês spokesman. Porta-voz começou<br />
a ser utilizado em português, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> representante, só na década <strong>de</strong> 1860,<br />
provavelmente influenciado pelo francês porte-voix, ou ainda, porte-parole 21 .<br />
Que a Deus <strong>de</strong>ve e não a Cæsár<br />
leitura:<br />
Na última linha da estrofe, Sousândra<strong>de</strong> faz <strong>no</strong>vamente uma citação <strong>de</strong> dupla<br />
A primeira, e mais evi<strong>de</strong>nte, é a resposta <strong>de</strong> Jesus aos que lhe perguntaram se<br />
era lícito pagar tributos: “Dai pois a César o que é <strong>de</strong> César, e a Deus o que é <strong>de</strong><br />
Deus” 22 . César, <strong>no</strong> segundo contexto é o presi<strong>de</strong>nte Grant, assim chamado por seus<br />
inimigos políticos <strong>de</strong>vido a seu estilo consi<strong>de</strong>rado imperial e por, supostamente,<br />
preten<strong>de</strong>r perpetuar-se na presidência. “O grito <strong>de</strong> Cesarismo! surgiu pouco <strong>de</strong>pois da<br />
segunda eleiç~o [<strong>de</strong> Grant] e continuou até que ‘não a um terceiro mandato’ tor<strong>no</strong>u-se<br />
um chav~o” 23 . A referência <strong>no</strong> texto introdutório a Cæsari<strong>no</strong> (presumivelmente<br />
referindo-se também aos ministros <strong>de</strong> Grant que recepcionaram D. <strong>Pedro</strong>) reforça a<br />
associação.<br />
Que a Deus <strong>de</strong>ve é <strong>no</strong>vamente uma referência à suposta origem divina do po<strong>de</strong>r<br />
temporal <strong>de</strong> reis e imperadores e à sua sujeição ao po<strong>de</strong>r religioso, o âmago da<br />
Questão Religiosa <strong>no</strong> Brasil.<br />
Um editorial do New York Herald <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, reproduzido abaixo,<br />
resume vários dos assuntos abordados por Sousândra<strong>de</strong>, a começar pelo título Our<br />
6
Yankee Emperor (O <strong>no</strong>sso imperador ianque). Em tom irônico-laudatório, <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong><br />
é apresentado como “um verda<strong>de</strong>iro imperador ianque [neste] solo imperial on<strong>de</strong><br />
todos somos imperadores”. Continua afirmando <strong>no</strong>vamente a tendência progressista<br />
(go-ahead) <strong>no</strong>rte-americana <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> 24 . Menciona a presença do imperador <strong>no</strong><br />
culto evangélico <strong>de</strong> Ira Sankey, presença também registrada por Sousândra<strong>de</strong> <strong>no</strong><br />
Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong>. Finalmente afirma que o sobera<strong>no</strong> brasileiro se comporta<br />
muito melhor que alguns primos seus: “Ele n~o passa as <strong>no</strong>ites valsando”. A farpa é<br />
dirigida ao príncipe Aleixo da Rússia, que visitou os Estados Unidos em 1871. Escreve<br />
Sous}ndra<strong>de</strong> <strong>no</strong> Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong>: “aos saraus, / O Aleixo da Russia.” 25 A<br />
imprensa <strong>no</strong>rte-americana registrou pelo me<strong>no</strong>s <strong>no</strong>ve bailes em que o príncipe<br />
participou, além <strong>de</strong> banquetes, recepções e outras ativida<strong>de</strong>s públicas 26 .<br />
Estrofe 50:<br />
Nosso Imperador Ianque<br />
Editorial do New York Herald (22/04/1876) 27<br />
7
(Commissarios em PHILADELPHIA expondo a CARIOCA<br />
<strong>de</strong> PEDRO-AMERICO ; QUAKERS admirados :)<br />
— Antedilúvio ' plesiosaurus,'<br />
Industria <strong>no</strong>ssa na Exposição . . .<br />
==Oh Ponza ! que coxas !<br />
Que trouxas !<br />
De azul vidro é o sol patagão ! 28<br />
Sousândra<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> lado os acontecimentos da chegada <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> aos<br />
Estados Unidos para falar da Exposição do Centênio, na Filadélfia, que celebrou os<br />
cem a<strong>no</strong>s da in<strong>de</strong>pendência <strong>no</strong>rte-americana. No texto introdutório fala-se,<br />
ironicamente, do quadro A Carioca, <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> Américo <strong>de</strong> Figueiredo e Mello (1843-<br />
1905), supostamente exposto na Exposição <strong>de</strong> Filadélfia, para admiração dos Quakers<br />
(quacres, seita puritana. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filadélfia é conhecida como a cida<strong>de</strong> dos quacres –<br />
Quaker City 29 ).<br />
A Carioca<br />
por <strong>Pedro</strong> Américo<br />
Realizada na Europa em 1861, A Carioca foi oferecida, junto com outras obras,<br />
a D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>, protetor do artista. A obra, porém, não foi aceita por escrúpulos do<br />
mordomo da Casa Imperial que achou-a “por <strong>de</strong>mais licenciosa” para ficar nas galerias<br />
<strong>de</strong> sua Majesta<strong>de</strong>. Passou mais tar<strong>de</strong> a pertencer ao rei Guilherme da Prússia, que<br />
recompensou <strong>Pedro</strong> Américo com uma alta con<strong>de</strong>coração, da qual ele nunca fez uso 30 .<br />
O quadro mostrado acima, pertencente ao Museu Nacional <strong>de</strong> Belas Artes <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong><br />
8
Janeiro, é uma cópia feita pelo próprio artista em 1882 31 . Ig<strong>no</strong>ramos a localização<br />
atual do original ao que Sousândra<strong>de</strong> se refere.<br />
A Carioca não representou o Brasil na Exposição <strong>de</strong> Filadélfia: <strong>Pedro</strong> Américo<br />
participou com dois óleos <strong>de</strong> assuntos históricos ligados à Guerra do Paraguai:<br />
Exército brasileiro atravessando Passo da Pátria, comandado pelo Marechal Osório, e<br />
Defesa da Ilha <strong>de</strong> Cabrita 32 . Outro elemento <strong>de</strong> ironia nesta estrofe é o escândalo<br />
causado pela profusão <strong>de</strong> nus nas amostras <strong>de</strong> pinturas francesas e italianas, entre os<br />
“<strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s purita<strong>no</strong>s, n~o familiarizados com nus artísticos” 33 . Uma<br />
publicação criticou os organizadores pelo “excesso <strong>de</strong> figuras nuas, que ofen<strong>de</strong>m os<br />
visitantes refinados. ... A França ilustra a sua natureza e hábitos licenciosos com a sua<br />
copiosa contribuiç~o <strong>de</strong> monstruosida<strong>de</strong>s nuas” 34 . O pintor Daniel Huntington<br />
<strong>de</strong>clarou que alguns quadros franceses na Exposição do Centênio tinham como<br />
“intenç~o evi<strong>de</strong>nte satisfazer os gostos <strong>de</strong> homens lascivos” 35 . É claro que, para<br />
Sousândra<strong>de</strong>, A Carioca teria sido enquadrada na mesma categoria.<br />
Os versos seguintes: “—Antedilúvio 'plesiosaurus,' / Industria <strong>no</strong>ssa na<br />
Exposição...” po<strong>de</strong> ser entendida como crítica ao atraso dos artigos industriais<br />
brasileiros expostos em Filadélfia. Todavia, a palavra ‘plesiosaurus’ (grafada com<br />
aspas e significando “quase lagarto” – na primeira ediç~o do “Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong>”<br />
aparecia ‘paleosaurus’ – “lagarto velho”) po<strong>de</strong> ser uma referência a D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> (que é<br />
comparado n’O Guesa com Fomagatá, <strong>de</strong>mônio da mitologia chibcha que tinha um<br />
rabo <strong>de</strong> lagarto). 36 Nesta interpretaç~o, ‘indústria’ po<strong>de</strong> ser entendida na acepç~o<br />
corrente inglesa <strong>de</strong> ‘operosida<strong>de</strong>’, que <strong>de</strong>screve bem as ativida<strong>de</strong>s febris <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong><br />
durante sua visita aos Estados Unidos. Apesar <strong>de</strong> o pavilhão brasileiro na feira exibir<br />
quase exclusivamente produtos naturais <strong>de</strong> origem vegetal, animal, e mineral, um<br />
artigo <strong>de</strong> jornal informa que as indústrias manufatureiras do Brasil causam espanto<br />
entre os visitantes, mas não fornece um único exemplo <strong>de</strong> bens industriais produzidos<br />
pelo país e exibidos na Exposição da Filadélfia.<br />
9
Indústria <strong>no</strong>ssa na Exposição 37<br />
As últimas linhas da estrofe misturam referências à Carioca, Ponza, e ao ‘azul<br />
vidro’. A referência {s coxas n~o precisa <strong>de</strong> explicações após ver a reprodução <strong>de</strong> A<br />
Carioca. Trouxa po<strong>de</strong> ser entendido como mulher mal-amanhada ou malprocedida 38 ,<br />
acepção que coincidiria com a visão puritana da socieda<strong>de</strong> <strong>no</strong>rte-americana da época.<br />
Ponza é o médico italia<strong>no</strong> Giuseppe Lodovico Ponza (1822-1879) 39 pioneiro na<br />
utilização da cromoterapia <strong>no</strong> tratamento <strong>de</strong> doentes mentais, tratamento proposto<br />
em trabalho apresentado à Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina Psicológica <strong>de</strong> Paris em outubro <strong>de</strong><br />
1875 40 . O New York Times, num editorial <strong>de</strong> tom irônico, comentou, em 1876, o<br />
trabalho do Dr. Ponza 41 . Extrapolando as <strong>de</strong>scobertas do médico italia<strong>no</strong>, o Times diz<br />
que o excesso <strong>de</strong> vermelho produz mania aguda (o que explicaria, segundo o jornal, a<br />
exaltação dos socialistas), que o azul acalma os pacientes excitados e que o violeta<br />
possui extraordinários po<strong>de</strong>res nutritivos e tônicos (que o Times recomenda aos<br />
leitores <strong>de</strong>bilitados pela leitura do Tribune, jornal rival). Na memória apresentada por<br />
Ponza, ele afirma que a fonte <strong>de</strong> inspiração para a experimentação com vidros<br />
coloridos <strong>no</strong> tratamento <strong>de</strong> doenças mentais teria sido um “capit~o da marinha<br />
inglesa”, cujo <strong>no</strong>me é convenientemente esquecido.<br />
O inspirador das experiências <strong>de</strong> Ponza foi o general Augustus James<br />
Pleasonton, da cavalaria <strong>no</strong>rte-americana, que publicou, em 1871, um curioso livrete<br />
10
sobre o efeito da luz filtrada por vidros azuis <strong>no</strong> crescimento <strong>de</strong> plantas e animais 42 .<br />
Nele fala sobre as medições feitas por Humboldt da intensida<strong>de</strong> do azul do céu perto<br />
do equador; menciona também que exploradores citam a incrível intensida<strong>de</strong> do azul<br />
do céu nas regiões árticas e antárticas. Continua afirmando a exuberância da<br />
vegetação equatorial e a riqueza da fauna e a velocida<strong>de</strong> do crescimento vegetal perto<br />
dos polos. No mesmo a<strong>no</strong> Pleasonton obteve uma patente <strong>de</strong> um Melhoramento para<br />
acelerar o crescimento <strong>de</strong> plantas e animais 43 , baseado <strong>no</strong> uso <strong>de</strong> vidros azuis, roxos ou<br />
violetas. Aproveitando o aval científico conferido a seu trabalho pela publicação do<br />
trabalho <strong>de</strong> Ponza, Pleasonton publicou, em 1877, uma segunda edição <strong>de</strong> seu livro<br />
on<strong>de</strong> afirma que a luz filtrada por vidros azuis é também benéfica à saú<strong>de</strong> humana.<br />
Surgiu <strong>no</strong>s Estados Unidos, entre 1877-78, uma “mania do vidro azul” (Blue-Glass, —<br />
vidro azul, ou azul vidro, na tradução literal usada por Sousândra<strong>de</strong>), que aumentou a<br />
procura por vidros azuis para instalá-los <strong>no</strong>s quartos <strong>de</strong> pessoas doentes. Esta mania<br />
mereceu <strong>de</strong>staque <strong>no</strong>s jornais da época 44 .<br />
De azul vidro é o sol patagão!: Po<strong>de</strong> ser referência { “incrível intensida<strong>de</strong> do<br />
azul do céu [na região antártica]” mencionada <strong>no</strong> livro <strong>de</strong> Pleasonton 45 ou, talvez, à<br />
nesga <strong>de</strong> céu azul visível <strong>no</strong> extremo superior direito n’A Carioca.<br />
Estrofe 51:<br />
(Detectives furfurando em MAIN-BUILDING ; telegrama<br />
submari<strong>no</strong> :)<br />
—Oh ! cá está ' um <strong>Pedro</strong> d'Alcantara !<br />
O Imperador stá <strong>no</strong> Brazil.'<br />
— Não está ! christova<br />
E’ a <strong>no</strong>va,<br />
De lá vinda em Septe <strong>de</strong> Abril ! 46<br />
11
Main Building – Exposição <strong>de</strong> Filadélfia 47<br />
(Detectives furfurando em MAIN-BUILDING ; telegrama submari<strong>no</strong> :)<br />
Continuando com D. <strong>Pedro</strong> na Exposição <strong>de</strong> Filadélfia, Sousândra<strong>de</strong> faz uma<br />
colagem <strong>de</strong> <strong>no</strong>tícias. O Main-Building é o pavilhão principal na Exposição, mostrado<br />
na figura acima. Numa <strong>de</strong>scrição do esquema <strong>de</strong> segurança montado para a<br />
Exposição lemos que um corpo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tetives, munido <strong>de</strong> uma lista <strong>de</strong> <strong>de</strong>linquentes<br />
conhecidos, acompanhava seus passos, prontos para prendê-los caso cometessem<br />
algum crime 48 . O conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>tetive, policial à paisana que <strong>de</strong>tectava atos<br />
criminais, era relativamente <strong>no</strong>vo <strong>no</strong>s Estados Unidos. Em 1873 a polícia <strong>de</strong> Nova<br />
Iorque só contava com 25 <strong>de</strong>tetives, que faziam parte <strong>de</strong> uma equipe formada em<br />
1857 49 .<br />
Furfurar.<br />
A estrofe contém um possível arcaísmo sousandradi<strong>no</strong>: furfurar, na frase<br />
<strong>de</strong>tetives furfurando em Main-Building. A frase aparece nas edições <strong>no</strong>va-iorquina<br />
(1877) e londrina (c. 1886) d’O Guesa, o que reduz a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> erro<br />
tipográfico.<br />
Furfurer é usado em textos franceses <strong>de</strong> <strong>de</strong>rmatologia do século XIX <strong>no</strong> sentido<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>scamar (a pele), do latim furfur, farelo, escama. Em inglês furfurate tem o<br />
mesmo sentido; furfur é sinônimo <strong>de</strong> caspa. A palavra <strong>no</strong> presente contexto po<strong>de</strong>ria<br />
12
significar esquadrinhar, referindo-se a uma operação pente-fi<strong>no</strong> em busca <strong>de</strong><br />
meliantes na Exposição da Filadélfia. É, contudo, necessário acrescentar que esta<br />
acepção não encontra subsídios históricos.<br />
Outra possibilida<strong>de</strong> apoia-se em abonações do francês medieval furfurer <strong>no</strong><br />
Dictionnaire du Moyen Français (1330-1500), 50 usada na tradução francesa <strong>de</strong> Nau dos<br />
Insensatos por Pierre Rivière, inspirada na versão livre em latim <strong>de</strong> Jacob Locher do<br />
Narrenschif <strong>de</strong> Sebastian Brant 51 . A primeira citação, em tradução livre, é: Ela<br />
murmurará sem cessar, e sua boca furfurará palavras contra seu marido 52 . Outra<br />
citação (da mesma obra): ... que murmurará contra, abaixará a voz e furfurará 53 ;<br />
Consi<strong>de</strong>rando a natureza do diálogo dos <strong>de</strong>tetives, inseguros da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
um <strong>Pedro</strong> d’Alcântara, acreditamos que furfurar é usado por Sousândra<strong>de</strong> como<br />
sinônimo <strong>de</strong> murmurar, sussurrar ou resmungar, talvez influenciado por sinônimos<br />
<strong>de</strong>ste último termo, tais como refunfar, refunhar, refunfunhar.<br />
Telegrama submari<strong>no</strong>:<br />
O quiproquó sobre a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do tal <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong> Alcântara é aumentado por um<br />
fictício telegrama submari<strong>no</strong> afirmando que o Imperador não estava <strong>no</strong> Brasil. A<br />
comunicação por cabo submari<strong>no</strong> entre os Estados Unidos e o Brasil era então feita<br />
via Londres; só em setembro <strong>de</strong> 1883 foi estabelecida uma ligação telegráfica direta<br />
entre os Estados Unidos e o Brasil, via América Central.<br />
—Oh ! cá está ' um <strong>Pedro</strong> d'Alcantara ! / O Imperador stá <strong>no</strong> Brazil.' / — Não está !<br />
Na cena imaginada por Sousândra<strong>de</strong>, os <strong>de</strong>tetives i<strong>de</strong>ntificam um <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong><br />
Alcântara na Exposição, <strong>no</strong>me usado pelo Imperador na sua viagem aos Estados<br />
Unidos e Europa. Ao enfatizar o caráter particular da sua visita, D. <strong>Pedro</strong> tinha<br />
<strong>de</strong>clarado na sua chegada a Nova Iorque: O Imperador está <strong>no</strong> Brasil, 54 frase<br />
reproduzida por Sousândra<strong>de</strong>.<br />
13
O Imperador está <strong>no</strong> Brasil 55<br />
Sousândra<strong>de</strong> ironiza a insistência <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> em ser chamado <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong><br />
Alcântara, cidadão brasileiro, ao mesmo tempo que gozava das atenções prestadas a<br />
um chefe <strong>de</strong> estado. A Exposição <strong>de</strong> Filadélfia, por exemplo, foi inaugurada<br />
formalmente pelo presi<strong>de</strong>nte Grant e D. <strong>Pedro</strong>. A crítica torna-se mais mordaz ao<br />
lembrar que os <strong>de</strong>tetives da Exposição tinham a função <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar crimi<strong>no</strong>sos<br />
suspeitos entre os visitantes.<br />
Christova / E’ a <strong>no</strong>va, / De lá vinda em Septe <strong>de</strong> Abril !<br />
Christova j| foi interpretada como sendo um “prov|vel russismo com o sentido<br />
<strong>de</strong> cristã”. 56 Sousândra<strong>de</strong>, porém, não usa outros russismos na sua obra, nem coloca a<br />
palavra em itálico como o faz para as numerosas palavras estrangeiras usadas <strong>no</strong><br />
Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong>. Acreditamos que seja uma referência ao Palácio <strong>de</strong> São<br />
Cristóvão, on<strong>de</strong> foi assinado o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> abdicação <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> I, em 7 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />
1831. Os jornais <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s experimentavam dificulda<strong>de</strong> em registrar a grafia<br />
correta, escrevendo Christorao 57 ou ainda Christavo 58 . Sousândra<strong>de</strong> juntar-se-ia ao<br />
coro com Christova.<br />
A referência ao sete <strong>de</strong> abril (<strong>de</strong> 1831) marca a data do <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> abdicação <strong>de</strong><br />
D. <strong>Pedro</strong> I em favor <strong>de</strong> seu filho 59 , assinado na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão.<br />
Um almanaque <strong>de</strong> 1879 <strong>de</strong>signa a data como o “dia em que se <strong>de</strong>volveu a Coroa ao<br />
Senhor D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> 60 .” Abaixo, o texto do <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> abdicação:<br />
14
Usando do direito que a Constituição me conce<strong>de</strong>, <strong>de</strong>claro que hei mui<br />
voluntariamente abdicado na pessoa <strong>de</strong> meu muito amado e presado filho, o Sr.<br />
D. <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong> Alcantara - Boa Vista, 7 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1831 61 .<br />
O documento da abdicação reúne, assim, termos usados na estrofe: [Quinta<br />
da] Boa Vista (“S~o Cristóv~o”), “Sete <strong>de</strong> Abril”, e “<strong>Pedro</strong> <strong>de</strong> Alc}ntara”, além <strong>de</strong><br />
formalizar o título <strong>de</strong> imperador do Brasil para o futuro D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>.<br />
Estrofe 52:<br />
(MONROE tolerando a EUROPA :)<br />
—De tuca<strong>no</strong> o papo amarello,<br />
Do manto do Imperio do Sul<br />
Nos <strong>de</strong>scobre as glorias :<br />
Historias<br />
Do Hugo . . . diz que a morte é azul ! 62<br />
O texto introdutório refere-se à Doutrina Monroe (1823) do presi<strong>de</strong>nte <strong>no</strong>rte-<br />
america<strong>no</strong> James Monroe, <strong>de</strong>finindo o Hemisfério Oci<strong>de</strong>ntal como esfera <strong>de</strong><br />
influência dos Estados Unidos. Os principais pontos da Doutrina Monroe<br />
estabeleciam que: (1) Os Estados Unidos não interfeririam <strong>no</strong>s assuntos inter<strong>no</strong>s ou<br />
nas guerras entre as potências europeias; (2) Os Estados Unidos reconheciam as<br />
colônias e <strong>de</strong>pendências europeias existentes e não interfeririam nelas; (3) Não seriam<br />
admitidas <strong>no</strong>vas colônias <strong>no</strong> Hemisfério Oci<strong>de</strong>ntal; e (4) Qualquer tentativa <strong>de</strong> uma<br />
potência europeia <strong>de</strong> oprimir ou controlar qualquer nação <strong>no</strong> Hemisfério Oci<strong>de</strong>ntal<br />
seria vista como um ato hostil contra os Estados Unidos 63 . O motivo da inclusão do<br />
presi<strong>de</strong>nte Monroe <strong>no</strong> texto introdutório da estrofe não é clara, já que o texto dos<br />
versos não faz referência direta a ele, como é comumente o caso. Talvez seja<br />
referência à data <strong>de</strong> falecimento <strong>de</strong> Monroe, o dia 4 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1831, provavelmente<br />
lembrado na imprensa estaduni<strong>de</strong>nse. Exatos 45 a<strong>no</strong>s após essa data, <strong>no</strong> centenário<br />
da <strong>de</strong>claração da in<strong>de</strong>pendência <strong>no</strong>rte-americana, <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> estava na Exposição do<br />
Centênio em Filadélfia, participando das cerimônias com o presi<strong>de</strong>nte Grant. A<br />
Exposição é assunto das duas estrofes anteriores.<br />
(MONROE tolerando a EUROPA :)<br />
15
Po<strong>de</strong> referir-se à Questão Christie (1860) entre o Brasil e a Inglaterra, na qual os<br />
Estados Unidos não se envolveram. A questão foi finalmente resolvida pela<br />
arbitração <strong>de</strong> Leopoldo I da Bélgica. As relações diplomáticas foram finalmente<br />
reatadas em 1865, graças aos bons ofícios <strong>de</strong> Portugal. A Questão Christie é<br />
<strong>no</strong>vamente abordada na estrofe 60 d’O infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> .<br />
— De tuca<strong>no</strong> o papo amarello / do manto do Imperio do Sul / Nos <strong>de</strong>scobre as glorias:<br />
É referência à famosa murça <strong>de</strong> papos <strong>de</strong> tuca<strong>no</strong> usada por D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> em vez do<br />
arminho dos reis europeus para mostrar a brasilida<strong>de</strong> do Império do Sul.<br />
Detalhe da Fala do Tro<strong>no</strong>,<br />
Óleo <strong>de</strong> <strong>Pedro</strong> Américo (1872) 64<br />
mostrando a murça <strong>de</strong> papos <strong>de</strong> tuca<strong>no</strong><br />
Murça <strong>de</strong> papos <strong>de</strong> tuca<strong>no</strong><br />
Historias / Do Hugo . . . diz que a morte é azul!<br />
Moeda <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong> 20.000 réis<br />
chamada Papo <strong>de</strong> tuca<strong>no</strong> 65<br />
16
A morte é azul<br />
(Victor Hugo)<br />
Cadaver (datado: <strong>no</strong> cemitério, agosto 1855)<br />
Les contemplations (1856) 66<br />
A morte é azul! é verso do poema Cadaver <strong>de</strong>s Les Contemplations 67 (1856) <strong>de</strong> Victor<br />
Hugo. Frase consi<strong>de</strong>rada um prenúncio <strong>de</strong> Rimbaud <strong>no</strong> último quartel do século XX 68 ,<br />
é hoje imagem poética que não causa espanto. À época da sua publicação, porém, foi<br />
qualificada <strong>de</strong> ininteligível 69 . A inclusão da citação <strong>no</strong> Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> mostra a<br />
inegável sensibilida<strong>de</strong> poética <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong>.<br />
O poema Cadaver (Hugo usa a palavra em latim) é uma exaltação da morte,<br />
como po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzido do primeiro verso: “Ô morte! hora esplêndida!” Não fica claro,<br />
contudo, o motivo da sua inclusão nesta estrofe. Po<strong>de</strong> ser um antecipo da reunião<br />
entre <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> e Victor Hugo em Paris, tratada na estrofe 170. O papo amarelo do<br />
tuca<strong>no</strong> po<strong>de</strong> ser contrastado com a morte azul, numa comparaç~o “crom|tica” que<br />
<strong>no</strong>s remete <strong>no</strong>vamente ao azul vidro e à cromoterapia <strong>de</strong> Ponza na estrofe 50,<br />
seguindo uma característica sousandradina <strong>de</strong> retomar assuntos em estrofes<br />
alternadas do Infer<strong>no</strong> 70 . A próxima estrofe (<strong>de</strong> número 53), por exemplo, não trata <strong>de</strong><br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>, que é assunto da estrofe 54, que analisamos a seguir.<br />
Estrofe 54:<br />
(PRESIDENTE GRANT com impassibilida<strong>de</strong> e seus minis-<br />
tros BABCOCK, BELKNAP, etc. lendo o SUN e com-<br />
primentando a DOM PEDRO :)<br />
—De greenback as almas saudam<br />
Ao ventre <strong>de</strong> oiro Imperador !<br />
== ‘Bully Emperor’ incrente<br />
Em sua gente,<br />
É tal rei tal rei<strong>no</strong>, Senhor ? 71<br />
17
No texto introdutório Sousândra<strong>de</strong> faz referência aos ministros da<br />
administração do Presi<strong>de</strong>nte Grant acusados <strong>de</strong> escândalos. Pelo me<strong>no</strong>s cinco dos<br />
ministros <strong>de</strong> Grant foram culpados <strong>de</strong> malversação. William W. Belknap, ministro da<br />
Guerra, sofreu um processo <strong>de</strong> impeachment na Câmara dos Deputados pelo seu<br />
envolvimento <strong>no</strong> Indian Ring, concessão <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> comércio em reservas indígenas<br />
a pessoas que <strong>de</strong>pois fizeram fortunas ven<strong>de</strong>ndo produtos <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>. Escapou<br />
da punição ao renunciar antes da votação final 72 . O Senado <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> também<br />
instaurou um processo <strong>de</strong> impeachment contra Belknap <strong>no</strong> qual não foi con<strong>de</strong>nado<br />
<strong>de</strong>vido a ter renunciado com ocasião do processo na Câmara 73 . <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>, em visita<br />
a Washington, assistiu a uma audiência do segundo julgamento <strong>de</strong> Belknap 74 . O<br />
ministro do Tesouro, William A. Richardson, viu-se obrigado a <strong>de</strong>mitir-se, por<br />
extorquir acusados <strong>de</strong> evasão fiscal. O Promotor Geral George H. Williams <strong>de</strong>mitiu-se<br />
sob suspeita <strong>de</strong> corrupção e prevaricação. O ministro do Interior, Columbus Dela<strong>no</strong>,<br />
renunciou após ser acusado <strong>de</strong> corrupção na administração dos assuntos indígenas.<br />
O Ministro da Marinha, George M. Robeson foi acusado <strong>de</strong> negligência em contratos<br />
<strong>de</strong> fornecimentos navais.<br />
No mais rumoroso <strong>de</strong> todos os casos, o secretário particular <strong>de</strong> Grant, o<br />
general Orville E. Babcock, foi levado a julgamento com outros membros do St. Louis<br />
Whiskey Ring (Quadrilha do uísque <strong>de</strong> St. Louis). A quadrilha fraudou a Receita<br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>no</strong>rte-americana em 10 milhões <strong>de</strong> dólares 75 (aproximadamente 200 milhões<br />
<strong>de</strong> dólares a preços <strong>de</strong> 2010). Os seus membros recebiam propinas para aprovar<br />
relatórios subfaturados da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uísque produzida. Ao saber das ativida<strong>de</strong>s<br />
da quadrilha Grant teria prometido “n~o <strong>de</strong>ixar nenhum culpado escapar”. Apesar<br />
<strong>de</strong>sta <strong>de</strong>claração, testemunhou a favor <strong>de</strong> Babcock, garantindo a sua integrida<strong>de</strong> <strong>no</strong><br />
julgamento. Babcock foi consi<strong>de</strong>rado não culpado pelo júri em fevereiro <strong>de</strong> 1876.<br />
Todos os outros integrantes da quadrilha foram con<strong>de</strong>nados 76 .<br />
Presi<strong>de</strong>nte Grant . . . lendo o Sun.<br />
É uma referência irônica ao relacionamento do presi<strong>de</strong>nte <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> com a<br />
imprensa. O New York Sun, dirigido por Charles An<strong>de</strong>rson Dana, era um jornal <strong>no</strong>va-<br />
18
iorqui<strong>no</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação, opositor impiedoso da administração do presi<strong>de</strong>nte<br />
Grant. Num editorial o jornal afirmou que o ódio <strong>de</strong> Grant pelo Sun (sol, em inglês)<br />
era tão gran<strong>de</strong> que o fazia odiar todo o sistema solar 77 . Os escândalos dos ministros<br />
Babcock e Belknap foram revelados e cobertos em <strong>de</strong>talhe pelo Sun 78 . O presi<strong>de</strong>nte<br />
Grant certamente não era leitor do Sun, jornal pelo qual nutria um ódio<br />
continuamente alimentado pelos ataques contra seu gover<strong>no</strong>.<br />
—De greenback as almas saúdam / Ao ventre <strong>de</strong> oiro Imperador !<br />
Greenback (literalmente dorso ver<strong>de</strong>) <strong>de</strong>signa as cédulas <strong>de</strong> dólares. Entre<br />
1862 e 1865 o gover<strong>no</strong> <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> emitiu mais <strong>de</strong> 450 milhões <strong>de</strong> dólares em<br />
papel moeda, sem lastro em ouro, para financiar as <strong>de</strong>spesas da Guerra Civil (1861-<br />
65). Após o final da guerra os conservadores em matérias fiscais exigiram que o<br />
gover<strong>no</strong> tirasse os greenbacks <strong>de</strong> circulação. Agricultores e outros que <strong>de</strong>sejavam<br />
manter preços altos se opuseram à medida. A primeira lei sancionada por Grant como<br />
presi<strong>de</strong>nte (18/03/1869) foi o resgate dos greenbacks pelo seu equivalente em ouro. O<br />
pânico financeiro <strong>de</strong> 1873 e a aprovação da Resumption Act (lei da retomada, <strong>de</strong> 1875,<br />
que previa o resgate <strong>de</strong> greenbacks por ouro) polarizaram o <strong>de</strong>bate sobre o assunto.<br />
Foi formado entre 1874 e 1876 o Partido Greenback, que propunha a ampliação da<br />
base monetária e apresentou candidatos para a Presidência em 1876 e 1880 79 . A<br />
contraposição que Sousândra<strong>de</strong> faz entre o papel-moeda e o ouro - almas <strong>de</strong><br />
greenback (os <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s) e o Imperador do ventre <strong>de</strong> ouro (<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>) -<br />
reflete a polêmica.<br />
Bully Emperor po<strong>de</strong> ser traduzida como “excelente Imperador”. O New York Sun<br />
publicou um poema atribuído a Walt Whitman e <strong>de</strong>dicado a <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>, em que o<br />
imperador é chamado bully emperor duas vezes 80 :<br />
Thus Walt to <strong>Pedro</strong><br />
There is something I must yawp<br />
19
about: bully emperor, it is you!<br />
- - - - - -<br />
For me lived the long line of bully<br />
good fellows from Adam and Cain<br />
down to the days of Andrew Jackson.<br />
- - - - - - -<br />
I, Walt of Cam<strong>de</strong>n, New Jersey, am<br />
a rather big thing!<br />
Say you the song is of Walt and<br />
<strong>no</strong>t of <strong>Pedro</strong>!<br />
Bully emperor, you’ve hit it precisely!<br />
You are toothless, inert, bilious<br />
yellow as saffron, Camerado.<br />
Bully Emperor<br />
- - - - - -<br />
- - - - - -<br />
O poema é evi<strong>de</strong>ntemente apócrifo, mas constitui uma curiosa referência indireta a<br />
Whitman na obra <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong>.<br />
Estrofe 55:<br />
(DOM PEDRO com impaciencia ao GENERAL GRANT :)<br />
—Por que, Grant, á penitenciaria<br />
Amigos vos vão um por um ?<br />
Forgeries, rings, wrongs ;<br />
Ira's songs<br />
Cantar vim <strong>no</strong> circo Barnúm ! 81<br />
A resposta <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> ao presi<strong>de</strong>nte Grant e seus ministros é uma acusação<br />
da corrupção <strong>no</strong> gabinete <strong>de</strong> Grant, continuando o assunto da estrofe anterior.<br />
Forgeries, rings, wrongs: frau<strong>de</strong>s, quadrilhas, crimes.<br />
forgery (frau<strong>de</strong>, falsificação) é também usada na terceira estrofe do Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong> — “Co<strong>de</strong>zo’s forgery” — com referência a Tomás Co<strong>de</strong>zo, (1839-1887), pintor e<br />
inventor cuba<strong>no</strong> radicado em Nova Iorque e mencionado várias vezes <strong>no</strong> Infer<strong>no</strong> 82 . Na<br />
presente estrofe, contudo, a referência <strong>de</strong>ve ser a alguma contrafação não<br />
especificada dos ministros <strong>de</strong> Grant.<br />
20
ing é círculo ou anel, em inglês. É também usada para <strong>de</strong>signar quadrilhas ou<br />
camarilhas enquistadas na administração pública. Sousândra<strong>de</strong> faz referência <strong>no</strong><br />
Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> ao Tammany Ring (e ao seu chefão William Tweed), o maior<br />
caso <strong>de</strong> corrupção na administração <strong>no</strong>va-iorquina, <strong>de</strong>smascarado <strong>no</strong> início da década<br />
<strong>de</strong> 1870 83 . É <strong>de</strong>nunciado por Sousândra<strong>de</strong>, na estrofe 9 do Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong>, que<br />
insinua também a realeza, ou as pretensões dinásticas, do presi<strong>de</strong>nte Grant:<br />
— Mistress Tilton, Sir Grant, Sir Tweed,<br />
Adulterio, realeza, ladrão,<br />
A palavra ring é também usada nas estrofes 139 (ring-negro horizonte), 172<br />
(Diógenes ... achando a verda<strong>de</strong>-quadratura do ‘ring') e na última estrofe do Infer<strong>no</strong><br />
(ring d’ursos sentenciando { pena-última o arquiteto da Farsália).<br />
Na estrofe em análise a referência é provavelmente ao Whisky Ring, ou ainda<br />
aos Indian Rings, que envolviam a administração Grant. O Whisky Ring, mencionado<br />
na estrofe anterior, envolvia sonegação fiscal. O esquema era chefiado pelo General<br />
John McDonald, <strong>no</strong>meado por Grant para dirigir o <strong>de</strong>partamento da receita fe<strong>de</strong>ral<br />
em Saint Louis; contou com a participação do General Babcock, secretário pessoal do<br />
presi<strong>de</strong>nte 84 . Os Indian Rings eram quadrilhas formadas pelos funcionários<br />
responsáveis pela distribuição <strong>de</strong> comida e outros artigos <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong> nas<br />
reservas indígenas. Os artigos entregues eram <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> inferior; a comida,<br />
frequentemente estragada 85 . Em <strong>de</strong>fesa do Presi<strong>de</strong>nte Grant po<strong>de</strong>-se afirmar que<br />
estes <strong>de</strong>svios antecediam a sua presidência 86 , mas ele pouco fez para solucionar o<br />
problema.<br />
Ira's songs / Cantar vim <strong>no</strong> circo Barnúm !<br />
Ira’s songs: os cantos <strong>de</strong> Ira. Ira Sankey e Dwight L. Moody formavam uma dupla <strong>de</strong><br />
pregadores evangélicos <strong>de</strong> e<strong>no</strong>rme popularida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s Estados Unidos na década <strong>de</strong><br />
1870. Moody era o pregador; Sankey compunha e cantava hi<strong>no</strong>s durante eventos <strong>de</strong><br />
re<strong>no</strong>vação evangélica que atraíam multidões. Em 1876 a dupla fez uma série <strong>de</strong><br />
apresentações em Nova Iorque 87 <strong>no</strong> Gilmore’s Gar<strong>de</strong>n, arena que tinha abrigado até o<br />
21
a<strong>no</strong> anterior o Hipódromo, circo do empresário P. T. Barnum 88 , aqui chamado Circo<br />
Barnúm por Sousândra<strong>de</strong>. <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> esteve presente na última apresentação da<br />
dupla evangélica em Nova Iorque <strong>no</strong> dia 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, um dia após ter<br />
<strong>de</strong>sembarcado <strong>no</strong>s Estados Unidos 89 .<br />
Estrofe 56:<br />
(GENERAL GRANT e DOM PEDRO :)<br />
—Fazeis-<strong>no</strong>s os cabellos brancos . . .<br />
Um filho das leis do amanhan !<br />
== Com Roma<strong>no</strong>s . . . Papa ;<br />
Satrápa,<br />
Com Gregos ; Napóleon, com Grant ! 90<br />
O presi<strong>de</strong>nte Grant reclama das críticas <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> sobre os escândalos da sua<br />
administração; o imperador respon<strong>de</strong> estabelecendo sua posição perante o General<br />
Grant.<br />
—Fazeis-<strong>no</strong>s os cabellos brancos . . . / Um filho das leis do amanhan !<br />
Grant culpa <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong> tornar seus cabelos brancos com as suas críticas e, por sua<br />
vez, critica o i<strong>de</strong>alismo do imperador (filho das leis do amanhã) perante os atos <strong>de</strong><br />
corrupção <strong>no</strong> gover<strong>no</strong>.<br />
== Com Roma<strong>no</strong>s . . . Papa ; / Satrápa, / Com Gregos ; / Napóleon, com Grant !<br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> respon<strong>de</strong> ao presi<strong>de</strong>nte Grant. Perante os roma<strong>no</strong>s, consi<strong>de</strong>ra-se<br />
Papa. A aparente visão <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> moral incontestável é temperada pelo fato <strong>de</strong>,<br />
à época do diálogo imaginado por Sousândra<strong>de</strong>, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Roma já não pertencer ao<br />
Vatica<strong>no</strong>. Após a invasão pelas tropas italianas e o plebiscito <strong>de</strong> 1870, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Roma foi reincorporada ao rei<strong>no</strong> da Itália. O Papa Pio No<strong>no</strong> tor<strong>no</strong>u-se um virtual<br />
cativo <strong>no</strong> Vatica<strong>no</strong> 91 .<br />
22
Sátrapa (Sousândra<strong>de</strong> mantém a acentuação original do grego — satrápa) era<br />
um governador provincial do império persa. O sistema <strong>de</strong> satrapias foi mantido por<br />
Alexandre o Gran<strong>de</strong> e seus sucessores <strong>no</strong> império seléucida 92 .<br />
Napóleon é grafado mantendo a acentuação inglesa. O General Grant<br />
escreveu nas suas memórias: “Nunca admirei o car|ter do primeiro Napoleon; mas<br />
reconheço sua genialida<strong>de</strong>” 93 . A impressão que <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> levou do presi<strong>de</strong>nte Grant<br />
não foi exatamente lisonjeira. Ele escreveu <strong>no</strong> seu diário íntimo: “aspecto grosseiro.<br />
Pouco fala” 94 . Estas opiniões do imperador brasileiro muito provavelmente não eram<br />
<strong>de</strong> conhecimento público quando a edição <strong>no</strong>va-iorquina do Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> foi<br />
publicada. A resposta <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> ao General Grant indica, contudo, uma<br />
suposição <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong> moral.<br />
Após três estrofes que tratam sobre a Inglaterra e a França, Sousândra<strong>de</strong><br />
retoma o diálogo entre D. <strong>Pedro</strong> e o General Grant:<br />
Estrofe 60:<br />
(DOM PEDRO rindo-se e o GENERAL GRANT sorrindo :)<br />
—Des<strong>de</strong> Christie, a Gran<strong>de</strong> Bretanha<br />
Se me<strong>de</strong> co'o Imperio que her<strong>de</strong>i . . .<br />
Rainha-Imperatriz . . . !<br />
== Os Brazis<br />
Vos farão Imperador-Rei . . . 95<br />
—Des<strong>de</strong> Christie, a Gran<strong>de</strong> Bretanha / Se me<strong>de</strong> co'o Imperio que her<strong>de</strong>i . . .<br />
Christie é referência à Questão Christie, levantada por William Douglas Christie (1816-<br />
1874), ministro britânico <strong>no</strong> Brasil. Em 1862, Christie <strong>de</strong>nunciou perante o gover<strong>no</strong><br />
imperial o saqueio da barca inglesa Prince of Wales, naufragada na costa brasileira, e a<br />
prisão dos oficiais da fragata Forte por <strong>de</strong>sacato a uma sentinela policial na Tijuca. Ao<br />
não serem atendidas suas reclamações pelo gover<strong>no</strong> brasileiro, Christie or<strong>de</strong><strong>no</strong>u o<br />
bloqueio da baía <strong>de</strong> Guanabara (31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1862). Foram rompidas as<br />
relações diplomáticas, só reatadas em 1865. A questão da fragata foi submetida a<br />
23
arbitramento, do qual resultou um memorável triunfo moral da diplomacia do<br />
Império, com o reconhecimento do direito e da correção do Brasil. 96<br />
O Imperio que her<strong>de</strong>i. Sousândra<strong>de</strong> aproveita a oportunida<strong>de</strong> para, uma vez mais,<br />
questionar a legitimida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>, herdado do pai.<br />
Rainha-Imperatriz remete ao título <strong>de</strong> Imperatriz da Índia outorgado à rainha Victoria<br />
da Inglaterra em 1876 às instâncias do Primeiro Ministro Disraeli. A lei foi aprovada<br />
pelo Parlamento Imperial da Grã Bretanha e Irlanda em 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876 97 . Na<br />
oportunida<strong>de</strong>, Disraeli afirmou que a rainha Vitória não usaria, sob nenhuma<br />
circunstância, o título <strong>de</strong> imperatriz na Inglaterra 98 . O uso <strong>de</strong> reticências e o ponto <strong>de</strong><br />
exclamação, acentuam a ironia pelo <strong>no</strong>vo título da rainha inglesa. O título, além <strong>de</strong><br />
dar <strong>de</strong>staque ao papel assumido pela Inglaterra perante os príncipes e o povo da Índia,<br />
também equiparava o título da rainha Vitória ao dos outros imperadores europeus:<br />
Rússia (1721), Alemanha (1871), Áustria-Hungria (1867) e França (1852–1870) 99 .<br />
Assim, com exceção da Rússia, o Império do Brasil (1822) prece<strong>de</strong>u todos os outros<br />
impérios europeus da segunda meta<strong>de</strong> do século XIX.<br />
== Os Brazis / Vos farão Imperador-Rei . . .<br />
O Presi<strong>de</strong>nte Grant vaticina o título <strong>de</strong> Imperador-Rei para D. <strong>Pedro</strong>, em tom <strong>de</strong><br />
crítica aos áulicos, que são vergastados na próxima estrofe. A expressão imperador-rei<br />
remete à origem do título <strong>de</strong> imperador adotado por D. <strong>Pedro</strong> I. Segundo Câmara<br />
Cascudo:<br />
... o título <strong>de</strong> Imperador do Brasil foi escolhido, em 1822, pelo Ministro José<br />
Bonifácio <strong>de</strong> Andrada e Silva, porque o povo estava mais habituado com o<br />
<strong>no</strong>me do Imperador (do Divi<strong>no</strong>) do que com o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> Rei 100 .<br />
Sousândra<strong>de</strong> retoma a festa do Divi<strong>no</strong> Espírito Santo na estrofe 106: “—No<br />
Espírito-Sancto d’escravos / Ha somente um Imperador;”<br />
24
Estrofe 61:<br />
subserviente.<br />
(Côro dos contentes, TYMBIRAS, TAMOYOS, COLOMBOS,<br />
etc., etc. ; música <strong>de</strong> C. GOMES a compasso da san-<br />
dalia D'EMPEDOCLES :)<br />
—‘A mui po<strong>de</strong>rosa e mui alta<br />
Magestad do Gran<strong>de</strong> Senhor ’<br />
Real !== ‘Semi<strong>de</strong>us’ !<br />
—São Matheus !<br />
== Postrou-se o Himavata, o Thabor ! 101<br />
Os artistas protegidos por D. <strong>Pedro</strong> são criticados por sua posição<br />
Côro dos contentes, TYMBIRAS, TAMOYOS, COLOMBOS, etc., etc.;<br />
O coro dos contentes 102 é alusão aos poetas Antônio Gonçalves Dias (autor d’Os<br />
Timbiras), <strong>Dom</strong>ingos José Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães (autor d’A confe<strong>de</strong>ração dos<br />
Tamoios) e Ma<strong>no</strong>el <strong>de</strong> Araujo Porto-alegre (autor <strong>de</strong> Colombo), protegidos do<br />
imperador e autores <strong>de</strong> obras publicadas em edições luxuosas por D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> 103 . É<br />
interessante <strong>no</strong>tar que as obras mencionadas, todas <strong>de</strong> tema brasileiro ou america<strong>no</strong>,<br />
além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong> promover uma literatura nacional, situam-<br />
se na mesma linha temática d’O Guesa. A crítica <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong> mira a exploração<br />
do artista pelo po<strong>de</strong>r, mas não preten<strong>de</strong> diminuir o mérito literário dos autores, já que<br />
era admirador <strong>de</strong> Gonçalves Dias. Escreveu Sous}ndra<strong>de</strong>: “Gonçalves Dias morreu <strong>de</strong><br />
cansaço e <strong>de</strong> miséria. Quando precisava <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência, davam-lhe empregos e<br />
comissões: ele <strong>de</strong>ixava Os Timbiras, que aí ficaram mal esboçados, para po<strong>de</strong>r dar<br />
conta <strong>de</strong> si” 104 .<br />
música <strong>de</strong> C. GOMES a compasso da sandalia D'EMPEDOCLES :)<br />
O compositor Carlos Gomes era também protegido <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>. A “música”<br />
a que Sousândra<strong>de</strong> se refere po<strong>de</strong> ser o hi<strong>no</strong> em louvor aos Estados Unidos, composto<br />
por comenda do Imperador, para ser interpretado na Exposição da Filadélfia. A<br />
expressão coro dos contentes escon<strong>de</strong> também uma ironia, já que D. <strong>Pedro</strong> exigiu que<br />
25
o hi<strong>no</strong> não tivesse coros, o que contrariou sobremaneira Carlos Gomes 105 . Talvez em<br />
represália, o compositor exigiu que o hi<strong>no</strong> fosse interpretado por 160 a 200 músicos, e<br />
com um mínimo <strong>de</strong> seis harpas na orquestra 106 . O hi<strong>no</strong> recebeu o título Greeting from<br />
Brazil (Saudação do Brasil) e foi interpretado em Filadélfia, conforme programado, <strong>no</strong><br />
dia do centenário da in<strong>de</strong>pendência dos Estados Unidos (4 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1876). O New<br />
York Times informou que o hi<strong>no</strong> mal pô<strong>de</strong> ser ouvido pelas autorida<strong>de</strong>s presentes,<br />
incluindo o imperador brasileiro, <strong>no</strong> que foi <strong>de</strong>scrito como “momento pe<strong>no</strong>so” 107 .<br />
Empédocles (Séc. V A.C.) foi um filósofo grego, cidadão <strong>de</strong> Agrigento, na Sicília.<br />
Conta a lenda que <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong>saparecer para que os seus seguidores acreditassem que<br />
os <strong>de</strong>uses o tinham arrebatado ao Olimpo, tornando-o um <strong>de</strong>les. Jogou-se então na<br />
cratera do vulcão Etna. O vulcão, porém, teria <strong>de</strong>volvido uma <strong>de</strong> suas sandálias <strong>de</strong><br />
bronze, <strong>de</strong>smascarando a farsa. A lenda é citada por Horácio na Ars Poetica, Milton<br />
<strong>no</strong> Paraíso Reconquistado e é o tema do poema Empedocles on Etna (1852) do poeta<br />
inglês Matthew Ar<strong>no</strong>ld 108 . Empédocles neste caso seria uma referência irônica a D.<br />
<strong>Pedro</strong>, elevado a semi<strong>de</strong>us por seus protegidos.<br />
— ‘A mui po<strong>de</strong>rosa e mui alta / Magestad do Gran<strong>de</strong> Senhor ’ Real !<br />
Os primeiros versos da estrofe são uma sátira da <strong>de</strong>dicatória d’Os Timbiras: 109<br />
Dedicatória d’Os Timbiras (1857)<br />
a <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> 110<br />
26
O trecho abaixo, da introdução d’A Confe<strong>de</strong>ração dos Tamoios <strong>de</strong> Gonçalves <strong>de</strong><br />
Magalhães, exemplifica a postura quase servil criticada por Sousândra<strong>de</strong>:<br />
== ‘Semi<strong>de</strong>us’ ! / —São Matheus !<br />
É este <strong>no</strong>bre sentimento <strong>de</strong> profunda admiraçâo, e elevado reconhecimento pela<br />
prosperida<strong>de</strong> do <strong>no</strong>sso paiz, <strong>de</strong>vida à sabedoria, justiça e amor às instituições<br />
livres que tâo altamente brilham <strong>no</strong> Thro<strong>no</strong> na Augusta Pessoa <strong>de</strong> Vossa<br />
Majesta<strong>de</strong> Imperial que me inspira a idéa <strong>de</strong> offerecer e <strong>de</strong>dicar à Vossa<br />
Majesta<strong>de</strong> Imperial este meu trabalho litterario, como um tributo espontaneo <strong>de</strong><br />
um subdito fiel ao melhor dos Monarchas... dar <strong>de</strong> Vossa Majesta<strong>de</strong> Imperial ao<br />
mundo a idéa <strong>de</strong> um Principe perfeito, todo empenhado em promover o bem do<br />
seu povo.... Beija as sagradas mâos <strong>de</strong> Vossa Majesta<strong>de</strong> Imperial o De Vossa<br />
Majesta<strong>de</strong> Imperial subdito fiel e reverente,<br />
<strong>Dom</strong>ingos José Gonsalves <strong>de</strong> Magalhaens 111 .<br />
A leitura da citação acima do autor do Colombo e a comparação entre <strong>Dom</strong><br />
<strong>Pedro</strong> e Empédocles eximem comentários sobre ‘Semi<strong>de</strong>us’. A inclusão <strong>de</strong> São<br />
Mateus po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida à frase do seu evangelho: “Dai pois a César o que é <strong>de</strong> César, e<br />
a Deus o que é <strong>de</strong> Deus” 112 . No Canto I d’O Guesa a mesma citação bíblica é usada<br />
para referir-se a <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>:<br />
== Postrou-se o Himavata, o Thabor !<br />
Os rêis não correspon<strong>de</strong>m-se co'o pobre.<br />
" O que é <strong>de</strong> Cesar, pela gran<strong>de</strong> porta :<br />
Na pequena e suspeita, o que é <strong>de</strong> Christo<br />
Rev'lucionario eter<strong>no</strong>. — 113<br />
Unem-se à louvação a D. <strong>Pedro</strong> os montes sagrados, que se prostram perante<br />
o Imperador. O <strong>de</strong>us Himavat da mitologia hindu é a personificação do Himalaia, a<br />
cordilheira sagrada 114 . O verso sousandradi<strong>no</strong> lembra também um mito india<strong>no</strong>,<br />
relatado numa versão mo<strong>de</strong>rna do Ramayana. 115 O Monte Vindhya criou ciúme do<br />
Himalaia, em volta do qual giravam o sol e a lua, e <strong>de</strong>cidiu crescer até alcançá-lo. Os<br />
<strong>de</strong>uses, assustados, pediram a intervenção do sábio Agastya. Este pediu ao Vindhya<br />
que se abaixasse para que ele pu<strong>de</strong>sse passar. A montanha prostrou-se em reverência<br />
a Agastya até atingir a sua altura atual.<br />
27
O Monte Tabor, elevação histórica ao <strong>no</strong>rte <strong>de</strong> Israel, domina a planície que o<br />
ro<strong>de</strong>ia (“como o Tabor entre os montes” – Jeremias 46:18). Na tradição cristã é<br />
consi<strong>de</strong>rado o lugar on<strong>de</strong> aconteceu a Transfiguração <strong>de</strong> Jesus, <strong>de</strong>scrita <strong>no</strong> evangelho<br />
<strong>de</strong> Mateus: “E transfigurou-se [Jesus] diante [<strong>de</strong> <strong>Pedro</strong>, Tiago e João]; e o seu rosto<br />
resplan<strong>de</strong>ceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz”. 116<br />
Estrofe 62:<br />
(DOM PEDRO substituindo o beijamão e nauseado<br />
d`incensos 117 ; GENERAL GRANT aspirando-os :)<br />
—Me <strong>de</strong>senthro<strong>no</strong> . . . por Mac Máhon !<br />
D'Estado, enviez, golpe vou dar !<br />
== O termo terceiro<br />
Ao poncteiro. . .<br />
Directo golpe, vou m' coroar ! 118<br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> e o Presi<strong>de</strong>nte Grant comentam formas para garantir a sua<br />
manutenção <strong>no</strong> comando dos respectivos países.<br />
DOM PEDRO substituindo o beijamão e nauseado d`incensos ;<br />
Sousândra<strong>de</strong>, após criticar o imperador por aceitar a bajulação dos áulicos, <strong>de</strong><br />
que trata a estrofe anterior, o <strong>de</strong>screve agora como “nauseado d’incensos”.<br />
Em abril <strong>de</strong> 1872, regressando da sua primeira viagem a Europa, D. <strong>Pedro</strong><br />
extinguiu a cerimônia do beija-mão. O jornal A República escreveu: “Teremos um<br />
prato <strong>no</strong>vo, – ‘o aperto <strong>de</strong> m~o’; mas o sistema culin|rio n~o varia; comeremos ainda<br />
por muito tempo { portuguesa.” 119 <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> “nauseado d’incensos” po<strong>de</strong> também<br />
referir-se à <strong>no</strong>tícia publicada originalmente em jornais europeus em 1875 sobre uma<br />
possível abdicaç~o <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong>, “fatigado <strong>de</strong> dissolver a Camara dos Deputados, <strong>de</strong><br />
opor-se a reforma eleitoral pelo sistema direto e <strong>de</strong> todos esses encargos do<br />
Gover<strong>no</strong>”, abdicaria da coroa em favor da Princesa Isabel e iria residir <strong>no</strong>s Estados<br />
28
Unidos. 120 Seria esta a <strong>no</strong>tícia aludida na estrofe 45, on<strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> é <strong>de</strong>scrito como<br />
“Resi<strong>de</strong>nt”.<br />
GENERAL GRANT aspirando-os :<br />
A atitu<strong>de</strong> do presi<strong>de</strong>nte Grant (aspirando os incensos) indica sua fraqueza pela<br />
adulação e a tentação <strong>de</strong> perenizar-se na presidência.<br />
—Me <strong>de</strong>senthro<strong>no</strong> . . . por Mac Máhon ! / D'Estado, enviez, golpe vou dar !<br />
Mac Máhon (a acentuação reforça a pronúncia à inglesa) é referência ao<br />
Marechal Patrice <strong>de</strong> Mac-Mahon, presi<strong>de</strong>nte da França <strong>de</strong> 1873 a 1879. Forçado, em<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1876, pela Câmara <strong>de</strong> Deputados, <strong>de</strong> tendência republicana, a <strong>no</strong>mear<br />
Jules Simon como primeiro-ministro, Mac-Mahon enfrentou a oposição do Senado<br />
conservador. Em 16 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1877 Mac-Mahon enviou uma carta a Simon que<br />
causou a <strong>de</strong>missão <strong>de</strong>ste 121 . A saída <strong>de</strong> Simon <strong>de</strong>flagrou a crise do seize mai<br />
(<strong>de</strong>zesseis <strong>de</strong> maio, em francês), consi<strong>de</strong>rada um golpe <strong>de</strong> estado por O Novo<br />
Mundo 122 . Em 1879, após a publicação da edição <strong>no</strong>va-iorquina d’O Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, o Marechal Mac-Mahon renunciou à Presidência da República Francesa, sendo<br />
substituído por Jules Grévy, que é citado na estrofe 170 da edição londrina (c. 1886).<br />
O golpe <strong>de</strong> estado <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> po<strong>de</strong> ser referência à repetição <strong>de</strong> ma<strong>no</strong>bra<br />
semelhante à <strong>de</strong>rrubada do Gabinete Zacarias (liberal) <strong>no</strong> Brasil em 1868, que foi<br />
substituído pelo Gabinete Itaboraí (conservador). A Câmara, unanimemente liberal,<br />
foi dissolvida com pretexto <strong>de</strong> ‘consulta { Naç~o’. A C}mara <strong>no</strong>va, eleita <strong>no</strong> mesmo<br />
a<strong>no</strong>, veio unanimemente conservadora 123 .<br />
enviez: viés, meio tortuoso <strong>de</strong> fazer algo.<br />
== O termo terceiro / Ao poncteiro... / Directo golpe, vou m' coroar !<br />
29
Termo terceiro: do inglês third term, terceiro mandato presi<strong>de</strong>ncial supostamente<br />
pretendido por Grant.<br />
A resposta <strong>de</strong> Grant reflete o <strong>de</strong>bate sobre seu terceiro mandato como<br />
Presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos. Esta reeleição era consi<strong>de</strong>rada por muitos como o<br />
prenúncio <strong>de</strong> uma presidência permanente, que pouco se diferenciaria <strong>de</strong> uma<br />
monarquia. O jornal New York Herald aproveitou este receio, que não tinha<br />
fundamento, para lançar uma campanha sensacionalista contra o Terceiro Mandato.<br />
A caricatura abaixo intitulada O Pânico do Terceiro Mandato mostra um<br />
jumento (O New York Herald) que zurra alertando sobre o perigo <strong>de</strong> um terceiro<br />
mandato. Está coberto com a pele <strong>de</strong> um leão na que lemos Cesarismo e coloca em<br />
polvorosa os animais da floresta, representados por jornais <strong>no</strong>va-iorqui<strong>no</strong>s: Times<br />
(unicórnio), Tribune (girafa), World (coruja). Os <strong>de</strong>mocratas são apresentados como<br />
uma raposa na sua toca; os republica<strong>no</strong>s, como um elefante aproximando-se do<br />
abismo on<strong>de</strong> está escrito Caos. Esta é a primeira vez que o Partido Republica<strong>no</strong> foi<br />
i<strong>de</strong>ntificado com um elefante. 124<br />
O Pânico do Terceiro Mandato (1874)<br />
Apesar <strong>de</strong> Grant ter manifestado em 1875 através <strong>de</strong> uma carta que não se<br />
apresentaria a um terceiro mandato em 1876, o impasse surgido na eleição <strong>de</strong>sse a<strong>no</strong><br />
levou à cogitação <strong>de</strong> um golpe <strong>de</strong> estado para reconduzi-lo à presidência 125 . No<br />
Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> Sousândra<strong>de</strong> trata da conturbada eleição <strong>de</strong> 1876 (— É <strong>de</strong> Til<strong>de</strong>n<br />
30
a maioria; / É <strong>de</strong> Hayes a inauguração!) 126 , na qual Samuel Til<strong>de</strong>n, o candidato<br />
<strong>de</strong>mocrata, que obteve a maioria do voto popular, acabou sendo preterido <strong>no</strong> Colégio<br />
Eleitoral pelo republica<strong>no</strong> Rutherford Hayes, que tor<strong>no</strong>u-se assim o décimo <strong>no</strong><strong>no</strong><br />
presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos.<br />
Estrofe 63:<br />
Mas . . . pondo por bars e cocheiras,<br />
A urna, a sacra ! a eleitoral !<br />
Muito esterco, o fructo<br />
Vem bruto . . .<br />
—Hu . . ! nós, isso é na Cathedral ! 127<br />
Prosseguindo o diálogo, Grant e D. <strong>Pedro</strong> comentam os locais das eleições: em<br />
bars e cocheiras <strong>no</strong>s Estados Unidos; em igrejas <strong>no</strong> Brasil.<br />
Mas . . . pondo por bars e cocheiras, / A urna, a sacra ! a eleitoral ! / Muito esterco, o<br />
fructo / Vem bruto . . .<br />
Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Iorque em 1856, mais <strong>de</strong> um terço dos locais <strong>de</strong> votação<br />
operava em tavernas (Rum Shops); em bairros <strong>de</strong> imigrantes este valor chegava a<br />
89 % 128 . Nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> bares, estações <strong>de</strong> bombeiros, <strong>de</strong>pósitos e<br />
cavalariças eram comumente usados 129 . As palavras muito esterco po<strong>de</strong>m, portanto,<br />
ser entendidas também literalmente.<br />
Votação num bar – Nova Iorque (1858) 130<br />
31
—Hu . . ! nós, isso é na Cathedral !<br />
No Brasil, em meados do século XIX, o artigo 58 da lei regulamentar das<br />
eleições 131 mandava que se celebrasse missa e te-déum antes da eleição propriamente<br />
dita 132 . As eleições aconteciam em igrejas, o que era motivo <strong>de</strong> espanto para os<br />
estrangeiros 133 . Só em 1881, com a Lei Saraiva, foram dispensadas as cerimônias<br />
religiosas dos trabalhos eleitorais. Os locais <strong>de</strong> votação passaram a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da<br />
<strong>de</strong>signação do Po<strong>de</strong>r Executivo. Os templos religiosos só seriam escolhidos caso<br />
outros edifícios não estivessem disponíveis 134 .<br />
Estrofe 64:<br />
== Não ha <strong>de</strong>mocratas melhores<br />
Que os Rêis na Republica o são . . .<br />
—Ser povo bem quero<br />
No Imperio :<br />
Fazem-me id’lo, rojam-se ao chão ! 135<br />
Grant prossegue o diálogo, talvez comentando com ironia o editorial Nosso<br />
imperador <strong>de</strong>mocrata <strong>de</strong> um jornal <strong>no</strong>va-iorqui<strong>no</strong> , sobre D. <strong>Pedro</strong> 136 . Cabe <strong>no</strong>tar que a<br />
palavra <strong>de</strong>mocrata é também referência ao Partido Democrata, já que o artigo propõe<br />
a candidatura <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> à presidência dos Estados Unidos por este partido. O<br />
Presi<strong>de</strong>nte Grant pertencia ao opositor Partido Republica<strong>no</strong>.<br />
D. <strong>Pedro</strong> respon<strong>de</strong> à ironia expressando seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser povo <strong>no</strong> Império.<br />
Sousândra<strong>de</strong> ataca <strong>no</strong>vamente a postura dupla <strong>de</strong> <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>, que insistia em ser<br />
tratado como cidadão comum <strong>no</strong>s Estados, ao tempo que aceitava naturalmente o<br />
tratamento diferenciado que recebia por causa <strong>de</strong> sua posição.<br />
Estrofe 65:<br />
Pois ‘republica<strong>no</strong>s que temos<br />
São qual Salvator,’ querem pão :<br />
Se o damos, bem falam ;<br />
Estralam<br />
Se o não damos . . . fome <strong>de</strong> cão ! 137<br />
32
Prosseguindo, D. <strong>Pedro</strong> refere-se a Salvador <strong>de</strong> Mendonça, diretor do jornal A<br />
República, coautor do Manifesto Republica<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1870 e um dos i<strong>de</strong>alizadores do<br />
Movimento Republica<strong>no</strong> <strong>no</strong> Brasil 138 . O Manifesto redigido por Mendonça proclamava<br />
a monarquia "regime caduco e <strong>de</strong>spótico" e "planta exótica em solo america<strong>no</strong>” 139 .<br />
Premido por problemas pessoais (sua esposa tinha falecido recentemente), Mendonça<br />
aceitou a <strong>no</strong>meação como cônsul em Baltimore (1875) e Cônsul Geral do Império<br />
(1876) <strong>no</strong>s Estados Unidos, na época em que Sousândra<strong>de</strong> morou em Nova Iorque.<br />
Para ser incorporado ao serviço diplomático brasileiro, o Vice-Consulado Ho<strong>no</strong>rário <strong>de</strong><br />
Baltimore foi transformado em Consulado Privativo; na mesma data Salvador <strong>de</strong><br />
Mendonça foi <strong>no</strong>meado para o cargo 140 . Como seria <strong>de</strong> esperar-se, Mendonça foi<br />
criticado por ter trocado suas convicções republicanas por um cargo a serviço do<br />
Império. Conta-se que, ao <strong>de</strong>spedir-se <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong>, antes <strong>de</strong> viajar para os Estados<br />
Unidos, o Imperador lhe teria dito: “faço votos para que o senhor preste t~o bons<br />
serviços ao Império, nessa Republica, quantos prestou à sua Republica <strong>no</strong> meu<br />
Império.” 141 Em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 1889 Salvador <strong>de</strong> Mendonça encabeçava a <strong>de</strong>legação<br />
do Império do Brasil na Primeira Conferência Pan-Americana na capital <strong>no</strong>rte-<br />
americana. Após a proclamação da República, ele foi ratificado <strong>no</strong> cargo por Quinti<strong>no</strong><br />
Bocaiúva, primeiro Ministro do Exterior republica<strong>no</strong>, 142 e continuou integrando o<br />
corpo diplomático brasileiro.<br />
Estrofe 66:<br />
== Aqui, tudo vem, da balança<br />
No oiro ter-se <strong>de</strong> equilibrar . . .<br />
—Lá, a horizontal<br />
Equival<br />
Bom rumo a quem vai para o ar. . . 143<br />
Grant e D. <strong>Pedro</strong> trocam comentários sobre o po<strong>de</strong>r do dinheiro <strong>no</strong>s Estados<br />
Unidos e <strong>no</strong> Império do Brasil.<br />
== Aqui, tudo vem, da balança / No oiro ter-se <strong>de</strong> equilibrar . . .<br />
33
Grant enfatiza a importância do dinheiro <strong>no</strong>s Estados Unidos, afirmando que o<br />
valor <strong>de</strong> uma pessoa é igual ao peso em ouro <strong>no</strong> outro prato da balança.<br />
—Lá, a horizontal / Equival / Bom rumo a quem vai para o ar. . .<br />
D. <strong>Pedro</strong>, talvez referindo-se ainda a Salvador <strong>de</strong> Mendonça (Estrofe 65) e a<br />
prosternação dos montes na presença imperial (Estrofe 61), indica que lá (<strong>no</strong> Brasil) o<br />
valor é dado pela submissão (a horizontal). Ironicamente <strong>de</strong>seja boa sorte (bom<br />
rumo) para quem se mantiver ereto.<br />
Conclusão<br />
As estrofes analisadas mantêm o tom <strong>de</strong> crítica irônica sobre a monarquia<br />
brasileira, que é contrastada com o sistema presi<strong>de</strong>ncial <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>. Apesar da<br />
sua conhecida oposição ao imperador e o regime que ele representava, Sousândra<strong>de</strong><br />
assume também uma posição <strong>de</strong> crítica perante a administração Grant. As principais<br />
críticas sousandradinas ao imperador correm por conta da origem espúria <strong>de</strong> seu<br />
po<strong>de</strong>r, da adulação <strong>de</strong> que era objeto D. <strong>Pedro</strong> <strong>no</strong> Brasil e da imagem <strong>de</strong> cidadão<br />
comum que procurou cultivar na sua viagem aos Estados Unidos. Os elogios da<br />
imprensa à operosida<strong>de</strong> do imperador em solo <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> são tratados por<br />
Sousândra<strong>de</strong> com ironia. É estabelecido um paralelo com o presi<strong>de</strong>nte Grant, a quem<br />
Sousândra<strong>de</strong> atribui um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> perpetuar-se <strong>no</strong> po<strong>de</strong>r. O sistema eleitoral e a<br />
corrupção da administração Grant envolvendo colaboradores próximos ao presi<strong>de</strong>nte<br />
são também motivo <strong>de</strong> crítica.<br />
1<br />
Torres-Marchal, Carlos. <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> <strong>no</strong> Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> – I. <strong>Eutomia</strong>, A<strong>no</strong> IV, N° 1, p. 1-32.<br />
Disponível em: http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/A<strong>no</strong>4-Volume1/artigo-capa/<br />
DPEDROWALLSTREETI.pdf. Acesso em: 23-<strong>no</strong>v-2011.<br />
2<br />
Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 49, p. 239.<br />
3<br />
The New York Herald (Nova Iorque), 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876. p. 7.<br />
4<br />
Our Yankee Emperor, The New York Herald (Nova Iorque), 21 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876.<br />
5<br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>. New York Herald (Nova Iorque), 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, p. 7<br />
6<br />
Marcuse, Maxwell F., This Was New York!, edição revisada e aumentada, Nova Iorque: LIM Press,<br />
1969, p. 144-45.<br />
34
7 Cashman, Sean Dennis, America in the Gil<strong>de</strong>d Age, (2 ed.). Nova Iorque: New York University Press,<br />
1988. p. 101 - 102.<br />
8 <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>’s Arrival. New York Times (Nova Iorque), 16-abr-1876, p. 2.<br />
9 McCabe, James Dabney, New York by Sunlight and Gaslight. Filadélfia: Hubbard Brothers, 1882, p.<br />
424.<br />
10 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, p. 186.<br />
11 <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>. – Arrival of His Braziliam Majesty in New York, The New York Herald (Nova Iorque), 16<br />
<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, pp. 7-8.<br />
12 <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>. – Arrival of His Braziliam Majesty in New York, The New York Herald (Nova Iorque), 16<br />
<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, pp. 7-8.<br />
13 Sumner, Charles. Republicanism vs. Grantism (Discurso <strong>no</strong> Senado dos Estados Unidos, 31 <strong>de</strong> maio<br />
<strong>de</strong> 1872] in Complete Works [Statesman Edition, v. 20]. Boston: Lee and Shepard, 1900. p. 82-171.<br />
14 Summers, Mark Wahlgren. The press gang: newspapers and politics, 1865-1878. Chapel Hill (NC):<br />
University of North Carolina Press, 1994, p. 277.<br />
15<br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>’s Arrival, The New York Times (Nova Iorque), 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, p. 1.<br />
16<br />
Our Democratic Emperor (editorial). New York World, 17-abr-1876. in <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> in the U.S. (álbum<br />
<strong>de</strong> recortes jornalísticos), Oliveira Lima Library, Catholic University (Washington DC)<br />
17<br />
The Emperor and the Presi<strong>de</strong>nt. New York Herald, 19-abr-1876. N° 14.485. p 7 c. 4.<br />
18<br />
Aviso Importante. O Novo Mundo (Nova Iorque), 5(58):238. 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1875.<br />
19<br />
Carta <strong>de</strong> José Carlos Rodrigues ao Herald rebatendo censuras a D. <strong>Pedro</strong>. Lata 584 Pasta 1 - IHGB – RJ.<br />
Ver tb. Guimarães, Argeu, D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> <strong>no</strong>s Estados Unidos, Ed. Civilização Brasileira, 1961, p. 151-152.<br />
20<br />
<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> – His Last Day in the United States. New York Herald, 12-jul-1876 in <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> in the<br />
U.S. (álbum <strong>de</strong> recortes jornalísticos), Oliveira Lima Library, Catholic University (Washington DC)<br />
21<br />
Ver, p. ex. Almeida, Tito Franco <strong>de</strong>. O Brazil e a Inglaterra ou O Trafico <strong>de</strong> Africa<strong>no</strong>s. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Typographia Perseverança, 1868. “Temos creado uma eschola, <strong>de</strong> que foi porta-voz o Dr.<br />
Livingstone...”p. 18 ; “Quem foi o dig<strong>no</strong> porta-voz d'este <strong>no</strong>vo attentado diplomatico?” p. 30. É<br />
anterior o uso <strong>de</strong> porta-voz <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> buzina ou megafone.<br />
22<br />
Evangelhos <strong>de</strong>: Mateus 22:17; Marcos 12:17; Lucas 20:25<br />
23<br />
Sparks, Edwin Erle, National Development, 1877-1885 (The American Nation: A History. Vol. 23),<br />
Nova Iorque, Harper & Brothers Publishers, 1907, p. 167.<br />
24<br />
O Oxford English Dictionary <strong>de</strong>fine o <strong>no</strong>me go-ahead como “aç~o o espírito <strong>de</strong> ir para frente;<br />
progresso, ambiç~o, energia ou iniciativa”; como adjetivo: “direto e enérgico nas ações;<br />
empreen<strong>de</strong>dor”.<br />
25<br />
Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 46, p. 238<br />
26<br />
His Imperial Highness the Grand Duke Alexis in the United States of America During the Winter of 1871-<br />
72. Cambridge: Riversi<strong>de</strong> Press, 1872. 221 p.<br />
27<br />
Our Yankee Emperor. New York Herald (Nova Iorque), 22 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876.<br />
28<br />
Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 50, p. 239.<br />
29<br />
Williams, Mary Wilhelmine, <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> the Magananimous, Chapel Hill (NC), The University of North<br />
Carolina Press, 1937, p. 208.<br />
30 Cardoso <strong>de</strong> Oliveira, Noticia Biographica sobre <strong>Pedro</strong> Americo, Rio <strong>de</strong> Janeiro, H. Garnier, 1899, p. xv.<br />
31 Ministerio da Educacao Publica. Museu Nacional <strong>de</strong> Belas Artes. <strong>Pedro</strong> Americo <strong>no</strong> Museu Nacional<br />
<strong>de</strong> Belas Artes. Catálogo. Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1965. A Carioca, Oleo-tela, Dimensões: 2,05 x 1,34 m;<br />
Assinado: <strong>Pedro</strong> Americo (1882); N° Inventario: 2454; Adquirido em 1885.<br />
32 Catalogue of the Brazilian Section, Phila<strong>de</strong>lphia, International Exhibition, 1876, Filadélfia, Press of<br />
Hallowell & Co., 1876. p. 50-51.<br />
33 Klein, Philip Shriver; Hoogenboom, Ari Arthur. A history of Pennsylvania (2 ed.). University Park<br />
(PA): Pennsylvania State University Press, c1980, p. 336<br />
34 The Centennial. The Literary World (Boston), <strong>no</strong>v-01-1876, p. 85.<br />
35 An Artist on Art. Appletons’ Journal (Nova Iorque). <strong>de</strong>z-1877, p. 538.<br />
36 Torres-Marchal, Carlos. <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> <strong>no</strong> Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong> – I. <strong>Eutomia</strong>, A<strong>no</strong> IV, N° 1, p. 3-4.<br />
Disponível em: http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/A<strong>no</strong>4-Volume1/artigo-capa/<br />
DPEDROWALLSTREETI.pdf. Acesso em: 23-<strong>no</strong>v-2011.<br />
35
37 The Empire of Brazil – The Brazilian Representation in the Centennial Exposition. Artigo jornalístico<br />
datado <strong>de</strong> 12-mai-1876 in <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> in the U.S. (álbum <strong>de</strong> recortes jornalísticos), Oliveira Lima<br />
Library, Catholic University (Washington DC)<br />
38 Ferreira, Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa (2 ed.). Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />
Nova Fronteira, 1986.<br />
39<br />
Villavecchia, Francesco, Cenni sulla vita <strong>de</strong>l dottore Giuseppe Lodovico Ponza, Giornale <strong>de</strong>lla R.<br />
Acca<strong>de</strong>mia di Medicina di Tori<strong>no</strong>, Serie 3, Vol. 25, No. 3, Maio 1879. pp. 424-40.<br />
40<br />
Ponza, Giuseppe Lodovico, De l’influence <strong>de</strong> la lumière colorée dans le traitement <strong>de</strong> la folie. Annales<br />
Médico-Psychologiques, Paris, 5e Serie, Vol. XV, 1876, pp. 20-25.<br />
41<br />
The Color Cure, The New York Times (Nova Iorque), 13 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> l876, p.4, c.6<br />
42<br />
Pleasonton, Gen[eral] A[ugustus] J[ames], On the Influence of the Blue Color of the Sky in<br />
Developing Animal and Vegetable Life, Filadélfia: Inquirer Book and Job Print, 1871. (2 ª ed., 1877)<br />
43<br />
Pleasonton, Augustus James. Improvement in Accelerating the Growth of Plants and Animals.<br />
Patente EUA n° 119.242, 26 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1871.<br />
44 º<br />
The Pleasontonian Theory (Editorial), The New York Times, (Nova Iorque), 1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1876, p. 4, c.<br />
5-6; Blue Glass Folly. Boston Daily Globe (Boston), 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1877, p.4, c.2-3.<br />
45<br />
Pleasonton, Gen[eral] A[ugustus] J[ames], On the Influence of the Blue Color of the Sky in<br />
Developing Animal and Vegetable Life, Filadélfia: Inquirer Book and Job Print, 1871. (2 ª ed., 1877)<br />
46<br />
Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 51, p. 239<br />
47 Ingram, J. S. The Centennial Exposition, <strong>de</strong>scribed and illustrated. Filadélfia: Hubbard Bros., 1876. p.<br />
107.<br />
48 Sprogle, Howard O., The Phila<strong>de</strong>lphia Police, Past and Present, Filadélfia, 1887, pp. 155-56.<br />
49 Lening, Gustav, The Dark Si<strong>de</strong> of New York Life and its Criminal Classes from Fifth Avenue Down to the<br />
Five Points, Nova Iorque, Fred'k Gerhard, Ag't., l873, p. 39 ss<br />
50 Disponível <strong>no</strong> en<strong>de</strong>reço: http://www.atilf.fr/dmf/ Acesso em 08 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2011.<br />
51 Brant, Sebastian; Zey<strong>de</strong>l, Edwin Hermann (trad. e ed.). The Ship of Fools. Nova Iorque: Columbia<br />
University Press, 1944.<br />
52 Ains sans fin el murmurera Et sa bouche furfurera Parolles contre son mari. Fonte : Dictionnaire du<br />
Moyen Français (1330-1500). Disponível em : http://www.atilf.fr/dmf/ Acesso em 08-abr-2011.<br />
53 qui feroit contre murmurer, Profon<strong>de</strong>r voix et furfurer. Fonte : Dictionnaire du Moyen Français (1330-<br />
1500). Disponível em : http://www.atilf.fr/dmf/ Acesso em 08-abr-2011.<br />
54 <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>’s Arrival, The New York Times (Nova Iorque), 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, p. 1.<br />
55 <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong>’s Arrival. New York Times (Nova Iorque), 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, p. 1<br />
56 Campos, Augusto e Haroldo <strong>de</strong>, ReVisão <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong> (2 ª Ed.), Rio <strong>de</strong> Janeiro, Editora Nova<br />
Fronteira, 1982, p. 341.<br />
57 A drive to the Palace of Sao Christorao, The New York Herald (Nova Iorque), 16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876 p. 7;<br />
“SAO CHRISTORAO”[manchete] 21 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1876.<br />
58 “His principal resi<strong>de</strong>nce is at the palace of Sao Christavo”, Washington Chronicle, s.d. in <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> in<br />
the U.S. (álbum <strong>de</strong> recortes jornalísticos), Oliveira Lima Library, Catholic University (Washington DC).<br />
59 Sousa, Alberto, Os Andradas, São Paulo, Typographia Piratininga, 1922. Vol. 2.,p. 820. 7 <strong>de</strong> Abril<br />
<strong>de</strong> 1831. Decreto <strong>de</strong> Abdicação. “Usando do direito que a Constituição me conce<strong>de</strong>, <strong>de</strong>claro que hei<br />
mui voluntariamente abdicado na pessoa <strong>de</strong> meu muito amado e presado filho, o Sr. D. <strong>Pedro</strong> <strong>de</strong><br />
Alcantara - Boa Vista, 7 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1831”.<br />
60 Almanach do Diário <strong>de</strong> Belém. Redigido pelo Administrador do mesmo Diário. An<strong>no</strong> <strong>II</strong>, 1879, Pará,<br />
Typ. - Commercio do Pará. p. 46. Dias <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong> Gala<br />
61 Sousa, Alberto, "Os Andradas", São Paulo, Typographia Piratininga, 1922. Vol. 2. p. 820<br />
62 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 52, p. 240<br />
63 Encyclopedia Britannica CD 2.02, versão eletrônica, 1985.<br />
64 Original <strong>no</strong> Museu Imperial (Petrópolis, RJ)<br />
65 Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/numismatica/171.htm Acesso em: 15-abr-2011.<br />
66 Hugo, Victor. Contemplations. Vol. <strong>II</strong> – Aujourd’hui — 1843-1856 (5 ed.) Paris : Librairie L. Hachette e<br />
Cie, 1858. Cadaver, p. 267-269.<br />
67 Hugo, Victor, Oeuvres complètes <strong>de</strong> Victor Hugo, Paris : J. Hetzel , A. Quantin, [1883?]. Poésie VI, Les<br />
Contemplations - Aujourd'hui (1843-1855), Livro 6°, Au Bord <strong>de</strong> l'Infini, X<strong>II</strong>I. Cadaver p. 255-58.<br />
36
68 Phaure, Jean. Victor Hugo et Bau<strong>de</strong>laire <strong>de</strong>vant Dieu: G<strong>no</strong>se et mystique en poésie, Atlantis.<br />
Archéologie scientifique et traditionnelle (Vincennes) n° 342, 1986, p. 163.<br />
69 “Ne sont-ce pas <strong>de</strong>s hardiesses inintelligibles?” Benjamen, J. <strong>de</strong>. Lettre Parisienne. Les<br />
Contemplations, par Victor Hugo, La France Littéraire, Artistique, Scientifique (Lyon), A<strong>no</strong> I, 1856, p.<br />
30-32.<br />
70 Torres-Marchal, Carlos. Crônicas do Infer<strong>no</strong> – <strong>II</strong>. Revista <strong>Eutomia</strong> A<strong>no</strong> I – N° 2 (7-35), p. 16.<br />
Disponível em http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/A<strong>no</strong>1-Volume2/especial<strong>de</strong>staques/Cronicas-do-Infer<strong>no</strong>-<strong>II</strong>_Carlos-Torres-Marchal.pdf<br />
Acesso em 13-abr-2011.<br />
71 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 54, p. 240<br />
72 O'Brien, Frank M., The Story of The Sun, Nova Iorque, George H. Doran Company, 1918, pp. 306-07.<br />
73 Keller, Helen Rex, The Dictionary of Dates (2 vols). Volume <strong>II</strong> - The New World, Nova Iorque: The<br />
MacMillan Co., 1934, p.187 – 188.<br />
74<br />
A visita aconteceu em 1° <strong>de</strong> junio <strong>de</strong> 1876. New York Herald, 02-jun-1876. in <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> in the U.S.<br />
(álbum <strong>de</strong> recortes jornalísticos), Oliveira Lima Library, Catholic University (Washington DC)<br />
75<br />
Lynch, Denis Til<strong>de</strong>n, The Wild Seventies, Nova Iorque: D. Appleton-Century Company Inc., 1941.<br />
p. 347<br />
76<br />
Cashman, Sean Dennis, America in the Gil<strong>de</strong>d Age (2 ed.) , Nova Iorque, New York University Press,<br />
1988, pp. 178-79.<br />
77<br />
Lee, James Melvin, History of American Journalism, (<strong>no</strong>va edição), Gar<strong>de</strong>n City & Nova Iorque, The<br />
Gar<strong>de</strong>n City Publishing Co., Inc., 1923, p. 326.<br />
78<br />
O'Brien, Frank M., The Story of The Sun, Nova Iorque, George H. Doran Company, 1918, pp. 304-12.<br />
Capítulo XIV, “The Sun” and the Grant Scandals.<br />
79 The Columbia Encyclopedia, (6 ed.). Nova Iorque: Columbia University Press, 2001.<br />
80 Republican Advocate (Batavia, NY), v. 65, n° 18, 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, p.1. Transcrito do jornal Sun <strong>de</strong><br />
Nova Iorque (17 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876)<br />
81 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 55, p. 240<br />
82 Torres-Marchal, Carlos. Crônicas do Infer<strong>no</strong> – <strong>II</strong>: O Guesa em <strong>Wall</strong> <strong>Street</strong>. Revista <strong>Eutomia</strong> A<strong>no</strong> I – n°<br />
2. p. 18-20. Disponível em: http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/A<strong>no</strong>1-Volume2/especial<strong>de</strong>staques/Cronicas-do-Infer<strong>no</strong>-<strong>II</strong>_Carlos-Torres-Marchal.pdf<br />
Acesso em 16-abr-2011.<br />
83 Seitz, Don Carlos, The Dreadful Deca<strong>de</strong>, 1869-1879. Indianapolis, The Bobbs-Merrill Company, 1926.<br />
Cáp. 5 – The Tweed Ring (p. 159-199)<br />
84 Lynch, Denis Til<strong>de</strong>n, The Wild Seventies, Nova Iorque: D. Appleton-Century Company Inc., 1941.<br />
p. 347<br />
85 Johansen, Bruce Elliott. The Native Peoples of North America: A History, (v. 1) New Brunswick (NJ):<br />
Rutgers University Press, 2006, p. 268.<br />
86 John Russell Young, editor do New York Tribune, em carta a Elihu B. Washburne, <strong>de</strong>putado por<br />
Illi<strong>no</strong>is. (Janeiro 5, 1869), fala das quadrilhas (Rings) <strong>de</strong> índios, <strong>de</strong> patentes, do papel, e <strong>de</strong> estradas<br />
<strong>de</strong> ferro. in Grant, Ulysses S.; Simon, John (ed.) Papers. Vol. 20 November 1, 1869 – October 31, 1870.<br />
Carbondale (IL): Southern Illi<strong>no</strong>is University Press, 1995, p. 231.<br />
87 Moody D[wight] L., Glad Tidings, comprising sermons and prayer-meeting talks <strong>de</strong>livered at the New<br />
York Hippodrome, Nova Iorque, E. B. Treat, 1876.<br />
88<br />
Harris, Neil, Humbug, The Art of P. T. Barnum. Boston,Toronto: Little, Brown and Company, 1973<br />
89<br />
The Revival Services. The Last Sunday in New-York ... Don <strong>Pedro</strong> Present at the Evening Services.<br />
New York Times (Nova Iorque), 17-abr-1876, p. 8<br />
90<br />
Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 56, p. 240.<br />
91 Pollard, John Francis. Money and the rise of the mo<strong>de</strong>rn papacy: financing the Vatican, 1850-1950.<br />
Cambridge: Cambridge University Press, 2005. p. 41<br />
92 Chaudhary, M. A.; Chaudhary, Gautam. Global Encylopaedia of Political Geography. Nova Déli:<br />
Global Vision Publishing House, 2009. p. 208<br />
93 Grant, U. S. Personal Memoirs. Nova Iorque: Charles L. Webster & Company, 1886. Vol. 2, p. 547.<br />
94 Calmon, <strong>Pedro</strong>. História <strong>de</strong> D. <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: J. Olympio, 1975, v. 3, p. 1078.<br />
95 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 60, p. 241.<br />
37
96 Guimaraes, Argeu, Dicionário Bio-bibliográfico Brasileiro <strong>de</strong> Diplomacia, Política Externa e Direito<br />
Internacional, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1938, Ediçâo do Autor, p. 124.<br />
97 Appleton’s Annual Cyclopaedia and Register of Important Events of the Year 1876, New Series, Vol. 1,<br />
Whole Series Vol. XVI, Nova Iorque, D. Appleton and Company, 1877, p. 403.<br />
98 Baker, Sherston, Sir. Halleck’s International Law, or rules regulating the intercourse of states in peace<br />
and war. (3 ed.) 2 vols. Londres: Kegan Paul, Trench, Trübner & Co. Ltd, 1893. Vol 1, p. 118<br />
99 Goodlad, Graham David. British foreign and imperial policy, 1865-1919. Londres: Routledge, 2000.<br />
p. 4<br />
100 Cascudo, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro (3 ed), vol 1, A–I [Coleção Dicionários<br />
especializados, 3]. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1972. p. 338 – verbete Divi<strong>no</strong>.<br />
101 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 61, p. 241.<br />
102 O coro dos contentes foi resgatado por Torquato Neto na música Let’s Play That (“vai, bicho,<br />
<strong>de</strong>safinar o coro dos contentes”) gravada por Jards Macalé em 1972.<br />
103 Azeredo, Magalhaes <strong>de</strong>, <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> - Tracos <strong>de</strong> sua Physo<strong>no</strong>mia Moral in Contribuições para a<br />
biographia <strong>de</strong> D.<strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> - Parte 1a. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo<br />
Especial, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Imprensa Nacional, 1925. p. 977.<br />
104 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. Práticas Familiares <strong>de</strong> Democracia. O Globo (São Luís), 19-out-1889, p. 2.<br />
in Williams, Fre<strong>de</strong>rick G; Moraes, Jomar (eds.), Poesia e prosa reunidas <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong>. São Luís:<br />
Edições AML, 2003, p. 510-511<br />
105 Vaz <strong>de</strong> Carvalho, Itala Gomes, Vida <strong>de</strong> Carlos Gomes, 3ª Ed., Editora A Noite, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1946.<br />
pp. 109-115.<br />
106<br />
O Novo Mundo (Nova Iorque), 6(69), 24 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1876, p. 187.<br />
107<br />
City of the Declaration. New York Times (Nova Iorque). 05-jul-1876 p. 3<br />
108<br />
Britannica CD 2.02, E ncyclopædia Britannica, 1995.<br />
109<br />
Carneiro, Alessandra da Silva. Do tatu fúnebre ao Lar-titu: implicações do Indianismo <strong>no</strong> Canto<br />
Segundo do poema O Guesa, <strong>de</strong> Sousândra<strong>de</strong>. Dissertação <strong>de</strong> mestrado. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia,<br />
Letras e Ciências Humanas da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, Departamento <strong>de</strong> Letras Clássicas e<br />
Vernáculas. São Paulo, 2011.<br />
110<br />
Gonçalves Dias, A[ntônio]. Os Tymbiras: poema america<strong>no</strong>. Lípsia: F. A. Brockhaus, 1857.<br />
111<br />
Magalhaes, <strong>Dom</strong>ingos José Gonçalves <strong>de</strong> , A Confe<strong>de</strong>raçâo dos Tamoyos, 2ª ed., Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
Livraria <strong>de</strong> B. L. Garnier, 1864. Introdução.<br />
112<br />
Evangelho <strong>de</strong> Mateus 22:21<br />
113<br />
Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto I, p. 15<br />
114<br />
Hastings, James (Ed.), Encyclopaedia of Religion and Ethics, Vol. V<strong>II</strong>I, Life and Death–Mulla.<br />
Edinburgo: T. & T. Clark, 1915, p. 863.<br />
115<br />
Ramayana. Kishore, R.B. (adapt.). Nova Déli: Diamond Pocket Books (P) Ltd., 2005, p. 57-58.<br />
116<br />
Evangelho <strong>de</strong> Mateus 17:2.<br />
117<br />
Na vers~o <strong>de</strong> 1877 aparece: “(<strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> nauseado d’incensos, substituindo o beijam~o pelo . . . ;<br />
Grant . . . ?)”<br />
118 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 62, p. 241<br />
119<br />
Magalhaes Junior, R[aimundo], O Imperio em Chinelos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Editora Civilizacao Brasileira<br />
S/A., 1957, pp. 27 - 28.<br />
120<br />
O Novo Mundo (Nova Iorque), 5(55):183. 23 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1875; The London Times (Londres), 2 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />
1875, p.5, c.4; 3 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1875, p.1, c.4<br />
121 Encyclopedia Britannica CD 2.02, versão eletrônica, 1985.<br />
122 O Novo Mundo (Nova Iorque), 7(99):147, julho <strong>de</strong> 1877.<br />
123 Vianna, José <strong>de</strong> Oliveira, Contribuições para a biographia <strong>de</strong> D.<strong>Pedro</strong> <strong>II</strong> - Parte 1a. in Revista do<br />
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo Especial, Rio <strong>de</strong> Janeiro, Imprensa Nacional,<br />
1925. pp. 792 – 800.<br />
124 Nast, Thomas. The Third Term Panic. Harper’s Weekly 18(932):912, 07-<strong>no</strong>v-1874. Disponível em:<br />
http:// www.loc.gov/pictures/item/2004682001/ Acesso em: 23-<strong>no</strong>v-2011.<br />
125 Johnson, Allen, and Dumas Malone, Dictionary of American Biography, New York, Charles Scribner's<br />
Sons, 1961. Volume IV, Part 1, Fraunces-Grimke (Volume V<strong>II</strong> of the original edition). P. 500.<br />
38
126 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 37.<br />
127 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 63, p. 241<br />
128 New York Tribune, 01-<strong>no</strong>v-1856, p.3 col. 5-6; Anbin<strong>de</strong>r, Tyler. Nativism & Slavery: The Northern<br />
K<strong>no</strong>w Nothings & the Politics of the 1850s. Nova Iorque: Oxford University Press, Inc., 1994, p. 145.<br />
129 Bensel, Richard Franklin. The American Ballot Box in the Mid-Nineteenth Century. Cambridge, Nova<br />
Iorque: Cambridge University Press, 2004, p. 9.<br />
130 Posto <strong>de</strong> votação num bar na rua Pearl, 488, Nova Iorque. Harper’s Weekly, 13-<strong>no</strong>v-1858, in Grafton,<br />
John. New York in the Nineteenth Century (2 ed). Nova Iorque: Dover Publications, Inc., 1980.<br />
Disponível em http://historymatters.gmu.edu/d/6724<br />
131 Brasil. Annaes do Parlamento Brazileiro. Camara dos Srs. Deputados – Quarto An<strong>no</strong> da décima<br />
legislatura. Sessão <strong>de</strong> 1860. Tomo 2. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Typographia Imperial e constitucional <strong>de</strong> J.<br />
Villeneuve & C., 1860. Sessão em 20 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1860. p. 235 – Participação do Sr. Franco <strong>de</strong><br />
Almeida.<br />
132 Sarney, José. Crônicas do Brasil contemporâneo: V<strong>II</strong>: Sobre isso e aquilo. São Paulo: Ediouro, 2008, p.<br />
107<br />
133 Kid<strong>de</strong>r, D. P.; Fletcher, J. C. Brazil and the Brazilians. Filadélfia: Childs & Peterson, 1857. Cap. X, p.<br />
182-183.<br />
134 Paiva, María Arair Pinto. Direito político do sufrágio <strong>no</strong> Brasil, 1822-1982. Brasília: Thesaurus Editora,<br />
1985, p. 126<br />
135 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 64, p. 242<br />
136 New York World (Nova Iorque), 17 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1876, in <strong>Dom</strong> <strong>Pedro</strong> in the U.S. (álbum <strong>de</strong> recortes<br />
jornalísticos), Oliveira Lima Library, Catholic University (Washington DC).<br />
137 Sousândra<strong>de</strong>, Joaquim <strong>de</strong>. O Guesa. Londres: Cooke & Halsted, c. 1886. Canto X, Infer<strong>no</strong> <strong>de</strong> <strong>Wall</strong><br />
<strong>Street</strong>, estrofe 64, p. 242<br />
138 Machado, Luiz Toledo. Formação do Brasil e unida<strong>de</strong> nacional (Biblioteca “Estudos Brasileiros, I).<br />
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