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sumário - Eletronorte

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30<br />

Miller descreve em poucas linhas a<br />

grandeza de detalhes do seu trabalho: “É<br />

escrever uma enciclopédia em cima de<br />

um caco de cerâmica que está no solo,<br />

de tanto dado que aparece”. No entanto,<br />

lembra que uma pesquisa não é feita por<br />

uma pessoa apenas: “O arqueólogo tem<br />

de ser mais onisciente que Deus. Se não<br />

puder, tem que levar sua equipe” brinca.<br />

Geoglifos - Em se tratando de arqueologia,<br />

a natureza também é sábia em apresentar<br />

novas descobertas. Na construção da linha<br />

de transmissão entre Rio Branco e Epitaciolândia,<br />

no Acre, a <strong>Eletronorte</strong> se deparou<br />

com uma dessas maravilhas envolvendo o<br />

homem e a natureza: os geoglifos. Os técnicos<br />

explicam de maneira simples: se você estiver<br />

caminhando por uma pastagem e entrar<br />

numa grande vala, veja por onde ela segue. Se<br />

for muito regular, isso vai chamar a atenção.<br />

Uma vala tão regular foi feita por alguém, pois<br />

a natureza não deve ter feito tão certinha,<br />

redonda ou com ângulos tão retos.<br />

Essas formas geométricas, chamadas<br />

geoglifos, bem como demais sinais arqueológicos<br />

encontrados nos solos, são<br />

estudados e preservados cuidadosamente,<br />

como se cada pedacinho de cerâmica ou<br />

carvão encontrado fosse único no mundo.<br />

Mas como um geoglifo aparece? No<br />

Brasil existem há pelo menos seiscentos<br />

anos, como estruturas de terra formadas<br />

pelas escavações de sulcos de grandes<br />

dimensões que podem ter diversas formas.<br />

No deserto de Nazca, no Peru, foram encontrados<br />

geoglifos em forma de animais,<br />

datados de mais de dois mil anos. Os do<br />

Brasil, encontrados no Acre, caracterizam-se<br />

por serem valas de dois metros de<br />

profundidade e dez de largura, construídas<br />

por índios com as mãos, por meio de vasos<br />

de cerâmica ou com machadinhas de<br />

pedra. O resultado são fi guras geométricas<br />

fascinantes, que aparecem em conjuntos<br />

ou isoladamente, em forma de círculos,<br />

quadrados ou octógonos.<br />

Os geoglifos brasileiros ainda são uma<br />

incógnita para os pesquisadores, pois<br />

eles só começaram a ser descobertos nos<br />

anos setenta do século passado, em conseqüência<br />

do aumento da devastação da<br />

fl ora acreana. E apesar de sua importância<br />

para a humanidade, ainda não se sabe<br />

ao certo como nem por que essas fi guras<br />

construídas por índios antes da chegada de<br />

A linha de<br />

transmissão<br />

que dá frutos<br />

Tiago Araújo da Silva é um menino que tem uma vida<br />

que muitos de nós tivemos, ou que gostaríamos de ter<br />

tido. Numa manhã de sol de sábado ele, juntamente com<br />

os amiguinhos da comunidade, vai à nascente chamada<br />

“Olho d’Água”, que dá nome ao povoado situado na zona<br />

rural vizinha do município de Coelho Neto, no Maranhão.<br />

Ele chega no lugar que, por pura obra divina, chora sem<br />

parar e sobrevive bravamente em meio a um canavial<br />

a perder de vista, e com isso abastece todo o povoado<br />

e entorno, desembocando no Rio Parnaíba. Lá, Tiago<br />

mata sua sede numa água deliciosamente refrescante,<br />

para depois nadar na água limpa e gelada que teima<br />

em contrastar com o calor do sol que não hesita em sair<br />

dali. No entanto, essa realidade poderia também não ser<br />

a dele. Mas graças aos programas de conscientização<br />

ambiental, a água que mata a sede de Tiago continua<br />

pura e fresca, e ele, agradecido, também faz sua parte.<br />

Aluno da 6ª série, ele sabe da importância da preservação<br />

do meio ambiente. “É preciso que as pessoas<br />

se sensibilizem e não destruam as nascentes de água,<br />

porque um dia elas podem secar e aí acabar e nós morreremos<br />

também junto com elas”, diz o garoto, enquanto<br />

conversa agachado à beira da fonte e, entre um pausa e<br />

outra, bebe um pouco de água: “Aqui é que a gente vem<br />

buscar água, onde matamos a nossa sede”.<br />

Quem também se preocupa com a preservação da<br />

nascente é Francisca de Moraes. Naquele mesmo sábado<br />

ela seguia para o banho da tarde juntamente com<br />

seus fi lhos, e falava sobre o que nós já sabíamos: caso<br />

não preservássemos o meio ambiente, esses riachos em<br />

pouco tempo acabariam. “Nós temos que nos juntar com<br />

a comunidade, discutir sobre isso. Há 34 anos, que é<br />

a minha idade - e eu não sou tão velha assim - sorri -<br />

esse rio era bem mais afl uente e mais fundo. Em outros<br />

lugares ele já está seco, pois desmataram toda a sua<br />

margem”, desabafa.<br />

O programa de educação ambiental da <strong>Eletronorte</strong> tem<br />

ajudado a manter a água que Tiago e Francisca tanto<br />

Cabral eram usadas. “Talvez para rituais<br />

religiosos, usos residenciais, cerimoniais e<br />

defensivos, podendo ser uma combinação<br />

de duas ou de todas essas hipóteses”, diz<br />

Solange Bezerra Caldarelli, doutora em<br />

Ciências Humanas pela Universidade de<br />

São Paulo - USP, especializada em préhistória<br />

e em Arqueologia. Ela é diretora da<br />

consultoria científi ca Scientia, contratada

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