trabalho escravo nas Freguesias do Espírito - Programa de Pós ...
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1 INTRODUÇÃO<br />
Renovações historiográficas européias, principalmente as referentes à Escola <strong>do</strong>s<br />
Annales 1 , introduzidas no meio acadêmico brasileiro a partir <strong>do</strong>s anos 1970 e 1980,<br />
possibilitaram mudanças historiográficas profundas em relação ao estu<strong>do</strong> da<br />
escravidão brasileira. A obra Ser <strong>escravo</strong> no Brasil 2 , <strong>de</strong> Kátia Mattoso, foi<br />
consi<strong>de</strong>rada por Jacob Goren<strong>de</strong>r 3 como um marco <strong>de</strong>ssa nova corrente<br />
historiográfica. Seguin<strong>do</strong> esses novos direcionamentos, estu<strong>do</strong>s posteriores 4<br />
abordaram regiões anteriormente preteridas e elencaram diferencia<strong>do</strong>s temas como<br />
a família escrava, resistência negra e cotidiano <strong>escravo</strong>. Contrarian<strong>do</strong> os<br />
pressupostos existentes na historiografia tradicional brasileira 5 , trouxeram à tona o<br />
perfil <strong>de</strong> uma escravidão, em muitos pontos, diferenciada <strong>de</strong>ssa visão clássica,<br />
baseada no enfoque econômico.<br />
Entre esses temas surgiu a escravidão <strong>nas</strong> cida<strong>de</strong>s. Segun<strong>do</strong> Mary Karasch 6 tornou-<br />
se necessário impor a formulação <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> questões específicas no que se<br />
refere ao estu<strong>do</strong> da consciência, organização, relações sociais e controle social das<br />
massas escravizadas <strong>do</strong>s centros citadinos, pois possuíam aspectos diferentes<br />
quan<strong>do</strong> comparadas à situação rural. Assim, além <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s engenhos e suas<br />
senzalas, ganhou <strong>de</strong>staque o ambiente das cida<strong>de</strong>s, mesmo as menores e remotas<br />
como a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vitória e suas adjacências.<br />
1 Em 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1929 Marc Bloch e Lucien Febvre fundaram a revista Annales d’Histoire<br />
Économique et Sociale. Essa revista veio a se tornar referência básica para a chamada Escola <strong>do</strong>s<br />
Annales. Os direcionamentos propostos por essa nova corrente historiográfica primavam, num<br />
primeiro momento, por um enfoque sociológico e pela interdisciplinarida<strong>de</strong>. Ver: BURKE, Peter.<br />
História e teoria social. São Paulo: Unesp, 2002. SOARES, Geral<strong>do</strong> Antônio. História e vida<br />
cotidiana: o programa da escola francesa <strong>do</strong>s Annales. Publicações CCJE, UFES, Revista Interface,<br />
ano II, nº5, set./1999, p.51.<br />
2 MATTOSO, Kátia M. <strong>de</strong> Queirós. Ser <strong>escravo</strong> no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1982.<br />
3 GORENDER, Jacob. A escravidão reabilitada. São Paulo: Ática, 1990.<br />
4 Alguns <strong>de</strong>sses autores e obras foram aborda<strong>do</strong>s no primeiro capítulo da presente dissertação no<br />
subtópico 2.1 - A ESCRAVIDÃO DISPENSA ADJETIVOS.<br />
5 São autores expoentes <strong>de</strong>ssa historiografia econômica tradicional: JÚNIOR, Caio Pra<strong>do</strong>. Formação<br />
<strong>do</strong> Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Martins, 1942. FERNANDES, Florestan. Socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> classes e sub<strong>de</strong>senvolvimento. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Achiame, 1968. CARDOSO, Fernan<strong>do</strong><br />
Henrique. Capitalismo e escravidao no Brasil meridional: o negro na socieda<strong>de</strong> <strong>escravo</strong>crata <strong>do</strong><br />
Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. -. 2. ed. - Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1977.<br />
6 KARASCH, Mary C. A vida <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s no Rio <strong>de</strong> Janeiro: 1808-1850. Tradução: Pedro Maia<br />
Soares. São Paulo: Cia. das Letras, 2000, p. 259 a 291.<br />
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