trabalho escravo nas Freguesias do Espírito - Programa de Pós ...
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<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>escravo</strong>, inseridas no ambiente citadino.<br />
Impuseram-se, assim, a formulação <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> questões específicas no que se<br />
refere aos estu<strong>do</strong>s da consciência, organização, relações sociais e controle social<br />
das massas escravizadas, aspectos diferentes quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s à situação<br />
rural. 105<br />
Duas obras pioneiras se <strong>de</strong>stacaram <strong>nas</strong> pesquisas sobre a escravidão <strong>nas</strong> cida<strong>de</strong>s:<br />
Sobra<strong>do</strong>s e Mocambos 106 , <strong>de</strong> Gilberto Freyre, que apesar <strong>de</strong> não ser uma pesquisa<br />
específica sobre o tema revelou algumas características da escravidão <strong>nas</strong> cida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras; e Slavery in the cities 107 , <strong>de</strong> Richard Wa<strong>de</strong>, conforme informações <strong>de</strong><br />
Silva. Segun<strong>do</strong> Marilene Silva, no <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> Wa<strong>de</strong> sobre a escravidão urbana em<br />
Dixie, no sul <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, o autor sugeriu uma incompatibilida<strong>de</strong> entre<br />
cida<strong>de</strong> e escravidão. Para ele, houve uma redução na população escrava em Dixie,<br />
no ano <strong>de</strong> 1860, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos altos custos da vigilância e <strong>do</strong> controle da população<br />
escrava no meio urbano. A obra <strong>de</strong> Richard Wa<strong>de</strong> é responsável pela abertura, na<br />
década <strong>de</strong> 1960, <strong>de</strong> um novo <strong>de</strong>bate sobre a escravidão na época mo<strong>de</strong>rna. Com<br />
ela algumas questões polêmicas <strong>do</strong> escravismo retornaram ao <strong>de</strong>bate como o<br />
controle <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s urbanos e a mão-<strong>de</strong>-obra escrava <strong>nas</strong> indústrias.<br />
Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar também os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Mary Karasch 108 , nos quais ela analisa<br />
especificamente a vida <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s na cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro, na primeira<br />
meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX. A autora <strong>de</strong>tectou a existência <strong>de</strong> pequenos senhores que<br />
possuíam um ou <strong>do</strong>is <strong>escravo</strong>s “ao ganho” ou aluga<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> cuja exploração retirava<br />
o principal rendimento, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> que a proprieda<strong>de</strong> escrava era acessível a uma<br />
parcela da população livre mais ampla <strong>do</strong> que tradicionalmente se imaginava. 109<br />
Segun<strong>do</strong> Karasch, o papel <strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelos cativos era o <strong>de</strong> realizar todas as<br />
ativida<strong>de</strong>s manuais e servir <strong>de</strong> bestas <strong>de</strong> carga da cida<strong>de</strong>. To<strong>do</strong>s tentavam investir<br />
em pelo menos um <strong>escravo</strong> que forneceria suporte financeiro e mão-<strong>de</strong>-obra. Os<br />
<strong>escravo</strong>s cariocas <strong>de</strong>sempenhavam diversas ativida<strong>de</strong>s e profissões. Labutavam na<br />
agricultura, em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> subsistência, transporte, manufatura, pedreiras, obras<br />
105 KARASCH, 2000. p. 259 a 291.<br />
106 FREYRE, Gilberto. Sobra<strong>do</strong>s e mocambos. São Paulo: José Olympio, 1968.<br />
107 WADE, Richard, apud SILVA, Marilene Rosa Nogueira da. Negro na rua: a nova face da<br />
escravidão. São Paulo: HUCITEC; Brasília: CNPq, 1988. p. 28.<br />
108 KARASCH, 2000, p. 291.<br />
109 KARASCH, 2000, p. 259.<br />
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