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trabalho escravo nas Freguesias do Espírito - Programa de Pós ...

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ou pela existência <strong>de</strong> escravarias extensas, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista parental.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos as diferenciações sociais entre <strong>escravo</strong>s, libertos e livres como fruto<br />

<strong>de</strong> construções cotidia<strong>nas</strong>. Como cotidiano enten<strong>de</strong>mos a própria passagem <strong>do</strong><br />

tempo e uma dimensão fundamental da história. É nesse cotidiano que se<br />

constroem os hábitos e os costumes, as igualda<strong>de</strong>s e as diferenciações sociais. 21<br />

Assim, na caracterização <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>de</strong> <strong>escravo</strong>s, atentamos para os mecanismos<br />

ou práticas sociais <strong>de</strong> diferenciação que <strong>de</strong>limitavam os espaços <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

cativeiro.<br />

Cabe especificar que ao buscarmos traçar o cotidiano <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> <strong>do</strong>s cativos <strong>de</strong>ssa<br />

região capixaba, procuramos analisar não ape<strong>nas</strong> o perfil econômico da produção<br />

escravista, mas também e especificamente o processo social e o percurso <strong>do</strong>s<br />

indivíduos no interior <strong>de</strong>sse ambiente, como afirma Simona Cerutti “partin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

indivíduos, recompon<strong>do</strong>-lhes o percurso social e tentan<strong>do</strong> reconstituir-lhes as<br />

escolhas, o pesquisa<strong>do</strong>r se interroga [...], esforça-se por <strong>de</strong>senhar seu horizonte, e<br />

para isso <strong>de</strong>fine seus interesses muito além da profissão ou <strong>do</strong> estatuto oficial” 22 .<br />

Para o alcance <strong>do</strong>s objetivos da presente dissertação utilizamos entre outras fontes<br />

o 1º Livro <strong>de</strong> classificação <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s a serem libertos pelo fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> emancipação<br />

<strong>do</strong> município <strong>de</strong> Vitória, <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1876 (conforme anexos 2 e 3), localiza<strong>do</strong> no<br />

Arquivo Geral <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Vitória (AGMV). A Lei <strong>do</strong> Ventre Livre, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong><br />

agosto 1871, além <strong>de</strong> libertar os filhos <strong>nas</strong>ci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mulheres escravas, entre outras<br />

disposições, criou o Fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> Emancipação <strong>de</strong> <strong>escravo</strong>s. O artigo 3º <strong>de</strong>ssa Lei é o<br />

seguinte:<br />

29<br />

Art. 3º: Serão anualmente liberta<strong>do</strong>s em cada província <strong>do</strong> Império tantos<br />

<strong>escravo</strong>s quantos correspon<strong>de</strong>rem à quota anualmente disponível <strong>do</strong> fun<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong> para a emancipação.<br />

§1º: O fun<strong>do</strong> da emancipação compõe-se:<br />

1º: Da taxa <strong>de</strong> <strong>escravo</strong>s.<br />

2º: Dos impostos gerais sobre transmissão <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s.<br />

3º: Do produto <strong>de</strong> seis loterias anuais, isentas <strong>de</strong> impostos, e da décima<br />

parte das que forem concedidas d’ora em diante para correrem na capital <strong>do</strong><br />

Império.<br />

4º: Das multas impostas em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta lei.<br />

21 SOARES, 1999, p.51.<br />

22 CERUTTI, Simona. A construção das categorias sociais. In: BOUTIER, Jean & JULIA, Dominique<br />

(Org.). Passa<strong>do</strong>s recompostos: campos e canteiros da história. Tradução: Marcella Mortara &<br />

Annamaria Skinner. Rio <strong>de</strong> Janeiro: FGV/UFRJ, [1988] 1995, pág.240.

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