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trabalho escravo nas Freguesias do Espírito - Programa de Pós ...

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autonomia se apresentavam como uma <strong>de</strong>svinculação <strong>do</strong> cativeiro relativizan<strong>do</strong> o<br />

significa<strong>do</strong> da escravidão e da liberda<strong>de</strong>.<br />

O final da escravidão, segun<strong>do</strong> Mattos, além <strong>de</strong> representar <strong>de</strong>terminações políticas<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Imperial tomadas <strong>de</strong> cima para baixo, foi fruto, também, da luta cotidiana<br />

<strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s, a qual forçou mudanças jurídicas por parte <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r instituí<strong>do</strong>, como a<br />

Lei <strong>do</strong> Ventre Livre <strong>de</strong> 1871. As <strong>de</strong>terminações legais, junto com a reivindicação<br />

diária por parte <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s <strong>de</strong>struíram, aos poucos, as bases que sustentavam o<br />

regime escravista.<br />

Concordamos, seguin<strong>do</strong> os caminhos sugeri<strong>do</strong>s por Sidney Chalhoub e Hebe Maria<br />

Mattos, com a busca por uma história multifacetada fugin<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e conceitos<br />

pré-supostos. Uma história <strong>do</strong> cotidiano <strong>escravo</strong> e <strong>de</strong> suas relações sociais, dan<strong>do</strong><br />

nova configuração ao individual e ao coletivo. Além <strong>do</strong> <strong>escravo</strong> passivo ou ativo,<br />

vítima ou herói, o que <strong>de</strong>ve ser busca<strong>do</strong>, no contato exaustivo com as fontes<br />

históricas, são os diversos processos realiza<strong>do</strong>s por eles para a obtenção <strong>de</strong><br />

autonomia e liberda<strong>de</strong>.<br />

Esses novos caminhos trilha<strong>do</strong>s pelos estu<strong>do</strong>s sobre a escravidão <strong>de</strong>monstraram<br />

que <strong>de</strong>ntro das intricadas teias <strong>de</strong> relações sociais, <strong>nas</strong> quais os <strong>escravo</strong>s eram<br />

absorvi<strong>do</strong>s no seu dia-a-dia, uma se <strong>de</strong>stacava, a familiar e seu <strong>de</strong>svendamento<br />

<strong>de</strong>scortinou um novo enfoque para os estudiosos da escravidão. Com a utilização <strong>do</strong><br />

instrumental <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>mografia histórica, tornou-se possível esmiuçar um<br />

novo conjunto <strong>de</strong> fontes que revelaram muitas nuances sobre os casamentos, as<br />

relações familiares e <strong>de</strong> parentesco <strong>escravo</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar como exemplo a obra <strong>de</strong> Manolo Florentino & José Roberto<br />

Góes, A Paz das Senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico 68 , <strong>de</strong> 1997. Nessa<br />

obra os autores analisaram como a formação e manutenção <strong>de</strong> famílias escravas<br />

trazia a paz para os senhores e suas senzalas ao criar laços <strong>de</strong> pertencimento e<br />

comprometimento entre os <strong>escravo</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, os cativos podiam usufruir <strong>de</strong><br />

uma renda política <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong>ssas relações <strong>de</strong> parentesco que ampliavam seus<br />

horizontes sociais e até econômicos.<br />

68 FLORENTINO, Manolo & GÓES, José R. A paz das senzalas: famílias escravas e tráfico atlântico,<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, c.1790-c 1850. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.<br />

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