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trabalho escravo nas Freguesias do Espírito - Programa de Pós ...

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eifica<strong>do</strong> e nem mitifica<strong>do</strong>” 59 . A negociação levada a um bom termo beneficiava<br />

tanto senhores como cativos. Por outro la<strong>do</strong>, a ruptura po<strong>de</strong>ria surgir em<br />

conseqüência <strong>de</strong> uma má negociação ou mesmo da falta <strong>de</strong>la. Não obstante, os<br />

autores negaram enfaticamente a existência <strong>de</strong> relações harmoniosas entre <strong>escravo</strong><br />

e senhor, ape<strong>nas</strong> sugerin<strong>do</strong> que “ao la<strong>do</strong> da sempre presente violência, havia um<br />

espaço social que se tecia tanto <strong>de</strong> barganhas quanto <strong>de</strong> conflitos” 60 . Os autores,<br />

portanto, não conseguiram se <strong>de</strong>svencilhar <strong>de</strong> pré-suposições sobre a escravidão já<br />

estabelecidas pela historiografia, que privilegiava o aspecto violento da escravidão,<br />

sempre cruel e <strong>de</strong>sumano.<br />

Os esforços para a compreensão da escravidão brasileira continuaram avançan<strong>do</strong>.<br />

Em 1989, Sidney Chalhoub intencionou enfatizar, em seu <strong>trabalho</strong> Visões da<br />

Liberda<strong>de</strong> 61 , um fazer histórico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das lutas <strong>do</strong>s próprios agentes sociais,<br />

buscan<strong>do</strong> “recuperar a in<strong>de</strong>terminação, a imprevisibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s acontecimentos” 62 .<br />

Ele investigou o senti<strong>do</strong> que as próprias personagens históricas atribuíam às suas<br />

lutas. Usan<strong>do</strong> a análise <strong>de</strong> indícios, conforme preconiza<strong>do</strong> por Ginzburg, o<br />

autorapontou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se atentar para a existência <strong>de</strong> várias formas <strong>de</strong><br />

lutas em torno <strong>de</strong> diferentes visões e <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. 63 O significa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> teria se forja<strong>do</strong> na experiência individual <strong>do</strong> cativeiro. Os <strong>escravo</strong>s, com<br />

visões próprias sobre a escravidão, influenciaram as transações <strong>de</strong> compra e venda<br />

e a transformação <strong>de</strong> costumes em Leis, como o direito ao pecúlio e à alforria por<br />

in<strong>de</strong>nização <strong>de</strong> preço, ambos regulamenta<strong>do</strong>s pela Lei <strong>do</strong> Ventre Livre <strong>de</strong> 1871, e<br />

finalmente, contribuíram <strong>de</strong>cisivamente, <strong>nas</strong> últimas décadas da escravidão, atuan<strong>do</strong><br />

no <strong>de</strong>smanche da instituição escravista. Chalhoub <strong>de</strong>clara ainda que seu objetivo<br />

principal foi tentar recuperar aspectos <strong>de</strong> experiência <strong>do</strong>s <strong>escravo</strong>s na Corte,<br />

conforme suas maneiras <strong>de</strong> pensar o mun<strong>do</strong> e atuar nele. Para tanto, o autor<br />

<strong>trabalho</strong>u basicamente no “campo da interpretação <strong>de</strong> interpretações: o importante<br />

era perceber o que os diferentes sujeitos históricos entendiam por escravidão e<br />

59 MATTOSO, 1982, p. 8.<br />

60 REIS & SILVA, 1989, p. 7.<br />

61 CHALHOUB, 1990.<br />

62 CHALHOUB, 1990, p. 20.<br />

63 CHALHOUB, 1990, p. 16.<br />

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