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Edição dia 18 de Março de 2012. Domingo

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<strong>Edição</strong> <strong>dia</strong> <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> <strong>2012.</strong> <strong>Domingo</strong>


Índice<br />

<strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

Correio Braziliense/DF - Cida<strong>de</strong>s<br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Caso Villela terá mais uma audiência<br />

Correio Braziliense/DF - Brasília-DF<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Brasília-DF<br />

Correio Braziliense/DF - Brasil<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Fe<strong>de</strong>ral<br />

Executivos da Chevron não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar o país<br />

Correio Braziliense/DF - Política<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

Mais um incêndio para apagar<br />

Correio Braziliense/DF - Política<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

Nova regra na eleição<br />

Correio Braziliense/DF - Trabalho & Formação Profissional<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Agora é hora <strong>de</strong> escrever<br />

Correio Braziliense/DF - Ari Cunha - Visto, Lido e Ouvido<br />

Ari Cunha<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Cida<strong>de</strong>s<br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Harmonia em nome dos filhos<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Segurança<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

Audiência continua <strong>dia</strong> 30<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Brasil<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Impedidos <strong>de</strong> sair<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - MARGRIT SCHMIDT<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Caranguejos eleitorais<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Cassada liminar que suspen<strong>dia</strong> concurso<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Economia<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

R$ 12 milhões negociados<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Falhas no sistema<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

6<br />

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CONSTITUIÇÃO FEDERAL<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

SEM DIPLOMA, SEM CARGO<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Coluna Cláudio Humberto<br />

CLÁUDIO HUMBERTO<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Ribeirão<br />

JUDICIÁRIO | Justiça do Trabalho<br />

Prefeitura <strong>de</strong> Pontal é con<strong>de</strong>nada e terá <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar fiscal<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Po<strong>de</strong>r<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Ministro foi alertado <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong>s, diz advogado<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Po<strong>de</strong>r<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Justiça proíbe executivos <strong>de</strong> petroleira <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o país<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Po<strong>de</strong>r<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Kassab afirma que não existe ilegalida<strong>de</strong> no caso Controlar<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Capa<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Fe<strong>de</strong>ral<br />

Juiz proíbe executivos <strong>de</strong> petroleira <strong>de</strong> sair do país<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Painel<br />

Painel<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Mônica Bergamo<br />

Mônica Bergamo<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Capa<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

NOTAS & INFORMAÇÕES<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Nacional<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

ENTREVISTA: Miguel Reale Junior, ex-ministro da Justiça e professor titular <strong>de</strong> Direito<br />

Penal da USP<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Aliás<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

O que passou<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Aliás<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

O gambito chileno<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Aliás<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Curió arquivado<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Metrópole<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Ruas <strong>de</strong> SP agora são da ‘geração pós-shopping’<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Direto Da Fonte<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Dura, a jornada<br />

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O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Vida &<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Eleitoral<br />

Executivos <strong>de</strong> petroleiras são retidos<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Vida &<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Petrobrás po<strong>de</strong> pagar apenas 3% <strong>de</strong> multa<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Economia<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Governo põe Eletrobrás para salvar empresas<br />

O Globo/RJ - Capa<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Fe<strong>de</strong>ral<br />

Justiça proíbe executivos da Chevron <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o país<br />

O Globo/RJ - Frases da Semana<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

FRASES DA SEMANA<br />

O Globo/RJ - Dos Leitores<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

NA INTERNET E NO CELULAR<br />

O Globo/RJ - Economia<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Executivos da Chevron proibidos <strong>de</strong> sair do país<br />

O Globo/RJ - Editorial<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

MAIS PAÍS HOJE NA INTERNET<br />

O Globo/RJ - Economia<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

DEFESA DO CONSUMIDOR<br />

O Globo/RJ - Rio<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

TCE conta com verba secreta <strong>de</strong> R$ 4 milhões<br />

O Globo/RJ - Panorama Político<br />

PANORAMA POLÍTICO<br />

O Globo/RJ - Rio<br />

ANCELMO GOIS<br />

Índice Remissivo por Assunto<br />

58<br />

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Correio Braziliense/DF


Correio Braziliense/DF - Cida<strong>de</strong>s, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Caso Villela terá mais uma audiência<br />

Adriana Villela e Leonardo Campos Alves<br />

<strong>de</strong>põem durante 16 horas no Tribunal do Júri <strong>de</strong><br />

Brasília. Assim, a<strong>dia</strong>m para o fim do mês os<br />

esclarecimentos dos outros dois réus<br />

» SAULO ARAÚJO<br />

O futuro <strong>de</strong> Adriana Villela e <strong>de</strong> outros três réus no<br />

processo que investiga o crime da 113 Sul será<br />

<strong>de</strong>cidido no próximo <strong>dia</strong> 30, quando a Justiça<br />

<strong>de</strong>finirá se os acusados pelo triplo assassinato<br />

serão submetidos a júri popular (leia Para saber<br />

mais). Uma nova data para a continuação da<br />

décima audiência <strong>de</strong> instrução teve <strong>de</strong> ser marcada<br />

porque os <strong>de</strong>poimentos prestados pela arquiteta e<br />

por Leonardo Campos Alves no Tribunal do Júri<br />

<strong>de</strong> Brasília consumiram mais <strong>de</strong> 16 horas na<br />

sexta-feira.<br />

Cansados, os representantes da <strong>de</strong>fesa e da<br />

acusação entraram num acordo e suspen<strong>de</strong>ram a<br />

sessão, que começou às 10h e terminou por volta<br />

das 2h <strong>de</strong> ontem. Assim, os esclarecimentos <strong>de</strong><br />

Paulo Cardoso Santana e Francisco Mairlon<br />

Barros, os outros dois réus <strong>de</strong>nunciados no caso,<br />

acabaram transferidos para o fim do mês —<br />

estavam previstos para serem ouvidos no mesmo<br />

<strong>dia</strong> <strong>de</strong> Adriana e <strong>de</strong> Leonardo. Por volta da 1h <strong>de</strong><br />

ontem, o ex-porteiro do Bloco C da 113 Sul, local<br />

da morte <strong>de</strong> José Guilherme e Maria Villela e da<br />

empregada da família, Francisca Nascimento da<br />

Silva, ainda se <strong>de</strong>fen<strong>dia</strong> em plenário. Antes,<br />

Adriana havia falado por mais <strong>de</strong> oito horas (leia<br />

quadro).<br />

A sexta-feira ficou marcada pelo <strong>de</strong>poimento da<br />

filha dos Villelas, que se mostrou ora tranquila, ora<br />

nervosa. O representante do Ministério Público<br />

do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e Territórios (MPDFT), o<br />

promotor Maurício Miranda, quis saber <strong>de</strong>talhes<br />

das supostas discussões que ela tinha com a mãe<br />

por conta <strong>de</strong> dinheiro. Ele, inclusive, citou uma<br />

carta escrita por Maria Villela, na qual ela relata<br />

<strong>de</strong>savenças por questões financeiras. Adriana<br />

negou qualquer problema <strong>de</strong> relacionamento. “Aos<br />

14 anos, as brigas com a minha mãe começaram<br />

porque pensávamos diferente. Nunca fomos<br />

inimigas”, afirmou.<br />

Outro assunto polêmico discutido no Tribunal do<br />

Júri foi o laudo apresentado pela <strong>de</strong>fesa durante a<br />

nona audiência <strong>de</strong> instrução, no mês passado. O<br />

documento causou um mal-estar na Polícia Civil do<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral, pois um exame do Instituto <strong>de</strong><br />

Criminalística (IC) questionou o resultado<br />

elaborado pelo Instituto <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ntificação (II), em<br />

2010. Há dois anos, os peritos do II divulgaram ter<br />

encontrado impressões da palmar <strong>de</strong> Adriana em<br />

um dos armários da casa.<br />

Segundo a análise, os fragmentos teriam sido<br />

<strong>de</strong>ixados em data posterior àquela indicada pela<br />

acusada durante a fase <strong>de</strong> investigação. Mas, <strong>de</strong><br />

acordo com os técnicos do IC, não é possível<br />

<strong>de</strong>terminar tal data com tamanha precisão. “Não<br />

duvido que (as digitais) tenham sido transferidas<br />

pela Corvida dolosamente, numa tentativa<br />

<strong>de</strong>liberada <strong>de</strong> produzir provas contra mim. Eles<br />

agiram como um CSI pastelão”, ironizou a<br />

arquiteta.<br />

Dinâmica<br />

O <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Leonardo Alves teve início por<br />

volta das 19h. Além <strong>de</strong> alegar ter sido torturado<br />

para assumir a culpa pelo triplo homicídio, ele<br />

mudou a versão sobre a sua suposta participação e<br />

negou ter cometido a barbárie, em 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

2009. Ele também disse que a polícia o obrigou a<br />

indicar Adriana como a mandante do crime. “Tudo<br />

(o que eu confessei) foi falso. Falei por causa do<br />

terror que estavam fazendo comigo. Eles (os<br />

investigadores) colocavam um saco na minha<br />

cabeça, davam murro na minha cabeça e até<br />

atiraram perto do meu ouvido.”<br />

A <strong>de</strong>fesa da arquiteta, no entanto, apresentou um<br />

ví<strong>de</strong>o, gravado um <strong>dia</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ele ser preso, em<br />

Montes Claros (MG), no qual o ex-porteiro assume<br />

a autoria dos assassinatos e isenta a acusada <strong>de</strong><br />

qualquer responsabilida<strong>de</strong>.<br />

O advogado <strong>de</strong> Adriana, Antônio Carlos Almeida,<br />

também tentou convencer o presi<strong>de</strong>nte do Tribunal<br />

do Júri <strong>de</strong> Brasília, juiz Fábio Francisco Esteves,<br />

<strong>de</strong> que Leonardo esteve no apartamento dos<br />

Villelas no <strong>dia</strong> dos assassinatos. Segundo o<br />

<strong>de</strong>fensor, o réu tinha pleno conhecimento da<br />

dinâmica dos assassinatos e, em algumas<br />

ocasiões, narrou <strong>de</strong>talhes da casa da família, como<br />

a existência <strong>de</strong> três caixas <strong>de</strong> uísque com dólares e<br />

a precisa localização do closet. “Para quem não<br />

participou do crime e <strong>de</strong>u <strong>de</strong>poimentos (à Corvida e<br />

à 8ª Delegacia <strong>de</strong> Polícia), contando <strong>de</strong>talhes do<br />

apartamento, o senhor <strong>de</strong>veria jogar na Mega Sena<br />

toda semana, pois não erraria um <strong>dia</strong>. São fatos<br />

que só quem estava no local po<strong>de</strong> dizer”, afirmou.<br />

A advogada <strong>de</strong> Francisco Mairlon, Júlia Solange <strong>de</strong><br />

Oliveira, acredita que o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Leonardo<br />

ajuda a <strong>de</strong>struir a tese que coloca o seu cliente<br />

como comparsa. “O Leonardo <strong>de</strong>ixou claro que<br />

6


incluiu o nome do Francisco <strong>de</strong> forma aleatória,<br />

pois estava sendo pressionado pela polícia. O meu<br />

cliente nunca confessou nada e nunca vai<br />

confessar, simplesmente porque não tem<br />

envolvimento nenhum com esse crime”, disse.<br />

Colaborou Roberta Machado<br />

Depoimentos<br />

Adriana Villela<br />

A filha mais velha do casal assassinado em 2009<br />

<strong>de</strong>pôs por mais <strong>de</strong> oito horas no Tribunal do Júri<br />

<strong>de</strong> Brasília. Ela usou boa parte do tempo para<br />

<strong>de</strong>squalificar as investigações da Polícia Civil do<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral, em especial o trabalho feito pela<br />

<strong>de</strong>legada Mabel <strong>de</strong> Faria, que até o ano passado<br />

chefiava a Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> Crimes<br />

Contra a Vida (Corvida).<br />

Numa das acusações mais graves contra Mabel,<br />

hoje chefe da 3ª Delegacia <strong>de</strong> Polícia (Cruzeiro),<br />

Adriana disse suspeitar que as suas impressões<br />

digitais encontradas no apartamento dos pais<br />

foram transferidas <strong>de</strong> local propositadamente,<br />

numa tentativa <strong>de</strong>liberada <strong>de</strong> produzir provas<br />

falsas. Adriana ainda relatou que os <strong>de</strong>poimentos<br />

<strong>de</strong>la prestados na Corvida eram sempre induzidos<br />

e rechaçou qualquer briga mais séria com a mãe<br />

por conta <strong>de</strong> dinheiro. “Nunca fomos inimigas”,<br />

garantiu.<br />

Por mais <strong>de</strong> uma vez, ela bateu boca com os<br />

promotores e gritou no tribunal. Num dos<br />

momentos mais tensos, a arquiteta insultou o<br />

promotor Pedro Calmon, assistente da acusação.<br />

Ele disse que era amigo <strong>de</strong> longa data <strong>de</strong> José<br />

Guilherme Villela, o que irritou a ré. “O senhor<br />

sustenta mentiras nesse tribunal. O senhor nunca<br />

esteve na minha casa, nem nunca foi amigo do<br />

meu pai. É um absurdo o que o senhor está<br />

tentando provocar aqui”, disparou.<br />

Leonardo Campos Alves<br />

O ex-porteiro do bloco on<strong>de</strong> o casal Villela e a<br />

empregada da casa foram executados brutalmente,<br />

mais uma vez, mudou a versão para a sua suposta<br />

participação no triplo assassinato. Das 19h até por<br />

volta da 1h, ele disse que só confessou o crime<br />

porque foi espancado por agentes da 8ª DP (SIA),<br />

que o pren<strong>de</strong>ram em Minas Gerais.<br />

O principal suspeito <strong>de</strong> cometer o crime também<br />

alegou que a <strong>de</strong>legada Mabel <strong>de</strong> Faria dava<br />

garantias <strong>de</strong> reduzir a sua pena, caso ele indicasse<br />

Adriana Villela como mandante. Leonadro alegou<br />

que só apontou o sobrinho Paulo Cardoso e<br />

Francisco Mairlon por insistência dos policiais.<br />

Correio Braziliense/DF - Cida<strong>de</strong>s, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

“Eles me batiam muito para eu dizer quem eram os<br />

comparsas. Falei o nome dos dois para parar <strong>de</strong><br />

viver aquele terror, mas não matei ninguém, nem<br />

sei quem matou”, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u-se.<br />

Assim como Adriana, ele reclamou que sempre era<br />

muito pressionado quando prestava <strong>de</strong>poimento na<br />

Corvida. “Eu não fui instruído, não tive um<br />

acompanhamento <strong>de</strong> um advogado. Sempre<br />

respon<strong>dia</strong> às perguntas conforme eles<br />

perguntavam. Muitas vezes nem sabia que se<br />

tratava <strong>de</strong> um <strong>de</strong>poimento.”<br />

PARA SABER MAIS » Júri popular sob<br />

avaliação<br />

A décima audiência <strong>de</strong> instrução sobre o crime da<br />

113 Sul, que será retomada no próximo <strong>dia</strong> 30,<br />

<strong>de</strong>fine se os quatro réus vão a júri popular. O<br />

presi<strong>de</strong>nte do Tribunal do Júri <strong>de</strong> Brasília, Fábio<br />

Esteves, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estudar os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong><br />

todos os suspeitos, abrirá um prazo para alegações<br />

finais da <strong>de</strong>fesa e da acusação, o que <strong>de</strong>ve ser<br />

feito em um mês. Depois disso, o magistrado<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> se Adriana Villela, Leonardo Campos Alves,<br />

Paulo Cardoso e Franscisco Mairlon serão julgados<br />

por pessoas comuns da socieda<strong>de</strong>.<br />

7


por Luiz Carlos Azedo<br />

luizazedo.df@dabr.com.br<br />

Anistia<br />

A discussão sobre o alcance da Lei <strong>de</strong> Anistia está<br />

na pauta <strong>de</strong> quinta-feira do Supremo Tribunal<br />

Fe<strong>de</strong>ral (STF). Será julgado um recurso da Or<strong>de</strong>m<br />

dos Advogados do Brasil (OAB) contra a <strong>de</strong>cisão<br />

da Corte que, em 2010, confirmou a anistia àqueles<br />

que cometerem crimes políticos no período da<br />

ditadura militar.<br />

O bambolê <strong>de</strong> Dilma<br />

Quais foram os reais objetivos da presi<strong>de</strong>nte Dilma<br />

Rousseff ao substituir seus lí<strong>de</strong>res na Câmara e no<br />

Senado, correndo risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarticular o eixo <strong>de</strong><br />

sustentação <strong>de</strong> seu governo no Congresso? No<br />

curto prazo, foi um chega pra lá nos aliados. Um<br />

recado <strong>de</strong> que não preten<strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r às chantagens,<br />

nem aceitar o toma lá da cá dos partidos da base.<br />

O lance, porém, foi mais estratégico: mira o<br />

comando das duas Casas no ano <strong>de</strong> sua<br />

campanha à reeleição.<br />

» » »<br />

No Senado, a indicação <strong>de</strong> Eduardo Braga<br />

(PMDB-AM) para a li<strong>de</strong>rança do governo teve o<br />

propósito <strong>de</strong> inviabilizar a eleição do lí<strong>de</strong>r do<br />

PMDB, Renan Calheiros (AL), para a Presidência<br />

da Casa. O candidato <strong>de</strong> Dilma é o ministro <strong>de</strong><br />

Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), aliado<br />

histórico <strong>de</strong> José Sarney, que <strong>de</strong>ixará o cargo.<br />

Como o jogo é jogado, a disputa pelo comando do<br />

Senado foi antecipada e Lobão já enfrenta forte<br />

oposição.<br />

» » »<br />

Na Câmara, a cartada <strong>de</strong> Dilma foi mais arriscada<br />

ainda. O novo lí<strong>de</strong>r do governo, Arlindo Chinaglia<br />

(PT-SP), dificilmente romperá o acordo do PT com<br />

o PMDB para se revezarem no comando da Casa.<br />

Afinal, foi primeiro beneficiado pelo pacto dos dois<br />

partidos. Porém, o Palácio do Planalto não<br />

endossa a candidatura do lí<strong>de</strong>r do PMDB, Henrique<br />

Eduardo Alves (RN), para a Presidência da<br />

Câmara. Dilma não esqueceu o bambolê que<br />

recebeu do peeme<strong>de</strong>bista logo que sua<br />

candidatura a presi<strong>de</strong>nte da República foi<br />

oficializada. Prefere um aliado mais confiável no<br />

comando da Casa.<br />

Correio Braziliense/DF - Brasília-DF, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Brasília-DF<br />

Calma<br />

A crise na base do governo no Congresso é<br />

resultado das mudanças na equipe <strong>de</strong> Dilma<br />

Rousseff no fim do ano passado. Após as eleições<br />

municipais, a base será rearticulada <strong>de</strong> forma<br />

robusta, ou seja, a partir <strong>de</strong> uma reforma<br />

ministerial.<br />

Escolha<br />

Ex-ministro dos Transportes, o senador Alfredo<br />

Nascimento (PR-AM) foi mesmo jogado ao mar. O<br />

Palácio do Planalto fez uma opção <strong>de</strong>finitiva por<br />

Eduardo Braga, PMDB-AM, novo lí<strong>de</strong>r do governo<br />

no Senado, como aliado principal no Amazonas.<br />

Nascimento (foto) é consi<strong>de</strong>rado uma estrela<br />

ca<strong>de</strong>nte no estado. Seu mandato precisa ser<br />

renovado em 2014.<br />

Leão<br />

A Receita Fe<strong>de</strong>ral espera receber, até 30 <strong>de</strong> abril,<br />

as <strong>de</strong>clarações do Imposto <strong>de</strong> Renda da Pessoa<br />

Física (IRPF) 2012, ano-base 2011, <strong>de</strong> 25 milhões<br />

<strong>de</strong> contribuintes<br />

Audiência<br />

A presi<strong>de</strong>nte Dilma Rousseff receberá amanhã o<br />

governador <strong>de</strong> Roraima, José <strong>de</strong> Anchieta, para<br />

discutir a situação das obras fe<strong>de</strong>rais no estado. O<br />

ex-lí<strong>de</strong>r do governo no Senado Romero Jucá<br />

(PMDB-RR) e o vice-lí<strong>de</strong>r do governo na Câmara<br />

Luciano Castro (PR-RR) participarão do encontro.<br />

Telefonia<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia,<br />

o <strong>de</strong>putado Eduardo Azeredo (PSDB-MG) convidou<br />

o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo,<br />

para uma audiência pública sobre telefonia. “Os<br />

consumidores protestam. As ligações caem o<br />

tempo todo e quem usa aparelhos pré-pagos gasta<br />

muito. Os serviços pioraram no Brasil”, justifica.<br />

Será terça-feira, às 14h, na Câmara.<br />

Clan<strong>de</strong>stino<br />

Bateu um <strong>de</strong>sespero na bancada do PSD no<br />

Congresso <strong>de</strong>pois que os lí<strong>de</strong>res dos <strong>de</strong>mais<br />

partidos na Câmara <strong>de</strong>ixaram a legenda fora das<br />

comissões permanentes da Casa. Agora, o prefeito<br />

<strong>de</strong> São Paulo, Gilberto Kassab (foto), teme que o<br />

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) <strong>de</strong>cida excluir a<br />

legenda da partilha do tempo <strong>de</strong> tevê e do fundo<br />

8


partidário. Sem acesso à telinha, nem recursos<br />

financeiros, o partido do audacioso político paulista<br />

entrará em liquidação.<br />

Caravana<br />

Para sair da sombra e reunir argumentos contra o<br />

governo, a oposição planeja percorrer o país<br />

divulgando os “fracassos” do Programa <strong>de</strong><br />

Aceleração do Crescimento (PAC). Uma comissão<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>putados fará uma visita ao trecho da<br />

transposição do Rio São Francisco em Mauriti<br />

(CE), na próxima sexta-feira. “Enquanto o governo<br />

faz propaganda do que lhe convém, cabe à<br />

oposição fiscalizar o andamento das ações que<br />

interessam ao país”, argumenta o lí<strong>de</strong>r tucano na<br />

Câmara, Bruno Araújo (PE).<br />

Correio Braziliense/DF - Brasília-DF, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Tem jogo<br />

O governador pernambucano, Eduardo Campos<br />

(PSB), e o senador Armando Monteiro (PTB-PE)<br />

cruzaram os <strong>de</strong>dos. Torcem para que o PT escolha<br />

como candidato a prefeito do Recife o ex-<strong>de</strong>putado<br />

Maurício Rands, que hoje faz parte da equipe <strong>de</strong><br />

governo <strong>de</strong> Pernambuco. É o nome mais capaz <strong>de</strong><br />

manter a aliança do PSB e do PTB com o PT na<br />

capital. A candidatura do prefeito João da Costa à<br />

reeleição implo<strong>de</strong> a aliança<br />

9


Correio Braziliense/DF - Brasil, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Fe<strong>de</strong>ral<br />

Executivos da Chevron não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar o país<br />

DEU no www.correiobraziliense.com.br<br />

A Justiça Fe<strong>de</strong>ral no Rio <strong>de</strong>cidiu que 17<br />

executivos da Chevron não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar o país<br />

sem autorização prévia, entre eles o presi<strong>de</strong>nte da<br />

empresa, George Buck (foto). Todos eles foram<br />

indiciados pelo vazamento <strong>de</strong> óleo no Campo do<br />

Fra<strong>de</strong>, na Bacia <strong>de</strong> Campos, em novembro do ano<br />

passado. Segundo o juiz Vlamir Costa Magalhães,<br />

ainda há indícios <strong>de</strong> novos aci<strong>de</strong>ntes no local,<br />

como uma mancha <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1km<br />

observada na área que estava sendo operada pela<br />

empresa Chevron, a 130km da costa. Em nota<br />

conjunta com a Agência Nacional <strong>de</strong> Petróleo<br />

(ANP) e o Ibama, a Marinha informou que um<br />

inspetor naval sobrevoou a região e avistou uma<br />

“tênue mancha”. O comunicado, divulgado ontem,<br />

afirma que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>dia</strong> 4 <strong>de</strong> março, não havia<br />

<strong>de</strong>tectado nenhum indício <strong>de</strong> petróleo no mar. A<br />

mancha <strong>de</strong>scoberta na semana passada fica a 3km<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> houve o vazamento, em novembro do ano<br />

passado.<br />

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Correio Braziliense/DF - Política, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

Mais um incêndio para apagar<br />

ARLINDO CHINAGLIA » Com o cacife <strong>de</strong> ter<br />

li<strong>de</strong>rado o governo na Câmara durante o auge<br />

do mensalão, Chinaglia volta ao cargo para<br />

<strong>de</strong>belar uma nova crise<br />

Consi<strong>de</strong>rado truculento e com mania <strong>de</strong><br />

perseguição, Chinaglia soube se manter influente<br />

entre petistas<br />

O <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Arlindo Chinaglia (PT-SP)<br />

voltou agora a um cargo — lí<strong>de</strong>r do governo na<br />

Câmara — que já ocupou nos difíceis anos <strong>de</strong><br />

2005 a 2007, auge da crise do mensalão no<br />

governo do ex-presi<strong>de</strong>nte Lula. Embora mais<br />

amenos, os tempos também não são fáceis para<br />

quem exerce o cargo <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r.<br />

Chinaglia assume a função às portas <strong>de</strong> uma nova<br />

rebelião da base aliada, <strong>de</strong>sta vez no governo<br />

Dilma Rousseff. Entre um período e outro, foi<br />

presi<strong>de</strong>nte da Câmara, com o apoio do PMDB,<br />

mesma legenda com a qual volta e meia troca<br />

farpas, e lutou com afinco para indicar nomes para<br />

cargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque. Voltou a mostrar influência ao<br />

articular a eleição do atual presi<strong>de</strong>nte da Câmara,<br />

Marco Maia (PT-RS), e a eleição do atual lí<strong>de</strong>r do<br />

PT na Casa, Jilmar Tatto (SP). Mas sua volta ao<br />

cargo <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r não foi unanimida<strong>de</strong> no Planalto.<br />

“Chinaglia é ambicioso e vaidoso, isso po<strong>de</strong><br />

atrapalhar na tarefa <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r do governo”, admitiu<br />

um interlocutor palaciano.<br />

Chinaglia reúne, segundo admiradores e <strong>de</strong>safetos,<br />

duas características marcantes na política: é duro<br />

na hora da negociação e, não raras vezes, é<br />

acusado <strong>de</strong> truculência. Por outro lado, é<br />

conhecido por cumprir os acordos que fecha.<br />

Quebra o pau, estica a corda ao extremo, mas,<br />

uma vez encerrada a negociação, cumpre o<br />

acertado.<br />

Médico, Chinaglia <strong>de</strong>stacou-se como presi<strong>de</strong>nte do<br />

sindicato da categoria em São Paulo durante a<br />

ditadura militar. Na época, rivalizou com outro<br />

petista, Eduardo Jorge, hoje no PV. Embora tenha<br />

sobressaído nas discussões sobre saú<strong>de</strong> pública<br />

no partido, foi Eduardo Jorge quem herdou a marca<br />

<strong>de</strong> ter sido o político que implantou o SUS.<br />

Quando é <strong>de</strong>rrotado, Chinaglia também sabe dar o<br />

troco. Em 2004, acabara <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a li<strong>de</strong>rança do<br />

PT na Câmara e disputou, sem sucesso, a<br />

pré-candidatura à presidência da Câmara. Foi<br />

atropelado por Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP),<br />

mas confi<strong>de</strong>nciou a um amigo que “faria <strong>de</strong> tudo<br />

para continuar em evidência”. Vingou-se <strong>de</strong> Lula<br />

em 2007, quando fez o ex-presi<strong>de</strong>nte retirar o<br />

apoio incondicional à reeleição <strong>de</strong> Aldo Rebelo<br />

(PCdoB-SP) para a presidência da Câmara e<br />

costurou, com o auxílio do então ministro da<br />

Justiça, Tarso Genro, um acordo político com o<br />

PMDB para que as duas legendas se revezassem<br />

no comando da Casa. Acordo que, agora, sonha<br />

que se dilua pelos corredores do Congresso.<br />

Para ter mais facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trânsito interno no<br />

partido, Chinaglia integra uma corrente pequena na<br />

legenda, o Movimento PT. É amigo <strong>de</strong> José Dirceu,<br />

mas não o segue <strong>de</strong> maneira cega. Dialoga bem<br />

com setores da Construindo um Novo Brasil,<br />

corrente majoritária no partido. E já foi muito<br />

próximo da senadora e ex-prefeita <strong>de</strong> São Paulo,<br />

Marta Suplicy.<br />

Quando <strong>de</strong>ixou a presidência da Câmara, lutou<br />

para ser ministro <strong>de</strong> Lula ou <strong>de</strong> Dilma. Por ser<br />

médico, queria o Ministério da Saú<strong>de</strong>, mas o<br />

convite nunca veio. “Ele é esquizofrênico e tem<br />

mania <strong>de</strong> perseguição, nunca vi nada igual”, disse<br />

um dos seus vários <strong>de</strong>safetos. “Isso é inveja.<br />

Quero ver se quem falou isso foi, alguma vez, o<br />

primeiro aluno da classe”, rebate Chinaglia.<br />

Ao ver minguarem as chances <strong>de</strong> chegar ao<br />

ministério, candidatou-se novamente para disputar<br />

a pré-candidatura da presidência da Câmara, mas,<br />

quando viu que não teria votos suficientes para<br />

vencer, articulou o apoio a Marco Maia (PT-RS),<br />

frustrando os planos <strong>de</strong> Cândido Vaccarezza <strong>de</strong><br />

presidir a Casa. Depois, nova articulação interna<br />

garantiu a presidência da Comissão <strong>de</strong><br />

Constituição e Justiça para o <strong>de</strong>putado Ricardo<br />

Berzoini (PT-SP) e a eleição <strong>de</strong> Jilmar Tatto<br />

(PT-SP) para a li<strong>de</strong>rança do PT.<br />

No fim do ano passado, Chinaglia foi indicado pelo<br />

partido para ser o relator da Comissão Mista <strong>de</strong><br />

Orçamento. Comprou a briga do Planalto e não <strong>de</strong>u<br />

reajuste para os servidores públicos fe<strong>de</strong>rais nem<br />

para os do Judiciário. Celebrou a sanção do<br />

Orçamento pela presi<strong>de</strong>nte Dilma sem cortes. “Os<br />

jornais disseram que eu po<strong>de</strong>ria causar problemas<br />

porque era ‘in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte’ <strong>de</strong>mais. Dilma não fez<br />

uma restrição ao meu relatório. Tá bom para<br />

você?”, provocou. O corintiano, dono <strong>de</strong> uma<br />

Belina 73 herdada do pai — que preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

para o filho — voltou a ser lí<strong>de</strong>r do governo em<br />

mais um momento crítico para o Planalto. E terá<br />

que controlar não só os insatisfeitos com Dilma,<br />

como também os ressentidos que per<strong>de</strong>ram<br />

espaço para ele. (Paulo <strong>de</strong> Tarso Lyra)<br />

11


Os jornais disseram que eu po<strong>de</strong>ria causar<br />

problemas porque era ‘in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte’ <strong>de</strong>mais.<br />

Dilma não fez uma restrição ao meu relatório. Tá<br />

bom para você?”<br />

Arlindo Chinaglia, lí<strong>de</strong>r do governo na Câmara<br />

Correio Braziliense/DF - Política, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

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Está para ser editada uma instrução do Tribunal<br />

Superior Eleitoral que vai fazer com que essas<br />

10 milhões <strong>de</strong> pessoas vivam suas primeiras<br />

eleições municipais com televisão<br />

sociólogo e presi<strong>de</strong>nte do instituto vox populi<br />

marcoscoimbra.df@dabr.com.br<br />

Cerca <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> eleitores brasileiros se<br />

preparam para viver, este ano, sua primeira eleição<br />

municipal mo<strong>de</strong>rna. Até 2008, a gran<strong>de</strong> maioria<br />

<strong>de</strong>les permanecia no passado.<br />

Não moram em pequenas cida<strong>de</strong>s do interior,<br />

perdidas em regiões remotas. Ao contrário. São<br />

vizinhos e em tudo iguais aos que resi<strong>de</strong>m nas<br />

metrópoles nacionais.<br />

Na verda<strong>de</strong>, em alguns casos, suas casas estão<br />

em ruas que começam na capital e alcançam os<br />

municípios on<strong>de</strong> votam. Não há fronteira ou<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> separação espacial.<br />

No entanto, quando chegam as eleições locais, é<br />

como se viajassem no tempo. Diferentemente do<br />

que acontece na época <strong>de</strong> escolher presi<strong>de</strong>nte,<br />

governador, senador ou <strong>de</strong>putado — quando são<br />

como os <strong>de</strong>mais brasileiros —, nesse período,<br />

retroce<strong>de</strong>m.<br />

São os cidadãos dos gran<strong>de</strong>s municípios — fora as<br />

capitais — que integram as regiões metropolitanas.<br />

Muitos são enormes e têm mais população que as<br />

capitais <strong>de</strong> diversos estados.<br />

No total, existem 25 municípios nessa condição<br />

com mais <strong>de</strong> 200 mil eleitores, o que quer dizer que<br />

po<strong>de</strong>rão ter um segundo turno na eleição <strong>de</strong><br />

prefeito. O maior número está na Gran<strong>de</strong> São<br />

Paulo, on<strong>de</strong> são nove. Outros seis fazem parte da<br />

Região Metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro. A seguir<br />

vem a Gran<strong>de</strong> Vitória, com três. As Regiões<br />

Metropolitanas <strong>de</strong> Belo Horizonte e Recife têm dois<br />

cada. Os três últimos estão em Goiás, no Pará e no<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />

Em nenhum <strong>de</strong>les, existe emissora <strong>de</strong> TV <strong>de</strong> sinal<br />

aberto. Por isso, nas eleições municipais, não<br />

existe campanha dos candidatos a prefeito ou<br />

vereador na televisão — nem programas eleitorais,<br />

nem inserções.<br />

Nessa época, seus moradores veem as emissões<br />

da capital. Sabem, provavelmente, mais a respeito<br />

dos que preten<strong>de</strong>m administrar a capital do que<br />

Correio Braziliense/DF - Política, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

Nova regra na eleição<br />

dos candidatos <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>.<br />

Os que aspiram a governá-las — ainda que<br />

disputem cargos em municípios com 800 mil<br />

eleitores, como Guarulhos, ou 650 mil, como São<br />

Gonçalo —, têm que fazer como os candidatos <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong>s pequenas: caminhadas, comícios (agora<br />

sem atrações musicais), visitas <strong>de</strong> casa em casa.<br />

Desnecessário dizer que alcançam uma parcela<br />

mínima do eleitorado.<br />

Tudo porque a se<strong>de</strong> das emissoras é na capital.<br />

Mesmo quando, como no Espírito Santo, ela é<br />

menor que duas cida<strong>de</strong>s vizinhas e tem quase o<br />

mesmo número <strong>de</strong> eleitores que a terceira: Vitória<br />

possui 251 mil eleitores, menos que Vila Velha —<br />

com 285 mil — e Serra — com 266 mil —, e perto<br />

<strong>de</strong> Cariacica — com 239 mil.<br />

Se não houvesse remédio, paciência. Mas há. E<br />

nasce no Judiciário.<br />

Está para ser editada uma Instrução do Tribunal<br />

Superior Eleitoral que vai fazer com que essas 10<br />

milhões <strong>de</strong> pessoas vivam suas primeiras eleições<br />

municipais com televisão.<br />

(A rigor, as maiores cida<strong>de</strong>s da Região<br />

Metropolitana do Rio já passaram pela experiência:<br />

na eleição <strong>de</strong> prefeito <strong>de</strong> 2008, por <strong>de</strong>cisão do TRE<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro, houve televisão. O que se<br />

<strong>de</strong>bate agora, no entanto, é mais amplo e<br />

institucionalizado.)<br />

A solução pensada é simples: se existem, por<br />

hipótese, seis emissoras na capital e seis<br />

municípios com mais <strong>de</strong> 200 mil eleitores no seu<br />

entorno, a <strong>de</strong> maior audiência transmite a<br />

programação eleitoral do maior; a segunda, a do<br />

segundo maior colégio e assim por <strong>dia</strong>nte. Antes<br />

do início do horário, os espectadores são avisados<br />

da emissora que transmite o programa <strong>de</strong> cada<br />

cida<strong>de</strong>.<br />

Para quem não gosta e não costuma ver os<br />

programas, tanto faz. Mas, para quem quer se<br />

informar a respeito dos candidatos, ótimo. O eleitor<br />

do Recife vê o <strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong> Jaboatão<br />

sintoniza o <strong>de</strong> lá e o <strong>de</strong> Olinda não é obrigado a<br />

assistir ao que não interessa.<br />

Não está claro, até agora, o que vai acontecer com<br />

as inserções. A mesma lógica prevalecerá? Como<br />

são o instrumento <strong>de</strong> propaganda eleitoral mais<br />

<strong>de</strong>cisivo, a resposta é crucial para a evolução das<br />

eleições em algumas cida<strong>de</strong>s.<br />

13


O certo, no entanto, é que estamos presenciando<br />

um avanço, originado no Judiciário.<br />

Ainda bem que o TSE não ficou à espera <strong>de</strong> que o<br />

Congresso incluísse a medida na prometida<br />

reforma política. O risco <strong>de</strong> que nunca viesse seria<br />

gran<strong>de</strong>.<br />

Correio Braziliense/DF - Política, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

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Correio Braziliense/DF - Trabalho & Formação Profissional, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

ADVOCACIA » Os aprovados na fase objetiva<br />

da OAB terão, daqui a uma semana, <strong>de</strong> provar<br />

seus conhecimentos por meio <strong>de</strong> questões<br />

dissertativas. É essencial saber dosar o tempo<br />

para não <strong>de</strong>ixar itens sem respostas<br />

A hora <strong>de</strong>cisiva do exame da Or<strong>de</strong>m dos<br />

Advogados do Brasil (OAB) está bem próxima. Na<br />

tar<strong>de</strong> do domingo que vem, 2 mil candidatos no<br />

Distrito Fe<strong>de</strong>ral vão prestar a segunda e última<br />

fase do teste para obtenção da licença profissional.<br />

Os aprovados na primeira prova, <strong>de</strong> múltipla<br />

escolha, agora precisarão redigir uma peça<br />

profissional, que vale cinco pontos, e respon<strong>de</strong>r a<br />

quatro questões em formato <strong>de</strong><br />

situações-problema, cada uma com nota máxima<br />

<strong>de</strong> 1,25. Essa etapa, que traz perguntas<br />

relacionadas à área do direito escolhida pelo<br />

avaliado, preten<strong>de</strong> analisar o <strong>de</strong>senvolvimento do<br />

raciocínio lógico e a capacida<strong>de</strong> argumentativa do<br />

futuro advogado. Então, a receita para alcançar a<br />

resposta dos gabaritos é não ter preguiça <strong>de</strong><br />

escrever.<br />

Esse é o momento <strong>de</strong> comprovar o conhecimento<br />

adquirido ao longo <strong>de</strong> cinco anos <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>. Por<br />

isso, a banca organizadora Fundação Getulio<br />

Vargas (FGV) espera que o candidato saiba<br />

contextualizar as situações e <strong>de</strong>monstre <strong>de</strong>streza<br />

ao trabalhar com as leis, principalmente na<br />

redação. “A prova não avalia a objetivida<strong>de</strong> na<br />

elaboração da peça. Se o examinador dá cinco<br />

páginas para resposta, ele espera que o candidato<br />

use-as”, aponta o professor <strong>de</strong> direito<br />

administrativo Alexandre Mazza, do LFG Cursos.<br />

De acordo com o docente, como o teste é extenso,<br />

é preciso saber dosar o tempo. Outra<br />

recomendação é não <strong>de</strong>ixar questões sem<br />

respostas, já que somente a nota da peça não<br />

garante a aprovação. “Às vezes, o examinador<br />

gosta muito da redação e busca nas respostas das<br />

situações-problemas condições para aumentar a<br />

nota do avaliado. Por isso, não <strong>de</strong>ixe nada em<br />

branco.”<br />

É preciso ter em mente também que a FGV cobra<br />

uma aplicação mais prática do direito. As questões<br />

abordam situações mais profissionais, do <strong>dia</strong> a <strong>dia</strong><br />

do advogado. Isso <strong>de</strong>ve ser levado em conta no<br />

momento <strong>de</strong> elaborar as respostas. Por isso, o<br />

futuro advogado <strong>de</strong>ve se ater aos pontos<br />

favoráveis ao suposto cliente. Colocar itens<br />

contrários à parte <strong>de</strong>fendida po<strong>de</strong> significar<br />

redução na pontuação.<br />

Agora é hora <strong>de</strong> escrever<br />

A elaboração <strong>de</strong> rascunhos também merece<br />

atenção. O espaço <strong>de</strong>stinado aos esboços costuma<br />

ser insuficiente para todas as questões. Além<br />

disso, <strong>de</strong>manda-se muito tempo para a feitura<br />

<strong>de</strong>les. Por isso, a recomendação é que se<br />

levantem as principais partes no local apropriado e<br />

que o conteúdo integral seja feito somente na folha<br />

<strong>de</strong> respostas <strong>de</strong>finitiva.<br />

De acordo com a OAB, cerca <strong>de</strong> 1,8 mil candidatos<br />

passaram para a segunda fase e espera-se que<br />

25% <strong>de</strong>sse número adquira o direito <strong>de</strong> advogar.<br />

Apesar <strong>de</strong> parecer um número alto, o presi<strong>de</strong>nte da<br />

entida<strong>de</strong> no DF, Francisco Caputo, garante que há<br />

mercado para todos esses profissionais (leia<br />

Palavra <strong>de</strong> especialista).<br />

Última semana<br />

Na semana antece<strong>de</strong>nte ao exame, a<br />

recomendação é estudar as peças principais e as<br />

teses mais importantes <strong>de</strong> cada área. Além disso, é<br />

preciso saber como o examinador gabaritou as<br />

provas anteriores. Ainda, o candidato não po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se inteirar sobre a jurisprudência do<br />

Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça e do Supremo<br />

Tribunal Fe<strong>de</strong>ral. De acordo com o coor<strong>de</strong>nador<br />

<strong>de</strong> cursos jurídicos do Gran Cursos, Washington<br />

Barbosa, “as novida<strong>de</strong>s nas provas saem das<br />

recentes <strong>de</strong>cisões dos tribunais superiores”.<br />

Foi essa a estratégia utilizada por Renata<br />

Fernan<strong>de</strong>s Hanone, 23 anos, estudante do décimo<br />

semestre <strong>de</strong> direito na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília e<br />

aprovada no último Exame da Or<strong>de</strong>m. Ela lembra<br />

que o fato <strong>de</strong> estar atualizada em relação à<br />

jurisprudência e <strong>de</strong> ter se <strong>de</strong>dicado ao longo <strong>de</strong><br />

toda a graduação a permitiu fazer uma boa prova.<br />

“Na segunda fase, revisei os principais conteúdos<br />

<strong>de</strong> direito tributário e priorizei o entendimento das<br />

leis”, conta.<br />

Para afiar a capacida<strong>de</strong> argumentativa, Barbosa<br />

recomenda que o futuro advogado refaça as<br />

últimas provas e as corrige. “Ao avaliar se um item<br />

é certo ou errado, o candidato <strong>de</strong>ve justificar a<br />

resposta.” É o que preten<strong>de</strong> fazer, nesta última<br />

semana, o estreante em exames da OAB Murilo<br />

Neves, 23 anos. Ele conta que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o resultado<br />

da primeira fase, assiste a aulas on-line. Agora,<br />

busca fixar a matéria fazendo as provas anteriores.<br />

“Até domingo, vou ter tempo para estudar os<br />

tópicos mais importantes”, acredita.<br />

Palavra <strong>de</strong> especialista<br />

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Brasília tem espaço<br />

Correio Braziliense/DF - Trabalho & Formação Profissional, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

O Exame <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m seleciona aquele que tem<br />

condições mínimas para o exercício da função. O<br />

advogado lida com o que há <strong>de</strong> mais precioso ao<br />

cidadão, que é a liberda<strong>de</strong>, a honra, o patrimônio.<br />

Por isso, ele <strong>de</strong>ve ter conhecimento das leis, ser<br />

ético e responsável com as causas que patrocina.<br />

O mercado <strong>de</strong> Brasília sempre vai ter espaço para<br />

profissionais com essas características. Além<br />

disso, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fiscalização que o Brasil adotou<br />

com as agências reguladoras abriu possibilida<strong>de</strong><br />

para outros ramos ainda inexplorados do direito,<br />

como empresas <strong>de</strong> energia elétrica, transporte<br />

aquaviário e petróleo e gás. Ainda, novas áreas<br />

<strong>de</strong>spontam como oportunida<strong>de</strong>s, como os direitos<br />

autoral, cibernético, do consumidor e da<br />

concorrência.<br />

Francisco Caputo, presi<strong>de</strong>nte da OAB-DF<br />

Po<strong>de</strong> ou não?<br />

Material/procedimentos permitidos<br />

• Legislação não comentada, não anotada e não<br />

comparada<br />

• Códigos<br />

• Leis <strong>de</strong> introdução dos códigos<br />

• Instruções normativas<br />

• Índice remissivo<br />

• Exposição <strong>de</strong> motivos<br />

• Súmulas<br />

• Enunciados<br />

• Orientações jurispru<strong>de</strong>nciais<br />

• Regimento interno<br />

• Resoluções dos tribunais<br />

• Simples utilização <strong>de</strong> marca texto, traço ou<br />

simples remissão a artigos ou a lei<br />

• Separação <strong>de</strong> códigos por cores, marcador <strong>de</strong><br />

página, post-it com remissão apenas a artigo ou a<br />

lei, clipes ou similares<br />

Proibidos<br />

• Códigos comentados, anotados ou comparados<br />

• Jurisprudências<br />

• Anotações pessoais, manuscritas, impressas ou<br />

transcrições<br />

• Cópias reprográficas (xerox)<br />

• Impressos da internet<br />

• Informativos <strong>de</strong> tribunais<br />

• Livros <strong>de</strong> doutrina, revistas, apostilas e anotações<br />

• Dicionários ou qualquer outro material <strong>de</strong> consulta<br />

• Legislação comentada, anotada ou comparada<br />

• Súmulas, enunciados e orientações<br />

jurispru<strong>de</strong>nciais comentadas, anotadas ou<br />

comparadas<br />

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DESDE 1960 » Visto, lido e ouvido<br />

Questão <strong>de</strong> respeito<br />

Correio Braziliense/DF - Ari Cunha - Visto, Lido e Ouvido, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

Fábricas <strong>de</strong> automotores do país e do exterior<br />

oferecem, todos os <strong>dia</strong>s, novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

veículos à população. O assunto já <strong>de</strong>via ter sido<br />

previsto pelas autorida<strong>de</strong>s conhecedoras do<br />

assunto. Os carros não trazem uma vaga junto.<br />

Nem mais espaço nas vias. Ao contrario. Cida<strong>de</strong>s<br />

do país per<strong>de</strong>m o trânsito livre. População sofre<br />

com a falta <strong>de</strong> transporte público e a locomoção<br />

fica cada vez mais difícil, voltando à velocida<strong>de</strong> das<br />

carroças, apesar dos carros mo<strong>de</strong>rnos. O uso dos<br />

impostos pagos <strong>dia</strong>riamente a esse fim aten<strong>de</strong>ria<br />

muito bem. A verba é suficiente para construir<br />

trevos com saídas <strong>de</strong> vários “andares” para melhor<br />

distribuir o tráfego para muitas direções.<br />

Pela lei, todo dinheiro arrecadado <strong>de</strong>verá ser<br />

distribuído pelo governo fe<strong>de</strong>ral. Por esse lado, a<br />

presi<strong>de</strong>nte Dilma Rousseff vê com bons olhos a<br />

assistência ime<strong>dia</strong>ta às classes pobres. Decisão<br />

nobre, porque o Brasil não tem capacida<strong>de</strong><br />

financeira para resolver todos os problemas <strong>de</strong><br />

uma vez. Cada cidadão tem a cota <strong>de</strong> sofrimento<br />

do progresso. Convenhamos que a medida está<br />

mal distribuída.<br />

A frase que não foi pronunciada<br />

“Quanto custa à população uma chantagem<br />

política?”<br />

Cochicho <strong>de</strong> alguém ao travesseiro.<br />

Unesco<br />

» Autorida<strong>de</strong>s da Unesco chegaram a Brasília para<br />

avaliar o título concedido à cida<strong>de</strong> pela instituição<br />

internacional <strong>de</strong> patrimônio. A vinda <strong>de</strong> cidadãos <strong>de</strong><br />

todo o país ficou <strong>de</strong>sencontrada pela atuação do<br />

crescimento. Certo que houve modificações com o<br />

correr do tempo. Mas o princípio básico <strong>de</strong> Brasília<br />

foi obe<strong>de</strong>cido, e a capital Fe<strong>de</strong>ral se orgulha do<br />

título concedido pelo esforço do governador José<br />

Aparecido <strong>de</strong> Oliveira.<br />

Reino Unido<br />

» Exemplo <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> vem do Reino Unido.<br />

Europa vive dificulda<strong>de</strong>s e a própria Rainha<br />

Elizabeth iniciou a necessida<strong>de</strong> pelo seu reino.<br />

Cortou <strong>de</strong>spesas e outros gastos. População<br />

solidária participa do mesmo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> melhora da<br />

vida.<br />

Ari Cunha<br />

Vulneráveis<br />

» Sejus e Agefis começam fiscalização <strong>de</strong><br />

empresas funerárias. Quase 70 serão vistoriadas.<br />

A ação é parte do objetivo <strong>de</strong> acabar com os<br />

“papa-<strong>de</strong>funtos”, pessoas que impõem serviços<br />

funerários em cartórios e hospitais, prática proibida<br />

por lei.<br />

Advogados<br />

» Governo Fe<strong>de</strong>ral paga bom salário aos<br />

promotores públicos. Bom, no sentido figurado,<br />

mas R$ 20 mil são garantidos todos os meses para<br />

dar assistência a quem não po<strong>de</strong> pagar pela<br />

<strong>de</strong>fesa perante a Justiça. No começo <strong>de</strong>ste ano, o<br />

Primeiro Juizado da Fazenda Pública do DF<br />

con<strong>de</strong>nou o governo local por um advogado que<br />

atuou como <strong>de</strong>fensor dativo no Tribunal <strong>de</strong><br />

Planaltina. O Distrito Fe<strong>de</strong>ral recorreu da <strong>de</strong>cisão.<br />

Educação<br />

» Foi alterada a aplicação do Exame Nacional <strong>de</strong><br />

Desempenho <strong>de</strong> Estudante, o Ena<strong>de</strong>. Será<br />

obrigatória a avaliação dos alunos cursando o<br />

penúltimo semestre da graduação.<br />

Chatô<br />

» De Violeta Parra a Patativa do Assaré. Márcio<br />

Cotrim e equipe preparam nova edição do Sarau<br />

Chatô. Nessa edição, a diversida<strong>de</strong> cultural é o<br />

mote. O evento será em 22 <strong>de</strong> março. Quer viajar a<br />

longas distâncias sem pagar passagem? Não<br />

perca o quarto encontro na Fundação Assis<br />

Chateaubriand.<br />

Preço<br />

» Ministro Crivella pe<strong>de</strong> a Mantega menos<br />

impostos para os peixes. Se tudo <strong>de</strong>r certo, a<br />

Páscoa será diferente. Se o pescado tiver a mesma<br />

isenção da carne vermelha, e o preço ao<br />

consumidor baixar, haverá comemoração.<br />

Agenda<br />

» É amanhã o gran<strong>de</strong> encontro da literatura<br />

candanga. Às 19h <strong>de</strong>sta segunda feira, a Aca<strong>de</strong>mia<br />

<strong>de</strong> Letras <strong>de</strong> Brasília vai comemorar 30 anos. O<br />

convite <strong>de</strong> José Carlos Gentili se esten<strong>de</strong> à<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

História <strong>de</strong> Brasília<br />

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Correio Braziliense/DF - Ari Cunha - Visto, Lido e Ouvido, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

O capítulo <strong>de</strong> Brasília da Associação <strong>de</strong> Pontes e<br />

Estruturas realizou uma reunião, finda a qual os<br />

presentes jogaram uma partida <strong>de</strong> “bridge”, para<br />

não fugir o nome. (Publicado em 10/5/1961).<br />

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Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF


Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Cida<strong>de</strong>s, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Harmonia em nome dos filhos<br />

Após a separação, manter uma boa<br />

convivência é importante para a relação<br />

familiar<br />

Soraya Sobreira<br />

redacao@jornal<strong>de</strong>brasilia.com.br<br />

É cada vez maior o número <strong>de</strong> casais que se<br />

separam. É um momento difícil, quando muitas<br />

vezes o lado conturbado do fim da relação pesa<br />

mais do que a preocupação com o estado<br />

emocional dos filhos. Mas, em nome da crianças,<br />

há casais divorciados que mantêm uma relação <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> com o intuito <strong>de</strong> criá-los bem.<br />

No Distrito Fe<strong>de</strong>ral, conforme dados do Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral e Territórios<br />

(TJDFT), só no primeiro semestre <strong>de</strong> 2011, 4.978<br />

casais <strong>de</strong>sfizeram a união. De acordo com a<br />

especialista em Direito <strong>de</strong> Família e professora<br />

pela UnB, Suzana Viegas, o aumento ocorre<br />

<strong>de</strong>vido à aprovação do Projeto <strong>de</strong> Emenda<br />

Constitucional 66, em julho <strong>de</strong> 2010, que<br />

<strong>de</strong>sburocratizou o processo <strong>de</strong> dissolução do<br />

casamento.<br />

Roberto Vieira, 28 anos, e Soraya Regina Ferreira,<br />

23 anos, estão divorciados há dois anos. Do<br />

relacionamento <strong>de</strong> seis anos nasceu Agatha<br />

Natasha. “Quando nos divorciamos, ela tinha<br />

apenas três anos. Foi difícil, mas tentamos mostrar<br />

a ela que somos pais presentes e que nos<br />

preocupamos com ela. Deixamos as <strong>de</strong>savenças<br />

<strong>de</strong> lado para educar melhor nossa filha”, diz<br />

Roberto.<br />

Hoje, a menina está com seis anos. “Quando<br />

preciso falar com a minha filha, posso ir até a casa<br />

da mãe <strong>de</strong>la. Nós dividimos não só a guarda da<br />

criança, como também as <strong>de</strong>spesas”, acrescenta.<br />

COMUNICAÇÃO<br />

Soraya consi<strong>de</strong>ra a relação <strong>de</strong> comunicação<br />

importante para o <strong>de</strong>senvolvimento da filha. “Não<br />

precisa <strong>de</strong>scontar na criança. Ele é um bom pai,<br />

por isso resolvemos viver bem, em prol da nossa<br />

filha”, explica. Ela aconselha aos pais a não<br />

brigarem em frente às crianças. “Não falar mal um<br />

do outro é essencial. Afinal, os pais são referências<br />

para os filhos”, recomenda.<br />

A terapeuta <strong>de</strong> casais e doutora em Psicologia do<br />

Desenvolvimento Humano, Suely Sales<br />

Guimarães, reforça que separar o conflito com o<br />

ex-parceiro do relacionamento com os filhos é<br />

fundamental. “Após a separação ou mesmo antes,<br />

durante o convívio turbulento e conflituoso nas<br />

relações difíceis, é muito comum que casais usem<br />

os filhos para sensibilizar <strong>de</strong> maneira ina<strong>de</strong>quada o<br />

parceiro, obter atenção em seus interesses<br />

pessoais por meio <strong>de</strong> chantagem envolvendo os<br />

filhos, ou, o que é ainda pior, induzir o filho a servir<br />

<strong>de</strong> mensageiro”, explica.<br />

Segundo Suely, pais que se engajam em tentativas<br />

<strong>de</strong> falar mal um do outro para o filho querem obter<br />

a simpatia <strong>de</strong>le e tornar o outro o vilão. A<br />

pesquisadora da área <strong>de</strong> psicologia conjugal e<br />

familiar da UnB, Gláucia Diniz, diz que é importante<br />

não colocar os filhos em situações que gerem<br />

conflito <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong>.<br />

O respeito prevalece<br />

Lí<strong>dia</strong> Dias <strong>de</strong> Souza, 29 anos, e Sidney Gomes <strong>de</strong><br />

Oliveira, 33, sabem bem que não existe ex-pai e<br />

ex-mãe. Separados há dois meses e com um filho<br />

<strong>de</strong> um ano, Ítalo, eles enten<strong>de</strong>m que a separação<br />

foi do casal e não do filho. “Quero que o meu filho<br />

tenha sempre a convivência com o pai, tenho<br />

sempre contato com ele quando há necessida<strong>de</strong>.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> qualquer coisa, filho é<br />

priorida<strong>de</strong>”, expressa Lí<strong>dia</strong>.<br />

Sidney ressalta a importância da família, mesmo<br />

que separada. “Meus filhos, quanto mais perto <strong>de</strong><br />

mim, melhor. Depois <strong>de</strong> dois anos juntos, a<br />

separação veio <strong>de</strong> comum acordo”, conta. Ele tem<br />

outro dois filhos do primeiro casamento. “Hoje<br />

estão morando comigo, a mãe e eu <strong>de</strong>cidimos por<br />

isto”, revela. Para não confundir a relação <strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong> com amor, por exemplo, Lí<strong>dia</strong> tem um<br />

método: “Como não há mais a mesma intimida<strong>de</strong>,<br />

ele é tratado na minha casa como uma visita e que<br />

é bem-vinda”, completa.<br />

Quem concorda é a psicóloga Gláucia Diniz.<br />

“Nesse contexto, é importante lembrar que a<br />

parceria afetiva e sexual terminou, é preciso<br />

preservar o respeito para continuarem educando e<br />

apoiando os filhos”, aconselha.<br />

A profissional indica que, no caso <strong>de</strong> casais com<br />

filhos, é importante que cada membro procure se<br />

lembrar que foi ele e ela que escolheram um ao<br />

outro como parceiros. “Em um <strong>de</strong>terminado<br />

momento aquela pessoa pareceu ser a pessoa<br />

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certa. Ambos foram e são responsáveis pela<br />

relação e o caminho que seguiu. O casal precisa<br />

ter maturida<strong>de</strong> para ajudar os filhos a enfrentarem<br />

a perda da família intacta”, finaliza.<br />

AMIZADE<br />

Na avaliação da terapeuta Suely Sales, as<br />

situações em que a separação é consensual<br />

po<strong>de</strong>m resultar em laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>. “É importante<br />

que cada ex-cônjuge tenha clareza <strong>de</strong> que a<br />

relação conjugal acabou e que o parceiro é apenas<br />

o pai/mãe <strong>de</strong> seu filho, o que não lhe torna uma<br />

pessoa especial na vida afetiva do ex-parceiro ”,<br />

opina. Consequentemente, isso significa que os<br />

novos parceiros do ex-cônjuge <strong>de</strong>vam ser<br />

igualmente respeitados e aceitos.<br />

Para Suely, ainda é difícil dizer se as pessoas<br />

estão lidando melhor com o ônus da separação.<br />

“Se a separação for consensual, o ajuste é mais<br />

fácil e a<strong>de</strong>quado, como sempre foi. Caso contrário,<br />

se for conflituosa, se houver ciúmes, traição,<br />

violência, interesses financeiros, ela será difícil e<br />

emocionalmente <strong>de</strong>sgastante”, ressalta. “Por isso,<br />

em situações <strong>de</strong> traição e <strong>de</strong> violência, é muito<br />

difícil que os pais se tornem amigos, pois a<br />

humilhação sofrida e os danos criam gran<strong>de</strong><br />

sofrimento e dificultam a aceitação”, observa.<br />

Divisão da guarda<br />

Devido às transformações familiares, os casais<br />

divorciados com filhos também passaram a dividir a<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criá-los. Em <strong>de</strong>z anos,<br />

segundo o IBGE, o número <strong>de</strong> ex-casais brasileiros<br />

que divi<strong>de</strong>m a guarda dos filhos passou <strong>de</strong> 2,5 mil<br />

em 2000 para cinco mil em 2010. “Os pais agora<br />

disputam também a guarda dos filhos. Antes era<br />

incumbência da mulher cuidar <strong>de</strong>les. Hoje, os dois<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Cida<strong>de</strong>s, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

querem esta responsabilida<strong>de</strong>”, diz a especialista<br />

em Direito da Família, Suzana Viegas. A<br />

comunicação eficiente e um objetivo comum em<br />

relação aos filhos são consi<strong>de</strong>rados pelos<br />

profissionais como uma boas medidas para<br />

continuar educando as crianças, mesmo<br />

separados.<br />

Para a terapeuta <strong>de</strong> casais Suely Guimarães,<br />

dividir a guarda dos filhos po<strong>de</strong> ser uma solução<br />

excelente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os pais se respeitem e<br />

percebam a figura <strong>de</strong> cada um na educação do<br />

filho. “Por isso, é tão importante que eles tenham<br />

uma boa relação. Do contrário, po<strong>de</strong> ser uma<br />

situação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> conflito para a criança e po<strong>de</strong><br />

gerar importantes danos emocionais”, garante.<br />

Suzana Viegas lembra que a guarda compartilhada<br />

não se trata <strong>de</strong> a criança morar um período com o<br />

pai e outro com a mãe. “O filho precisa <strong>de</strong> rotina,<br />

<strong>de</strong> ter um lugar fixo, às vezes, as pessoas<br />

confun<strong>de</strong>m. Não é compartilhar a criança, mas sim<br />

a vivência familiar. É po<strong>de</strong>r visitar, buscar na<br />

escola, passar a noite. Assim, todos saem<br />

ganhando”, completa. Ela observa que muitos<br />

questionam se isso não é o fim da família. “Creio<br />

que é uma transformação”, respon<strong>de</strong>.<br />

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Depoimentos <strong>de</strong> Adriana Villela e do<br />

ex-porteiro Leonardo duram mais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z horas<br />

O julgamento do triplo homicídio da 113 Sul <strong>de</strong>verá<br />

continuar somente no <strong>dia</strong> 30 <strong>de</strong>ste mês. Dois réus<br />

no processo não pu<strong>de</strong>ram ser ouvidos e à 1h <strong>de</strong><br />

ontem, a décima audiência do caso foi encerrada<br />

por conta do avançar do horário. Apenas os réus<br />

Adriana Villela, filha do casal morto e apontada <strong>de</strong><br />

ser mandante do crime, e Leonardo Campos Alves,<br />

ex-porteiro do prédio dos Villela, apontado como<br />

um dos autores do crime, foram ouvidos. Além<br />

<strong>de</strong>les, também são acusados no processo o<br />

sobrinho <strong>de</strong> Leonardo, Paulo Cardoso Santana, e<br />

um suposto cúmplice, Francisco Mairlon Barros<br />

Aguiar.<br />

Para o advogado <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, Antônio Carlos <strong>de</strong><br />

Almeida Castro, o principal <strong>de</strong>poimento do <strong>dia</strong> foi o<br />

do ex-porteiro Leonardo ao <strong>de</strong>clarar que não<br />

conhecia Adriana e somente passou a falar o nome<br />

da filha das vítimas após chegar à Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

Investigação <strong>de</strong> Crimes Contra a Vida (Corvida).<br />

“Leonardo disse claramente que a Mabel (<strong>de</strong>legada<br />

Mabel <strong>de</strong> Faria) o pressionou a dizer que o crime<br />

teve a Adriana como mandante, argumentando<br />

que, com isso, ele teria uma pena mais branda”,<br />

afirma o advogado.<br />

O réu também afirmou que somente confessou os<br />

assassinatos após ter sido torturado por policiais<br />

na 8ª Delegacia <strong>de</strong> Polícia (SIA), agressão que<br />

teria sido repetida na Corvida. Leonardo ainda<br />

negou a participação no crime e garantiu que não<br />

foi contratado por Adriana Villela para cometer as<br />

mortes. Uma quinta pessoa convocada como<br />

testemunha da <strong>de</strong>fesa também foi ouvida na<br />

manhã <strong>de</strong> sexta-feira.<br />

O assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior<br />

Eleitoral, José Guilherme Villela, <strong>de</strong> sua mulher<br />

Maria Carvalho Villela e da empregada da família,<br />

Francisca da Silva, aconteceu em 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

2009. Des<strong>de</strong> então, o caso está permeado por<br />

diversas reviravoltas. Entre os pontos mais<br />

conflituosos está a divisão da investigação, em<br />

certo ponto, entre a Corvida e a 8ª DP.<br />

Os corpos das vítimas foram encontrados em<br />

estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição três <strong>dia</strong>s após o crime por<br />

uma neta do casal. Ela afirmou que os avós não<br />

teriam aparecido ao escritório <strong>de</strong> advocacia que<br />

Villela mantinha em Brasília, na sexta-feira anterior<br />

à <strong>de</strong>scoberta dos corpos.<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Segurança , <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

Audiência continua <strong>dia</strong> 30<br />

CONFLITOS<br />

Enquanto a <strong>de</strong>legada Mabel <strong>de</strong> Faria, ex-titular da<br />

Corvida, trabalhava com a hipótese <strong>de</strong> Adriana<br />

Villela ser a mandante do crime, a <strong>de</strong>legada<br />

Débora Menezes, da 8ª DP, assumiu parte do caso<br />

ao <strong>de</strong>scobrir o suposto envolvimento <strong>de</strong> Leonardo<br />

Alves. A partir daí houve conflito <strong>de</strong> informações<br />

entre as duas <strong>de</strong>legacias. Adriana chegou a ser<br />

presa duas vezes suspeita <strong>de</strong> ter sido a mandante<br />

do crime, mas conseguiu habeas corpus.<br />

O ex-porteiro do prédio está preso na Papuda junto<br />

com Paulo Cardoso Santana e Francisco Aguiar,<br />

que teriam sido ajudantes. Em setembro <strong>de</strong> 2009, a<br />

Polícia Civil do DF pediu a prisão preventiva <strong>de</strong><br />

outros quatro suspeitos <strong>de</strong> obstruir as<br />

investigações: vi<strong>de</strong>nte Rosa Maria Jacques e o<br />

marido <strong>de</strong>la, João Tocheto <strong>de</strong> Oliveira, o policial<br />

civil José Augusto Alves e a <strong>de</strong>legada Marta<br />

Vargas, primeira responsável pelas investigações.<br />

SAIBA +<br />

A perícia feita no local do crime indicou que o<br />

ex-ministro levou golpes pelas costas e pela frente.<br />

Ele foi o último a morrer. A mulher <strong>de</strong>le levou 12<br />

facadas e Francisca, a empregada da família, 23<br />

golpes.<br />

Outro fato constatado pela perícia foi que Francisca<br />

teve as mãos amarradas atrás do corpo antes <strong>de</strong><br />

ser assassinada. Dólares e jóias foram levadas do<br />

apartamento.<br />

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Medida cautelar prevê que executivos<br />

da Chevron <strong>de</strong>vem ficar no País<br />

Da Redação, com agências<br />

redacao@jornal<strong>de</strong>brasilia.com.br<br />

Os executivos e funcionários estrangeiros da<br />

empresa norte- americana Chevron<br />

responsabilizados pelos vazamentos <strong>de</strong> petróleo<br />

na Bacia <strong>de</strong> Campos estão impedidos <strong>de</strong> sair do<br />

Brasil. De acordo com o procurador da República<br />

em Campos, Eduardo Oliveira, a medida cautelar<br />

foi concedida na noite <strong>de</strong> sexta-feira pelo juiz <strong>de</strong><br />

plantão da 4ª Vara Criminal. A Marinha localizou<br />

ontem um quilômetro <strong>de</strong> mancha em um novo<br />

vazamento, a 130 quilômetros da costa.<br />

Pelo menos 17 pessoas e as empresas Chevron e<br />

Transocean, que operava a plataforma <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

originaram os vazamentos, serão <strong>de</strong>nunciadas por<br />

<strong>de</strong>litos previstos na Lei <strong>de</strong> Crimes Ambientais.<br />

Entre os profissionais <strong>de</strong> origem estrangeira que<br />

estão proibidos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o território nacional está o<br />

presi<strong>de</strong>nte da petroleira, George Buck. A medida<br />

também <strong>de</strong>ve atingir outros executivos <strong>de</strong><br />

nacionalida<strong>de</strong> norte-americana, francesa e<br />

australiana. A preocupação do Ministério Público<br />

Fe<strong>de</strong>ral é que, com a solicitação da interrupção<br />

das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração da Chevron no Brasil,<br />

essas pessoas aproveitem para voltar aos seus<br />

países <strong>de</strong> origem para não respon<strong>de</strong>rem às<br />

acusações no processo criminal.<br />

DENÚNCIA<br />

A <strong>de</strong>núncia que a Procuradoria da República<br />

apresentará à Justiça foi elaborada a partir do<br />

inquérito da Polícia Fe<strong>de</strong>ral sobre o vazamento <strong>de</strong><br />

2,4 mil barris <strong>de</strong> petróleo em novembro <strong>de</strong> 2011. O<br />

novo inci<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>tectado no início do mês e<br />

anunciado pela Chevron na última quinta- feira,<br />

po<strong>de</strong> resultar no indiciamento e responsabilização<br />

<strong>de</strong> outros funcionários da petroleira.<br />

"Esse novo vazamento e o pedido para suspen<strong>de</strong>r<br />

as ativida<strong>de</strong>s no Brasil <strong>de</strong>monstram o grau <strong>de</strong><br />

envolvimento e negligência da empresa. A<br />

alegação <strong>de</strong> que querem fazer novos estudos<br />

geológicos no local é brinca<strong>de</strong>ira", afirmou Eduardo<br />

Santos <strong>de</strong> Oliveira, autor da <strong>de</strong>núncia contra a<br />

instituição norte- americana.<br />

Impedidos <strong>de</strong> sair<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Brasil, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

SAIBA +<br />

A Marinha, o Ibama e a Agência Nacional do<br />

Petróleo (ANP) prometem fiscalizar os<br />

procedimentos adotados pela empresa para<br />

dispersão <strong>de</strong>sta mancha. Na próxima semana<br />

haverá uma reunião para discutir o caso, após a<br />

realização <strong>de</strong> novos sobrevoos.<br />

Na próxima quinta-feira, a Chevron solicitara à ANP<br />

a suspensão <strong>de</strong> sua produção em território<br />

brasileiro. A assessoria da ANP informou que a<br />

agência não tem prazo para dar a resposta à<br />

petroleira americana, e que o pedido po<strong>de</strong> ser<br />

recusado.<br />

Mancha <strong>de</strong> um quilômetro<br />

A Marinha informou, em nota, ter i<strong>de</strong>ntificado uma<br />

mancha <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> um quilômetro <strong>de</strong> extensão na<br />

região próxima ao novo vazamento, na Bacia <strong>de</strong><br />

Campos. Ela foi avistada por um inspetor naval da<br />

Capitania dos Portos na última sexta-feira, durante<br />

um sobrevoo na área.<br />

O óleo foi i<strong>de</strong>ntificado a 130 km da costa do Rio, no<br />

local on<strong>de</strong>, na quarta-feira passada, a petroleira<br />

informou ter <strong>de</strong>tectado novo vazamento, estimado<br />

pela empresa em cinco litros.<br />

A mancha está a três quilômetros <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ocorreu<br />

o primeiro vazamento da empresa no País, em<br />

novembro do ano passado. O óleo vaza em bolhas<br />

por uma fenda <strong>de</strong> 800 metros <strong>de</strong> extensão.<br />

A Marinha consi<strong>de</strong>rou a mancha "tênue" em<br />

relação à formada pelos cerca <strong>de</strong> 2,4 mil barris <strong>de</strong><br />

petróleo que vazaram no ano passado, e que<br />

<strong>de</strong>ixaram um rastro <strong>de</strong> 163 quilômetros quadrados<br />

<strong>de</strong> óleo no mar. Até o fechamento <strong>de</strong>sta edição, a<br />

americana Chevron não havia se pronunciado a<br />

respeito da <strong>de</strong>scoberta da mancha <strong>de</strong> óleo.<br />

Des<strong>de</strong> o primeiro vazamento no Campo do Fra<strong>de</strong>,<br />

o "Grupo <strong>de</strong> Acompanhamento e Avaliação"<br />

formado por Marinha, Instituto Brasileiro do Meio<br />

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis<br />

(Ibama) e Agência Nacional do Petróleo (ANP)<br />

segue verificando as ações <strong>de</strong> resposta da<br />

Chevron ao aci<strong>de</strong>nte.<br />

RENÚNCIA<br />

Para o procurador da República em Campos,<br />

23


Eduardo Santos <strong>de</strong> Oliveira, a iniciativa da Chevron<br />

<strong>de</strong> pedir à Agência Nacional <strong>de</strong> Petróleo (ANP) a<br />

suspensão <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exploração no<br />

Brasil equivale à renúncia <strong>de</strong> mandato <strong>de</strong> um<br />

político envolvido em <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> corrupção.<br />

"Não há tecnologia para parar esses vazamentos.<br />

Eles provocaram uma fissura no solo marinho.<br />

Po<strong>de</strong>mos testemunhar daqui a um ou dois anos o<br />

maior aci<strong>de</strong>nte ambiental da história brasileira",<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Brasil, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

disse o procurador. "Creio que o R$ 20 bilhões <strong>de</strong><br />

solicitamos não serão suficientes para cobrir o<br />

prejuízo provocado pela empresa", afirmou o<br />

responsável pela <strong>de</strong>núncia, referindo-se ao valor<br />

da in<strong>de</strong>nização pedido na ação civil pública iniciada<br />

em <strong>de</strong>zembro.<br />

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O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) <strong>de</strong>cidiu, na<br />

noite da última quinta-feira, que os políticos e os<br />

partidos políticos não po<strong>de</strong>m usar o Twitter para<br />

manifestar opiniões eleitorais antes <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> julho<br />

do ano em que serão realizadas as eleições. A<br />

<strong>de</strong>cisão é inédita e inútil, pois, qualquer habitante<br />

do planeta po<strong>de</strong>rá continuar usando o Twitter para<br />

falar dos candidatos e dos pré-candidatos o tempo<br />

todo. Mas os próprios candidatos e os partidos<br />

políticos não po<strong>de</strong>m. Além <strong>de</strong> estapafúr<strong>dia</strong>, a lei<br />

coloca uma dificulda<strong>de</strong> insanável: como fiscalizar<br />

as mensagens <strong>de</strong> 140 caracteres escritas por<br />

milhões por toda a re<strong>de</strong>? O placar apertado –<br />

quatro votos a três – atiça a polêmica e,<br />

certamente, ajudará a fazer da <strong>de</strong>cisão letra morta.<br />

Presi<strong>de</strong>nte do PPS, o <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Roberto<br />

Freire (SP) anunciou que seu partido recorrerá ao<br />

STF contra <strong>de</strong>cisão do TSE. O prazo <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> julho<br />

se refere a um trecho da Lei Eleitoral que<br />

<strong>de</strong>termina essa data como a que os candidatos<br />

passam a ter oficialmente essa condição. A<br />

proibição vale para os meios <strong>de</strong> comunicação<br />

tradicionais como rádio e tevê. Mas o TSE<br />

enten<strong>de</strong>u que as re<strong>de</strong>s sociais presentes na<br />

internet também <strong>de</strong>vem ser enquadradas. O<br />

<strong>de</strong>putado Roberto Freire, assíduo no Twitter,<br />

postou uma mensagem classificando <strong>de</strong><br />

equivocada a <strong>de</strong>cisão do TSE. Informou que será<br />

ajuizada no Supremo uma Ação Direta <strong>de</strong><br />

Inconstitucionalida<strong>de</strong> (Adin). Adin é recurso<br />

utilizado sempre que se <strong>de</strong>seja obter do STF o<br />

reconhecimento <strong>de</strong> que <strong>de</strong>terminada providência<br />

afronta a Constituição. Roberto Freire diz que é<br />

preciso <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r “a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão na<br />

re<strong>de</strong>”. O <strong>de</strong>putado escreveu a mensagem na re<strong>de</strong><br />

social horas <strong>de</strong>pois do anúncio da <strong>de</strong>cisão do TSE,<br />

na noite <strong>de</strong> quinta- feira.<br />

Naquele momento, estava em julgamento uma<br />

representação movida contra o ex-<strong>de</strong>putado Índio<br />

da Costa. Algo relacionado às eleições<br />

presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> 2010. Escolhido como candidato a<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte na chapa tucana <strong>de</strong> José Serra,<br />

Índio não <strong>de</strong>sgrudava do Twitter. Índio da Costa,<br />

hoje no PSD, escreveu: “Conto com seu apoio e<br />

com o seu voto. Serra Presi<strong>de</strong>nte: o Brasil po<strong>de</strong><br />

mais”. O Ministério Público Eleitoral representou<br />

contra Índio, alegando que o comentário do então<br />

candidato, reproduzido por outras pessoas<br />

centenas <strong>de</strong> vezes na internet, constitui<br />

propaganda eleitoral. Como foi parar na re<strong>de</strong> antes<br />

<strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010, a “propaganda” foi<br />

consi<strong>de</strong>rada “ilegal”. Em <strong>de</strong>cisão individual,<br />

Henrique Neves, então ministro do TSE, <strong>de</strong>u razão<br />

à Procuradoria e impôs multa <strong>de</strong> R$ 5 mil a Índio.<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - MARGRIT SCHMIDT, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Caranguejos eleitorais<br />

Ao tachar a <strong>de</strong>cisão do TSE <strong>de</strong> “equivocada”,<br />

Roberto Freire foi até suave. É uma <strong>de</strong>cisão burra<br />

mesmo, porque confun<strong>de</strong> o Twitter e as re<strong>de</strong>s<br />

sociais com os meios <strong>de</strong> comunicação<br />

convencionais. E da total impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

bloquear a “propaganda” do candidato por qualquer<br />

tuiteiro. Disse o presi<strong>de</strong>nte do TSE, Ricardo<br />

Lewandowski, ao proclamar o resultado: “Os<br />

cidadãos, que não estiverem envolvidos no pleito<br />

eleitoral, po<strong>de</strong>m se comunicar à vonta<strong>de</strong> [nas re<strong>de</strong>s<br />

sociais]. O que não po<strong>de</strong> é o candidato divulgar a<br />

propaganda eleitoral antes da data permitida pela<br />

lei.”<br />

NADA A VER<br />

O ministro Gilson Dipp, um dos que votaram contra<br />

a <strong>de</strong>cisão-caranguejo apontou uma obvieda<strong>de</strong>: “No<br />

Twitter, não há a divulgação <strong>de</strong> mensagem para o<br />

público em geral, para <strong>de</strong>stinários imprecisos,<br />

in<strong>de</strong>finidos, como ocorre no rádio e na televisão”.<br />

Vai ao Twitter quem quer, disse. “Não há a<br />

participação involuntária ou <strong>de</strong>sconhecida dos<br />

seguidores. Não há passivida<strong>de</strong> das pessoas nem<br />

generalização, pois a mensagem é transmitida para<br />

quem realmente <strong>de</strong>seja participar <strong>de</strong> um diálogo e<br />

se cadastrou para isso.”<br />

Na verda<strong>de</strong> o Twitter é mais uma ferramenta <strong>de</strong><br />

informação do eleitor que vai seguir o candidato A,<br />

B ou C para formar opinião a respeito da<br />

plataforma, dos valores que o fulano expressa ali.<br />

Até se o sicrano é simpático, se diz coisas<br />

interessantes. Se o candidato não agrada ao<br />

eleitor-seguidor ele dá um clique e para <strong>de</strong><br />

segui-lo, simples assim. Cortar essa chance <strong>de</strong><br />

informação é não enten<strong>de</strong>r nada do que vai se<br />

passando pelo mundo hoje. É enten<strong>de</strong>r o mundo<br />

como os caranguejos, andando para trás como os<br />

crustáceos da infraor<strong>de</strong>m Brachyur. O argumento<br />

<strong>de</strong> Ricardo Lewandowski <strong>de</strong>monstra a<br />

incompreensão: “É muito mais do que uma<br />

conversa <strong>de</strong> bar. O mecanismo <strong>de</strong> repassar<br />

mensagens potencializa os efeitos. O eleitor po<strong>de</strong><br />

falar”. Mas o eleitor precisa “escutar” para tomar<br />

sua <strong>de</strong>cisão. Ele fala pelo voto.<br />

A <strong>de</strong>cisão é inútil, pois qualquer<br />

habitante do planeta po<strong>de</strong>rá continuar<br />

usando o Twitter para falar dos<br />

candidatos<br />

25


Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Cassada liminar que suspen<strong>dia</strong> concurso<br />

STJ<br />

Para não comprometer o funcionamento dos<br />

serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

(STJ) cassou <strong>de</strong>cisão que suspen<strong>de</strong>u andamento<br />

do Concurso Público 2/2011, <strong>de</strong> Orleans (SC). O<br />

presi<strong>de</strong>nte da Corte, ministro Ari Pargendler,<br />

aten<strong>de</strong>u o pedido do município por enten<strong>de</strong>r existir<br />

grave lesão que prejudicaria o funcionamento em<br />

área essencial, uma vez que “sem médico,<br />

enfermeiro, assistente social, farmacêutico, fiscal<br />

da saú<strong>de</strong>, fisioterapeuta, odontólogo e outros<br />

profissionais da saú<strong>de</strong>, o serviço público municipal<br />

não aten<strong>de</strong>rá suas obrigações com a população<br />

local”.<br />

A suspensão havia sido <strong>de</strong>terminada pela segunda<br />

instância, nos autos <strong>de</strong> uma ação civil pública que<br />

contesta a licitação para contratação da empresa<br />

que realizou o concurso. Para o presi<strong>de</strong>nte do STJ,<br />

a Justiça <strong>de</strong>cidirá se a licitação que antece<strong>de</strong>u o<br />

concurso foi regular ou não. Mas, como “o prazo<br />

dos contratos temporários celebrados para aten<strong>de</strong>r<br />

ao excepcional interesse público expirou no <strong>dia</strong> 31<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011”, a suspensão liminar – que<br />

barrou as nomeações – ameaça área essencial: a<br />

saú<strong>de</strong>.<br />

O município entrou no STJ com pedido <strong>de</strong><br />

suspensão <strong>de</strong> liminar e <strong>de</strong> sentença, alegando que<br />

existem documentos que comprovam a capacida<strong>de</strong><br />

técnica da empresa vencedora para prestar os<br />

serviços. Defen<strong>de</strong>u que, caso fosse realizado novo<br />

processo seletivo, ou prorrogados os contratos<br />

atuais “em <strong>de</strong>trimento da contratação temporária<br />

dos aprovados no concurso”, po<strong>de</strong>riam surgir<br />

inúmeras ações <strong>de</strong> aprovados e não convocados.<br />

26


Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Economia, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

R$ 12 milhões negociados<br />

Nos cinco <strong>dia</strong>s <strong>de</strong> trabalho da II Semana <strong>de</strong><br />

Conciliação <strong>de</strong> 2012, cerca <strong>de</strong> R$ 12 milhões foram<br />

negociados entre o Banco <strong>de</strong> Brasília (BRB) e seus<br />

<strong>de</strong>vedores. No último mutirão, realizado no ano<br />

passado com o mesmo banco, o valor acordado foi<br />

menor, R$ 11,4 milhões.<br />

Os dados registrados apontam cerca <strong>de</strong> 3.500<br />

pessoas atendidas, mais <strong>de</strong> 300 acordos obtidos e<br />

o percentual <strong>de</strong> conflitos pacificados por volta <strong>de</strong><br />

60%.<br />

Segundo a juíza Luciana Yuki Sorrentino,<br />

coor<strong>de</strong>nadora do Centro Judiciário <strong>de</strong> Solução <strong>de</strong><br />

Conflitos e Cidadania <strong>de</strong> Brasília, o que colaborou<br />

para o resultado positivo foi a inclusão <strong>de</strong><br />

processos que não estavam previstos para esse<br />

mutirão, referentes aos mesmos clientes. “Muitas<br />

pessoas saíram satisfeitas. Em uma mesma<br />

audiência era resolvido mais <strong>de</strong> um processo”,<br />

afirmou.<br />

Clientes do BRB que tiverem interesse em<br />

renegociar suas dívidas po<strong>de</strong>m procurar a Central<br />

<strong>de</strong> Recuperações <strong>de</strong> Ativos do banco pelo telefone<br />

3442-7447.<br />

27


Saiba tudo o que <strong>de</strong>u errado no<br />

esperado e concorrido certame da Casa<br />

João Netto<br />

joao.netto@jornal<strong>de</strong>brasilia.com.br<br />

Um concurso manchado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, por falta<br />

<strong>de</strong> transparência, suspeitas <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s e<br />

muita <strong>de</strong>sorganização. O concorridíssimo certame<br />

para ingresso no Senado Fe<strong>de</strong>ral, organizado pela<br />

Fundação Getúlio Vargas (FGV), passou longe dos<br />

princípios que <strong>de</strong>veriam nortear a contratação <strong>de</strong><br />

servidores públicos, e sua credibilida<strong>de</strong> é<br />

questionada. O processo <strong>de</strong> seleção está na mira<br />

da Polícia Fe<strong>de</strong>ral e do Ministério Público<br />

Fe<strong>de</strong>ral (MPF), que analisam possíveis<br />

irregularida<strong>de</strong>s. Com tantos problemas – que vão<br />

<strong>de</strong> indícios <strong>de</strong> vazamento <strong>de</strong> sigilo, questões<br />

idênticas às <strong>de</strong> provas já realizadas e exigências<br />

absurdas à troca <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>rnos, cancelamento <strong>de</strong><br />

provas e <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> fiscalização durante<br />

os exames –, a anulação total do processo <strong>de</strong><br />

seleção não parece mais uma hipótese tão<br />

distante.<br />

A Polícia Fe<strong>de</strong>ral segue investigando o certame. A<br />

corporação coletou materiais para perícia. Entre<br />

eles, um malote <strong>de</strong> provas que não estaria lacrado<br />

e teria sido entregue em uma sala da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ciências Sociais e Tecnológicas (Facitec), em<br />

Taguatinga – mesmo local on<strong>de</strong> houve troca <strong>de</strong><br />

ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> provas. A PF também investiga<br />

<strong>de</strong>núncia recebida na semana que antece<strong>de</strong>u a<br />

data das provas, oriunda da Polícia Legislativa do<br />

Senado, dando conta <strong>de</strong> possível frau<strong>de</strong> no<br />

concurso. A corporação não <strong>de</strong>u maiores<br />

informações sobre as diligências. A FGV confirma<br />

o rompimento do malote, mas diz se tratar <strong>de</strong> caso<br />

isolado, e que o rompimento foi um aci<strong>de</strong>nte.<br />

PROCEDIMENTOS<br />

O MPF também analisa o caso, e po<strong>de</strong> entrar em<br />

cena a qualquer momento. Já foram autuados 11<br />

procedimentos no órgão relativos ao concurso do<br />

Senado. Três <strong>de</strong>les foram arquivados. Um se<br />

transformou em ação civil publica, dois em<br />

inquéritos que estão em andamento – um <strong>de</strong>les<br />

referente à investigação da PF –, e o restante está<br />

em análise por procuradores do MPF, que po<strong>de</strong>m<br />

acatar ou não a <strong>de</strong>núncia.<br />

O último procedimento, autuado na sexta-feira, diz<br />

respeito à cópia <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> outros concursos.<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Falhas no sistema<br />

O MPF informou que o número <strong>de</strong> representações<br />

é superior ao número <strong>de</strong> procedimentos autuados,<br />

“uma vez que muitas se referem ao mesmo tema,<br />

enquanto outras estão em fase <strong>de</strong> classificação,<br />

procedimento que antece<strong>de</strong> a autuação”.<br />

A Comissão do Concurso do Senado divulgou nota<br />

na última sexta informando que se reuniu com a<br />

FGV, e que todas explicações da banca foram “sa -<br />

tisfatórias, “assim como as medidas adotadas para<br />

contornar os problemas, preservar a isonomia e<br />

garantir a transparência”. “Todas as ocorrências<br />

registradas têm sido apuradas pela FGV e<br />

acompanhadas <strong>de</strong> perto pela Comissão”, diz o<br />

texto. A comissão e a FGV <strong>de</strong>finiram o <strong>dia</strong> 15 <strong>de</strong><br />

abril como data <strong>de</strong> reaplicação das provas<br />

anuladas.<br />

CREDIBILIDADE<br />

Mas a partir das falhas verificadas, das suspeitas e<br />

da <strong>de</strong>sorganização, é possível anular o concurso?<br />

Especialistas divergem. Candidatos questionam a<br />

credibilida<strong>de</strong>. Muitos já pe<strong>de</strong>m anulação total. A<br />

possibilida<strong>de</strong>, até antes remota, começa a ser<br />

<strong>de</strong>fendida.<br />

“O melhor, agora, seria anular o certame e fazer<br />

um novo, do começo. O concurso começou com<br />

problemas, que foram se acumulando e se<br />

arrastando, o que contaminou todo o processo e<br />

tornou a credibilida<strong>de</strong> questionável. A anulação é a<br />

saída mais razoável, enquanto investigações<br />

correm por fora”, afirma o advogado especializado<br />

em concursos Bernardo Brandão.<br />

Para o presi<strong>de</strong>nte da Associação Nacional <strong>de</strong><br />

Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Ernani<br />

Pimentel, há indícios <strong>de</strong> possíveis frau<strong>de</strong>s.<br />

“Existem centenas <strong>de</strong> indícios. A credibilida<strong>de</strong> foi<br />

posta em xeque profundamente. Questões<br />

idênticas na prova ferem o princípio da isonomia.<br />

Des<strong>de</strong> o começo havia sinais <strong>de</strong> que a coisa não ia<br />

bem”, <strong>de</strong>staca. “O melhor seria anular a prova. Mas<br />

os candidatos <strong>de</strong>vem buscar pelas vias legais”,<br />

acrescenta.<br />

Essa avaliação não é unânime. “O que foi<br />

verificado ainda não é suficiente para a anulação<br />

do concurso. A Justiça tem <strong>de</strong>cidido que cópia <strong>de</strong><br />

questões, questão fora do edital, entre outras, são<br />

passíveis <strong>de</strong> anulação apenas das questões, mas<br />

não do concurso. Só é anulado caso haja quebra<br />

<strong>de</strong> sigilo, ou quando há vício <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong> grave,<br />

o que ainda não foi i<strong>de</strong>ntificado”, afirma o professor<br />

28


Wilson Granjeiro. “Caso a suspeita <strong>de</strong> violação <strong>de</strong><br />

um malote for concretizada, aí sim, a coisa<br />

complica”, completa.<br />

DISPENSA DE LICITAÇÃO/ALTAS<br />

TAXAS<br />

A FGV foi contratada para organizar o concurso do<br />

Senado por meio <strong>de</strong> dispensa <strong>de</strong> licitação. Ou seja,<br />

não houve concorrência ou igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições<br />

para que outras bancas participassem. O acordo<br />

entre a Casa e a banca estabelece que a FGV<br />

embolsaria as taxas <strong>de</strong> inscrição. As taxas <strong>de</strong><br />

participação variavam entre R$ <strong>18</strong>0 e R$ 200.<br />

Como foram mais <strong>de</strong> 157 mil candidatos inscritos, é<br />

possível calcular que a banca arrecadou mais <strong>de</strong><br />

R$ 28 milhões com o certame.<br />

Na avaliação <strong>de</strong> especialistas, a dispensa <strong>de</strong><br />

licitação é questionável. “Para se contratar uma<br />

banca examinadora para concurso, é preciso,<br />

acredito, que haja concorrência. Uma licitação que<br />

admita participação <strong>de</strong> qualquer interessado, e que<br />

critério <strong>de</strong> escolha seja, inicialmente, técnica”,<br />

afirma Wilson Granjeiro, presi<strong>de</strong>nte da re<strong>de</strong><br />

GranCursos. “Dessa forma, se restringe a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> favorecimento”, acrescenta.<br />

TRANSPARÊNCIA<br />

De acordo com o presi<strong>de</strong>nte da Associação<br />

Nacional <strong>de</strong> Proteção e Apoio aos Concursos<br />

(Anpac), Ernani Pimentel, houve falta <strong>de</strong><br />

transparência. “Contratação <strong>de</strong> concurso <strong>de</strong>ssa<br />

natureza tinha que haver concorrência, tomada <strong>de</strong><br />

preço, licitação. Houve falta <strong>de</strong> transparência e<br />

critérios técnicos”, <strong>de</strong>staca.<br />

Na época da divulgação do edital, a Comissão do<br />

Concurso do Senado informou em nota que o valor<br />

das taxas é calculado pela organizadora,<br />

“levando-se em consi<strong>de</strong>ração os altos custos<br />

provenientes da realização do certame em todas as<br />

capitais e com provas discursivas”. “O Senado não<br />

<strong>de</strong>sembolsará qualquer valor pelo serviço, uma vez<br />

que a FGV arrecadará as taxas <strong>de</strong> inscrição e<br />

assumirá os riscos envolvidos no certame”, diz.<br />

Sobre a dispensa <strong>de</strong> licitação, a Comissão afirmou<br />

que a prática encontra respaldo em acórdãos do<br />

Tribunal <strong>de</strong> Contas da União e “se <strong>de</strong>veu à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reposição ime<strong>dia</strong>ta <strong>de</strong> parte das<br />

aposentadorias do Senado”, e que, caso fosse feito<br />

um processo licitatório, “além da <strong>de</strong>mora, havia o<br />

risco <strong>de</strong> contratar instituição sem a tarimba<br />

necessária para prestar o serviço, o que po<strong>de</strong>ria<br />

ser prejudicial ao Senado”. A FGV não se<br />

pronunciou.<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

ITENS COPIADOS<br />

Os problemas <strong>de</strong> plágio foram i<strong>de</strong>ntificados logo<br />

nos editais <strong>de</strong> abertura. Alguns itens do conteúdo<br />

programático foram reaproveitados <strong>de</strong> um edital <strong>de</strong><br />

2001, elaborado pelo Centro <strong>de</strong> Seleção e <strong>de</strong><br />

Promoção <strong>de</strong> Eventos da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília<br />

(Cespe/UnB). Questões do documento traziam leis<br />

<strong>de</strong>satualizadas, revogadas e que nem existem<br />

mais.<br />

Desatualizado, o primeiro conteúdo prevê trechos<br />

copiados para o cargo <strong>de</strong> consultor legislativo. Na<br />

parte <strong>de</strong> conhecimentos gerais, direito<br />

constitucional e administrativo, administração,<br />

políticas públicas e raciocínio lógico o conteúdo é<br />

idêntico ao edital <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos atrás. A Lei 9.317,<br />

<strong>de</strong> 1996, exigida no edital, foi revogada há mais <strong>de</strong><br />

quatro anos. A Lei do Simples (9.317/03), que<br />

<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> vigorar em 2006, também era exigida no<br />

edital.<br />

A FGV retificou o edital, retirando as exigências<br />

<strong>de</strong>satualizadas. O Senado divulgou, na ocasião,<br />

nota reconhecendo as “inconsistências” no edital e<br />

afirmando que a “respon - sabilida<strong>de</strong> pelos<br />

conteúdos é da instituição organizadora”. “Apenas<br />

parte dos conteúdos era igual ao edital do Cespe<br />

<strong>de</strong> 2001. Não se <strong>de</strong>ve, também, olvidar que é<br />

normal haver repetição <strong>de</strong> conteúdos para um<br />

cargo cujo conteúdo histórico é marcante; a<strong>de</strong>mais,<br />

muitas leis não mudaram <strong>de</strong> 2001 para cá”,<br />

<strong>de</strong>stacou a nota.<br />

SINAIS<br />

“Des<strong>de</strong> o início, já havia sinais <strong>de</strong> que a coisa não<br />

ia bem, <strong>de</strong> improvisação, o que fortalece suspeita<br />

<strong>de</strong> privilégio. Se a banca já era <strong>de</strong>sorganizada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, contratada sem licitação, permite<br />

especulação. O Senado não po<strong>de</strong> incorrer num<br />

erro <strong>de</strong>sses”, <strong>de</strong>staca Ernani Pimentel.<br />

PERCENTUAL DE GORDURA<br />

No edital para o cargo <strong>de</strong> policial legislativo, há<br />

uma exigência que até agora gera polêmica: a<br />

exigência <strong>de</strong> percentuais mínimos e máximos <strong>de</strong><br />

gordura. O edital prevê que o candidato se<br />

submeta a uma avaliação funcional, que inclui<br />

aferição <strong>de</strong> percentual <strong>de</strong> gordura, antes <strong>de</strong> realizar<br />

a prova <strong>de</strong> aptidão física.<br />

O texto <strong>de</strong>fine o método e o instrumento utilizado<br />

(adipômetro Cescof Clínico na medição do<br />

percentual e terá como base o protocolo <strong>de</strong> Pollock<br />

<strong>de</strong> cinco dobras cutâneas). Também estabelece<br />

que estarão aptos os candidatos que obtiverem o<br />

percentual mínimo <strong>de</strong> 4% e máximo <strong>de</strong> 25% para<br />

29


homens, e mínimo <strong>de</strong> 13% e máximo <strong>de</strong> 31% para<br />

mulheres.<br />

Na avaliação <strong>de</strong> especialistas, esse tipo <strong>de</strong><br />

exigência <strong>de</strong>ve “cair” no primeiro mandado <strong>de</strong><br />

segurança impetrado, pois não há previsão legal<br />

para a cobrança. É importante lembrar que os<br />

candidatos <strong>de</strong>verão fazer testes físicos já bastante<br />

exigentes, e que apenas pessoas com bom<br />

preparo físico conseguiriam. A Comissão do<br />

Concurso Público do Senado afirmou que a Polícia<br />

Legislativa necessita, “assim como qualquer outro<br />

órgão policial, <strong>de</strong> um corpo funcional bem<br />

preparado fisicamente”.<br />

SERVIDORA INSCRITA<br />

A servidora <strong>de</strong> carreira do Senado Lúcia Maria<br />

Me<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> Souza, integrante da Comissão do<br />

Concurso Público e responsável pela gestão<br />

administrativa do contrato celebrado entre a FGV e<br />

a Casa, efetuou inscrição para concorrer ao cargo<br />

<strong>de</strong> consultor legislativo no concurso público da<br />

instituição. O fato foi i<strong>de</strong>ntificado no início <strong>de</strong><br />

fevereiro<br />

O Senado informou, à época, que “a atitu<strong>de</strong> da<br />

servidora causou estranheza e constrangimento”, e<br />

que o fato <strong>de</strong> ela não ter comunicado a inscrição<br />

em reunião ocorrida após o prazo para inscrição. O<br />

Senado excluiu a servidora da Comissão do<br />

Concurso; a afastou da gestão administrativa do<br />

contrato firmado entre o Senado e a FGV; <strong>de</strong>clarou<br />

expressamente o impedimento da servidora para<br />

realização do concurso como candidata e abriu<br />

sindicância para apuração dos fatos.<br />

“A Comissão do Concurso Público é meramente<br />

administrativa e que nenhum <strong>de</strong> seus membros<br />

teve nem terá conhecimento a respeito <strong>de</strong><br />

questões das provas, professores que as elaboram<br />

ou outra informação que possa colocar em risco a<br />

lisura e o sigilo”, informou o Senado em nota.<br />

“Todas as informações <strong>de</strong>ssa natureza são <strong>de</strong><br />

posse exclusiva da Fundação Getúlio Vargas, que<br />

não as compartilha com a Comissão”, diz.<br />

LISURA<br />

Na avaliação <strong>de</strong> Bernardo Brandão, advogado<br />

especializado em concursos públicos, esse fato já<br />

ameaçava a lisura do certame. “Houve violação <strong>de</strong><br />

pessoa que participava da elaboração e estava<br />

inscrita. Por exemplo, ela po<strong>de</strong> ter tido<br />

conhecimento dos termos do edital, do conteúdo<br />

programático. Se ela teve acesso ao conteúdo<br />

antes dos <strong>de</strong>mais candidatos, há violação do<br />

princípio da isonomia”, pon<strong>de</strong>ra. “Nesse momento,<br />

acredito que o concurso <strong>de</strong>veria ter sido parado e<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

instaurada investigação para verificar se alguém<br />

teve benefício com isso”, acrescentou.<br />

Essa opinião é compartilhada pelo presi<strong>de</strong>nte da<br />

Anpac, Ernani Pimentel. “Esse é outro indicador <strong>de</strong><br />

falta <strong>de</strong> serieda<strong>de</strong> e profissionalismo. De erro tanto<br />

por parte da FGV quanto do Senado. Abre espaço<br />

para especulações sobre a lisura do certame”,<br />

observa.<br />

QUESTÕES COPIADAS/FORA DO<br />

EDITAL<br />

Candidatos <strong>de</strong>nunciaram ao Ministério Público<br />

Fe<strong>de</strong>ral que a maioria das questões <strong>de</strong> prova <strong>de</strong><br />

Conhecimentos Específicos para as áreas <strong>de</strong><br />

Fisioterapia e Urologia teriam sido copiadas <strong>de</strong><br />

outros concursos. Só na <strong>de</strong> área <strong>de</strong> Fisioterapia,<br />

foram i<strong>de</strong>ntificadas 31 questões idênticas. As<br />

perguntas na área <strong>de</strong> Urologia, que teriam sido<br />

plagiadas, também superam 30. Há problemas que<br />

foram i<strong>de</strong>ntificados em provas <strong>de</strong> concursos da<br />

Eletronorte, Polícia Militar do Rio <strong>de</strong> Janeiro, além<br />

<strong>de</strong> certames <strong>de</strong> outros estados. Candidatos<br />

apresentaram <strong>de</strong>núncia sobre o caso no MPF.<br />

“Os candidatos que fizeram provas anteriores<br />

entraram nelas com vantagem. E não é apenas<br />

uma questão, são 30. Esse número classifica<br />

qualquer um. Isso fere profundamente a isonomia e<br />

permite a todos aqueles que não fizeram as outras<br />

provas se sintam prejudicados”, <strong>de</strong>staca Ernani<br />

Pimentel.<br />

“O examinador tem que ter em mente que ele<br />

ganha para fazer questões inéditas e<br />

rigorosamente <strong>de</strong> acordo com o edital. Com esse<br />

pensamento e valor que ele <strong>de</strong>ve elaborar a prova.<br />

Os examinadores que clonaram questões no<br />

mínimo não agiram <strong>de</strong> forma ética e honesta com<br />

aquelas 150 mil pessoas que se prepararam por<br />

meses para ingressar nessa carreira”, <strong>de</strong>staca<br />

Wilson Granjeiro. De acordo com ele, me<strong>dia</strong>nte<br />

provocação, essas questões <strong>de</strong>vem ser anuladas.<br />

“Como representa mais <strong>de</strong> 70% dos pontos, o<br />

procedimento é a anulação da prova para o cargo.”<br />

FORA DO CONTEÚDO<br />

Ainda segundo Granjeiro, havia questões fora do<br />

conteúdo programático do certame. “Isso <strong>de</strong>ve<br />

gerar anulação <strong>de</strong> questões. Perguntas fora do<br />

programa, <strong>de</strong>satualizadas, erros grosseiros,<br />

comandos absurdos, <strong>de</strong>sacordo com as normas<br />

técnicas, irrelevância ou falta <strong>de</strong> atualização”,<br />

enumera, citando uma pergunta <strong>de</strong> Conhecimentos<br />

Gerais para consul - tor sobre um affair do<br />

ex-presi<strong>de</strong>nte americano John Kennedy.<br />

30


Segundo a FGV, os questionamentos sobre<br />

perguntas <strong>de</strong> concursos anteriores, nas áreas <strong>de</strong><br />

Fisioterapia e Urologia, “que abrigaram, juntas,<br />

pouco mais <strong>de</strong> 0,5% dos inscritos, serão apurados<br />

com rigor”.<br />

PROBLEMAS NO DIA DA PROVA<br />

As <strong>de</strong>núncias relacionadas ao <strong>dia</strong> das provas são<br />

as mais contun<strong>de</strong>ntes. A confusão começou<br />

quando candidatos aos cargos <strong>de</strong> Análise <strong>de</strong><br />

Sistemas, Análise <strong>de</strong> Suporte <strong>de</strong> Sistemas e<br />

Enfermagem, que faziam o concurso na Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ciências Sociais e Tecnológicas (Facitec), em<br />

Taguatinga, tiveram os ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> provas<br />

trocados. Também faltaram testes em algumas<br />

salas. A coor<strong>de</strong>nação do concurso anulou provas<br />

<strong>de</strong> analista para os três cargos, o que representa<br />

6,6% do total <strong>de</strong> inscritos. A FGV informou que<br />

faltaram ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> provas em apenas quatro<br />

salas em Brasília.<br />

Os relatos não param por aí. Há <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> que<br />

candidatos utilizaram equipamentos eletrônicos<br />

durante a prova, como relógios e celulares, o que é<br />

vedado pelo edital. Outros casos dão conta <strong>de</strong> que<br />

não havia fiscalização nos banheiros, e que muitos<br />

<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> metais não funcionavam. O<br />

concurseiro Theo Miranda, 24 anos, presenciou<br />

candidatos discutindo questões <strong>de</strong> provas no<br />

banheiro. A banca negou a <strong>de</strong>núncia e diz nada<br />

atípico foi registrado nas atas dos fiscais.<br />

MALOTE<br />

A Polícia Fe<strong>de</strong>ral colheu na Facitec para perícia<br />

uma embalagem que continha as provas – e<br />

<strong>de</strong>veria estar completamente lacrada – aberta. A<br />

PF diz que está investigando. A FGV acionou a PF,<br />

e diz que não há risco <strong>de</strong> frau<strong>de</strong>. Segundo a banca,<br />

a abertura no malote era pequena e o conteúdo<br />

não foi violado.<br />

Outras informações dão conta <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ficientes<br />

visuais não teriam tido acesso às provas<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

ampliadas. No Colégio Setor Leste, na Asa Sul,<br />

antes <strong>de</strong> distribuir um ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> questões, uma<br />

fiscal retirou uma errata referente ao exame, a leu<br />

em voz alta e a afixou no quadro negro. Os<br />

candidatos não conseguiram ler os textos,<br />

impressos em tamanho normal. O problema só foi<br />

resolvido com a chegada <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nador.<br />

ATRASOS<br />

O edital previa divulgação do gabarito preliminar no<br />

<strong>dia</strong> seguinte à aplicação das provas (12). Sem<br />

justificativa, a banca alterou a data para a última<br />

quarta-feira, <strong>de</strong>ixando concurseiros apreensivos.<br />

Somente <strong>de</strong>pois, a FGV informou que tratava-se <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>cisão administrativa. Outra falha diz<br />

respeito à falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição da nova data <strong>de</strong><br />

realização das provas canceladas. A FGV chegou<br />

a anunciar que elas seriam feitas no <strong>dia</strong> 29 <strong>de</strong> abril,<br />

mas <strong>de</strong>pois recuou, alegando que nesse <strong>dia</strong> haverá<br />

outro concurso público. Somente na noite da última<br />

sexta, a banca anunciou a nova data: 15 <strong>de</strong> abril.<br />

31


Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

CONSTITUIÇÃO FEDERAL<br />

Nesta publicação, o candidato vai encontrar<br />

centenas <strong>de</strong> questões novas, relativas à<br />

jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal<br />

Fe<strong>de</strong>ral e dos Tribunais Superiores, indispensáveis<br />

para um bom resultado nas provas que hoje são<br />

apresentadas nas provas das melhores bancas do<br />

País. Livro: Constituição Fe<strong>de</strong>ral em Exercícios<br />

Autor: Gabriel Dezen Junior<br />

Editora: Vest Con<br />

Páginas: 776 Preço:<br />

R$ 115<br />

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Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Carreira, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

SEM DIPLOMA, SEM CARGO<br />

A Segunda Turma do Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

negou pedido a uma candidata ao cargo <strong>de</strong><br />

professora <strong>de</strong> inglês. Ela preten<strong>dia</strong> tomar posse<br />

apresentando documento diferente do exigido no<br />

edital do concurso em que foi aprovada. No caso, o<br />

edital exigia diploma em licenciatura plena em<br />

língua inglesa, que a candidata alegou não po<strong>de</strong>r<br />

apresentar <strong>de</strong>vido a greves ocorridas na instituição<br />

em que estudava. Para o relator, ministro Mauro<br />

Campbell Marques, aceitar outro documento no<br />

lugar do exigido pelo edital seria uma forma <strong>de</strong><br />

privilegiar o candidato, ferindo o princípio da<br />

igualda<strong>de</strong> entre todos os concorrentes.<br />

TST DETERMINA NOMEAÇÃO NO BB<br />

O Tribunal Superior do Trabalho <strong>de</strong>terminou que<br />

o Banco do Brasil nomeie candidatos aprovados<br />

em concurso público <strong>de</strong> 2003 para o cargo <strong>de</strong><br />

escriturário, que obtiveram classificação<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao número total <strong>de</strong> vagas<br />

ocupadas, em São José dos Pinhais (PR), por<br />

empregados terceirizados. A Segunda Turma da<br />

Corte <strong>de</strong>u provimento a recurso do Ministério<br />

Público do Trabalho, e <strong>de</strong>stacou que a<br />

jurisprudência do Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça e do<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral tem se firmado no<br />

sentido <strong>de</strong> que a expectativa <strong>de</strong> direito do aprovado<br />

em concurso público se converte em direito líquido<br />

e certo quando a Administração Pública, em<br />

inobservância aos princípios aos quais <strong>de</strong>ve<br />

submissão, preterir indivíduos aprovados em<br />

concurso público em favor <strong>de</strong> empregados<br />

terceirizados. Concluiu, assim, que a omissão do<br />

banco em não contratar os aprovados resultou em<br />

ofensa não só ao princípio do certame público,<br />

como também ao da moralida<strong>de</strong>, tratado pelo artigo<br />

37, caput da Constituição, e ao qual a<br />

Administração Pública <strong>de</strong>ve se sujeitar.<br />

33


E-mail: ch@claudiohumberto.com.br<br />

www.claudiohumberto.com.br<br />

Com Teresa Barros e Ana Paula Leitão<br />

“Agora, estamos liberados para<br />

negociar”<br />

Antonio Carlos Rodrigues (PR), negociando com<br />

adversários do PT, em São Paulo<br />

TROCO SEM DEMORA: CPI NO<br />

SENADO AGORA É VIÁVEL<br />

Eles não confirmam explicitamente a articulação,<br />

mas, em conversas reservadas, senadores aliados<br />

<strong>de</strong>sprestigiados pela presi<strong>de</strong>nta Dilma sinalizam a<br />

colegas <strong>de</strong> oposição que agora seria viável a<br />

aprovação <strong>de</strong> CPI para investigar, por exemplo, o<br />

escândalo <strong>de</strong> corrupção na Casa da Moeda, que<br />

po<strong>de</strong> atingir em cheio o ministro Guido Mantega<br />

(Fazenda). Impedir essa CPI é “questão <strong>de</strong> honra”<br />

para o Planalto.<br />

MAMÃO DO AÇÚCAR<br />

Além dos votos <strong>de</strong> oposição, uma proposta <strong>de</strong> CPI<br />

contaria com o apoio do PR e senadores<br />

“in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes” e até “leais” do PMDB.<br />

EXALTAÇÃO<br />

Quem primeiro mencionou a ameaça <strong>de</strong> CPI foi o<br />

senador Magno Malta (PR-ES), um dos mais<br />

exaltados, mas a turma <strong>de</strong> Sarney <strong>de</strong>scartou.<br />

CLIMA MAIS PESADO<br />

A atitu<strong>de</strong> do novo lí<strong>de</strong>r do governo Eduardo Braga<br />

(PMDB-AM), só piora o clima, ameaçando o PR e<br />

chamando aliados <strong>de</strong> “chantagistas”.<br />

CONTRAPONTO<br />

A turma <strong>de</strong> Sarney não vê utilida<strong>de</strong> no discurso<br />

juvenil do novo lí<strong>de</strong>r do governo contra<br />

insatisfeitos: “Jucá jamais faria isso”, diz um<br />

senador.<br />

FIFA QUER FATURAR MAIS DE US$ 3<br />

BILHÕES NA COPA<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Coluna Cláudio Humberto, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

CLÁUDIO HUMBERTO<br />

A meta da Fifa é faturar US$ 3 bilhões com a Copa<br />

do Mundo <strong>de</strong> 2014 no Brasil, por isso questões<br />

como meia-entrada e venda <strong>de</strong> bebidas alcoólicas<br />

são tão sensíveis para a entida<strong>de</strong>. Uma cervejaria<br />

é uma das principais patrocinadoras do evento.<br />

Joseph Blatter só <strong>de</strong>sistiu do veto à meia-entrada<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer contas e concluir que a perda <strong>de</strong><br />

receita será <strong>de</strong> US$ 100 milhões, valor consi<strong>de</strong>rado<br />

suportável pela entida<strong>de</strong>.<br />

AGORA, GENTILEZAS<br />

Joseph Blatter agora está mais gentil: há 5 meses,<br />

ele pediu audiência a Dilma e fez a in<strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za <strong>de</strong><br />

mandar Jérome Valcke em seu lugar.<br />

CONTRA-ATAQUE<br />

Jérome Valcke irritou Dilma, em outubro, com uma<br />

malcriação típica: “Foi o Brasil quem pediu para<br />

fazer a Copa. A Fifa tinha outras opções”.<br />

LÍDER DELE MESMO<br />

O novo lí<strong>de</strong>r na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP),<br />

foi <strong>de</strong>sautorizado pelo Planalto após se posicionar<br />

contra a venda <strong>de</strong> bebidas na Copa.<br />

ILUSTRE PASSAGEIRO<br />

A guerra pelo ministério dos Transportes aguça o<br />

apetite da ala do PT celebrizada pelos rolos <strong>de</strong><br />

campanha envolvendo empresas <strong>de</strong> ônibus: o<br />

cargos <strong>de</strong> ministro é tido como fonte inesgotável <strong>de</strong><br />

caixa 2.<br />

GLUG, GLUB<br />

Pivô das trapalhadas com a base do governo, I<strong>de</strong>li<br />

Salvatti (Relações Institucionais) foi aconselhada a<br />

submergir por uns tempos. De preferência num<br />

spa: como disse Sarney, está “bem gordinha”.<br />

PAMPAS NO PODER<br />

Para o <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Marcus Pestana, que<br />

presi<strong>de</strong> o PSDB em Minas, com tantos ministros<br />

gaúchos, o governo Dilma já po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>nominado<br />

<strong>de</strong> “República dos Pampas”.<br />

NEM AÍ<br />

Presi<strong>de</strong>nte do PMDB-BA, Lúcio Vieira Lima garante<br />

34


que “está pouco se lixando” para a pressão da<br />

cúpula para apoiar o DEM nas eleições em<br />

Salvador, em troca <strong>de</strong> aliança em São Paulo: “Eles<br />

que se resolvam”.<br />

GULA PETISTA<br />

Lí<strong>de</strong>r do PCdoB, a <strong>de</strong>putada Luciana Santos (PE)<br />

contabiliza nove candidatos comunistas a<br />

prefeituras <strong>de</strong> capitais. Isso se o partido resistir à<br />

fome do PT: “A pressão é muito forte para abrirmos<br />

mão”.<br />

PAÍS SEM REMÉDIO<br />

O roubo <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> remédios chegou a US$ 14<br />

milhões em 2011, diz a FreightWatch, lí<strong>de</strong>r mun<strong>dia</strong>l<br />

<strong>de</strong> segurança logística. Os eletrônicos li<strong>de</strong>ram. São<br />

Paulo registra o maior número <strong>de</strong> assaltos a<br />

cargas, com os ladrões pagando para o<br />

transportador não entregar a mercadoria.<br />

FOLHA DA JUSTIÇA<br />

A oposição na Bolívia quer enquadrar o juiz<br />

indígena Gualberto Cusi, do Supremo <strong>de</strong> lá, por<br />

dizer que, além <strong>de</strong> mastigar, “consulta” as folhas <strong>de</strong><br />

coca nos “julgamentos mais difíceis”. Se essa<br />

moda pega...<br />

PENSANDO BEM...<br />

...ir a São Bernardo e não visitar Lula é o mesmo<br />

que ir a Roma e não ver o Papa.<br />

CONEXÃO NIGÉRIA<br />

Não é mais o presi<strong>de</strong>nte da Nigéria, mas o ministro<br />

<strong>de</strong> Comércio e Investimentos do país, Olusegun<br />

Aganga, que chega Brasília no <strong>dia</strong> 19. Será<br />

recebido pelo ministro Fernando Pimentel<br />

(Desenvolvimento/foto).<br />

NÃO É A MAMÃE<br />

Carlos Lacerda fazia mais um discurso <strong>de</strong>vastador,<br />

na Câmara dos Deputados, contra o “mar <strong>de</strong> lama”<br />

do governo Getúlio Vargas. A <strong>de</strong>putada Ivete<br />

Jornal <strong>de</strong> Brasília/DF - Coluna Cláudio Humberto, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

Vargas, sobrinha do presi<strong>de</strong>nte, pe<strong>dia</strong> – em vão –<br />

um aparte. Cansada da insistência e muito irritada,<br />

Ivete per<strong>de</strong>u a paciência:<br />

– F.D.P! – gritou ao microfone, com todas as letras.<br />

Com sua estonteante rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> raciocínio,<br />

Lacerda respon<strong>de</strong>u na bucha:<br />

– Vossa Excelência é muito nova para ser minha<br />

mãe!<br />

35


Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP


Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Ribeirão , <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Justiça do Trabalho<br />

Prefeitura <strong>de</strong> Pontal é con<strong>de</strong>nada e terá <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizar<br />

fiscal<br />

Justiça do trabalho<br />

DE RIBEIRÃO PRETO - A Prefeitura <strong>de</strong> Pontal foi<br />

con<strong>de</strong>nada a in<strong>de</strong>nizar em R$ 15 mil, por danos<br />

morais, um fiscal <strong>de</strong> obras que afirma ter sido<br />

perseguido por um secretário da administração<br />

municipal em 2009.<br />

A <strong>de</strong>cisão é do TRT (Tribunal Regional do<br />

Trabalho).<br />

Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.<br />

Por meio da assessoria <strong>de</strong> imprensa, a prefeitura<br />

informou apenas que seu <strong>de</strong>partamento jurídico<br />

acompanha o caso.<br />

Em <strong>de</strong>núncia, o fiscal afirmou que há três anos<br />

começou a sofrer pressão para não multar<br />

parentes e clientes <strong>de</strong> um secretário, cujas obras e<br />

terrenos estavam irregulares.<br />

Após se negar a obe<strong>de</strong>cer, o fiscal disse ter sofrido<br />

represálias da administração municipal, como a<br />

troca da área <strong>de</strong> atuação e a retirada do talonário<br />

<strong>de</strong> multas.<br />

À Justiça a prefeitura não contestou as acusações<br />

do fiscal. Por esse motivo, a 1ª Vara do Trabalho<br />

<strong>de</strong> Sertãozinho aplicou a pena <strong>de</strong> confissão ao<br />

município.<br />

(GABRIELA YAMADA)<br />

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Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Po<strong>de</strong>r, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Ministro foi alertado <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong>s, diz advogado<br />

Folha transparência<br />

Ex-publicitário afirma que avisou Paulo<br />

Bernardo <strong>de</strong> problemas em MS<br />

Petista, que então era secretário da Fazenda, nega<br />

ter sido advertido <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s em licitações<br />

no Estado<br />

RUBENS VALENTE<br />

FELIPE SELIGMAN<br />

FERNANDO MELLO<br />

DE BRASÍLIA<br />

Em inquérito no Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, o<br />

advogado Renato Pimenta Júnior, 62, narrou que o<br />

ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT),<br />

teve conhecimento <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong>s na área <strong>de</strong><br />

comunicação quando foi secretário <strong>de</strong> Fazenda <strong>de</strong><br />

Mato Grosso do Sul, <strong>de</strong> 1999 a 2000.<br />

O ministro, que não é investigado, disse que não<br />

conhece Pimenta Júnior e que não foi avisado dos<br />

fatos.<br />

A Folha divulga hoje três inquéritos em que o<br />

ministro foi incluído pela Procuradoria-Geral da<br />

República como testemunha <strong>de</strong> investigação sobre<br />

irregularida<strong>de</strong>s no governo <strong>de</strong> Zeca do PT em Mato<br />

Grosso do Sul (1999-2006).<br />

Os documentos estão no site do "Folha<br />

Transparência", conjunto <strong>de</strong> iniciativas do jornal<br />

para tornar públicos documentos que estão sob<br />

controle do Estado.<br />

Segundo <strong>de</strong>poimentos, a secretaria fazia os<br />

pagamentos dos contratos do Estado, inclusive os<br />

da comunicação.<br />

Em 2002, a Promotoria passou a investigar<br />

supostas irregularida<strong>de</strong>s na área, que envolviam o<br />

<strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Van<strong>de</strong>r Loubet (PT-MS), sobrinho<br />

do ex-governador e ex-secretário <strong>de</strong> governo.<br />

Entre 1999 e 2000 ele assinou contratos com<br />

agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e os prorrogou <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

vezes. Em 2007, a parte dos inquéritos sobre<br />

Loubet foi remetida ao STF.<br />

Em um <strong>de</strong>les, Pimenta Júnior, que foi dono da<br />

agência Nova Fronteira, disse que o governo<br />

aditava contratos anteriores "<strong>de</strong>ntro da ilegalida<strong>de</strong>"<br />

e que sua empresa foi excluída <strong>de</strong> licitações<br />

porque se negou a participar das irregularida<strong>de</strong>s.<br />

Pimenta Júnior disse ter alertado Paulo Bernardo<br />

dos problemas. No fim <strong>de</strong> 2011, o ministro Marco<br />

Aurélio <strong>de</strong>terminou a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong><br />

Bernardo. Ele foi ouvido em 10 fevereiro.<br />

Leia os inquéritos em transparencia.folha.com.br<br />

Outro Lado<br />

Bernardo afirma que não conhece<br />

ex-publicitário<br />

DE BRASÍLIA<br />

O ministro Paulo Bernardo diz não conhecer<br />

Pimenta Júnior e negou ter sido avisado <strong>de</strong><br />

irregularida<strong>de</strong>s.<br />

"O governo passava por forte ajuste e liberamos<br />

poucos recursos para essa ativida<strong>de</strong>", disse.<br />

Bernardo disse que prestou <strong>de</strong>poimento no STF<br />

"na condição <strong>de</strong> testemunha".<br />

O <strong>de</strong>putado Van<strong>de</strong>r Loubet (PT-MS), ex-secretário<br />

em MS, disse que os contratos foram estendidos<br />

<strong>de</strong> forma legal.<br />

38


Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Po<strong>de</strong>r, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Justiça proíbe executivos <strong>de</strong> petroleira <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o país<br />

Mercado em cima da hora<br />

Após novo vazamento, presi<strong>de</strong>nte da Chevron<br />

terá <strong>de</strong> entregar passaporte<br />

Companhia não se pronuncia; Transocean, dona<br />

<strong>de</strong> plataforma, não comenta; Marinha vê mancha<br />

<strong>de</strong> 1 km<br />

DENISE LUNA<br />

LUCAS VETTORAZZO<br />

DO RIO<br />

Dezessete executivos das empresas<br />

norte-americanas Chevron e da Transocean,<br />

envolvidas no vazamento <strong>de</strong> petróleo ocorrido em<br />

novembro na bacia <strong>de</strong> Campos, estão proibidos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar o país sem autorização judicial.<br />

Entre eles está o presi<strong>de</strong>nte da Chevron no Brasil,<br />

George Raymond Buck, e o diretor-geral da<br />

Transocean, Guilherme Dantas Coelho. São 12<br />

estrangeiros e 5 brasileiros, que terão <strong>de</strong> entregar<br />

os passaportes à Polícia Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Até o fechamento <strong>de</strong>sta edição, a Chevron não<br />

havia se pronunciado. A Transocean disse que não<br />

comentaria a <strong>de</strong>cisão (da qual cabe recurso),<br />

tomada na sexta, às 22h14, pelo juiz Vlamir Costa<br />

Magalhães, da 4ª Vara Fe<strong>de</strong>ral Criminal, que<br />

<strong>de</strong>feriu pedido <strong>de</strong> liminar do Ministério Público<br />

Fe<strong>de</strong>ral.<br />

O juiz disse em sua <strong>de</strong>cisão que "mais uma vez há<br />

indícios veementes <strong>de</strong> vazamento" e que os 17<br />

executivos têm "palpáveis motivos para querer<br />

<strong>de</strong>ixar o país".<br />

Isso, para o juiz, "geraria sério risco para a<br />

investigação dos fatos aludidos e eventual<br />

aplicação da lei penal".<br />

Em novembro do ano passado, um aci<strong>de</strong>nte<br />

durante perfuração <strong>de</strong> poço da Chevron na bacia<br />

<strong>de</strong> Campos fez com que ao menos 2.400 litros <strong>de</strong><br />

óleo vazassem para o mar. A plataforma que<br />

perfurava o poço é da Transocean.<br />

Na quinta passada, a petroleira anunciou a<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novo vazamento, a três quilômetros<br />

do primeiro, mas disse que não havia relação com<br />

o aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> novembro. Para o Ibama, no entanto,<br />

há relação entre os vazamentos.<br />

O óleo estaria saindo <strong>de</strong> fissura <strong>de</strong> 800 metros no<br />

fundo do oceano. Segundo a empresa, cinco litros<br />

da substância foram recolhidos no mar.<br />

CULPA E NEGLIGÊNCIA<br />

O procurador da República Eduardo Santos<br />

Oliveira, responsável pelo inquérito que investiga o<br />

vazamento <strong>de</strong> novembro e pelo pedido para que os<br />

executivos não possam <strong>de</strong>ixar o país, diz que a<br />

intenção da Chevron <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r sua produção é<br />

"confissão <strong>de</strong> culpa e <strong>de</strong> negligência".<br />

Na quinta-feira, a Chevron havia pedido à ANP<br />

(Agência Nacional do Petróleo) a suspensão da<br />

produção no país.<br />

O procurador disse ainda que o novo vazamento<br />

po<strong>de</strong> ser muito maior do que a empresa vem<br />

informando.<br />

A Marinha i<strong>de</strong>ntificou na tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> sexta uma<br />

mancha <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> 1 km <strong>de</strong> extensão na região do<br />

novo vazamento, a 130 km da costa do Rio.<br />

A Marinha consi<strong>de</strong>rou a mancha "tênue" em<br />

relação à formada no ano passado e que <strong>de</strong>ixou<br />

um rastro <strong>de</strong> 163 km² <strong>de</strong> óleo no mar.<br />

39


Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Po<strong>de</strong>r, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

Kassab afirma que não existe ilegalida<strong>de</strong> no caso<br />

Controlar<br />

Coti<strong>dia</strong>no em cima da hora<br />

Promotoria abriu ação criminal contra prefeito<br />

AFONSO BENITES<br />

DE SÃO PAULO<br />

O prefeito <strong>de</strong> São Paulo, Gilberto Kassab (PSD),<br />

disse ontem que "não existe frau<strong>de</strong>" na contratação<br />

da Controlar para inspeção veicular.<br />

Anteontem, o Ministério Público abriu<br />

investigação criminal para apurar a suspeita <strong>de</strong><br />

frau<strong>de</strong> em documento fundamental para a<br />

contração da empresa.<br />

"Sempre digo que o Ministério Público é um<br />

parceiro da prefeitura e seu papel é investigar",<br />

disse. Segundo ele, não há novida<strong>de</strong>s no caso.<br />

Kassab afirma que a investigação criminal é só<br />

<strong>de</strong>sdobramento da ação civil <strong>de</strong> improbida<strong>de</strong><br />

administrativa movida pela Promotoria em<br />

novembro do ano passado.<br />

À época, a Justiça bloqueou os bens <strong>de</strong> Kassab,<br />

do secretário Eduardo Jorge (Ver<strong>de</strong> e Meio<br />

Ambiente) e <strong>de</strong> empresas e pessoas ligadas à<br />

Controlar. A <strong>de</strong>cisão foi revertida pelo STJ<br />

(Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça) em janeiro.<br />

"A Justiça enten<strong>de</strong>u que as colocações da<br />

Promotoria eram ina<strong>de</strong>quadas", disse o prefeito,<br />

que ontem vistoriou obras na zona sul da capital.<br />

Se con<strong>de</strong>nado na área cível, não há possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> prisão -Kassab po<strong>de</strong>rá per<strong>de</strong>r o cargo e ser<br />

obrigado a ressarcir os cofres públicos.<br />

Já na criminal, o prefeito po<strong>de</strong>rá ser con<strong>de</strong>nado <strong>de</strong><br />

dois a quatro anos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tenção, caso fique<br />

comprovado que feriu a Lei <strong>de</strong> Licitações.<br />

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Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Capa, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Fe<strong>de</strong>ral<br />

Juiz proíbe executivos <strong>de</strong> petroleira <strong>de</strong> sair do país<br />

Liminar da Justiça Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>terminou que 17<br />

executivos das empresas Chevron e Transocean,<br />

envolvidas no vazamento <strong>de</strong> petróleo em novembro<br />

<strong>de</strong> 2011, na bacia <strong>de</strong> Campos, estão proibidos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixar o país.<br />

Na quinta, foi i<strong>de</strong>ntificado um novo vazamento na<br />

mesma área, ontem, a Marinha localizou uma<br />

mancha <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> um quilômetro <strong>de</strong> extensão na<br />

região.<br />

Segundo o juiz Vlamir Costa Magalhães, os<br />

executivos “têm condições econômicas e palpáveis<br />

motivos para querer <strong>de</strong>ixar o país”.<br />

Cabe recurso da <strong>de</strong>cisão. As duas empresas não<br />

se pronunciaram. Po<strong>de</strong>r A9<br />

41


VERA MAGALHÃES painel@uol.com.br<br />

Derrota contratada<br />

A tría<strong>de</strong> Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann e I<strong>de</strong>li<br />

Salvatti recebeu conselhos <strong>de</strong> vários articuladores<br />

experientes para negociar pontualmente pelo<br />

menos três pontos do Código Florestal que<br />

po<strong>de</strong>riam aplacar a sanha dos ruralistas e impedir<br />

uma <strong>de</strong>rrota consi<strong>de</strong>rada líquida e certa do governo<br />

na Câmara. São eles a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

recomposição <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> preservação ambiental<br />

na chamada zona <strong>de</strong> expansão urbana, nas<br />

margens <strong>de</strong> rios e em pequenas proprieda<strong>de</strong>s<br />

rurais.<br />

O ministro Men<strong>de</strong>s Ribeiro (Agricultura) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

negociar, mas a or<strong>de</strong>m no Planalto continua sendo<br />

não alterar em nada o texto aprovado pelo Senado.<br />

Cal<strong>de</strong>irão<br />

O Planalto quer a<strong>dia</strong>r a votação do código, mas<br />

ninguém acredita que o presi<strong>de</strong>nte da Câmara,<br />

Marco Maia (PT-RS), resista à intensa pressão<br />

para colocar a matéria em pauta já.<br />

Se a moda pega<br />

Dilma confessou a interlocutores que está se<br />

divertindo com o ritual <strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r jornalistas e<br />

congressistas com anúncios <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> ministros e<br />

lí<strong>de</strong>res à noite, principalmente às sextas-feiras.<br />

Férias<br />

O ex-presi<strong>de</strong>nte Lula <strong>de</strong>ve fazer uma viagem <strong>de</strong><br />

uma semana para <strong>de</strong>scansar antes <strong>de</strong> retomar<br />

suas ativida<strong>de</strong>s no Instituto Cidadania, em 30 <strong>dia</strong>s.<br />

Os médicos só o liberaram para viagens <strong>de</strong><br />

trabalho a partir <strong>de</strong> maio.<br />

Plano B<br />

O lí<strong>de</strong>r do PR no Senado, Blairo Maggi (MT), fez<br />

chegar ao novo lí<strong>de</strong>r do governo da Casa, Eduardo<br />

Braga (PMDB-AM), que aceitaria o Ministério do<br />

Desenvolvimento, hoje ocupado por Fernando<br />

Pimentel. Sem os Transportes, o PR anunciou que<br />

vai para a oposição.<br />

Blefe<br />

O governo não se assusta com a bravata <strong>de</strong> que os<br />

rebelados do Senado vão apoiar CPIs. A avaliação<br />

é que nem o PR aguenta uma apuração sobre o<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Painel, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

Painel<br />

Dnit, nem o lí<strong>de</strong>r do DEM, Demóstenes Torres<br />

(GO), estaria disposto a falar em investigação em<br />

meio ao caso Carlinhos Cachoeira.<br />

Número mágico<br />

Antes <strong>de</strong> suspen<strong>de</strong>r a agenda até terça, quando<br />

voltará da viagem em que comemora seu 70º<br />

aniversário, José Serra estipulou meta ousada para<br />

assessores: quer empenho para obter 80% dos<br />

votos nas prévias do próximo domingo.<br />

Mantra<br />

O QG <strong>de</strong> Fernando Haddad comemora a volta do<br />

caso Controlar ao noticiário dois <strong>dia</strong>s após o<br />

pré-candidato ter <strong>de</strong>fendido o fim da taxa <strong>de</strong><br />

inspeção veicular. Com Gilberto Kassab e Eduardo<br />

Jorge (PV) sob nova investigação do Ministério<br />

Público, o tema continuará pautando entrevistas<br />

do petista.<br />

Varejo<br />

Empenhado em arrastar o PSB para a aliança<br />

tucana, Geraldo Alckmin ampliará <strong>de</strong> 67 para 402 o<br />

número <strong>de</strong> municípios atendidos pelo secretário <strong>de</strong><br />

Turismo, Márcio França, dirigente da sigla. O<br />

upgra<strong>de</strong> na pasta será possível graças à reserva<br />

<strong>de</strong> R$ 50 milhões anuais para cida<strong>de</strong>s ranqueadas<br />

pela infraestrutura turística.<br />

Dendê 1<br />

Pré-candidato do DEM à Prefeitura <strong>de</strong> Salvador,<br />

ACM Neto esteve com Serra para tratar da<br />

intrincada negociação para que o<br />

PSDB se alie ao seu partido na capital baiana.<br />

Dendê 2<br />

Dirigentes "<strong>de</strong>mos" subiram o tom e passaram a<br />

dizer que, sem acordo na Bahia, é improvável que<br />

o partido feche acordo com os tucanos em São<br />

Paulo. Nesse cenário, a dupla aliança com o PMDB<br />

seria prioritária.<br />

Dois em um<br />

Carlos Bezerra, mais próximo <strong>de</strong> Serra e Kassab, e<br />

Mauro Bragato, ex-secretário <strong>de</strong> Alckmin, disputam<br />

a li<strong>de</strong>rança tucana na Assembleia paulista.<br />

Tiroteio<br />

42


Não se po<strong>de</strong> mais falar <strong>de</strong> campanha eleitoral nas<br />

re<strong>de</strong>s sociais antes <strong>de</strong> julho. Mas 'trolar' o TSE<br />

ainda po<strong>de</strong>, né? Até porque eles não sabem o que<br />

isso significa.<br />

DA PRÉ-CANDIDATA DO PPS À PREFEITURA<br />

DE SP, SONINHA FRANCINE, sobre a <strong>de</strong>cisão da<br />

Justiça que veta uso do Twitter e Facebook para<br />

fins <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> candidaturas antes do início<br />

formal da campanha, em 5 <strong>de</strong> julho.<br />

Contraponto<br />

Velha roupa colorida<br />

Durante reunião com dirigentes sindicais em 2006<br />

no Planalto, Lula reencontrou Geraldino Santos,<br />

secretário da Força Sindical e ex-companheiro <strong>de</strong><br />

greves. O então presi<strong>de</strong>nte percebeu que ambos<br />

usavam ternos <strong>de</strong> tecidos e cores iguais e disse:<br />

-Como você vem aqui usando terno igual ao meu?<br />

Geraldino respon<strong>de</strong>u, constrangido:<br />

-Eu só tenho ele. O senhor tem vários.<br />

Lula riu e arrematou:<br />

-Antigamente os nossos macacões eram todos<br />

iguais.<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Painel, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

43


monica.bergamo@grupofolha.com.br<br />

Maria Pia Marcon<strong>de</strong>s Ferraz e Bebel Niemeyer na<br />

casa <strong>de</strong> Ana Cecília Lins Lacerda (à dir.), no Rio<br />

Da feira ao baile<br />

As verda<strong>de</strong>iras mulheres ricas do Rio, Bebel<br />

Niemeyer, Ana Cecília Lins Lacerda e Maria Pia<br />

Marcon<strong>de</strong>s Ferraz, fazem sucesso em blog com<br />

dicas <strong>de</strong> camelôs a joalherias e ensinam truques<br />

como alargar sapatos<br />

A i<strong>de</strong>ia surgiu quando Bebel Niemeyer, mulher do<br />

neurocirurgião Paulo Niemeyer, conversava um <strong>dia</strong><br />

ao telefone com a amiga Maria Pia Marcon<strong>de</strong>s<br />

Ferraz, bisneta do sanitarista Carlos Chagas e filha<br />

da baronesa Silvia Amélia <strong>de</strong> Waldner.<br />

"Mãe, por que você não faz um blog?" perguntou<br />

Isabel, filha <strong>de</strong> Bebel, tentando <strong>de</strong>spachar a mãe<br />

para assistir em paz a um jogo do Barcelona na<br />

TV. Bebel não tinha a menor noção <strong>de</strong> a quê ela se<br />

referia. "É o que você faz por telefone todo <strong>dia</strong> com<br />

a tia Pia, só que por escrito."<br />

Maria Pia sabia um pouco melhor do que Isabel<br />

falava, mas não fazia i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> como colocar o tal<br />

blog no ar. Ligou para a prima, Ana Cecília <strong>de</strong><br />

Magalhães Lins Lacerda, bisneta do abolicionista<br />

Joaquim Nabuco, casada com um neto do<br />

ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda.<br />

Poucos <strong>dia</strong>s <strong>de</strong>pois, o 40Forever (lê-se Quarenta<br />

Forever) entrava no ar, conta a repórter Cristina<br />

Grillo.<br />

Ricas, bem nascidas, representantes da mais<br />

tradicional elite carioca, as três começaram a<br />

compartilhar com as amigas dicas <strong>de</strong> moda,<br />

comportamento, viagens, gastronomia.<br />

"Mas não somos um blog elitista. Vamos da feira<br />

ao baile", diz Bebel, que, para ilustrar um post<br />

contando o quanto vale a pena vasculhar as lojas<br />

Renner em busca <strong>de</strong> roupas que não fariam feio<br />

em um casamento, teve que fazer fotos escondida.<br />

"Não <strong>de</strong>ixam fotografar lá <strong>de</strong>ntro."<br />

Bobagem. Se soubessem que o blog, nascido em<br />

agosto do ano passado, já tem 20 mil acessos<br />

diários -e subindo-, mudariam <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia.<br />

Na sala da ampla casa <strong>de</strong> Ana Cecília, na zona sul<br />

carioca, as três se divertem contando histórias que<br />

já se acumulam ao longo <strong>de</strong> sete meses <strong>de</strong> blog.<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Mônica Bergamo, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

Mônica Bergamo<br />

"Lembra da confusão do post das bolsas falsas?",<br />

pergunta Ana Cecília. No site, ela contou do bafafá<br />

envolvendo uma paulistana conhecida que ven<strong>de</strong>u<br />

para uma carioca endinheirada uma bolsa <strong>de</strong> grife<br />

caríssima, mas falsa. A compradora <strong>de</strong>scobriu o<br />

golpe e armou um barraco.<br />

Ana Cecília não dá o nome das santas nem sob<br />

tortura, mas rastreou na internet até encontrar um<br />

site que ven<strong>de</strong> cópias perfeitas <strong>de</strong> bolsas grifadas<br />

-Hermès, Louis Vuitton, Chloé, está tudo lá.<br />

"Até os certificados <strong>de</strong> garantia eles mandam. E se<br />

você quiser, po<strong>de</strong> comprar uma sacola falsa, para<br />

mostrar para as amigas que comprou mesmo da<br />

grife, por US$ 15. Tudo por preço paraguaio", diz<br />

Cecil, como é chamada pelas amigas.<br />

Ela acompanha os acessos ao blog e diz que a<br />

história foi um das mais lidas. Mas não sabe dizer<br />

se os acessos foram para ler sobre o caso das<br />

falsificações ou para <strong>de</strong>scobrir on<strong>de</strong> elas po<strong>de</strong>m<br />

ser compradas.<br />

O nome 40Forever foi inspirado na seção<br />

"Gorgeous at 40" (maravilhosa aos 40) da revista<br />

"Harper's Bazaar", que mostra fotos <strong>de</strong><br />

quarentonas chiques e <strong>de</strong>slumbrantes. As três<br />

estão nessa faixa etária. "Daqui a pouco estaremos<br />

todas mais para o 'forever' [para sempre] do que<br />

para os 40", diz Bebel.<br />

O site mira o público que não aguenta mais blogs<br />

feitos por jovenzinhas que gostam <strong>de</strong> moda.<br />

"Esse negócio <strong>de</strong> ter que estar grifado para estar<br />

bonito é mito. As lojas populares convidam<br />

estilistas incríveis para fazer coleções. Você fica<br />

chiquérrima gastando pouco", diz Maria Pia, que<br />

dividiu com as leitoras a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um<br />

ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> biquínis a R$ 25 e outro <strong>de</strong> pulseiras<br />

africanas a R$ 5 na praia <strong>de</strong> Ipanema. "Modéstia à<br />

parte, outro <strong>dia</strong> usei o biquíni <strong>de</strong> R$ 25 e fiz muito<br />

sucesso", conta.<br />

Da "feira" para o "baile", o trio outro <strong>dia</strong> postou<br />

fotos da nova coleção <strong>de</strong> uma famosa joalheria da<br />

cida<strong>de</strong>. "Nem nós po<strong>de</strong>mos comprar aquilo, mas<br />

não é por isso que não queremos olhar, não é?<br />

Quando vamos a um museu, sabemos que não<br />

po<strong>de</strong>mos comprar os quadros", explica Ana Cecília.<br />

"Mas sempre tem uma pecinha <strong>de</strong> R$ 700 que dá<br />

para parcelar em <strong>de</strong>z vezes", diz Maria Pia. "Doze,<br />

querida, se você usar o cartão certo", respon<strong>de</strong><br />

Ana Cecília, espécie <strong>de</strong> gerente do trio.<br />

44


As três escrevem no blog -os textos <strong>de</strong> cada uma<br />

são i<strong>de</strong>ntificados pelas iniciais AC, BN e MP no pé<br />

das notas. São quatro posts por <strong>dia</strong>: às 8h, às 12h,<br />

às 16h e às 20h.<br />

Ana Cecília é a mais prática. Dá dicas para o <strong>dia</strong> a<br />

<strong>dia</strong>. Maria Pia gosta <strong>de</strong> moda e <strong>de</strong> achados. Bebel<br />

posta receitas ou <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> novos produtos<br />

em supermercados. "Ela é o nosso Proust. Um <strong>dia</strong><br />

ainda vou vê-la tomando posse na Aca<strong>de</strong>mia<br />

Brasileira <strong>de</strong> Letras", diz Ana Cecília.<br />

Outro <strong>dia</strong>, Ana Cecília revelou que não usa<br />

nenhum sapato sem que antes seu sapateiro <strong>de</strong><br />

confiança, em Ipanema, coloque uma fina camada<br />

<strong>de</strong> borracha nas solas.<br />

"Morro <strong>de</strong> medo <strong>de</strong> escorregar. Além disso, é mais<br />

higiênico e faz o sapato durar. Quando chego em<br />

casa, passo uma escova e está novo."<br />

O sapateiro comprou borrachas vermelhas,<br />

fininhas, para colar em sapatos do francês<br />

Christian Louboutin, cuja marca registrada é o uso<br />

<strong>de</strong>ssa cor no solado.<br />

Quando o <strong>de</strong>signer esteve no Rio, no Carnaval,<br />

autografou os sapatos das filhas <strong>de</strong> Bebel, Maria e<br />

Isabel. As meninas contam que Louboutin adorou a<br />

i<strong>de</strong>ia da borrachinha na sola.<br />

A próxima dica <strong>de</strong> Ana Cecília, aliás, será como<br />

alargar calçados que apertam o pé. "É só encher<br />

um saco <strong>de</strong> água e colocar no sapato. Depois,<br />

embrulha-se o par com o saco <strong>de</strong> água e coloca-os<br />

no congelador. A água congelada funciona como<br />

uma forma." Para aqueles calçados que machucam<br />

os pés, a dica é passar o creme Vick Vaporub, diz<br />

Bebel.<br />

As três já começaram a ser procuradas por<br />

anunciantes. "A Ana não dá <strong>de</strong>sconto para<br />

ninguém. Às vezes eu fico com pena, a pessoa<br />

Folha <strong>de</strong> São Paulo/SP - Mônica Bergamo, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

quer estar no blog, mas não tem dinheiro", diz<br />

Bebel.<br />

Vão lançar o primeiro produto da marca 40Forever.<br />

Uma camiseta com <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Hubert <strong>de</strong><br />

Givenchy. Ele procurou Maria Pia, filha <strong>de</strong> sua<br />

amiga Silvia Amélia, para pedir emprestado seu<br />

vestido <strong>de</strong> casamento, feito por Yves Saint Laurent,<br />

para uma exposição que organiza em Paris. Ela<br />

aproveitou o pedido para, em troca, propor que ele<br />

criasse a estampa da blusa. O dinheiro arrecadado<br />

com as vendas vai para uma instituição <strong>de</strong><br />

carida<strong>de</strong>.<br />

Mas elas também querem lucro. "Claro que sim!<br />

Quem não gosta <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r pagar as próprias<br />

contas?", diz Ana Cecília.<br />

45


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Capa, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

NOTAS & INFORMAÇÕES<br />

Veto aos ‘contas-sujas’ O TSE transformou a<br />

prestação <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> campanhas em mais do<br />

que mera formalida<strong>de</strong>.<br />

PÁG.A3<br />

47


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Nacional, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

ENTREVISTA: Miguel Reale Junior, ex-ministro da<br />

Justiça e professor titular <strong>de</strong> Direito Penal da USP<br />

‘Anistia <strong>de</strong> mão dupla foi o preço da<br />

volta à <strong>de</strong>mocracia’<br />

Jurista reconhece ‘custo alto’ para<br />

retorno da ‘paz política e social’, mas vê<br />

‘insegurança jurídica’em <strong>de</strong>núncias<br />

contra militares<br />

Roldão Arruda<br />

A tentativa do Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral (MPF)<br />

<strong>de</strong> punir agentes <strong>de</strong> Estado que cometeram crimes<br />

<strong>de</strong> sequestro e ocultação <strong>de</strong> cadáveres durante a<br />

ditadura militar, sob a alegação <strong>de</strong> que seriam<br />

crimes permanentes, não ajuda a causa dos<br />

direitos humanos. Quem faz essa avaliação é o<br />

jurista Miguel Reale Junior, titular da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />

Direito Penal da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Para o jurista, a investida dos procuradores é nula<br />

do ponto <strong>de</strong> vista jurídico e temerária. “Dar<br />

andamento a essa i<strong>de</strong>ia significaria criar uma<br />

imensa insegurança jurídica”, disse ele em<br />

entrevista ao Estado.<br />

Além <strong>de</strong> professor titular da USP, Reale Junior foi<br />

ministro da Justiça no governo do presi<strong>de</strong>nte<br />

Fernando Henrique Cardoso em 2002 e também<br />

presidiu a Comissão <strong>de</strong> Mortos e Desaparecidos.<br />

Antes disso, no final da década <strong>de</strong> 1970, participou,<br />

como conselheiro fe<strong>de</strong>ral da Or<strong>de</strong>m dos<br />

Advogados do Brasil (OAB), dos <strong>de</strong>bates que<br />

levaram à criação da Lei da Anistia, em 1979.<br />

O <strong>de</strong>bate em torno dos crimes <strong>de</strong> sequestro e<br />

ocultação <strong>de</strong> cadáver ainda está no início. Na<br />

semana passada, após a rejeição da primeira<br />

<strong>de</strong>núncia contra o major da reserva Sebastião<br />

Curió, os procuradores da República anunciaram<br />

que vão recorrer ao Tribunal Regional Fe<strong>de</strong>ral da<br />

1.ª Região. O assunto <strong>de</strong>ve acabar no Supremo<br />

Tribunal Fe<strong>de</strong>ral (STF).<br />

Como o sr. vê o texto da <strong>de</strong>núncia<br />

contra o major Curió, acusado <strong>de</strong><br />

crimes na guerrilha do Araguaia?<br />

O documento é importante do ponto <strong>de</strong> vista<br />

histórico, porque faz um relato preciso das<br />

circunstâncias das prisões e narra com <strong>de</strong>talhes o<br />

que aconteceu. Sob o aspecto jurídico, porém, o<br />

valor é nulo.<br />

Por que o sr. <strong>de</strong>staca o valor histórico<br />

da <strong>de</strong>núncia?<br />

Fui presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Mortos e<br />

Desaparecidos por um período <strong>de</strong> cinco anos. No<br />

trabalho à frente <strong>de</strong>ssa comissão, criada pela Lei<br />

9.140 <strong>de</strong> 1995, foi extremamente chocante ouvir os<br />

relatos sobre os <strong>de</strong>saparecidos, especialmente os<br />

casos dos torturados nas <strong>de</strong>legacias, nos porões<br />

da ditadura. Por isso consi<strong>de</strong>ro importante essa<br />

<strong>de</strong>núncia.<br />

E por que não vê valor jurídico no<br />

documento?<br />

A Lei 9.140, que criou a comissão, estabelece em<br />

seu primeiro artigo que se reconhece, para todos<br />

os efeitos legais, a morte das pessoas<br />

<strong>de</strong>saparecidas. Foi em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>ssa<br />

<strong>de</strong>terminação que houve a emissão <strong>de</strong> certidões <strong>de</strong><br />

óbito pelos cartórios e a abertura <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />

sucessão, que eram reivindicações dos familiares.<br />

Diante disso, fica absolutamente sem sentido<br />

estabelecer agora que os <strong>de</strong>saparecidos continuam<br />

vivos. Como sustentar uma coisa <strong>de</strong>ssas, se eles<br />

são <strong>de</strong>clarados mortos pela lei e se não existe<br />

nenhum elemento probatório <strong>de</strong> que estão vivos?<br />

Não há um mínimo indício, nada que permita<br />

processar os autores <strong>de</strong>ssas prisões por sequestro<br />

– e não por homicídio, como se preten<strong>de</strong> agora.<br />

Os <strong>de</strong>saparecidos estavam sob a<br />

guarda dos militares.<br />

Eles faziam parte da guerrilha e as eventuais<br />

prisões que ocorreram colocavam-se <strong>de</strong>ntro do<br />

nível da legalida<strong>de</strong>. O ilegal, evi<strong>de</strong>ntemente, seria<br />

torturá-los e matá-los. Portanto, se alguém fosse<br />

encaminhar um processo criminal, se tivesse<br />

elementos para isso, seria emrelação a tortura e<br />

homicídio – jamais por sequestro. Mas o primeiro<br />

contrassenso nesse <strong>de</strong>bate, insuperável, é esse ao<br />

qual já me referi: os <strong>de</strong>saparecidos foram<br />

legalmente <strong>de</strong>clarados mortos. Como é que po<strong>de</strong>m<br />

ser reconhecidos como mortos para outros efeitos,<br />

como sucessão familiar, mas não para esta<br />

<strong>de</strong>núncia? É uma temerida<strong>de</strong>.<br />

48


Os corpos não foram encontrados. Não<br />

é crime permanente?<br />

O sequestro é um crime que existe no momento da<br />

ação, quando se pega alguém, com abuso <strong>de</strong><br />

autorida<strong>de</strong>, e suprime sua liberda<strong>de</strong>, impedindo<br />

que saia do cárcere. On<strong>de</strong> é que existe algum<br />

indício, alguma ação que <strong>de</strong>monstre que, ao longo<br />

<strong>de</strong>sse período <strong>de</strong> quase 40 anos, essas pessoas<br />

foram impedidas <strong>de</strong> recuperar a liberda<strong>de</strong> e<br />

continuam encarceradas? Como se po<strong>de</strong> provar a<br />

participação do Sebastião Curió para impedir,<br />

nesse tempo todo, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas pessoas,<br />

que estão presumivelmente mortas?<br />

Isso não seria uma brecha na Lei da<br />

Anistia para finalmente punir os autores<br />

dos crimes?<br />

Isso é mais do que uma elucubração jurídica: é<br />

uma criação. O processo penal não funciona<br />

assim. Ele precisa <strong>de</strong> fatos, não <strong>de</strong> hipóteses que<br />

venham satisfazer a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> punir alguém.<br />

Eu também gostaria que o Curió e outros que<br />

participaram <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s repressoras tivessem a<br />

sua punição. Mas não po<strong>de</strong>mos fazer isso porque<br />

temos, em primeiro lugar, uma impossibilida<strong>de</strong><br />

jurídica. Dar andamento a essa i<strong>de</strong>ia significaria<br />

criar uma imensa insegurança jurídica. Não tenho<br />

dúvida <strong>de</strong> que a absoluta falta <strong>de</strong> justa causa para<br />

a propositura <strong>de</strong>ssa ação vai <strong>de</strong>monstrar que se<br />

po<strong>de</strong> brincar com o direito, que se po<strong>de</strong> fazer<br />

<strong>de</strong>núncias infundadas. Em vez <strong>de</strong> beneficiar a<br />

causa do repúdio a esses atos, ela acaba sendo<br />

maléfica.<br />

O sr. falou das prisões no Araguaia. E<br />

os casos ocorridos em outros lugares?<br />

Todos os casos estão sob o manto da Lei da<br />

Anistia <strong>de</strong> 1979. E não se po<strong>de</strong> falar em sequestro<br />

e crime continuado, porque ninguém ficou<br />

sequestrado. Com o fim do AI-5 e o início do<br />

governo <strong>de</strong> Tancredo Neves e José Sarney,<br />

ninguém mais ficou encarcerado por crime político.<br />

A lei é criticada por ter sido promulgada<br />

sob o regime militar.<br />

Na época eu fazia parte do Conselho Fe<strong>de</strong>ral da<br />

OAB. Nós lutamos por essa lei, porque era uma<br />

forma <strong>de</strong> trazer um pouco <strong>de</strong> paz política e social<br />

ao País. Várias pessoas que estavam presas,<br />

refugiadas e exiladas pu<strong>de</strong>ram voltar ao Brasil e<br />

reiniciar suas ativida<strong>de</strong>s políticas. Foi o início <strong>de</strong><br />

um processo <strong>de</strong> pacificação para se passar ao<br />

regime efetivamente <strong>de</strong>mocrático. Não se po<strong>de</strong><br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Nacional, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

negar que a lei constituiu um benefício político e<br />

<strong>de</strong>mocrático para o Brasil.<br />

Critica-se o fato <strong>de</strong> ter sido uma anistia<br />

<strong>de</strong> mão dupla.<br />

Foi sim um processo <strong>de</strong> mão dupla, que também<br />

anistiou aqueles que praticaram tortura, que é um<br />

crime contra a humanida<strong>de</strong>. Ao mesmo tempo,<br />

porém, do ponto <strong>de</strong> vista interno, da política<br />

brasileira, foi o momento da volta dos cassados<br />

aos cargos públicos, dos professores às ativida<strong>de</strong>s<br />

universitárias, da organização dos partidos. Foi um<br />

preço alto? Foi. Mas foi o preço para trazer a paz<br />

política e social para o Brasil. Mais tar<strong>de</strong>, é preciso<br />

lembrar, essa anistia foi legitimada pela emenda<br />

constitucional que convocou a Assembleia<br />

Constituinte. O tema também já passou pelo<br />

Supremo Tribunal, que o analisou profundamente.<br />

Não se po<strong>de</strong> fazer tábula rasa <strong>de</strong> tudo isso, porque<br />

o resultado leva a uma profunda insegurança<br />

jurídica.<br />

Representantes da ONU apoiaram a<br />

iniciativa do MPF.<br />

É uma contradição falar em proteção dos direitos<br />

humanos sem o respeito aos princípios básicos do<br />

Estado <strong>de</strong>mocrático. Forçar uma interpretação, que<br />

permita moldar o que aconteceu a um <strong>de</strong>terminado<br />

tipo penal, é um<strong>de</strong>srespeito aos princípios básicos<br />

do direito. Por mais justo que seja o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

punir as pessoas que praticaram atos violentos à<br />

época da ditadura militar, nada justifica o abandono<br />

<strong>de</strong> princípios nos quais está fundamentado nosso<br />

pensamento. Não po<strong>de</strong> se garantir direitos<br />

humanos a uns e negar a outros.<br />

Como vê a pressão dos organismos<br />

internacionais sobre o País?<br />

É uma pressão que se faz com base em tratados e<br />

documentos que o País assinou <strong>de</strong>pois da Lei da<br />

Anistia. Eles <strong>de</strong>vem ser executados no nosso <strong>dia</strong> a<br />

<strong>dia</strong>, mas querer retroagir e forçar a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong><br />

acontecimentos é o mesmo que colocar o <strong>de</strong>sejo<br />

acima dos princípios.<br />

E a Comissão da Verda<strong>de</strong>?<br />

É um ponto altamente positivo porque não há<br />

direito ao esquecimento. Os fatos <strong>de</strong>vem ser<br />

divulgados e ensinados às novas gerações. O que<br />

não existe é o direito à perseguição penal.<br />

49


QUA. 14/3<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Aliás, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

O que passou<br />

Ayres Britto presidirá STF<br />

Oministro Carlos Ayres Britto é eleito presi<strong>de</strong>nte do<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral (STF) para o biênio<br />

2011-2014. Seu colega Joaquim Barbosa foi eleito<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte. Eles tomam posse em19 <strong>de</strong> abril,<br />

mas Britto <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar a corte antes do término do<br />

mandato, já que completará 70 anos em novembro,<br />

atingindo a ida<strong>de</strong> limite para a aposentadoria<br />

compulsória. Com perfil progressista, Britto foi<br />

indicado pelo ex-presi<strong>de</strong>nte Lula e está no STF<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2003. Foi relator <strong>de</strong> ações<br />

relevantes como a liberação das pesquisas com<br />

célula-tronco e o reconhecimento da união estável<br />

entre pessoas do mesmo sexo. Po<strong>de</strong> encerrar a<br />

carreira julgando o mensalão, caso o revisor do<br />

processo, Ricardo Lewandowski, encerre o<br />

trabalho e libere o caso para julgamento.<br />

Haia con<strong>de</strong>na seu primeiro acusado<br />

O Tribunal Penal Internacional con<strong>de</strong>na seu<br />

primeiro acusado <strong>de</strong> crimes <strong>de</strong> guerra, em uma<br />

<strong>de</strong>cisão consi<strong>de</strong>rada histórica. O senhor da guerra<br />

congolês Thomas Lubanga foi consi<strong>de</strong>rado culpado<br />

por recrutar crianças soldado para lutar em sua<br />

milícia na República Democrática do Congo, num<br />

conflito que custou a vida <strong>de</strong> 60 mil pessoas há<br />

pouco mais <strong>de</strong> uma década. A pena – que po<strong>de</strong>rá<br />

ser prisão perpétua – será anunciada em um mês e<br />

o réu po<strong>de</strong>rá recorrer. A comissária <strong>de</strong> Direitos<br />

Humanos da ONU, Navi Pillay, qualificou a<br />

con<strong>de</strong>nação como um marco: “Há 20anos, a<br />

Justiça internacional era uma ameaça vazia. Hoje,<br />

po<strong>de</strong> começar a levar justiça às vítimas e <strong>de</strong>ter<br />

crimes”.<br />

50


No Chile, o novo Judiciário civil estava<br />

com as mãos atadas pela anistia, o que<br />

fez os promotores se tornarem<br />

gradualmente mais criativos no<br />

questionamento da lei<br />

ANTHONY W. PEREIRA<br />

A recente medida <strong>de</strong> promotores do Ministério<br />

Público Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> indiciar um ex-coronel do<br />

Exército pelo sequestro <strong>de</strong> cinco suspeitos <strong>de</strong><br />

participação na guerrilha do Araguaia em 1974<br />

atraiu os olhares para o Judiciário brasileiro.<br />

Embora o juiz fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Marabá tenha rejeitado<br />

<strong>de</strong>núncia, o MPF prepara recurso. O que está em<br />

discussão é se a anistia <strong>de</strong> 1979, que cobre crimes<br />

políticos ocorridos entre 1961 e 1979, e foi<br />

sustentada pelo Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral em<br />

2010, se aplica nesse caso. Se a <strong>de</strong>cisão final for<br />

<strong>de</strong> que não se aplica, todos os casos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saparecimentos políticos ocorridos durante a<br />

ditadura militar <strong>de</strong> 1964-85, em que os corpos<br />

ainda não tiverem sido recuperados, po<strong>de</strong>riam ser<br />

objeto <strong>de</strong> processo. O que expandiria as tentativas<br />

judiciais <strong>de</strong> se levar a julgamento crimes ocorridos<br />

no regime militar.<br />

O caso suscita duas questões. Uma diz respeito à<br />

tática do procuradores. Outra se relaciona às<br />

razões para a aparente relutância <strong>de</strong> juízes<br />

brasileiros em <strong>de</strong>safiar o status quo jurídico em<br />

relação ao regime militar. Essa relutância contrasta<br />

como ativismo nos po<strong>de</strong>res Legislativo e<br />

Judiciário no Brasil, e nos judiciários <strong>de</strong> países<br />

vizinhos com histórias parecidas, como Argentina,<br />

Chile e Uruguai.<br />

No Chile, a anistia <strong>de</strong> 1978 funcionou como a<br />

anistia <strong>de</strong> 1979 para o Brasil. Ela garantiu<br />

impunida<strong>de</strong> a todos que perpetraram violações <strong>de</strong><br />

direitos humanos sob o regime do general Augusto<br />

Pinochet (1973-1990). O Judiciário do regime civil<br />

empossado em 1990 estava com as mãos atadas<br />

pela anistia, e não conseguia processar ninguém.<br />

Mas os promotores foram se tornando<br />

gradualmente mais criativos no questionamento da<br />

lei <strong>de</strong> anistia. Um argumento era <strong>de</strong> que a anistia<br />

não po<strong>de</strong>ria ser aplicada a casos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saparecimento. Como os cadáveres não haviam<br />

sido recuperados após esses crimes, e era<br />

impossível <strong>de</strong>terminar quando o crime prescrevera,<br />

a anistia não se aplicava a eles. A Suprema Corte<br />

chilena admitiu e sustentou esse princípio em<br />

2004, no caso <strong>de</strong> Miguel Ángel Sandoval. De lá<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Aliás, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

O gambito chileno<br />

para cá, mais <strong>de</strong> 700 agentes do Estado foram<br />

investigados e acusados <strong>de</strong> crimes em tribunais<br />

chilenos. Cerca <strong>de</strong> 30% dos con<strong>de</strong>nados<br />

cumpriram penas <strong>de</strong> prisão.<br />

Ainda não está claro, porém, se a tática funcionará<br />

no Brasil. Há muitas diferenças entre os países. Lá,<br />

grupos organizados, incluindo partidos políticos<br />

importantes, pressionaram o Estado chileno. Um<br />

padrão comparável <strong>de</strong> pressão não ocorreu no<br />

Brasil.<br />

Houve ativismo judicial na Argentina e no Uruguai<br />

também. Na Argentina, mais <strong>de</strong> 700 pessoas foram<br />

acusadas <strong>de</strong> crimes cometidos durante a ditadura<br />

<strong>de</strong> 1976-1983 nos últimos <strong>de</strong>z anos, após uma lei<br />

que punha fim aos processos ser julgada<br />

inconstitucional. No Uruguai, alguns processos<br />

começaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o Congresso <strong>de</strong>rrubou a<br />

anistia naquele país, em outubro <strong>de</strong> 2011. Em<br />

contraste, os tribunais brasileiros têm visto<br />

relativamente poucas tentativas <strong>de</strong> buscar justiça<br />

por violações passadas <strong>de</strong> direitos humanos; a lei<br />

da anistia tem sido bem menos questionada do que<br />

foi nos países do cone sul.O fato <strong>de</strong> a escala <strong>de</strong><br />

mortes no Brasil ter sido muito menor que na<br />

Argentina e no Chile parece ina<strong>de</strong>quado como<br />

explicação. Afinal, houve centenas <strong>de</strong> execuções e<br />

<strong>de</strong>saparecimentos no Brasil, e um número muito<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas torturadas – 20 mil, segundo<br />

algumas estimativas. Uma exceção foi o caso do<br />

coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, julgado<br />

responsável pela tortura <strong>de</strong> três pessoas num<br />

tribunal <strong>de</strong> São Paulo em 2008 – uma ação civil e<br />

não criminal, que resultou apenas numa sentença<br />

<strong>de</strong>claratória.<br />

Uma razão para a passivida<strong>de</strong> do Judiciário<br />

brasileiro é que a repressão brasileira à época foi<br />

judicializada num grau maior que na Argentina e no<br />

Chile. Em outras palavras, os tribunais militares,<br />

mas também o STF, em que po<strong>de</strong>ria haver<br />

apelação, foram responsáveis pelo processo <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> prisioneiros políticos – e por<br />

sentenciálos, muitas vezes, com base em<br />

evidências extraídas sob tortura. O Judiciário, ou<br />

ao menos parte <strong>de</strong>le, teve, portanto, uma razão<br />

po<strong>de</strong>rosa para resistir aos apelos para investigar<br />

abusos passados. Essa não é aúnica razão<br />

provável para um resultado brasileiro distinto em<br />

matéria <strong>de</strong> justiça <strong>de</strong> transição. Mas é parte<br />

plausível, institucional, da história.<br />

O indiciamento pelos promotores <strong>de</strong> um ex-oficial<br />

do Exército envolvido no Araguaia po<strong>de</strong> esquentar<br />

o <strong>de</strong>bate sobre a justiça <strong>de</strong> transição no Brasil. Os<br />

51


juízes ainda terão <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r <strong>de</strong>finitivamente a<br />

essa tentativa criativa <strong>de</strong> contornar os entraves da<br />

lei da anistia. Na controvérsia sobre a Comissão da<br />

Verda<strong>de</strong> provavelmente veremos, em breve,<br />

quanto o Brasil é parecido ou diferente <strong>de</strong> seus<br />

vizinhos do Cone Sul. / TRADUÇÃO DE CELSO<br />

PACIORNIK<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Aliás, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

ANTHONY W. PEREIRA É PROFESSOR E<br />

DIRETOR DO INSTITUTO BRASIL NO KING’S<br />

COLLEGE EM LONDRES E AUTOR, ENTRE<br />

OUTRAS OBRAS, DE DITADURA E REPRESSÃO<br />

(PAZ E TERRA)<br />

52


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Aliás, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Curió arquivado<br />

SEXTA, 16 DE MARÇO<br />

O juiz João César Otoni <strong>de</strong> Matos rejeitou a<br />

<strong>de</strong>núncia feita pelo MPF do coronel da reserva<br />

Sebastião Curió pelo sequestro <strong>de</strong> cinco pessoas<br />

na Guerrilha do Araguaia, em 1974. Otoni chamou<br />

<strong>de</strong> “equívoco” o pedido dos procuradores – que vão<br />

entrar com recurso.<br />

53


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Metrópole, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Ruas <strong>de</strong> SP agora são da ‘geração pós-shopping’<br />

Via Facebook e Twitter, eles se<br />

encontram pela capital para protestar<br />

em bicicletadas, churrascões,<br />

passeatas e festas<br />

Bruno Paes Manso<br />

Eles ainda eram bebês ou crianças pequenas<br />

quando, em 1992, a União Nacional dos<br />

Estudantes (UNE) li<strong>de</strong>rou o movimento<br />

cara-pintada que culminaria no impeachment <strong>de</strong><br />

Fernando Collor. Seus pais cresceram nos anos<br />

1970 e 1980 na São Paulo assustada com o<br />

aumento dos roubos e dos assassinatos,<br />

espalhando shopping centers pelas ruas e muros<br />

nos condomínios.<br />

No novo século, quando viraram adolescentes, em<br />

vez <strong>de</strong> ficar enfurnados nos seus quartos,<br />

passaram a se comunicar pelas re<strong>de</strong>s sociais,<br />

abrindo uma interface com as ruas da cida<strong>de</strong>.<br />

Assumiram o papel que eles <strong>de</strong>finem como <strong>de</strong><br />

“hackers urbanos”, transformando a ocupação e as<br />

intervenções nas ruas da cida<strong>de</strong> em uma ban<strong>de</strong>ira.<br />

No ano passado, sem se importar com a lentidão<br />

que provocam no trânsito, contribuíram para que a<br />

Companhia <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Tráfego (CET)<br />

precisasse interditar 12 vezes por <strong>dia</strong> as ruas<br />

dacida<strong>de</strong> para eventos políticos, esportivos, sociais<br />

e religiosos. Foram 4.497 eventos em 2011, 25% a<br />

mais do que em 2006. Até fevereiro, as ruas já<br />

haviam sido interditadas 490 vezes.<br />

Po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> bicicletadas a passeatas que<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a liberação das drogas ou protestam<br />

contraações policiais em Pinheirinho, Favela do<br />

Moinho e cracolân<strong>dia</strong>, três momentos que<br />

motivaram a militância no começo <strong>de</strong>ste ano.<br />

Passa por eventos <strong>de</strong> cunho político abastecidos<br />

por churrascadas e cervejadas – como o que<br />

criticou moradores <strong>de</strong> Higienópolis que não<br />

queriam o metrô ou o que protestou contra o<br />

projeto <strong>de</strong> lei que preten<strong>dia</strong> coibir álcool nas ruas.<br />

Também cada vez mais gente se junta para pular<br />

carnaval em blocos <strong>de</strong> rua.Há ainda amigos e<br />

parentes <strong>de</strong> vítimas <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> carros que<br />

param os bar e sem passeatas para pedir cuidado<br />

aos motoristas. Grafiteiros e pichadores, além <strong>de</strong><br />

esportistas que transformaram os pulos entre<br />

muros e telhados em nova modalida<strong>de</strong>, conhecido<br />

como parkour, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004 na cida<strong>de</strong>.<br />

Mesmo quando motivados por causas diferentes,<br />

por meio do Facebook e Twitter, é na rua quea<br />

geração pós-shopping center prefere se encontrar.<br />

“Tanto na Primavera Árabe quanto aqui, as re<strong>de</strong>s<br />

sociais facilitaram a troca <strong>de</strong> informações. Só que<br />

cada grupo vive o contexto <strong>de</strong> sua própria cida<strong>de</strong>.<br />

Em São Paulo, o que une jovens é a luta pelo<br />

resgate e humanização da cida<strong>de</strong>”, diz Pedro<br />

Nogueira, integrante do coletivo Desentorpecendo<br />

a Razão, grupo que começou na semana passada<br />

a arrecadar fundos para realizar a Marcha da<br />

Maconha, que ocorre em maio, amparada por<br />

<strong>de</strong>cisão do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Coletivos. Para tentar mudar o mundo, em vez <strong>de</strong><br />

ONGs, esses novos grupos agora se organizam<br />

em “coletivos”, estruturas horizontais on<strong>de</strong> não há<br />

chefes nem li<strong>de</strong>ranças. Também se <strong>de</strong>nominam<br />

“INGs”: indivíduos não governamentais.<br />

“É mais ou menos como uma bicicletada. Naquele<br />

bolo <strong>de</strong> ciclistas, todos viram para a direita no<br />

improviso. Não é preciso uma li<strong>de</strong>rança dizer<br />

aon<strong>de</strong> é que se vai”, diz Lucas Pretti, integrante do<br />

coletivo Casa da Cultura Digital, que organiza o<br />

Festival Baixo Centro, que vai até 1.º <strong>de</strong> abril nas<br />

ruas ao redor do Minhocão, no centro.<br />

O festival terá mais <strong>de</strong> cem intervenções nas ruas<br />

e será financiado por crowdfunding (doações<br />

voluntárias que têm viabilizado projetos alternativos<br />

pela internet) e por leilões alternativos <strong>de</strong> obras<br />

doadas por integrantes do grupo e simpatizantes.<br />

O artista Francilins Castilho Leal vem <strong>de</strong> Salvador<br />

para celebrar Exue Pombagira, orixás das ruas.<br />

“Vamos distribuir 500 litros <strong>de</strong> pinga pelas<br />

encruzilhadas.” A performer Luanah Cruz vai<br />

participar com um vestido <strong>de</strong> 30 metros <strong>de</strong> cauda.<br />

“O tecido interage com a paisagem da cida<strong>de</strong> e<br />

provoca interação das pessoas. É bom partilhar as<br />

ruas <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> que está ficando pequena<br />

<strong>de</strong>mais para o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> todos esses<br />

grupos.”/COLABOROU ARTUR RODRIGUES<br />

Ataques a muros marcam busca <strong>de</strong><br />

adrenalina e ‘status’<br />

Com origem na periferia, pichadores se<br />

reúnem no centro para falar sobre<br />

aventuras arriscadas nas ruas da<br />

cida<strong>de</strong><br />

A chuva cai forte na noite <strong>de</strong> quinta-feira, <strong>de</strong>ixando<br />

54


ensopados aqueles que se arriscam pelas ruas <strong>de</strong><br />

São Paulo. No coração do centro, ao lado do Largo<br />

Paiçandu, espremidos embaixo <strong>de</strong> toldos, cerca <strong>de</strong><br />

150 pichadores se encontram para trocar<br />

autógrafos, compartilhar histórias e combinar as<br />

próximas pichações nas pare<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong>.<br />

São <strong>de</strong>s<strong>de</strong> jovens <strong>de</strong> 15 anos até quarentões –<br />

estes, representantes da geração do fim dos anos<br />

1980, que <strong>de</strong>finiu a estética <strong>de</strong> letras retas e<br />

compridas que marcariam o estilo das fontes<br />

paulistanas. As letras receberam influência do punk<br />

e seguiram a paisagem da cida<strong>de</strong>, com formatos<br />

que se contrapõem ao estilo curvilíneo das letras<br />

cariocas.<br />

Se os moradores das regiões mais centrais <strong>de</strong> São<br />

Paulo se isolaram nos shopping se condomínios<br />

nos anos 1980 e 1990, nesse mesmo período, os<br />

jovens das periferias se jogaram nas ruas em<br />

busca <strong>de</strong> autopromoção e adrenalina. Corriam o<br />

risco <strong>de</strong> apanhar da polícia, <strong>de</strong> ser processados e<br />

<strong>de</strong> morrer. “Valeu a pena porque, quando eu<br />

chegava numa festa, se tinham 15 mulheres, eu<br />

pegava a mais bonita, porque meu nome estava<br />

nos muros”, resume Julio Cesar, <strong>de</strong> 38 anos,<br />

conhecido como Tortura.<br />

KPTA (se lê capeta), também da geração dos anos<br />

1990, explica que os pichadores são espécies <strong>de</strong><br />

guerrilheiros. Agri<strong>de</strong> mesteticamente a cida<strong>de</strong> que<br />

também é violenta.“ Agente chegava a andar 50<br />

quilômetros em uma noite para pichar. É um<br />

mundo à parte, e aqui você é reconhecido pelo que<br />

faz. Um tipo <strong>de</strong> reconhecimento que você não tem<br />

nem da família.”<br />

Representante da nova geração, Kanastra, <strong>de</strong> 26<br />

anos, explica que, atualmente, os pichadores que<br />

escalam as janelas dos edifícios pelo lado <strong>de</strong> fora<br />

estão entre os mais valorizados <strong>de</strong>ntro do grupo.<br />

Chegam a subir mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z andares, arriscando a<br />

própria vida. “O <strong>de</strong>safio é mais psicológico do que<br />

físico.”<br />

Aceitação. Apesar <strong>de</strong> fazerem questão <strong>de</strong><br />

preservar a fama <strong>de</strong> malditos e <strong>de</strong> se recusarem a<br />

a<strong>de</strong>rir à estética <strong>de</strong> bom gosto e colorida dos<br />

grafiteiros, os pichadores também passaram a ser<br />

tolerados pela cida<strong>de</strong> – um movimento ao qual eles<br />

resistem. Resistência, aliás, semelhante à dos<br />

gangstarappers <strong>de</strong> São Paulo, que evitam<br />

entrevistas.<br />

O pichador DjanIvson, conhecido como Cripta, por<br />

exemplo, fez parte do grupo que atacou o Centro<br />

Universitário Belas Artes e a Bienal, em 2008. Nos<br />

anos seguintes, foi convidado para mostrar seu<br />

trabalho em Paris e Berlim, expôs na Bienal em<br />

São Paulo e voltou a pichar – uma obra <strong>de</strong> Nuno<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Metrópole, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Ramos. Atualmente, mostra no Museu Brasileiro da<br />

Escultura (MuBE) traz um ví<strong>de</strong>o com suas ações.<br />

Na quinta-feira, tomava chuva com os <strong>de</strong>mais<br />

pichadores, como se tentasse evitar o risco <strong>de</strong> ser<br />

acusado <strong>de</strong> trair o movimento <strong>de</strong>pois da fama.<br />

Manteve afiado o discurso ao explicar a postura do<br />

pichador: “Não a<strong>dia</strong>nta tentar acordo, porque a<br />

gente não cumpre. A atitu<strong>de</strong> da pichação tem <strong>de</strong><br />

ser libertária.”<br />

Atualmente, Ivson também dá palestras em<br />

faculda<strong>de</strong>s e faz parcerias com outros artistas<br />

paulistanos. Com Gabriel KRT, picha frases do<br />

grupo <strong>de</strong> rap Facção Central das pare<strong>de</strong>s, como:<br />

“Seu trampo e seu estudo brecam o cano da PM”.<br />

Gabriel, aliás, também tem trabalhos paralelos em<br />

que picha com Daniel Scandurra poesias <strong>de</strong><br />

Augusto <strong>de</strong> Campos. O próprio concretista sugeriu<br />

um termo para o que fazem: “poetixação”.<br />

“Enquanto todos perguntam se pichação virou arte,<br />

creio que a pergunta é se a arte virou pichação. A<br />

arte questiona problemas <strong>de</strong> sua época e o<br />

problema <strong>de</strong> hoje é a cida<strong>de</strong>.” / B.P.M.<br />

PROTESTOS TÊM ATÉ CHURRASCO<br />

Belas Artes<br />

Em janeiro <strong>de</strong> 2011, movimento na internet reúne<br />

pessoas contrárias ao fechamento do cinema<br />

Maconha<br />

Em maio, Marcha da Maconha na Paulista é<br />

proibida. Então é feita a Marcha da Liberda<strong>de</strong><br />

‘Gente diferenciada’<br />

Churrascão reúne pessoas para protestar contra<br />

quem não quer metrô em Higienópolis<br />

Bicicletadas<br />

Ao longo do ano, ciclistas saem às ruas por mais<br />

ciclovias, segurança e alguns tiram a roupa para<br />

pedir liberda<strong>de</strong><br />

Parkour<br />

Praticado em São Paulo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004, esporte usa<br />

muros, <strong>de</strong>graus e obstáculos como suporte<br />

USP<br />

Protestos contra a polícia ganham o centro e<br />

55


pe<strong>de</strong>m abertura dos portões da universida<strong>de</strong><br />

Cracolân<strong>dia</strong><br />

Em protesto contra violência policial, é feito novo<br />

churrascão<br />

Grafites<br />

Ganham as galerias. Pichadores em <strong>de</strong>fesa das<br />

origens resistem nas ruas e conquistam aceitação<br />

Festival Baixo Centro<br />

Até 1º <strong>de</strong> abril, traz intervenções <strong>de</strong> rua na região<br />

próxima do Minhocão<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Metrópole, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

56


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Direto Da Fonte, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

Dura, a jornada<br />

Recém-eleita presi<strong>de</strong>nte do TSE, Cármen Lúcia<br />

tem avaliado, reservadamente, a pessoas<br />

próximas, que o julgamento do mensalão só<br />

ocorrerá em 2013<br />

Se começasse este ano, a ministra teria jornada<br />

tripla, já que terá <strong>de</strong> comandar as eleições e<br />

participar das sessões <strong>de</strong> julgamento do Tribunal.<br />

Vista com muitas reservas pelos advogados <strong>de</strong><br />

réus do processo, a moça é consi<strong>de</strong>rada severa<br />

quando o assunto é Direito Penal.<br />

57


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Vida &, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Eleitoral<br />

Executivos <strong>de</strong> petroleiras são retidos<br />

Novo vazamento <strong>de</strong> óleo faz Justiça<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>terminar que 17 funcionários<br />

das empresas Chevron e Transocean<br />

não <strong>de</strong>ixem o País sem autorização<br />

Alfredo Junqueira Mariana Durão / RIO<br />

Dezessete executivos e funcionários das empresas<br />

Chevron e Transocean investigados pelos<br />

vazamentos <strong>de</strong> petróleo na Bacia <strong>de</strong> Campos em<br />

novembro <strong>de</strong> 2011 e na semana passada estão<br />

impedidos pela Justiça Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> sair do Brasil.<br />

Entre eles está o presi<strong>de</strong>nte da Chevron no<br />

País,George Buck. A 4.ª Vara Fe<strong>de</strong>ral Criminal do<br />

Rio conce<strong>de</strong>u, anteontem à noite, a liminar pedida<br />

pelo procurador da República em Campos (RJ),<br />

Eduardo Santos <strong>de</strong> Oliveira.<br />

Na <strong>de</strong>cisão, o juiz Vlamir Costa Magalhães<br />

<strong>de</strong>stacou o interesse público <strong>dia</strong>nte da gravida<strong>de</strong><br />

dos fatos supostamente ilícitos apurados. Segundo<br />

ele, a possível saída dos executivos do Brasil<br />

geraria sério risco à investigação. “Tais indivíduos<br />

possuem, aparentemente, nacionalida<strong>de</strong><br />

estrangeira ou condições econômicas e palpáveis<br />

motivos para querer <strong>de</strong>ixar o País”, afirma o<br />

documento.<br />

Além <strong>de</strong> Buck, estão na lista 5 brasileiros e 11<br />

estrangeiros (entre eles americanos, franceses e<br />

australianos), funcionários da Chevron e da<br />

Transocean, que operava a plataforma. Eles<br />

<strong>de</strong>vem entregar seus passaportes à Justiça<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campos. Pela manhã, a Chevron disse<br />

não ter sido notificada da <strong>de</strong>cisão.<br />

A <strong>de</strong>núncia do procurador foi elaborada com base<br />

no inquérito da PF sobre o vazamento <strong>de</strong><br />

novembro. O novo inci<strong>de</strong>nte, anunciado pela<br />

Chevron na quinta, po<strong>de</strong> resultar no indiciamento<br />

<strong>de</strong> outros funcionários.<br />

“Esse novo vazamento e o pedido para suspen<strong>de</strong>r<br />

as ativida<strong>de</strong>s no Brasil <strong>de</strong>monstram o grau <strong>de</strong><br />

envolvimento e negligência da empresa. A<br />

alegação <strong>de</strong> que querem fazer novos estudos<br />

geológicos no local é brinca<strong>de</strong>ira”, disse Oliveira.<br />

Para ele, esse pedido equivale à renúncia <strong>de</strong><br />

mandato <strong>de</strong> um político envolvido em <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong><br />

corrupção. Ele também disse que cobrará<br />

explicações da ANP, caso o pedido seja aprovado.<br />

Mancha <strong>de</strong> 1 km. A Marinha informou ter<br />

i<strong>de</strong>ntificado uma mancha <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1 quilômetro<br />

<strong>de</strong> extensão na região próxima ao novo vazamento<br />

ligado à petroleira americana. A nova mancha <strong>de</strong><br />

óleo foi avistada anteontem por um inspetor naval<br />

da Capitania dos Portos, durante um sobrevoo na<br />

área.<br />

Des<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2011, quando ocorreu o<br />

primeiro vazamento no Campo do Fra<strong>de</strong>, o Grupo<br />

<strong>de</strong> Acompanhamento e Avaliação formado por<br />

Marinha, Ibama e Agência Nacional do Petróleo<br />

(ANP) segue verificando as ações <strong>de</strong> resposta da<br />

Chevron ao aci<strong>de</strong>nte.<br />

Autorida<strong>de</strong>s prometem fiscalizar os procedimentos<br />

adotados pela empresa para a dispersão <strong>de</strong>ssa<br />

mancha. Após novos sobrevoos, o caso será<br />

discutido em reunião nesta semana.<br />

58


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Vida &, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Petrobrás po<strong>de</strong> pagar apenas 3% <strong>de</strong> multa<br />

Evandro Fa<strong>de</strong>l / CURITIBA<br />

Onze anos após o rompimento <strong>de</strong> um oleoduto da<br />

Petrobrás no Paraná, a estatal, o Ministério<br />

Público Estadual e o Instituto Ambiente do Paraná<br />

po<strong>de</strong>m assinar um acordo que fará a petroleira<br />

<strong>de</strong>sembolsar R$ 102 milhões a título <strong>de</strong> reparação<br />

e in<strong>de</strong>nização – valor 97% menor que o pedido<br />

pelos autores da ação, em março <strong>de</strong> 2002 (R$ 3,1<br />

bilhões).<br />

Estima-se que o rompimento tenha <strong>de</strong>spejado 57<br />

mil litros <strong>de</strong> óleo em quatro rios que cortam<br />

remanescentes da Mata Atlântica na Serra do Mar.<br />

E atingiu a Baía <strong>de</strong> Antonina.<br />

“O valor da causa era uma referência e não está<br />

vinculado a essa conciliação”, afirmou o procurador<br />

da República Alessandro José Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Oliveira, que representa o MPF na ação. A<br />

audiência está marcada para o <strong>dia</strong> 26 <strong>de</strong> abril, em<br />

Paranaguá. Segundo ele, o sistema jurídico é<br />

“arcaico” e exige expressão econômica.<br />

“Precisa <strong>de</strong> uma referência que não está<br />

necessariamente ligada ao valor do dano<br />

ambiental, que é difuso e inestimável.” Na ação, os<br />

Ministérios Públicos Fe<strong>de</strong>ral e o Estadual optaram<br />

por estabelecer o valor em um sexto do lucro da<br />

Petrobrás em 2000, levando em conta os danos, a<br />

capacida<strong>de</strong> econômica do infrator e os<br />

antece<strong>de</strong>ntes.<br />

O aci<strong>de</strong>nte aconteceu em fevereiro <strong>de</strong> 2001, no<br />

oleoduto que liga a Refinaria Presi<strong>de</strong>nte Getúlio<br />

Vargas, em Araucária, ao Porto <strong>de</strong> Paranaguá. O<br />

processo se arrastava, quando, em janeiro <strong>de</strong><br />

2011, os autores insistiram em uma perícia e<br />

propuseram que a estatal pagasse R$ 102 milhões,<br />

valor aventado como passível <strong>de</strong> acordo, a título <strong>de</strong><br />

antecipação parcial. “Uma ínfima parte”, salientou<br />

Oliveira, em sua petição.<br />

A empresa afirmou que mesmo esse valor seria<br />

proporcionalmente superior a multas aplicadas em<br />

outros casos no Brasil e no exterior.<br />

59


O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Economia, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Governo põe Eletrobrás para salvar empresas<br />

Companhias <strong>de</strong> distribuição quebradas<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> investir e apagões são<br />

frequentes<br />

Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA<br />

Enquanto o Brasil constrói enormes usinas<br />

hidrelétricas para fazer frente ao gran<strong>de</strong><br />

crescimento no consumo <strong>de</strong> energia previsto para<br />

os próximos anos, Estados inteiros do País<br />

continuam sofrendo com apagões frequentes por<br />

causa da falta <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> algumas<br />

empresas <strong>de</strong> distribuição literalmente quebradas.<br />

O governo fe<strong>de</strong>ral já montou um esquema <strong>de</strong><br />

socorro às companhias estaduais por meio da<br />

po<strong>de</strong>rosa Eletrobrás, mas no caso das<br />

distribuidoras privadas, a solução terá <strong>de</strong> vir do<br />

próprio mercado.<br />

Sem investimentos constantes na melhoria das<br />

infraestrutura <strong>de</strong> transmissão, algumas companhias<br />

– principalmente das Regiões Norte e Centro-<br />

Oeste – simplesmente não conseguem aten<strong>de</strong>r às<br />

metas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> impostas pela Agência<br />

Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica (Aneel) em cada uma<br />

das concessões.<br />

Com o passar do tempo, o acúmulo das multas<br />

aplicadas acaba por minar os orçamentos das<br />

empresas que, sem crédito na praça, não<br />

conseguem retomar o ritmo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> investimento.<br />

Como o próprio diretor-geral da Aneel, Nelson<br />

Hubner, costuma comentar, no setor <strong>de</strong> distribuição<br />

<strong>de</strong> energia “não existem milagres, é preciso<br />

investir”.<br />

Para explicar o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem ao qual<br />

chegaram as companhias públicas <strong>de</strong> distribuição,<br />

técnicos da agência reguladora culpam – nos<br />

bastidores – a ingerência política na administração<br />

das companhias que obe<strong>de</strong>cem aos governos<br />

estaduais.<br />

Enquanto isso, a Eletrobrás já teve autorização –<br />

leia-se or<strong>de</strong>m – do governo para adquirir pelo<br />

menos 51% do capital da Celg, que pertence ao<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás e po<strong>de</strong> comprar até uma parte<br />

maior da CEA, do Amapá.<br />

Fontes indicam que a gigante estatal também terá<br />

<strong>de</strong> se virar para melhorar a situação da Amazonas<br />

Energia, que já está sob o seu controle.<br />

Recuperação judicial. Mas a situação mais grave é<br />

a da privatizada Celpa, do Pará, controlada pelo<br />

Grupo Re<strong>de</strong> Energia. Com mais <strong>de</strong> R$ 2 bilhões<br />

em dívidas e longe <strong>de</strong> alcançar os níveis <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> exigidos pela Aneel, a companhia entrou<br />

em um processo <strong>de</strong> recuperação judicial e corre<br />

até mesmo o risco <strong>de</strong> ter sua concessão cassada<br />

pela agência reguladora.<br />

Segundo fontes do órgão fiscalizador, a empresa<br />

mantinha níveis satisfatórios <strong>de</strong> atendimento até<br />

2004, quando uma mudança na legislação do setor<br />

permitiu as chamadas transferências <strong>de</strong> recursos<br />

entre empresas <strong>de</strong> um mesmo grupo.<br />

Des<strong>de</strong> então, os índices <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da empresa<br />

caíram vertiginosamente. Somente em 2009, cerca<br />

<strong>de</strong> R$ 600 milhões teriam saído do caixa da Celpa<br />

para outras companhias do Grupo Re<strong>de</strong> Energia. A<br />

reportagem procurou o grupo, mas não recebeu<br />

resposta até o fechamento <strong>de</strong>sta edição.<br />

Além disso, o fato <strong>de</strong> a empresa ter entrado em um<br />

processo <strong>de</strong> recuperação na Justiça comum – com<br />

a nomeação <strong>de</strong> um administrador – praticamente<br />

inviabiliza uma intervenção por parte da agência<br />

reguladora, que teme cair em uma eterna<br />

pen<strong>de</strong>nga judicial.<br />

TV queimada. Na última semana, o Ministério<br />

Público Fe<strong>de</strong>ral (MPF) abriu um inquérito sobre a<br />

insolvência financeira da companhia. A medida<br />

foium pedido do <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral Claudio Puty<br />

(PT-PA), que já per<strong>de</strong>u um aparelho <strong>de</strong> televisão e<br />

um computador por causa dos apagões da Celpa<br />

que <strong>de</strong>ixaram, em mé<strong>dia</strong>, os consumidores<br />

paraenses sem energia por 130 horas em 2011. “A<br />

solução dos sonhos para eles seria um aporte<br />

volumoso por parte da Eletrobrás. Assim a Re<strong>de</strong><br />

Energia manteria a concessão à custa <strong>de</strong> dinheiro<br />

público”, alerta o parlamentar.<br />

Justamente por isso, essa hipótese está sendo<br />

evitada pelo governo, apesar <strong>de</strong> a estatal já possuir<br />

cerca <strong>de</strong> um terço do capital da Celpa.<br />

No mercado, comenta-se que o salvamento po<strong>de</strong>rá<br />

vir das mãos da maranhense Cemar – do Grupo<br />

Equatorial Energia, com forte influência do ministro<br />

<strong>de</strong> Minas e Energia, Edison Lobão.<br />

Caso mais grave<br />

R$ 2 bihões é a dívida da Celpa, empresa do Pará,<br />

controlada pelo Grupo Re<strong>de</strong> Energia, que está em<br />

60


pior situação<br />

130 horas foi o tempo que os moradores paraenses<br />

ficaram sem energia em apagão <strong>de</strong> 2011<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Economia, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

61


O Globo/RJ


O Globo/RJ - Capa, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Fe<strong>de</strong>ral<br />

Justiça proíbe executivos da Chevron <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o país<br />

Dezessete executivos da Chevron e da Transocean<br />

estão proibidos <strong>de</strong> sair do país por or<strong>de</strong>m da<br />

Justiça Fe<strong>de</strong>ral. Ambas operam o poço na Bacia<br />

<strong>de</strong> Campos on<strong>de</strong> houve novo vazamento <strong>de</strong> óleo.<br />

Segundo a Marinha, a mancha tem 1 km <strong>de</strong><br />

extensão.<br />

Página 29<br />

63


O Globo/RJ - Frases da Semana, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

FRASES DA SEMANA<br />

“Não me parece que o espírito da lei fosse liberar<br />

geral candidatos cujas contas apresentam vícios<br />

insanáveis”<br />

SANDRA CUREAU<br />

VICE-PROCURADORA-GERAL ELEITORAL,<br />

SOBRE A UNIÃO DOS PARTIDOS PARA<br />

CONVENCER O TSE A LIBERAR CANDIDATOS<br />

COM CONTAS DE CAMPANHA REJEITADAS<br />

64


O Globo/RJ - Dos Leitores, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

NA INTERNET E NO CELULAR<br />

No Google+<br />

http://bit.ly/jornaloglobo<br />

“Acho que <strong>de</strong>ve se esten<strong>de</strong>r às outras re<strong>de</strong>s... uma<br />

coisa é o eleitor <strong>de</strong>bater nas re<strong>de</strong>s... outra coisa é<br />

o político (que costuma ser ardiloso) fazer a<br />

propagandinha <strong>de</strong>le nas re<strong>de</strong>s (mesmo que meio<br />

camuflada).” — De HFD Angelo, sobre o TSE ter<br />

proibido campanhas antecipadas no Twitter.<br />

65


O Globo/RJ - Economia, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

Executivos da Chevron proibidos <strong>de</strong> sair do país<br />

Executivos da Chevron proibidos <strong>de</strong><br />

sair do país<br />

Bruno Rosa<br />

bruno.rosa@oglobo.com.br<br />

Dezessete executivos da Chevron e da Transocean<br />

Brasil estão impedidos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o Brasil, por<br />

<strong>de</strong>cisão da 4+ Vara Fe<strong>de</strong>ral Criminal do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. Entre eles estão o presi<strong>de</strong>nte da Chevron<br />

no país, George Raymond Buck, e Guilherme<br />

Dantas Rocha Coelho, diretor-geral da Transocean.<br />

A liminar foi concedida ao Ministério Público<br />

Fe<strong>de</strong>ral, que <strong>de</strong>cidiu entrar com o pedido cautelar<br />

após a Chevron <strong>de</strong>tectar, no último <strong>dia</strong> 4, novo<br />

vazamento <strong>de</strong> petróleo no Campo <strong>de</strong> Fra<strong>de</strong>, na<br />

Bacia <strong>de</strong> Campos. A Transocean foi contratada<br />

pela Chevron para perfurar o poço. O primeiro<br />

<strong>de</strong>rramamento ocorreu em novembro do ano<br />

passado, quando houve 2,4 mil barris <strong>de</strong> óleo<br />

vazaram no oceano.<br />

Segundo a <strong>de</strong>cisão do juiz Vlamir Costa<br />

Magalhães, os envolvidos terão que entregar<br />

“oportunamente” os passaportes em Campos. A<br />

Polícia Fe<strong>de</strong>ral foi informada ontem da <strong>de</strong>cisão —<br />

proferida às 22h20m <strong>de</strong> sexta-feira, durante<br />

plantão judiciário — e os nomes dos executivos e<br />

dos funcionários das companhias já entraram no<br />

sistema que proíbe a saída do país.<br />

A Marinha informou ontem que a mancha <strong>de</strong> óleo<br />

na região tem um quilômetro <strong>de</strong> extensão.<br />

Segundo nota do Comando <strong>de</strong> Operações Navais,<br />

o petróleo no mar foi avistado durante sobrevoo <strong>de</strong><br />

um inspetor naval da Capitania dos Portos do Rio<br />

na última sexta-feira. A gigante americana, porém,<br />

garante que apenas cinco litros vazaram <strong>de</strong> uma<br />

fissura <strong>de</strong> 800 metros no solo marinho, a três<br />

quilômetros do local on<strong>de</strong> houve o primeiro<br />

aci<strong>de</strong>nte. De acordo com a Marinha, a mancha <strong>de</strong><br />

óleo é tênue.<br />

Para o secretário <strong>de</strong> Ambiente do Estado do Rio,<br />

Carlos Minc, a extensão da mancha é prova <strong>de</strong> que<br />

não vazaram apenas cinco litros, como informou a<br />

empresa. Minc a<strong>dia</strong>ntou que é possível que realize<br />

um sobrevoo na área atingida amanhã.<br />

— A multa para este segundo vazamento, portanto,<br />

não <strong>de</strong>verá levar em conta apenas a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

óleo <strong>de</strong>rramado, mas outros aspectos, como<br />

reincidência, falta <strong>de</strong> informação transparente e o<br />

fato <strong>de</strong> a empresa não ter tomado as medidas<br />

necessárias para evitar um novo problema —<br />

afirma o secretário.<br />

A empresa só divulgou que a existência do<br />

vazamento no último <strong>dia</strong> 15. O professor da Uerj e<br />

oceanógrafo David Zee também reclama que falta<br />

informação clara sobre o aci<strong>de</strong>nte.<br />

— A mancha <strong>de</strong> um quilômetro não correspon<strong>de</strong> a<br />

um vazamento <strong>de</strong> cinco litros, mas a Marinha fez a<br />

coleta para saber a procedência do óleo? Será que<br />

ele saiu da fissura ou <strong>de</strong> um navio que passou por<br />

ali? Não po<strong>de</strong>m ter sido só cinco litros, isso é<br />

<strong>de</strong>rramado pela barca Rio-Niterói. Já se passaram<br />

mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z <strong>dia</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o vazamento foi<br />

<strong>de</strong>scoberto e ainda não sabemos quase nada<br />

sobre ele. É a banalização <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte sério.<br />

Na <strong>de</strong>cisão que proibiu os executivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixarem<br />

o país, o juiz afirma que “não resta dúvida <strong>de</strong> que a<br />

saída <strong>de</strong>stas pessoas do país, neste momento,<br />

geraria sério risco para a investigação e eventual<br />

aplicação da lei penal”. O pedido foi feito pelo<br />

procurador da República Eduardo Santos <strong>de</strong><br />

Oliveira.<br />

— A Chevron vem usando uma estratégia para se<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, culpando as falhas geológicas da região.<br />

Tanto que eles chamam o vazamento <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>nte<br />

e não <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte. A proibição <strong>de</strong> sair do país é<br />

necessária porque, como envolve muitos<br />

estrangeiros, eles po<strong>de</strong>m sair do Brasil e, com isso,<br />

per<strong>de</strong>m a aplicação da lei penal — afirma<br />

Magalhães.<br />

Em comunicado divulgado ontem à noite, a<br />

Chevron informa que já suspen<strong>de</strong>u<br />

temporariamente a produção no Campo <strong>de</strong> Fra<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>pois da aprovação do pedido à Agência Nacional<br />

do Petróleo (ANP). A companhia garante que a<br />

maior parte do óleo que está vazando está sendo<br />

coletado por equipamentos <strong>de</strong> contenção. A<br />

americana informa que ainda não foi notificada<br />

sobre a liminar e afirma que acatará qualquer<br />

<strong>de</strong>cisão legal. Mas acrescenta que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rá “a<br />

companhia e seus empregados”.<br />

Também estão proibidos <strong>de</strong> sair do país os<br />

brasileiros Erick Emerson, gerente <strong>de</strong> Perfuração<br />

da Chevron, Flávio Monteiro, gerente <strong>de</strong><br />

Segurança, Saú<strong>de</strong> e Meio Ambiente da Chevron,<br />

Patrícia Maria Bacchin Pradal, gerente <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento <strong>de</strong> Negócios e Relações<br />

Governamentais da Chevron, e João Francisco <strong>de</strong><br />

Assis Neves Filho, engenheiro <strong>de</strong> plataforma da<br />

Transocean. Entre os americanos, estão o geólogo<br />

66


Mark Thomas Lynch, o engenheiro <strong>de</strong> perfuração<br />

Jason Warren Clen<strong>de</strong>nen, Johnny Ray Hall,<br />

gerente <strong>de</strong> perfuração <strong>de</strong> poço, e os engenheiros<br />

Glen Gary Edwards e James Kevin Swain. Entre os<br />

australianos estão o geólogo Clifton Edward<br />

Menhennitt e Ian James Nancarrow, supervisor <strong>de</strong><br />

plataforma.<br />

Há ainda dois franceses: o engenheiro <strong>de</strong><br />

reservatório Alexandre Castellini e o gerente- geral<br />

da Transocean, Michel Legrand. Também estão na<br />

lista o inglês Brian Mara, sondador da Transocean,<br />

e o cana<strong>de</strong>nse Gary Marcel Slaney,<br />

superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> offshore.<br />

— A liminar concedida pela Justiça do Rio é uma<br />

vitória para o cidadão brasileiro — afirma o<br />

procurador.<br />

Pena po<strong>de</strong> chegar a 20 anos para cada<br />

envolvido<br />

Na quarta-feira, ele vai oferecer <strong>de</strong>núncia criminal<br />

na Justiça Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Campos, com base no<br />

inquérito da Polícia Fe<strong>de</strong>ral e em laudos do Ibama<br />

e da ANP. Vai ainda pedir a interdição da Chevron.<br />

Na <strong>de</strong>núncia, as 17 pessoas vão respon<strong>de</strong>r por<br />

crime ambiental e falsida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológica.<br />

— Ao explorar, eles fizeram uma pressão maior do<br />

que a área aguenta e agora não há tecnologia<br />

disponível para conter o vazamento. Eles irão<br />

respon<strong>de</strong>r criminalmente pelos crimes. Somadas,<br />

as penas po<strong>de</strong>m chegar a 20 anos para cada um<br />

— diz.<br />

O <strong>de</strong>legado fe<strong>de</strong>ral Fábio Scliar, responsável pelo<br />

inquérito do aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> novembro, disse que a<br />

tragé<strong>dia</strong> é pior do que se pensava, com<br />

afundamento no solo e fissuras ainda não<br />

O Globo/RJ - Economia, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong>scobertas:<br />

— O vazamento <strong>de</strong> óleo causou danos ao meio<br />

ambiente e às ativida<strong>de</strong>s econômicas que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> águas limpas. Há ainda o risco <strong>de</strong><br />

provocar câncer em animais e em humanos, com a<br />

contaminação do plâncton, alimento dos peixes.<br />

Uma das hipóteses é que a cimentação realizada<br />

pela Chevron para conter o primeiro <strong>de</strong>rramamento<br />

tenha apresentado uma falha, por on<strong>de</strong> o óleo do<br />

reservatório teria se infiltrado e pressionado as<br />

rochas submarinas, provocando a fissura do<br />

segundo vazamento.<br />

— Esse segundo vazamento é uma consequência<br />

do primeiro — diz Scliar.<br />

67


O Globo/RJ - Editorial, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

MAIS PAÍS HOJE NA INTERNET<br />

oglobo.com.br/pais<br />

MENSALÃO: Saiba quem são os réus do processo<br />

no STF<br />

68


Queda <strong>de</strong> braço entre Oi e Anatel<br />

O Globo/RJ - Economia, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

DEFESA DO CONSUMIDOR<br />

Empresa vai à Justiça por reajuste e<br />

não concorda com redução no valor da<br />

tarifa que remunera re<strong>de</strong>s móveis<br />

Nadja Sampaio<br />

nadja@oglobo.com.br<br />

A promessa da Agência Nacional <strong>de</strong><br />

Telecomunicações (Anatel) <strong>de</strong> queda no valor das<br />

tarifas das chamadas <strong>de</strong> telefones fixos para a<br />

telefonia móvel virou uma queda <strong>de</strong> braços na<br />

Justiça entre a agência e a Telemar (Oi fixa). A<br />

concessionária pediu à Anatel um reajuste tarifário<br />

<strong>de</strong> 2,64% referente ao período <strong>de</strong> 2010 a 2011;<br />

além disso, não concorda que o cálculo seja feito<br />

consi<strong>de</strong>rando a Resolução 576, que reduz em<br />

10,78% o valor da tarifa <strong>de</strong> fixo para celular. Para<br />

garantir seu pleito a empresa recorreu à Justiça.<br />

Caso a Telemar vença a disputa, além <strong>de</strong> não ter o<br />

<strong>de</strong>sconto, será acrescentado o reajuste e o<br />

consumidor pagará uma tarifa cerca <strong>de</strong> 15% mais<br />

cara.<br />

Pelo contrato <strong>de</strong> concessão, as empresas po<strong>de</strong>m<br />

pedir a recomposição inflacionária uma vez por<br />

ano. Em fevereiro <strong>de</strong> 2011, a Telemar pediu um<br />

reajuste <strong>de</strong> 2,64%. Para homologar o aumento, a<br />

Anatel exige que as concessionárias entrem em<br />

acordo com as operadoras <strong>de</strong> celulares sobre o<br />

pagamento pelo uso da re<strong>de</strong> móvel. Este é o maior<br />

custo da tarifa e chega a 80% do valor.<br />

Concessionária alega perda<br />

inflacionária <strong>de</strong> 10,6%<br />

Como a Telemar não conseguiu o acordo com as<br />

móveis, o reajuste não foi homologado. Só em<br />

outubro a operadora fixa chegou a um acerto com<br />

as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> celulares. Mas, naquele momento, a<br />

agência aprovara a Resolução 576, que previa um<br />

corte <strong>de</strong> 10,78% no valor pago pelo uso das re<strong>de</strong>s<br />

móveis e adotou essa norma para analisar o<br />

reajuste.<br />

A Telemar não concordou com a <strong>de</strong>cisão e entrou<br />

na Justiça. Ganhou a liminar. A Anatel pediu a<br />

suspensão da <strong>de</strong>cisão no Tribunal Regional<br />

Fe<strong>de</strong>ral (TRF), sem sucesso. Mas conseguiu uma<br />

liminar anulando a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> primeira instância. A<br />

concesssionária recorreu com um agravo<br />

regimental na turma recursal do TRF e venceu por<br />

unanimida<strong>de</strong>. À Anatel, agora, só resta recorrer ao<br />

Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça (STJ).<br />

A Telemar argumenta que não há que se falar da<br />

não concessão do reajuste em virtu<strong>de</strong> da não<br />

existência <strong>de</strong> acordo com as móveis, porque no<br />

caso <strong>de</strong> não haver um pacto, a Anatel po<strong>de</strong> arbitrar<br />

o aumento. A concessionária alega que pediu, em<br />

abril, que a agência <strong>de</strong>finisse o valor, mas a<br />

agência não consi<strong>de</strong>rou o pedido. Além disso, a<br />

empresa alega que a <strong>de</strong>fasagem da tarifa <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 2010 para hoje é <strong>de</strong> 10,6% e o<br />

reajuste pedido é <strong>de</strong> 2,64%. A concessionária<br />

afirma ainda que concorda com a redução do valor<br />

do uso das re<strong>de</strong>s móveis, porém, apenas a partir<br />

<strong>de</strong> 2013, já que o pedido <strong>de</strong> reajuste foi feito em<br />

fevereiro, muito antes da edição da Resolução 576.<br />

A Anatel afirma que não vai se manifestar, pois o<br />

caso está sub judice. Uma fonte da agência diz que<br />

a Telemar não estaria per<strong>de</strong>ndo receita com o<br />

reajuste calculado pela Resolução 576 porque a<br />

redução só afeta as operadoras <strong>de</strong> celulares. E<br />

observa que a redução do pagamento do uso da<br />

re<strong>de</strong> móvel também beneficiaria os consumidores<br />

nas ligações entre diferentes operadoras <strong>de</strong> móvel<br />

para móvel, que hoje é a tarifa mais cara. A fonte<br />

diz que a agência analisa o reajuste à luz das<br />

regras em vigor e, em outubro, já estava valendo a<br />

576.<br />

Eduardo Tu<strong>de</strong>, presi<strong>de</strong>nte da consultoria Teleco,<br />

ressalta que a Anatel está em consonância com<br />

uma tendência mun<strong>dia</strong>l <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong> tarifas da<br />

re<strong>de</strong> móvel:<br />

— O Brasil tem uma das tarifas mais caras do<br />

mundo. Aqui, só é barato falar pela mesma<br />

operadora, cujo custo da tarifa é <strong>de</strong> R$ 0,05,<br />

enquanto para falar para outra operadora sobe<br />

para R$ 1. Não existe lógica nesta ação da<br />

Telemar, porque eles estão <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo uma<br />

garantia <strong>de</strong> receita por curto espaço <strong>de</strong> tempo,<br />

tendo em vista que o grupo tem a Oi celular. Mas, a<br />

longo prazo, a maior utilização diminui essa<br />

diferença.<br />

Maria Inês Dolci, coor<strong>de</strong>nadora institucional da<br />

Proteste Associação <strong>de</strong> Consumidores, consi<strong>de</strong>ra<br />

um disparate esta queda <strong>de</strong> braço, pois não há<br />

razão para a empresa brigar pela não diminuição<br />

do valor pago às re<strong>de</strong>s móveis:<br />

— Não há <strong>de</strong>sequilíbrio contratual. A empresa<br />

po<strong>de</strong> ter o reajuste pedido, mesmo que o cálculo<br />

seja feito pela Resolução 576. Além <strong>de</strong> ser um<br />

69


absurdo este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> uma empresa<br />

que é uma das que mais recebe reclamações dos<br />

consumidores <strong>de</strong> todo o Brasil pelos serviços que<br />

presta.<br />

Sistema <strong>de</strong> Defesa do Consumidor<br />

apoia a Anatel<br />

Maria Inês ressalta que é uma preocupação<br />

mun<strong>dia</strong>l a diminuição das tarifas:<br />

— Pela primeira vez, a Anatel toma uma <strong>de</strong>cisão a<br />

favor do consumidor, em consonância com uma<br />

tendência mun<strong>dia</strong>l. O consumidor não po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r<br />

nesta queda <strong>de</strong> braço.<br />

Juliana Pereira da Silva, diretora do Departamento<br />

Nacional <strong>de</strong> Proteção e Defesa do Consumidor<br />

(DPDC), também consi<strong>de</strong>ra um absurdo que uma<br />

empresa entre na Justiça contra a agência<br />

reguladora para impedir uma queda no valor das<br />

tarifas:<br />

O Globo/RJ - Economia, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

— O Sistema Nacional <strong>de</strong> Defesa do Consumidor<br />

está apoiando a Anatel neste caso, pois há muito<br />

as entida<strong>de</strong>s lutam para que a agência leve em<br />

consi<strong>de</strong>ração também os interesses dos<br />

consumidores em suas <strong>de</strong>cisões. É preciso<br />

fortalecer o papel da agência neste momento.<br />

70


O Globo/RJ - Rio, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

TCE conta com verba secreta <strong>de</strong> R$ 4 milhões<br />

Dinheiro é distribuído aos funcionários dos<br />

gabinetes <strong>de</strong> seis dos sete conselheiros, sem que<br />

haja fiscalização, diz Revista Época<br />

Leonardo Cazes<br />

leonardo.cazes@oglobo.com.br<br />

Seis dos sete conselheiros do Tribunal <strong>de</strong> Contas<br />

do Estado do Rio (TCE-RJ) recebem, anualmente,<br />

um total <strong>de</strong> R$ 4 milhões, sem justificativa ou<br />

fiscalização. A verba é distribuída entre os<br />

funcionários <strong>de</strong> seus gabinetes, segundo<br />

reportagem publicada pela revista "Época" ontem,<br />

e não há qualquer informação no Diário Oficial ou<br />

no boletim interno do tribunal que explique o<br />

<strong>de</strong>stino do dinheiro.<br />

Os beneficiados pela "verba secreta" são o<br />

presi<strong>de</strong>nte do TCE-RJ, Jonas Lopes <strong>de</strong> Carvalho<br />

Junior; o vice-presi<strong>de</strong>nte Aluisio Gama <strong>de</strong> Souza; e<br />

os conselheiros José Gomes Graciosa, Marco<br />

Antonio Alencar, Julio Lambertson Rabello e<br />

Aloísio Neves Gue<strong>de</strong>s. O conselheiro José<br />

Mauricio <strong>de</strong> Lima Nolasco já usou a verba, mas<br />

não a recebe atualmente. A revelação surgiu<br />

durante investigação da Procuradoria da República<br />

sobre irregularida<strong>de</strong>s no TCE-RJ, como<br />

recebimento <strong>de</strong> propina para aprovação <strong>de</strong> contas<br />

<strong>de</strong> municípios do estado.<br />

O benefício <strong>de</strong> R$ 48.374,88 é pago <strong>de</strong>s<strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 1992 e seria inspirado numa lei aprovada<br />

durante o governo Moreira Franco, que previa<br />

gratificações para funcionários da Casa Civil que<br />

se <strong>de</strong>stacassem no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> suas funções.<br />

cada gabinete envia à presidência do órgão uma<br />

lista dos servidores contemplados.<br />

PF investiga funcionários fantasmas no<br />

tribunal<br />

O subprocurador da República Carlos Eduardo<br />

Oliveira Vasconcelos, responsável pelas<br />

investigações, consi<strong>de</strong>ra ilegal a <strong>de</strong>spesa e<br />

acredita que se trate <strong>de</strong> um artifício para<br />

enriquecimento ilícito dos conselheiros — os<br />

funcionários seriam apenas "laranjas".<br />

Como informou O GLOBO em outubro passado,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquele mês corre no Superior Tribunal <strong>de</strong><br />

Justiça (STJ) uma ação penal contra o presi<strong>de</strong>nte<br />

do TCE-RJ e os conselheiros José Gomes<br />

Graciosa e José Na<strong>de</strong>r (já aposentado). A<br />

<strong>de</strong>núncia, feita por Vasconcelos, acusa os três <strong>de</strong><br />

receberem dinheiro, entre 2002 e 2003, para<br />

aprovar um contrato da empresa <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong><br />

Grupo SIM com a prefeitura <strong>de</strong> Carapebus,<br />

celebrado sem licitação.<br />

O trio também teria facilitado a aprovação das<br />

contas da prefeitura, para evitar que a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> receber os recursos do Fundo <strong>de</strong><br />

Participação dos Municípios (FPM). Na mesma<br />

ação foram <strong>de</strong>nunciados o proprietário da SIM,<br />

Sinval <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, o ex-<strong>de</strong>putado José Na<strong>de</strong>r<br />

Júnior, o ex-secretário municipal <strong>de</strong> Carapebus<br />

José Álvaro <strong>de</strong> Carvalho Lopes e mais cinco<br />

pessoas.<br />

Em outra <strong>de</strong>núncia da Procuradoria Geral da<br />

República, feita no início <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro do ano<br />

passado, Jonas Lopes <strong>de</strong> Carvalho, atual<br />

presi<strong>de</strong>nte do TCE-RJ, José Gomes Graciosa,<br />

Aluísio Gama <strong>de</strong> Souza e Júlio Lamberson Rabello<br />

foram acusados <strong>de</strong> manter pelo menos 28<br />

funcionários fantasmas.<br />

No <strong>dia</strong> 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, agentes da Polícia Fe<strong>de</strong>ral<br />

estiveram na se<strong>de</strong> do órgão cumprindo mandado<br />

<strong>de</strong> busca e apreensão nas áreas <strong>de</strong> recursos<br />

humanos e informática. Os quatro conselheiros<br />

foram <strong>de</strong>nunciados pelos crimes <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ológica, prevaricação, corrupção e peculato.<br />

Procuradas pelo GLOBO, as assessorias <strong>de</strong><br />

imprensa do TCE-RJ e do conselheiro José Gomes<br />

Graciosa informaram que não iam se pronunciar<br />

sobre a <strong>de</strong>núncia feita pela revista "Época".<br />

71


<strong>de</strong> Brasília<br />

Troféu Motosserra<br />

O governo <strong>de</strong>cidiu a<strong>dia</strong>r a votação do Código<br />

Florestal para <strong>de</strong>pois da Rio+20, para evitar que a<br />

presi<strong>de</strong>nte Dilma recebesse o Troféu Motoserra<br />

durante o evento. Ambientalistas, por influência da<br />

ex-senadora Marina Silva, <strong>de</strong>cidiram laurear a<br />

presi<strong>de</strong>nte, pois eles não aceitam nem o texto do<br />

Senado, como <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o governo, nem o do relator<br />

Paulo Piau (PMDB-MG), que tem o apoio da<br />

maioria dos <strong>de</strong>putados na Câmara.<br />

Dilma alinha o PT na Câmara<br />

O grupo político do PT que elegeu o presi<strong>de</strong>nte da<br />

Câmara, Marco Maia (PT-RS), saiu extremamente<br />

fortalecido com a substituição <strong>de</strong> Cândido<br />

Vaccarezza (PT-SP) na li<strong>de</strong>rança do governo. Essa<br />

ala do PT controla agora os principais cargos da<br />

Casa. Maia, que <strong>de</strong>rrotou Vaccarezza, fortalecese.<br />

O novo lí<strong>de</strong>r do governo, Arlindo Chinaglia<br />

(PT-SP), foi um <strong>de</strong> seus aliados na disputa interna<br />

do PT. O lí<strong>de</strong>r do PT, Jilmar Tatto (SP), também é<br />

do mesmo time. São também <strong>de</strong>sse grupo o<br />

presi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Constituição e Justiça,<br />

Ricardo Berzoini (PT-SP), e o novo presi<strong>de</strong>nte da<br />

Comissão <strong>de</strong> Orçamento, Paulo Pimenta (PT-RS).<br />

O objetivo agora é fazer ministro o ex-lí<strong>de</strong>r Paulo<br />

Teixeira (SP).<br />

"Antes <strong>de</strong> o presi<strong>de</strong>nte da Fiesp, Paulo Skaf, li<strong>de</strong>rar<br />

um movimento em <strong>de</strong>fesa da indústria brasileira,<br />

ele <strong>de</strong>via comprar um carro nacional e não andar<br />

<strong>de</strong> carro importado” — Lelo Coimbra, <strong>de</strong>putado<br />

fe<strong>de</strong>ral (PMDB-ES)<br />

O ASTRO. Enquanto esperava pela chegada <strong>de</strong><br />

Pelé, sexta-feira, no Planalto, para a reunião da<br />

presi<strong>de</strong>nte Dilma com o presi<strong>de</strong>nte da FIFA,<br />

Joseph Blatter, Ronaldo Fenômeno foi muito<br />

festejado no Palácio do Planalto. A sala <strong>de</strong> espera<br />

foi invadida pelos funcionários, que vinham <strong>de</strong><br />

todos os andares e dos anexos, para tirar<br />

fotografias e pegar autógrafos em folhas <strong>de</strong> papel,<br />

fotos e até camisetas da seleção brasileira.<br />

Projeto<br />

Amigo da presi<strong>de</strong>nte Dilma, o secretário-executivo<br />

da Casa Civil, o advogado Beto Vasconcelos, tem<br />

um projeto <strong>de</strong> longo prazo. A exemplo <strong>de</strong> José Dias<br />

Toffoli, seu sonho também é ser indicado ministro<br />

O Globo/RJ - Panorama Político , <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

PANORAMA POLÍTICO<br />

do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Rearranjo<br />

O governador Jaques Wagner quer nomear os<br />

<strong>de</strong>putados Wal<strong>de</strong>nor Pereira e Luiz Alberto para<br />

seu secretariado. O objetivo é manter na Câmara<br />

Sérgio Carneiro e Emiliano José, que saem com a<br />

volta <strong>de</strong> João Leão e Afonso Florence.<br />

Paulinho provoca Dilma<br />

Na reunião das centrais com a presi<strong>de</strong>nte Dilma, o<br />

presi<strong>de</strong>nte da Força Sindical, Paulo Pereira da<br />

Silva, reclamou da compra, pelo governo, <strong>de</strong><br />

produtos importados. A presi<strong>de</strong>nte Dilma<br />

reconheceu o problema e citou o caso do próprio<br />

carro, que é mexicano. Ela argumentou que, no<br />

México, o automóvel sai da fábrica blindado, o que<br />

reduz o preço. Paulinho avisou <strong>de</strong> manifestação na<br />

próxima semana contra a <strong>de</strong>sindustrialização, e<br />

Dilma encerrou: “Fique à vonta<strong>de</strong> para fazer<br />

quantas manifestações quiser.”<br />

Novo lado?<br />

Secretário <strong>de</strong> Planejamento da Bahia, o<br />

ex-presi<strong>de</strong>nte da Petrobras Sergio Gabrielli está<br />

negociando, junto com o governador Jaques<br />

Wagner, o projeto <strong>de</strong> redistribuição dos royalties do<br />

petróleo, em tramitação na Câmara dos<br />

Deputados.<br />

Violência<br />

Depois da força-tarefa para fiscalizar os<br />

mamógrafos do país, o Ministério da Saú<strong>de</strong> quer<br />

visitar os 597 serviços cre<strong>de</strong>nciados no SUS <strong>de</strong><br />

prestação <strong>de</strong> atendimento à mulher em situação <strong>de</strong><br />

violência. A i<strong>de</strong>ia é ter um selo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

■ ■ ■ ■ ■ ■<br />

IRONIA ouvida na Esplanada dos Ministérios, no<br />

Febeapá sobre a venda <strong>de</strong> bebidas nos estádios<br />

na Copa: “É praxe ministros não lerem documentos<br />

do governo, mas hoje parece que nem os<br />

assessores técnicos estão lendo mais”.<br />

CAUSA. Lí<strong>de</strong>res aliados <strong>de</strong>bitam o bate-cabeça no<br />

tema à ultracentralização das <strong>de</strong>cisões no Planalto.<br />

Um <strong>de</strong>les brinca: “Não dá para espirrar na<br />

Esplanada, sem que as ministras I<strong>de</strong>li e Gleisi<br />

digam saú<strong>de</strong>!”.<br />

72


O ITAMARATY informa que procura aprofundar<br />

seu conhecimento sobre o Oriente Médio. Em<br />

fevereiro, na Turquia, reuniu os 23 embaixadores<br />

do Brasil na região para um seminário <strong>de</strong> estudos.<br />

ILIMAR FRANCO com Fernanda Krakovics,<br />

sucursais e correspon<strong>de</strong>ntes<br />

E-mail para esta coluna:<br />

panoramapolitico@oglobo.com.br<br />

O Globo/RJ - Panorama Político , <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

73


O Brasil está caro<br />

Veja como o Brasil está caro <strong>de</strong>mais.<br />

Várias <strong>de</strong>legações que vêm para a Rio+20, em<br />

junho, <strong>de</strong>cidiram enxugar a comitiva ao saber o<br />

preço das diárias <strong>de</strong> hotel, em torno <strong>de</strong> US$ 1.000.<br />

É provável que um ou dois países até <strong>de</strong>sistam <strong>de</strong><br />

mandar gente.<br />

Querosene <strong>de</strong> cana...<br />

Aliás, durante a Rio+20, um voo da Azul usará,<br />

pela primeira vez, um querosene <strong>de</strong><br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar.<br />

Os testes, num mo<strong>de</strong>lo Embraer, serão feitos<br />

amanhã, em Peebles, Ohio, EUA, pelo próprio<br />

comandante Miguel Dau, vice-presi<strong>de</strong>nte da<br />

voadora.<br />

Gran<strong>de</strong> Hobsbawm<br />

O celebrado historiador inglês Eric Hobsbawm<br />

enfrenta, aos 94 anos, males <strong>de</strong>correntes da ida<strong>de</strong>,<br />

que, vez ou outra, levam-no ao hospital. Mas não<br />

per<strong>de</strong>u a luci<strong>de</strong>z — aliás, extraordinária. Nem a<br />

curiosida<strong>de</strong> intelectual.<br />

Outro <strong>dia</strong>, recebeu a visita <strong>de</strong> um amigo que tem<br />

vínculos com o Brasil e, à queima roupa,<br />

perguntou: “Quem é Criolo?”<br />

É que...<br />

Hobsbawm havia lido um artigo <strong>de</strong> Caetano Veloso<br />

no GLOBO sobre o rapper paulista e queria saber<br />

mais.<br />

Maria e Luís<br />

O livro “Meu companheiro — 40 anos ao lado <strong>de</strong><br />

Luís Carlos Prestes”, <strong>de</strong> Maria Prestes, 82 anos,<br />

viúva do lí<strong>de</strong>r comunista, vai ganhar uma edição<br />

em espanhol para o mercado latino.<br />

Será lançada em abril, na Feira Literária <strong>de</strong> Bogotá.<br />

País do futebol<br />

Spike Lee, que vem rodar aqui um documentário<br />

sobre o crescimento do país, toca outro projeto<br />

relacionado ao Brasil. Vai filmar “Beautiful game”<br />

ANCELMO GOIS<br />

O Globo/RJ - Rio, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

(“Belo jogo”), sobre um brasileiro que vai jogar num<br />

time da Califórnia e vira ídolo nos EUA.<br />

Sai <strong>de</strong> baixo<br />

Do ministro Ayres Britto, que, modéstia à parte, é<br />

sergipano, para um amigo, sobre os oito meses em<br />

que vai comandar o STF:<br />

— Será um mandato curto. Mas intenso.<br />

Duas posturas<br />

O economista José Roberto Afonso esteve na<br />

Espanha em crise, <strong>dia</strong> <strong>de</strong>sses, e ficou<br />

impressionado com a reação dos lojistas ao<br />

receberem brasileiros:<br />

— Ficam ultrassimpáticos. Sabem que o turista<br />

brasileiro... gasta.<br />

Só que...<br />

Não custa sempre relembrar. Muitos brasileiros são<br />

impedidos <strong>de</strong> entrar em Madri e humilhados no<br />

aeroporto.<br />

Setentão<br />

José Serra completa 70 anos amanhã.<br />

Matisse <strong>de</strong> volta<br />

Vinte serigrafias <strong>de</strong> Henri Matisse (<strong>18</strong>69-1954),<br />

inclusive esta da coleção “Álbum Jazz”, <strong>de</strong> 1947,<br />

serão expostas a partir <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> abril, no MNBA, no<br />

Rio.<br />

Todas têm algo em comum. Foram furtadas há<br />

sete anos, levadas para a Argentina e,<br />

recentemente, recuperadas pela Polícia Fe<strong>de</strong>ral,<br />

numa ação coor<strong>de</strong>nada pelo <strong>de</strong>legado Fábio Scliar.<br />

Segue...<br />

Soraia Cals, consultora <strong>de</strong>ste projeto, explica que o<br />

propósito da exposição é chamar a atenção para a<br />

segurança dos museus brasileiros.<br />

Morar bem<br />

A Rádio Cimento diz que o belo prédio do antigo<br />

Lloyd Brasileiro, no Centro do Rio, está sendo<br />

74


vendido à João Fortes Engenharia por uns R$ 25<br />

milhões para ser transformado num mo<strong>de</strong>rno<br />

centro empresarial.<br />

Retratos da vida<br />

O <strong>de</strong>sembargador Luiz Fernando <strong>de</strong> Carvalho, da<br />

3a- Câmara Cível do Rio, <strong>de</strong>terminou a busca e a<br />

apreensão <strong>de</strong> uma adolescente <strong>de</strong> 15 anos que<br />

saiu <strong>de</strong> casa para viver com um homem <strong>de</strong> 30. A<br />

liminar foi pedida pela mãe.<br />

Lá vem o noivo<br />

Lembra o padre Ricardo, aquele que largou a<br />

batina em 2001 para se casar, em Niterói?<br />

Entrou com processo no Vaticano. Pai <strong>de</strong> dois<br />

filhos, <strong>de</strong>seja se casar no religioso.<br />

Negro na propaganda, morô?<br />

Há nas re<strong>de</strong>s sociais quem estranhe que a nova<br />

cara das Óticas do Povo seja a mo<strong>de</strong>lo e atriz<br />

Fernanda Lima, a bela loura gaúcha <strong>de</strong> 34 anos. É<br />

que a ca<strong>de</strong>ia popular <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> óculos era mais<br />

conhecida no meio publicitário por ter<br />

garotos-propagandas negros, como Gran<strong>de</strong> Otelo,<br />

Cosme dos Santos e Jair Rodrigues, que<br />

popularizaram o bordão “Óticas do Povo, morô?”<br />

A mudança ocorre justamente numa hora em que a<br />

empresa, preferida da classe C, com mais <strong>de</strong> 90<br />

lojas no país, tenta reposicionar sua marca para<br />

alcançar outras classes sociais. Mas o empresário<br />

Manoel Carlos Pessanha, <strong>de</strong> 67 anos, diz que a<br />

escolha foi feita intuitivamente — e que sempre,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fundação da empresa, há 35 anos, andou<br />

na contramão da publicida<strong>de</strong>:<br />

— Numa época em que não existia negro na TV,<br />

chamei o Gran<strong>de</strong> Otelo. Um ícone, uma lenda que<br />

representava o povo brasileiro e aten<strong>dia</strong> às classes<br />

menos favorecidas. Mas acho que o Brasil acolhe<br />

todas as raças e pessoas. Já tivemos também a<br />

Regina Duarte e a Paloma Duarte. Agora, que há<br />

vários negros na TV, escolhi Fernanda Lima. Acho<br />

que ela passa credibilida<strong>de</strong>, é carismática, é família<br />

e atinge, sobretudo, os jovens.<br />

Um pouco <strong>de</strong> história<br />

Não faz muito, as Óticas do Povo eram quase<br />

exemplo isolado <strong>de</strong> empresa brasileira que usava<br />

negro em seus anúncios. Nos últimos anos, a<br />

propaganda tem refletido um pouco mais a<br />

diversida<strong>de</strong> racial brasileira.<br />

O Globo/RJ - Rio, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

O músico e ator Toni Garrido, negro, acha que a<br />

juventu<strong>de</strong> afrobrasileira está com a autoestima tão<br />

em alta que é impossível o mercado ignorar. “Está<br />

longe do i<strong>de</strong>al. Mas está melhor, me sinto mais<br />

bem acompanhado”, diz ele, que tem feito muitos<br />

anúncios (Guaraná Antártica, Havaianas,<br />

Olympikus, iG, Vivo e Coca-Cola).<br />

Na verda<strong>de</strong>, não há muitos estudos sobre o negro<br />

na publicida<strong>de</strong> brasileira. Pesquisa feita durante 20<br />

anos (1985-2005) pelo professor Carlos Augusto<br />

Martins, mestre em comunicação pela USP,<br />

concluiu que os brancos interpretam todos os tipos<br />

<strong>de</strong> personagens, mas poucos negros conseguem<br />

fugir <strong>de</strong> cinco estereótipos na publicida<strong>de</strong> na TV<br />

(trabalhador braçal, por exemplo). Ainda assim, a<br />

pesquisa mostra evolução. Em 1985, havia 3% <strong>de</strong><br />

anúncios com negros. Em 2005, este percentual<br />

subiu para 13%. De qualquer forma, lembra<br />

Martins, “é muito pouco se a gente pensar na<br />

realida<strong>de</strong> populacional do Brasil”.<br />

O DOMINGO É das belas paulistas Mia Mello (à<br />

direita), humorista, 31 anos, e Maria Melilo,<br />

ex-BBB, 28. As duas entraram para o elenco fixo<br />

do “Casseta e Planeta Vai fundo”, que estreia <strong>dia</strong><br />

30 agora. Terão a difícil missão <strong>de</strong> substituir Maria<br />

Paula na parcela feminina do programa, que, como<br />

se sabe, põe homem pelo ladrão. Que sejam<br />

felizes<br />

ZONA FRANCA<br />

A A<strong>de</strong>mi abriu inscrição para o 9ocurso<br />

Estruturação Imobiliária Aplicada, da CM2, <strong>dia</strong>s 12,<br />

13 e 14 <strong>de</strong> abril.<br />

Yedda e Aloysio Maria Teixeira viajam amanhã<br />

com a família para festejar em Veneza seus 70<br />

anos <strong>de</strong> casados.<br />

A Zóia, <strong>de</strong> Alessandra Wagner, lança nova coleção<br />

<strong>de</strong> bijuteria.<br />

Roberto Serrão estreia quinta, <strong>dia</strong> 22, às 20h30m,<br />

seu show “Terapia popular”, no Memórias do Rio.<br />

A consultoria Infinity, da advogada Vera Assad,<br />

ligada ao ramo jurídico, se <strong>de</strong>dica também à área<br />

<strong>de</strong> eventos.<br />

Terça, o escritor Flávio Tavares lança “1961, o<br />

golpe <strong>de</strong>rrotado” (L&PM), na Argumento do Leblon.<br />

A 1ª edição da Kid’s Park, no Monte Líbano, vai <strong>de</strong><br />

7 a 10 <strong>de</strong> junho.<br />

O Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio<br />

promove amanhã almoço <strong>de</strong> 100 anos <strong>de</strong> Luiz<br />

75


Antônio Pimentel.<br />

Ana Cláu<strong>dia</strong> Guimarães<br />

COM ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, MARCEU<br />

VIEIRA E DANIEL BRUNET<br />

Email: coluna.ancelmo@oglobo.com.br Fotos:<br />

fotoancelmo@oglobo.com.br<br />

O Globo/RJ - Rio, <strong>18</strong> <strong>de</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> 2012<br />

76


-<br />

JUDICIÁRIO | Judiciário<br />

JUDICIÁRIO | Justiça do Trabalho<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Eleitoral<br />

JUDICIÁRIO | Justiça Fe<strong>de</strong>ral<br />

JUDICIÁRIO | Ministério Público Fe<strong>de</strong>ral<br />

JUDICIÁRIO | Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça<br />

JUDICIÁRIO | Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral<br />

JUDICIÁRIO | Tribunal Superior Eleitoral<br />

Indíce Remissivo por Assunto<br />

TJDFT | Tribunal <strong>de</strong> Justiça do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

17, 34, 42, 44, 72, 74<br />

11, 27, 64<br />

37<br />

58<br />

10, 41, 63<br />

23, 28, 39, 53, 59, 60, 66<br />

26, 40, 69, 71<br />

8, 15, 25, 32, 33, 38, 48, 50, 51, 54, 57, 68<br />

13, 22, 47, 65<br />

6, 20<br />

77

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