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amálgama de mitos - Facom - Universidade Federal da Bahia

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Em 1999, Bethânia respon<strong>de</strong> à revista Colóquio 9 sobre o sucesso do disco A força que<br />

nunca seca e fala sobre a sua interferência nos rumos <strong>da</strong> indústria cultural quando o<br />

gênero é MPB:<br />

nela:<br />

OIÁ<br />

BETHÂNIA: <strong>amálgama</strong> <strong>de</strong> <strong>mitos</strong><br />

“Fiquei orgulhosa, mas não penso em na<strong>da</strong> disso. Eu sou intérprete e isso me<br />

liberta. Interpretar é minha chave <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>. Eu penso, eu sonho e interpreto,<br />

pra mim é igual. Ninguém po<strong>de</strong> interferir nisso, só Deus e eu. É a minha<br />

horinha, ali, <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com a fagulha <strong>de</strong> Deus e criar. Eu não penso muito, eu sou<br />

atraí<strong>da</strong>. Intuitivamente alguma coisa me chama para aquele jeito, naquele<br />

momento”.<br />

Na mesma revista, ela fala sobre a sacrali<strong>da</strong><strong>de</strong> que o território do palco <strong>de</strong>sperta<br />

“Adoro a palavra fala<strong>da</strong>. Quando menina, eu achava que seria atriz, mas <strong>de</strong>pois<br />

fui me <strong>de</strong>senvolvendo e vi que queria o palco, queria a palavra fala<strong>da</strong>, mas<br />

principalmente a palavra canta<strong>da</strong>. Hoje eu não sei subir ao palco para fazer só<br />

uma coisa. Não gosto. Gosto <strong>de</strong> cantar e misturar com poesia e também prosa.<br />

Nossa língua é lin<strong>da</strong>. Eu gosto <strong>de</strong> um trabalho teatral, e a palavra fala<strong>da</strong> traz a<br />

teatrali<strong>da</strong><strong>de</strong> maior. Por isso, gosto <strong>de</strong> trabalhar com diretores teatrais, pessoas<br />

que enten<strong>da</strong>m <strong>de</strong> dramaturgia e me dêem o alicerce para eu interpretar. Teatro<br />

pra mim tem essa coisa mágica, lin<strong>da</strong> e absur<strong>da</strong>. Eu não tenho medo do palco.<br />

Eu não sei viver sem ele e o respeito loucamente, como respeito o altar sagrado<br />

<strong>de</strong> Nossa Senhora <strong>da</strong> Purificação, a Casa Sagra<strong>da</strong> do Axé do Gantois. Para<br />

mim, é um santuário, um lugar encantado, nobre”.<br />

O palco ressignifica-se aos pés <strong>de</strong> Maria Bethânia, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um mero veículo<br />

<strong>da</strong> arte <strong>da</strong> encenação, e ganha dimensão do divino, símbolo <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição do Axé em sua<br />

irradiação:<br />

“Recebe-se o axé <strong>da</strong>s mãos e do hálito dos mais antigos, <strong>de</strong> pessoa a pessoa,<br />

numa relação interpessoal dinâmica e viva. Recebe-se através do corpo e em<br />

todos os níveis <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong>, atingindo os planos mais profundos pelo<br />

sangue, os frutos, as ervas, as oferen<strong>da</strong>s rituais e pelas palavras<br />

pronuncia<strong>da</strong>s” 10 .<br />

No território sagrado do terreiro <strong>de</strong> candomblé, existe um local <strong>de</strong>stinado às<br />

festas públicas <strong>de</strong>nominado Barracão, é nele que os orixás <strong>da</strong>nçam manifestados em<br />

seus filhos e são assistidos por fiéis e curiosos. Na liturgia do candomblé, nessa noite, o<br />

9 Colóquio, nº 17, 1999.<br />

10 SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte. São Paulo: Vozes, 1989.<br />

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