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“TENHO VERGONHA DOS RICOS DE PORTUGAL” - Lux - Iol

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que admiro profi ssionalmente<br />

e com quem trabalhei, esteja a<br />

fazer isso.<br />

<strong>Lux</strong> – Entretanto, sabe o que vai<br />

fazer a seguir?<br />

M.E. – Não faço a menor ideia<br />

[sorrisos]. Só sei que vou continuar<br />

a escrever. E já tenho dois<br />

livros pensados. Um deles tão<br />

difícil como este, o outro mais<br />

leve. Mais não digo.<br />

<strong>Lux</strong> – Este contexto sócio-económico<br />

não é de todo favorável<br />

para recomeçar.<br />

M.E. – Não, e não estou à espera<br />

de algo que me dê um ordenado<br />

extraordinário. Só estou à espera<br />

de me sentir útil.<br />

<strong>Lux</strong> – Além dos cortes que<br />

viveu na RTP, já sentiu esta crise<br />

na sua vida?<br />

M.E. – Claro. Desperdicei algumas<br />

ofertas que tive, até milionárias,<br />

porque achava que não<br />

eram éticas. Por exemplo, para<br />

fazer publicidade. Não enriqueci<br />

de todo. Portanto, senti muito.<br />

Depois, uma pessoa que decide<br />

cuidar de uma familiar doente em<br />

sua casa gasta muito dinheiro.<br />

Empobrece-se muito, mas não<br />

me arrependo disso.<br />

<strong>Lux</strong> – Teve de fazer ajustes?<br />

M.E. – Tive e tenho. Fui apanhada,<br />

por um mês, pela alteração<br />

das reformas antecipadas. Pensei<br />

que ia para a reforma antecipada<br />

[e deixei de poder ir]. Atenção,<br />

na esmagadora maioria das<br />

matérias, não sou contra a política<br />

deste Governo, porque não<br />

vejo outra, e ainda não encontrei<br />

alguém que conseguisse explicar<br />

como era a alternativa.<br />

Porém, em relação à comunicação<br />

social, o Governo é um<br />

desastre total, assim como é um<br />

desastre em relação à comunicação<br />

em geral, não sabe fazê-la.<br />

O que é lamentável.<br />

<strong>Lux</strong> – Voltando às medidas deste<br />

Governo, acha que afetam todas<br />

as classes?<br />

M.E. – Só a classe média. Este<br />

Governo devia ter ido muito mais<br />

longe em relação aos mais ricos.<br />

Vemos os ricos na América a<br />

pedirem para pagar mais impostos<br />

e aqui não vemos coisa<br />

nenhuma. Pelo contrário. Isso faz-<br />

-me ter vergonha dos ricos de<br />

Portugal. Gostava que se portassem<br />

melhor. O que não quer dizer<br />

que não sejam grandes empresários,<br />

que desenvolvem muito<br />

o país. Não tenho nada contra os<br />

ricos, mas que deem um contributo<br />

maior ao país!<br />

<strong>Lux</strong> – Um dos problemas será<br />

também o dos crimes de colarinho<br />

branco.<br />

M.E. – Sei pouco disso, mas sei<br />

que muitas pessoas e grupos se<br />

servem de esquemas para que<br />

as suas fortunas se tornem intaxáveis.<br />

Por exemplo, a principal<br />

incompatibilidade do Parlamento<br />

eram os grandes advogados<br />

que lá estavam e que eram advogados<br />

de empresas e instituições<br />

cujos interesses defendiam ao votar<br />

no Parlamento, porque não<br />

declaravam os sítios todos para<br />

onde trabalhavam. Isso era assim e<br />

continua assim. São crimes de colarinho<br />

branco e não são sufi cientemente<br />

investigados porque o PSD<br />

e o PS protegem-se nisso.<br />

<strong>Lux</strong> – A sua passagem pela política<br />

foi turbulenta?<br />

M.E. – Eu e alguns colegas fomos<br />

convidados para injetar no Parlamento<br />

pessoas do mundo do<br />

trabalho, com experiência real,<br />

que não tivessem vindo das<br />

juventudes partidárias, sem conhecerem<br />

o mundo. Saí porque<br />

não aguentava mais. Enchia<br />

jornais todos os dias. Senti-me alvo<br />

de perseguição, e o PSD não ajudou.<br />

Tornei-me incómoda para o<br />

próprio partido que me convidara,<br />

que não me soube defender. ■<br />

texto Vanessa Barros Cruz (redaccaolux@lux.iol.pt)<br />

fotos Artur Lourenço<br />

agradecimentos Altis Belém Hotel & Spa<br />

O marido de Maria Elisa vive em São Francisco,<br />

mas quer gozar a reforma na Europa<br />

“Ainda nem comecei a fazer<br />

o luto. Logo a seguir ao funeral<br />

da minha mãe, fugi para os EUA„

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