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II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial

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Introdução<br />

Os filósofos franceses do Iluminismo preparam com suas obras a eclosão da revolução<br />

política que varreu a França em 1789 e, em seguida a Europa, marcando indelevelmente o<br />

mundo moderno. Essas gentes de letras integravam uma comunidade intelectual européia<br />

formada desde o Renascimento. 2 O torvelinho por elas criado resultou num intenso debate<br />

político e gerou novos horizontes de direitos inclusivos e novas alteridades. No entanto,<br />

analisando-se as matrizes literárias das Luzes francesas, percebemos a influência exercida por<br />

autores do século XVI, que relataram o modo de vida dos ameríndios habitantes da América<br />

espanhola como dos ameríndios brasileiros. Um dos mais importantes dos filósofos, Jean<br />

Marie-Arouet, o Voltaire, redigiu um romance denominado Candide ou l’optimisme. A<br />

produção desse texto, fundado sobre saberes obtidos na escritura dos relatos assinalados nesse<br />

caput, mostrou-se operacional como um fármaco. Fármaco como Derrida o define na leitura de<br />

Phédra: “le pharmakón serait une substance avec tout ce que ce mot pourra connoter”. 3 Nossa<br />

apropriação fala de um remédio capaz de mediar a reforma do Antigo Regime e de propugnar<br />

pelo progresso do gênero humano. Parte desse medicamento nasceu fora do Velho Mundo e,<br />

como tantos gêneros americanos, fez melhor a vida dos europeus.<br />

Tudo começou no ano de 1492, quando a Europa viu com perplexidade o surgimento de<br />

um continente inteiro no oceano, achado pelo genovês Cristóvão Colombo. 4 Empregando os<br />

saberes disponíveis, batizaram equivocadamente essa terra como Índia. 5 No contexto do<br />

achado e invenção da América, ocorreu um breve choque de alteridade, conforme relata em<br />

carta o cronista português Pero Vaz de Caminha. Ele descreveu o encanto proporcionado pela<br />

beleza original da terra do Brasil e aos ameríndios descreve como asseados e de boa saúde. Ele<br />

os apresenta como expectantes pela chegada alvissareira da religião católica pela mão dos<br />

portugueses. O contexto quinhentista testemunhou o embate entre os vitoriosos mecanismos<br />

mercantis da nascente economia-mundo européia, integrante do sistema mundial moderno e os<br />

2 Didier Masseau, L’invention de l’intellectuel dans l’Europe du XV<strong>II</strong>Ie siècle. Paris, PUF, 1994,p. 17-18.<br />

3 Jacques Derrida, La dissemination, Paris, Éditions du Seuil, 1972.<br />

4 Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, Brasília, EdUnb., 1992, p. 23<br />

5 Edmundo Ó’Gorman,. A invenção da América. São Paulo, Unesp, 1992,27.<br />

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