II Seminário Brasileiro Livro e História Editorial
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11 Bosi nos alerta por outro lado, que “Colo é a matriz de colônia enquanto espaço que se está<br />
ocupando, terra ou povo que se pode trabalhar e sujeitar”. 12 As redes do capitalismo 13<br />
organizaram na América, segundo Caio Prado, “um novo sistema de colonização, envolvendo a<br />
ocupação de territórios quase desertos e primitivos”. Nem desertos nem primitivos e sim eram<br />
territórios habitados por proprietários, detentores de estratégias de sobrevivência tão efetivas,<br />
que os colonos europeus delas se valeram. Essa troca assimétrica porém, constituiu para<br />
Arrighi “um círculo vicioso, vicioso para suas vítimas, virtuoso para seus beneficiários”. 14<br />
Escrita francesa que não cessa de se reescrever.<br />
Em 1554, o súdito do rei francês Henrique <strong>II</strong>I, o Cavaleiro da ordem militar de Malta,<br />
Nicolau Durand de Villegagnon, se estabeleceu na baía da Guanabara. Iniciava um<br />
empreendimento destinado a receber refugiados religiosos e a ser uma cabeça de ponte para o<br />
ouro peruano e a rota das Índias. 15 A colônia malograda, denominada de França Antártica e a<br />
cidade nunca construída denominada de Henriville, demonstram o apoio que Villegagnon<br />
dispunha na corte francesa, 16 tendo recebido em 1557 missionários calvinistas. 17 A experiência<br />
desapareceu com o retorno de Villegagnon para uma França mergulhada na guerra civil<br />
religiosa, e a subseqüente expulsão dos colonos por Mem de Sá em 1560. O texto que<br />
empregaremos foi escrito por um desses enviados, o protestante Jean de Lery, e publicado em<br />
1578. Esse foi o recorte de tempo quando as narrativas concernentes a América encantavam o<br />
público leitor que, numa viagem imaginária operada pela magia do impresso, encontrava a<br />
terra nova e o novíssimo habitante do mundo: o selvagem brasileiro. Léry era sapateiro,<br />
profissional cujo papel de leitor foi destacado na primeira modernidade, acusados pelos<br />
11 Fernando Antônio Novais, Portugal e Brasil na crise do Antigo sistema colonial. 1777-1808. São Paulo:<br />
Hucitec, 1986.p.48.<br />
12 Alfredo Bosi,Dialética da colonização, 2ª edição, São Paulo, Companhia das letras,1994,p.11.<br />
13 Giovanni Arrighi e Beverly J. Silver, Caos e governabilidade no moderno sistema mundial. Rio de Janeiro:<br />
Contraponto Editora da UFRJ, 2001, p.281.<br />
14 Giovanni Arrighi e Beverly J. Silver, Caos e governabilidade no moderno sistema mundial. Rio de Janeiro:<br />
Contraponto Editora da UFRJ, 2001,p. 41<br />
15 Antônio José Saraiva, A Cultura Em Portugal, Lisboa: Bertrand, 1982, p.83.<br />
16 Renato Pereira Brandão, A Cruz de Cristo na Terra de Santa Cruz: a Geopolítica dos Descobrimentos e o Domínio<br />
Estratégico do Atlântico Sul.Tese de Doutoramento defendida no Programa de Pós-Graduação em <strong>História</strong> da<br />
Universidade Federal Fluminense em 2000, orientado pela Profa. Dra. Lana Lage da Gama Lima, p.30.<br />
17 Paulo Knauss de Mendonça, O Rio de Janeiro da Pacificação. Franceses e portugueses na disputa<br />
colonial, Rio de Janeiro, Biblioteca Carioca, 1991, p. 13.<br />
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