Apostila de História da Indumentária - Wiki do IF-SC
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<strong>Apostila</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Indumentária</strong><br />
Profª Ursula Carvalho
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO<br />
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA<br />
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA<br />
<strong>Apostila</strong> <strong>de</strong> <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Indumentária</strong><br />
Desenvolvi<strong>da</strong> pelo Profª Ursula Carvalho<br />
Professor <strong>de</strong> 1° e 2° Graus <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Araranguá<br />
Para a Disciplina <strong>de</strong> <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Indumentária</strong> <strong>do</strong> Curso Técnico em Mo<strong>da</strong> e Estilo<br />
A reprodução <strong>de</strong>sta apostila <strong>de</strong>verá ser autoriza<strong>da</strong> pelo CEFET
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO<br />
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA<br />
CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA<br />
PRÉ HISTÓRIA E<br />
ANTIGUIDADE ORIENTAL<br />
Pré-<strong>História</strong><br />
A Pré <strong>História</strong> é dividi<strong>da</strong> em perío<strong>do</strong>s que marcam<br />
a evolução <strong>do</strong> homem: a I<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Pedra, <strong>do</strong><br />
Bronze e <strong>do</strong> Ferro. A I<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Pedra foi dividi<strong>da</strong><br />
em <strong>do</strong>is perío<strong>do</strong>s: Paleolítico ou I<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Pedra<br />
Lasca<strong>da</strong> e Neolítico ou I<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Pedra Poli<strong>da</strong>.<br />
O homem pré-histórico<br />
Nos primórdios <strong>da</strong> pré-história, o perío<strong>do</strong><br />
Paleolítico, os homens retiravam os alimentos<br />
<strong>da</strong> natureza. Coletavam frutos, grãos e raízes,<br />
pescavam e caçavam animais. Os instrumentos<br />
ou ferramentas usa<strong>do</strong>s eram <strong>de</strong> pedra, ma<strong>de</strong>ira ou<br />
osso. Os principais foram os macha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mão,<br />
pontas <strong>de</strong> flecha, pequenas lanças, arpões, anzóis<br />
e mais tar<strong>de</strong> agulhas <strong>de</strong> osso, arcos e flechas.<br />
Ain<strong>da</strong> não possuíam o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> habitação, eram<br />
nôma<strong>de</strong>s, ou seja, se <strong>de</strong>slocavam constantemente<br />
<strong>de</strong> região para região em busca <strong>de</strong> alimentos.<br />
Habitavam copas <strong>de</strong> árvores, cavernas, saliências<br />
rochosas ou ten<strong>da</strong>s feitas primitivamente com<br />
peles <strong>de</strong> animais, galhos e folhas.<br />
As roupas eram feitas <strong>de</strong> pele <strong>de</strong> animais e<br />
era necessário trabalhar a pele para que ela<br />
ficasse viável <strong>de</strong> ser usa<strong>da</strong> e não prejudicasse<br />
os movimentos <strong>do</strong>s homens que iam à caça. Era<br />
necessário tentar <strong>da</strong>r forma às peles e torná-las<br />
maleáveis, uma vez que secas também ficavam<br />
muito duras e <strong>de</strong> difícil trato. Assim se <strong>de</strong>u início<br />
o processo <strong>de</strong> mastigação <strong>da</strong>s peles, prática<br />
ain<strong>da</strong> muito comum entre os esquimós. Outra<br />
técnica usava era a <strong>de</strong> sovar a pele após molhá-la,<br />
repeti<strong>da</strong>s vezes.<br />
Ambas as técnicas não eram <strong>de</strong> to<strong>do</strong> eficientes e<br />
com o tempo foram evoluin<strong>do</strong>. O primeiro passo foi<br />
o uso <strong>de</strong> óleos <strong>de</strong> animais que mantinham as peles<br />
maleáveis por mais tempo, pois <strong>de</strong>moravam mais<br />
para secar. Até que finalmente se <strong>de</strong>scobriu as<br />
técnicas <strong>de</strong> curtimento, quan<strong>do</strong> se passou a usar<br />
o áci<strong>do</strong> tânico conti<strong>do</strong> na casca <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s<br />
árvores (carvalho e salgueiro) para tornar as<br />
peles permanentemente maleáveis e também<br />
impermeáveis.<br />
Ao longo <strong>de</strong>stes perío<strong>do</strong>s o homem passou<br />
por diversas transformações e foi ten<strong>do</strong> novas<br />
conquistas, como habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir refina<strong>da</strong>s<br />
ferramentas, técnicas <strong>de</strong> agricultura e pecuária, a<br />
<strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> fogo, <strong>de</strong>ntre outros. Pelos estu<strong>do</strong>s<br />
feitos na área <strong>do</strong> vestuário, a Indústria Têxtil po<strong>de</strong><br />
ter início durante a pré-história, mais precisamente<br />
no perío<strong>do</strong> Neolítico. Neste perío<strong>do</strong>, as peles <strong>do</strong>s<br />
animais coloca<strong>da</strong>s no ombro <strong>do</strong> homem primitivo<br />
impediam os movimentos. Foi preciso, então criar<br />
a<strong>da</strong>ptações para libera-los. Assim, surgiram a cava<br />
e o <strong>de</strong>cote. Muito tempo <strong>de</strong>pois, um pequeno<br />
rectângulo <strong>de</strong> pano em volta <strong>da</strong> cintura fez nascer<br />
o sarongue, uma forma primitiva <strong>de</strong> saia. E foi a<br />
partir <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas humanas que as<br />
diferentes formas <strong>do</strong> vestuário evoluíram.<br />
Caça na pré-história<br />
<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Indumentária</strong> - Professora Ursula Carvalho | email: ursulasilva@cefetsc.edu.br
Egito<br />
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A civilização egípcia antiga <strong>de</strong>senvolveu-se no<br />
nor<strong>de</strong>ste africano (margens <strong>do</strong> rio Nilo) entre 3200<br />
a.C (unificação <strong>do</strong> norte e sul) a 32 a.C (<strong>do</strong>mínio<br />
romano).<br />
Esta civilização <strong>de</strong>stacou-se muito nas áreas <strong>de</strong><br />
ciências e <strong>de</strong>senvolveu conhecimentos importantes<br />
na área <strong>da</strong> matemática, medicina e astrologia.<br />
Estes conhecimentos foram usa<strong>do</strong>s na construção<br />
<strong>de</strong> pirâmi<strong>de</strong>s e templos; nos procedimentos <strong>de</strong><br />
mumificação.<br />
Símbolo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e fertili<strong>da</strong><strong>de</strong> o rio nilo é<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> uma obra <strong>da</strong> natureza até hoje. Como<br />
a região é forma<strong>da</strong> por um <strong>de</strong>serto (Saara), o rio<br />
Nilo ganhou uma extrema importância para os<br />
egípcios. O rio era utiliza<strong>do</strong> como via <strong>de</strong> transporte<br />
(através <strong>de</strong> barcos) <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias e pessoas.<br />
As águas <strong>do</strong> rio Nilo também eram utiliza<strong>da</strong>s para<br />
beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas<br />
<strong>de</strong> cheias, favorecen<strong>do</strong> a agricultura.<br />
No Egito Antigo, a indumentária era basicamente<br />
feita <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong> linho. Rectangulares, as peças<br />
<strong>de</strong> teci<strong>do</strong> eram enrola<strong>da</strong>s em torno <strong>do</strong> corpo e para<br />
fixa-las eram usa<strong>do</strong>s espinhos, que po<strong>de</strong>m ter si<strong>do</strong><br />
a origem <strong>do</strong>s alfinetes. Neste perío<strong>do</strong> eles usavam<br />
uma tanga curta <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>, o CHANTI, enrola<strong>da</strong><br />
várias vezes ao corpo e presa por um cinto,<br />
sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> por homens e mulheres. Usavam<br />
também uma manta que caiam-lhes pelo ombro.<br />
Durante este perío<strong>do</strong>, a gran<strong>de</strong> distinção entre os<br />
monarcas e os nobres <strong>da</strong>s classes inferiores eram<br />
a riqueza <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s e os ornamentos, como<br />
jóias colares e braceletes; os acessórios sempre<br />
foram diferencia<strong>do</strong>res sociais. Durante o Novo<br />
império, foi introduzi<strong>da</strong> uma peça no vestuário<br />
egípcio chama<strong>da</strong> KALASIRIS, que era usa<strong>da</strong> por<br />
ambos os sexos, e consistia em uma túnica longa,<br />
sem mangas, que<br />
variava somente no<br />
comprimento.<br />
Mulher Egípcia<br />
Era hábito raspar a<br />
cabeça, no entanto<br />
faziam uso <strong>de</strong><br />
perucas ricamente<br />
ornamenta<strong>da</strong>s. Eram<br />
produzi<strong>da</strong>s com<br />
cabelo natural, folhas<br />
vegetais, linho e<br />
palmeira. Os faraós<br />
usavam trabalha<strong>da</strong>s<br />
coroas <strong>de</strong> varia<strong>da</strong>s<br />
formas, tinham também o habito <strong>de</strong> pintar o<br />
contorno <strong>do</strong>s olhos para lhe <strong>da</strong>r maior <strong>de</strong>staque.<br />
IMAGEM cabelo raspa<strong>do</strong>/peruca<br />
Na passagem <strong>do</strong> Médio para o Novo Império,<br />
o CHANTI peça <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> enrola<strong>da</strong> no quadril<br />
<strong>do</strong>s homens, era longo, cobria to<strong>da</strong> a região<br />
lombar e caía drapea<strong>do</strong>. O mo<strong>de</strong>lo que exigia<br />
gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> para po<strong>de</strong>r ser<br />
confecciona<strong>do</strong>, refletia um tempo <strong>de</strong> estabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
econômica e as possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> arcar com os eleva<strong>do</strong>s custos <strong>da</strong>s vestimentas.<br />
No Novo Império, a questão religiosa era um <strong>do</strong>s<br />
fatores que <strong>de</strong>terminava alguns <strong>do</strong>s caminhos<br />
<strong>do</strong> vestuário. Os sacer<strong>do</strong>tes e sacer<strong>do</strong>tisas, por<br />
exemplo, usavam em suas roupas representações<br />
<strong>de</strong> animais, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s figuras divinas.<br />
O Egito possuía uma<br />
rica manifestação<br />
artística. Gran<strong>de</strong><br />
parte <strong>da</strong>s pinturas<br />
eram feitas nas<br />
pare<strong>de</strong>s <strong>da</strong>s<br />
pirâmi<strong>de</strong>s. Estas<br />
obras retratavam a<br />
Rainha <strong>do</strong> Egito Antigo<br />
vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s faraós, as<br />
ações <strong>do</strong>s <strong>de</strong>uses,<br />
a vi<strong>da</strong> após a morte<br />
entre outros temas<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> religiosa.<br />
Estes <strong>de</strong>senhos eram<br />
feitos <strong>de</strong> maneira<br />
que as figuras<br />
Osíris - Figura sem perspectiva eram mostra<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
perfil. Os egípcios<br />
não trabalhavam com a técnica <strong>da</strong> perspectiva<br />
(imagens tridimensionais). As tintas eram obti<strong>da</strong>s<br />
na natureza (pó <strong>de</strong> minérios, substâncias orgânicas,<br />
etc).<br />
Nas tumbas <strong>de</strong> diversos faraós foram encontra<strong>da</strong>s<br />
diversas esculturas <strong>do</strong> ouro. Os artistas egípcios<br />
conheciam muito bem as técnicas <strong>de</strong> trabalho<br />
artístico em ouro. Faziam estatuetas representan<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>uses e <strong>de</strong>usas <strong>da</strong> religião<br />
politeísta egípcia. O ouro<br />
também era utiliza<strong>do</strong> para<br />
fazer máscaras mortuárias<br />
que serviam <strong>de</strong> proteção<br />
para o rosto <strong>da</strong> múmia.<br />
Máscara <strong>de</strong> Tutancamón<br />
Templos, palácios e<br />
pirâmi<strong>de</strong>s foram construí<strong>do</strong>s<br />
em homenagem aos<br />
<strong>de</strong>uses e aos faraós. Eram<br />
<strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Indumentária</strong> - Professora Ursula Carvalho | email: ursulasilva@cefetsc.edu.br
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grandiosos e imponentes, pois <strong>de</strong>viam mostrar<br />
to<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r <strong>do</strong> faraó. Eram construí<strong>do</strong>s com blocos<br />
<strong>de</strong> pedra, utilizan<strong>do</strong>-se mão-<strong>de</strong>-obra escrava para<br />
o trabalho pesa<strong>do</strong>.<br />
Assírios e Babilônios<br />
Assírios e babilônios são povos que se localizaram<br />
na região <strong>da</strong> mesopotâmia. A palavra mesopotâmia<br />
tem origem grega e significa “ terra entre rios”.<br />
Essa região localiza-se entre os rios Tigre e<br />
Eufrates no Oriente Médio, on<strong>de</strong> atualmente é o<br />
Iraque. Esta civilização é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s<br />
mais antigas <strong>da</strong> história.<br />
Escribas Assírios<br />
Vale dizer que os povos <strong>da</strong> antigui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
buscavam regiões férteis, próximas a rios, para<br />
<strong>de</strong>senvolverem suas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Dentro <strong>de</strong>sta<br />
perspectiva, a região <strong>da</strong> mesopotâmia era uma<br />
excelente opção, pois garantia a população: água<br />
para consumo, rios para pescar e via <strong>de</strong> transporte<br />
pelos rios. Outro benefício ofereci<strong>do</strong> pelos rios<br />
eram as cheias que fertilizavam as margens,<br />
garantin<strong>do</strong> um ótimo local para a agricultura.<br />
No geral, eram povos politeístas, pois acreditavam<br />
Guerreiro Assírio<br />
em vários <strong>de</strong>uses liga<strong>do</strong>s à natureza. No que se<br />
refere à política, tinham uma forma <strong>de</strong> organização<br />
basea<strong>da</strong> na centralização <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, on<strong>de</strong> apenas<br />
uma pessoa (impera<strong>do</strong>r ou rei) coman<strong>da</strong>va tu<strong>do</strong>. A<br />
economia <strong>de</strong>stes povos era basea<strong>da</strong> na agricultura<br />
e no comércio nôma<strong>de</strong> <strong>de</strong> caravanas.<br />
O povo Babilônio construiu suas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s nas<br />
margens <strong>do</strong> rio Eufrates, ao sul <strong>da</strong> mesopotâmia.<br />
Foram responsáveis por um <strong>do</strong>s primeiros códigos<br />
<strong>de</strong> leis que temos conhecimento. Basean<strong>do</strong>-se nas<br />
Leis <strong>de</strong> Talião (“olho por olho, <strong>de</strong>nte por <strong>de</strong>nte “), o<br />
impera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> legisla<strong>do</strong>r Hamurabi <strong>de</strong>senvolveu um<br />
conjunto <strong>de</strong> leis para po<strong>de</strong>r organizar e controlar a<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. De acor<strong>do</strong> com o Código <strong>de</strong> Hamurabi,<br />
to<strong>do</strong> criminoso <strong>de</strong>veria ser puni<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma forma<br />
proporcional ao <strong>de</strong>lito cometi<strong>do</strong>.<br />
Os babilônios também <strong>de</strong>senvolveram um rico<br />
e preciso calendário, cujo objetivo principal era<br />
conhecer mais sobre as cheias <strong>do</strong> rio Eufrates<br />
e também obter melhores condições para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> agricultura. Excelentes<br />
observa<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s astros e com gran<strong>de</strong><br />
conhecimento <strong>de</strong> astronomia, <strong>de</strong>senvolveram um<br />
preciso relógio <strong>de</strong> sol.<br />
Além <strong>de</strong> Hamurabi, um outro impera<strong>do</strong>r que<br />
se tornou conheci<strong>do</strong> por sua administração foi<br />
Nabuco<strong>do</strong>nosor, responsável pela construção<br />
<strong>do</strong>s Jardins suspensos <strong>da</strong> Babilônia (que fez para<br />
satisfazer sua esposa) e a Torre <strong>de</strong> Babel. Sob seu<br />
coman<strong>do</strong>, os babilônios chegaram a conquistar o<br />
povo hebreu e a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Jerusalém.<br />
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Já os Assírios <strong>de</strong>stacaram-se pela organização e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma cultura militar. Encaravam<br />
a guerra como uma <strong>da</strong>s principais formas <strong>de</strong><br />
conquistar po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>senvolver a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Eram<br />
extremamente cruéis com os povos inimigos que<br />
conquistavam. Impunham aos venci<strong>do</strong>s, castigos<br />
e cruel<strong>da</strong><strong>de</strong>s como uma forma <strong>de</strong> manter respeito<br />
e espalhar o me<strong>do</strong> entre os outros povos. Com<br />
estas atitu<strong>de</strong>s, tiveram que enfrentar uma série <strong>de</strong><br />
revoltas populares nas regiões que conquistavam.<br />
O Império assírio abrange o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1700 a<br />
610 a.C, mais <strong>de</strong> mil anos. Sua capital, nos anos<br />
mais prósperos, foi Nínive, numa região que hoje<br />
pertence ao Iraque.<br />
Os assírios eram ferozes guerreiros e usavam sua<br />
gran<strong>de</strong> força militar para expandir seu Império.<br />
Libertan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s sumérios, conquistaram gran<strong>de</strong><br />
parte <strong>do</strong> seu território, mas logo caíram em po<strong>de</strong>r<br />
<strong>do</strong>s babilônios.<br />
O Império Assírio conheceu seu perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
maior glória e prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> durante o reina<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Assurbanipal (até 630 a.C). Cobravam pesa<strong>do</strong>s<br />
impostos <strong>do</strong>s povos venci<strong>do</strong>s, o que os levava a<br />
revoltarem-se continuamente.<br />
A escrita <strong>do</strong>s assírios constituia-se <strong>de</strong> pequenas<br />
cunhas feitas com estilete em tabuletas <strong>de</strong> argila -<br />
é chama<strong>da</strong> <strong>de</strong> escrita cuneiforme. Descobriram-se<br />
milhares <strong>de</strong> tabuletas na biblioteca <strong>de</strong> assurbanipal<br />
em Nínive, conhecen<strong>do</strong>-se gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong><br />
história <strong>do</strong> Império Assírio a partir <strong>da</strong> leitura. Os<br />
palácios <strong>de</strong> Nínive são cobertos <strong>de</strong> esculturas em<br />
baixo-relevo, representan<strong>do</strong> cenas <strong>de</strong> batalhas e<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cotidiana <strong>do</strong>s assírios. Também por eles<br />
sabemos muito <strong>da</strong> história <strong>de</strong>sse gran<strong>de</strong> Império<br />
<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>.<br />
Tanto na Assíria quanto na Babilônia, o traje típico<br />
era uma espécie <strong>de</strong> túnica com mangas curtas e<br />
justas que em muito se assemelhava ao KALASIRIS<br />
egípcio. Nas cama<strong>da</strong>s sociais mais baixas, este era<br />
o traje <strong>de</strong> homens e mulheres, só varian<strong>do</strong> com o<br />
uso <strong>de</strong> um cinto, mesmo no perío<strong>do</strong> mais prospero,<br />
os escravos <strong>do</strong>s nobres continuaram usan<strong>do</strong> esta<br />
túnica.<br />
Os homens <strong>da</strong>s classes mais altas usavam o<br />
mesmo traje <strong>de</strong> mangas curtas, só que mais longo,<br />
chegan<strong>do</strong> até os pés. Quase to<strong>do</strong>s usavam cintos<br />
enfeita<strong>do</strong>s, e, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o status <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />
pessoa, os trajes também eram ornamenta<strong>do</strong>s e<br />
bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s, <strong>de</strong> forma mais ou menos elabora<strong>da</strong>.<br />
Embora algumas vezes a posição social fosse<br />
indica<strong>da</strong> pela quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> enfeites na veste <strong>de</strong><br />
corpo inteiro, era mais claramente revela<strong>da</strong> pelo<br />
uso <strong>da</strong> estola. Outro símbolo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r era a barba<br />
e o cabelo, os reis costumavam usar uma barba<br />
postiça, que era cui<strong>da</strong><strong>do</strong>samente pentea<strong>da</strong>, e<br />
por fim untar os cabelos com óleo, para evitar o<br />
ressecamento e repelir piolhos.<br />
Persas<br />
Os Persas <strong>do</strong>minaram a civilização <strong>da</strong> babilônia<br />
no século VI a.C., usavam trajes mais quentes,<br />
pois sua origem era <strong>de</strong> região montanhosa <strong>de</strong><br />
temperaturas baixas. Mas logo passaram a usar<br />
túnicas franja<strong>da</strong>s e mantos <strong>do</strong> povo conquista<strong>do</strong>,<br />
utilizavam a lã, o linho e a se<strong>da</strong>, trazi<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
China. Usavam um a<strong>do</strong>rno na cabeça, que os<br />
gregos chamavam <strong>de</strong> FRÍGIO e também usavam<br />
botas fecha<strong>da</strong>s <strong>de</strong> couro flexível com a ponta<br />
ligeiramente volta<strong>da</strong> para cima.<br />
A maior inovação <strong>do</strong>s persas foi sem dúvi<strong>da</strong> o uso<br />
<strong>da</strong>s roupas reparti<strong>da</strong>s, como calças, que passaram<br />
a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s o traje típico persa.<br />
Homem Persa<br />
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ANTIGUIDADE CLÁSSICA<br />
Creta<br />
Segun<strong>da</strong> maior ilha situa<strong>da</strong> no mar mediterrâneo,<br />
Creta teve o apogeu <strong>de</strong> sua cultura entre 1750<br />
e 1400 A.C. O vestuário masculino e feminino<br />
possuíam diversas diferenças<br />
Deusa Cretense<br />
As mulheres usavam<br />
uma séries <strong>de</strong> baba<strong>do</strong>s<br />
sobrepostos numa<br />
saia longa em formato<br />
<strong>de</strong> sino, tinham uma<br />
cintura bem afunila<strong>da</strong>.<br />
Na parte superior <strong>do</strong><br />
corpo portavam um<br />
tipo <strong>de</strong> blusa costura<strong>da</strong><br />
aos ombros <strong>de</strong> magas<br />
curtas <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a mostra<br />
os seios, que eram<br />
associa<strong>do</strong>s à fartura e<br />
fertili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Na cabeça ela<br />
usava um tipo <strong>de</strong> chapéu<br />
pendura<strong>do</strong> com um<br />
animal, ca<strong>da</strong> animal tinha<br />
seu significa<strong>do</strong> (a cobra<br />
era símbolo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r).<br />
Já a roupa masculina era mais simples: um saiote<br />
que era uma espécie <strong>de</strong> tanga com um cinto<br />
metálico marcan<strong>do</strong> a cintura, com o resto <strong>do</strong> corpo<br />
<strong>de</strong>snu<strong>do</strong>. Eles usavam o cabelo e barba gran<strong>de</strong>s,<br />
plissa<strong>do</strong>s e cachea<strong>do</strong>s.<br />
Grécia<br />
A Grécia é o país mais meridional <strong>do</strong>s Balcãs, faz<br />
fronteira marítima no Mar Egeu, a sul com o Mar<br />
Mediterrâneo e a oeste com o Mar Jónico, através<br />
<strong>do</strong> qual tem ligação a Itália.<br />
A cultura grega não só está liga<strong>da</strong> com o valor<br />
estético, está também com a filosofia, arte,<br />
<strong>de</strong>mocracia.<br />
A respeito <strong>da</strong> indumentária, ela foi muito peculiar<br />
on<strong>de</strong> drapea<strong>do</strong>s ficaram em evidência. Consistia<br />
basicamente <strong>de</strong> três peças, que originaram<br />
variações nas formas <strong>de</strong> amarrar os cintos e franzir<br />
teci<strong>do</strong>s, são elas: a túnica <strong>de</strong> linho (QUITON), uma<br />
sobreveste <strong>de</strong> lã (PEPLO), usa<strong>da</strong> pelas mulheres<br />
Clâmi<strong>de</strong><br />
Deusa Atena ( Peplo )<br />
Menina <strong>de</strong> verona (túnica)<br />
e uma capa <strong>de</strong> lã<br />
(CLÂMIDE).<br />
A vestimenta principal<br />
foi o QUITON, era um<br />
retângulo <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>,<br />
como se fosse uma<br />
túnica, coloca<strong>da</strong> no<br />
corpo presa somente<br />
os ombros e embaixo<br />
<strong>do</strong>s braços, sen<strong>do</strong> que<br />
uma <strong>da</strong>s laterais era<br />
aberta e outra fecha<strong>da</strong>.<br />
Sobre os ombros era<br />
preso com broches ou<br />
agulhas (FÍBULA), na<br />
cintura amarra<strong>do</strong> por<br />
um cordão ou cinto.<br />
Mulheres e homens<br />
eram a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong>le,<br />
sen<strong>do</strong> que os <strong>do</strong>s<br />
homens era curto para<br />
o dia a dia, quan<strong>do</strong><br />
ocasiões especiais era<br />
usa<strong>do</strong> longo; o feminino<br />
sempre longo.<br />
Os gregos também<br />
eram a<strong>de</strong>ptos <strong>do</strong>s<br />
mantos; A CLÂMIDE<br />
era uma capa curta<br />
<strong>de</strong> lã <strong>de</strong> uso militar.<br />
Já o HIMATION era<br />
uma roupa civil ampla,<br />
usa<strong>da</strong> em dias frios.<br />
O manto feminino era<br />
o PEPLO bem longo<br />
chegan<strong>do</strong> até os pés.<br />
O PEPLO <strong>da</strong>s mulheres<br />
era feito com teci<strong>do</strong><br />
ricamente <strong>de</strong>cora<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong> forma tubular, era<br />
vesti<strong>do</strong> pela cabeça<br />
e ajusta<strong>do</strong> ao ombro<br />
por fechos, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong><br />
os braços nus e por<br />
fim um cinto firmava<br />
o traje na cintura. A<br />
indumentária grega<br />
<strong>de</strong>stacou-se por utilizar<br />
bastante os drapea<strong>do</strong>s,<br />
e também pelo uso <strong>de</strong><br />
sandálias com tiras <strong>de</strong><br />
couro.<br />
Alguns teci<strong>do</strong>s tinham<br />
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estampas vistosas e alegres, os gregos usavam<br />
roupas muito colori<strong>da</strong>s. O único lugar em que era<br />
obrigatório usar branco era o teatro, que por ser<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> sagra<strong>do</strong>, exigia um tom <strong>de</strong> pureza.<br />
Os cabelos eram encaracola<strong>do</strong>s ou ajeita<strong>do</strong>s ao<br />
re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> rosto, também caía nas costas ou era<br />
arruma<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> o jeito <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. Os gregos<br />
mais velhos usavam barbas, enquanto que os mais<br />
jovens mantinham o rosto limpo, e as mulheres<br />
usavam os cabelos em forma <strong>de</strong> cachos presos na<br />
nuca que <strong>de</strong>sciam em on<strong>da</strong>s pelo corpo. Os gregos<br />
também faziam uso <strong>de</strong> dia<strong>de</strong>mas ou coroas no<br />
cabelo, ricamente a<strong>do</strong>rna<strong>da</strong>s.<br />
Roma<br />
Roma foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 753 a.c, ci<strong>da</strong><strong>de</strong> capital<br />
<strong>da</strong> Itália. Des<strong>de</strong> então tornou-se no centro <strong>da</strong><br />
Roma Antiga sen<strong>do</strong> uma <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s com maior<br />
importância na <strong>História</strong> mundial, um <strong>do</strong>s símbolos<br />
<strong>da</strong> civilização europeia. Seu <strong>de</strong>clínio começou no<br />
século V d.C., e a principal causa <strong>de</strong> sua que<strong>da</strong> foi<br />
a invasão <strong>do</strong>s povos bárbaros.<br />
A civilização romana é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a mais rica <strong>da</strong><br />
Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> e, naturalmente, suas vestimentas são<br />
elementos que aju<strong>da</strong>m a reforçar essa condição.<br />
Roma recebeu influências gregas no seu vestuário,<br />
a TOGA, sua principal vestimenta, se assemelha<br />
ao HIMATION. Os romanos usavam a TÚNICA e,<br />
por cima <strong>de</strong>la, a TOGA, que era extremamente<br />
volumosa e <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> status social <strong>da</strong>quele<br />
que a portava. Pessoas mais simples, como<br />
os trabalha<strong>do</strong>res e até mesmo os sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
exército, muitas vezes usavam só a túnica.<br />
Romanos<br />
Toga<br />
Existiam diferentes tipos <strong>de</strong> TOGA, conforme<br />
a função social e a i<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> quem as vestiam.<br />
Como por exemplo, a separação entre a toga viril<br />
e a pueril. A primeira era utiliza<strong>da</strong> pelos homens a<br />
partir <strong>do</strong>s 14 ou 16 anos, <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> branco, muito<br />
simples era usa<strong>da</strong> em ocasiões formais. A pueril<br />
era igualmente branca, porém mais curta. Outra<br />
toga <strong>de</strong> sucesso era a brilhante: eles passavam<br />
sobre o teci<strong>do</strong> um giz branco que a <strong>de</strong>ixava<br />
brilhan<strong>do</strong>. Era usa<strong>da</strong> pelos candi<strong>da</strong>tos a cargos<br />
públicos para chamar atenção durante seus<br />
discursos.<br />
Havia ain<strong>da</strong> a toga que possuía uma tira na<br />
cor púrpura em sua bor<strong>da</strong>, usa<strong>da</strong> por alguns<br />
magistra<strong>do</strong>s e pelo impera<strong>do</strong>r em ocasiões<br />
especiais. Podia também ser usa<strong>da</strong>s pelos préa<strong>do</strong>lescentes.<br />
A indumentária era muito normatiza<strong>da</strong><br />
e quem infringisse suas regras era puni<strong>do</strong>. Um<br />
sena<strong>do</strong>r romano que não fosse vesti<strong>do</strong> com a toga<br />
corretamente ao sena<strong>do</strong> po<strong>de</strong>ria ser preso.<br />
As mulheres usavam a TÚNICA longa feito <strong>de</strong> lã,<br />
linho, algodão, e para os ricos <strong>de</strong> se<strong>da</strong> e, muitas<br />
vezes, a STOLA sobra ela, que era outro tipo <strong>de</strong><br />
túnica, cujas principais características eram as<br />
mangas. A peça para as mulheres correspon<strong>de</strong>nte<br />
à toga era a PELLA, uma espécie <strong>de</strong> manto que<br />
tinha o formato retangular, sen<strong>do</strong> esse <strong>de</strong>talhe<br />
a maior diferença em relação à correspon<strong>de</strong>nte<br />
masculina.<br />
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Os cabelos eram curtos, com elegantes anela<strong>do</strong>s<br />
e cachos com pinças quentes, a cabeça ficava<br />
<strong>de</strong>scoberta, mas às vezes era usa<strong>do</strong> chapéus <strong>de</strong><br />
feltro <strong>de</strong> várias formas. Em público era comum<br />
a mulher cobrir a cabeça, mas com o tempo os<br />
pentea<strong>do</strong>s foram tornan<strong>do</strong>-se mais elabora<strong>do</strong>s,<br />
tornan<strong>do</strong>-se um sinal <strong>de</strong> status. Eram usa<strong>do</strong>s um<br />
coque com mechas, ou emolduravam o rosto com<br />
pequenos cachos, também usava-se muitas jóias<br />
<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os tipos.<br />
IDADE MÉDIA<br />
Com o Cristianismo, a arte volta-se para a<br />
valorização <strong>do</strong> espírito, a Igreja possui po<strong>de</strong>res<br />
ilimita<strong>do</strong>s e os seus valores vão impregnar to<strong>da</strong><br />
a vi<strong>da</strong> medieval. Deste mo<strong>do</strong>, por imposição<br />
<strong>do</strong>s <strong>do</strong>gmas e moral <strong>da</strong> Igreja, o Cristianismo<br />
transformou a produção artística.<br />
A partir <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> nota-se um contraste muito<br />
gran<strong>de</strong> entre a indumentária <strong>do</strong> Império <strong>do</strong> Oriente<br />
e <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte. Isso se dá pelo fato <strong>do</strong> Oci<strong>de</strong>nte<br />
ter recebi<strong>do</strong> a influência <strong>do</strong>s bárbaros (como<br />
os romanos chamavam os povos que viviam à<br />
margem <strong>de</strong> seu império, com língua, religião e<br />
costumes distintos <strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s civiliza<strong>do</strong>s).<br />
A vestimenta foi basea<strong>da</strong> na indumentária romana<br />
e na germânica, com sobreposições <strong>de</strong> túnicas e<br />
mantas.<br />
Muitos elementos liga<strong>do</strong>s à indumentária militar,<br />
como braça<strong>de</strong>iras, couraças e peitorais faziam<br />
parte <strong>de</strong>ssa roupa. A Europa bárbara ficou dividi<strong>da</strong><br />
até o século VII, quan<strong>do</strong> se instalou o Império <strong>de</strong><br />
Carlos Magno, surgi<strong>do</strong> <strong>da</strong> ramificação <strong>do</strong>s reinos<br />
bárbaro-germânicos. Esse perío<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista econômico, e logo<br />
veio a melhoria <strong>de</strong> vestuário, <strong>do</strong> século VII ao XII,<br />
durante o perío<strong>do</strong> Românico.<br />
Nesse perío<strong>do</strong>, a roupa <strong>do</strong>s bárbaros se<br />
institucionaliza. Com a aproximação <strong>do</strong> século<br />
XII, o vestuário começa a se sofisticar. Surgem as<br />
barras <strong>de</strong> se<strong>da</strong> nas túnicas – que há muito tempo já<br />
eram utiliza<strong>da</strong>s no Oriente – com bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> fios<br />
<strong>de</strong> ouro, prata e <strong>de</strong> se<strong>da</strong> também. No quotidiano<br />
europeu <strong>de</strong>ssa época, houve espaço para uma<br />
reflexão sobre a existência <strong>do</strong> homem, que acabou<br />
por gerar um novo movimento <strong>de</strong> valorização <strong>da</strong><br />
figura humana, a partir <strong>do</strong> ajustamento <strong>da</strong>s roupas.<br />
Características também <strong>do</strong> vestuário <strong>do</strong> século XII<br />
são as roupas com padrões bicolores, por meio<br />
<strong>do</strong>s quais se podia i<strong>de</strong>ntificar o feu<strong>do</strong> <strong>do</strong> qual a<br />
pessoa fazia parte. Ca<strong>da</strong> feu<strong>do</strong> era representa<strong>do</strong><br />
por símbolos e cores que se encontravam nas<br />
roupas <strong>do</strong>s nobres.<br />
No final <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média, <strong>do</strong> século XII ao XIV,<br />
surge o estilo gótico, impon<strong>do</strong> um novo contexto<br />
<strong>de</strong> criação e marcan<strong>do</strong> a vira<strong>da</strong> <strong>da</strong> Era Medieval<br />
para a Mo<strong>de</strong>rna. Na I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média, as roupas<br />
diferenciavam-se mais pelas cores e materiais <strong>do</strong><br />
que pelas formas. A silhueta gótica é ajusta<strong>da</strong> e<br />
verticaliza<strong>da</strong>, pois visa valorizar o corpo. Assim,<br />
inicia-se uma diferenciação mais marcante entre a<br />
indumentária feminina e masculina.<br />
Bizâncio<br />
Entre o império romano e a renascença, época que<br />
correspon<strong>de</strong>u a i<strong>da</strong><strong>de</strong> média, situa-se o Bizâncio<br />
cristão, sempre ameaça<strong>do</strong> pelas tribos bárbaras. A<br />
época é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a ponte entre a antigui<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
e o mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno. O Império Bizantino<br />
correspon<strong>de</strong>u uma fase <strong>do</strong> império romano e surgiu<br />
como triunfo <strong>do</strong> cristianismo, quan<strong>do</strong> foi transferi<strong>da</strong><br />
a capital <strong>do</strong> império romano <strong>de</strong> Roma para<br />
Bizâncio. Batizan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Constantinopla a ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
que é hoje Istambul.<br />
Arte Bizantina<br />
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Com a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> se<strong>de</strong> <strong>do</strong> império romano para<br />
o Oriente, com a fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> capital Bizâncio,<br />
pelo impera<strong>do</strong>r Constantino, houve uma mu<strong>da</strong>nça<br />
brusca no vestuário. A simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s trajes<br />
romanos <strong>de</strong>sapareceu, as cores, as jóias e as<br />
franjas <strong>do</strong> Oriente tomaram conta <strong>do</strong> vestuário.<br />
Os trajes eram bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s com fios <strong>de</strong> ouro,<br />
estampa<strong>do</strong>s com vários motivos, inclusive cenas<br />
bíblicas, as jóias eram abun<strong>da</strong>ntes e o púrpura<br />
era a cor <strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rosos. A se<strong>da</strong> era usa<strong>da</strong> com<br />
freqüência, tanto que Bizâncio passou a fiar e<br />
tecer sua própria se<strong>da</strong>. As mangas compri<strong>da</strong>s e<br />
o comprimento até no chão <strong>do</strong>minaram os trajes,<br />
enfim ocorreu uma orientalização <strong>do</strong> vestuário.<br />
Os vestuário bizantino era <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> ao mesmo<br />
tempo <strong>do</strong> gregos, romanos e asiáticos. Durante<br />
oito séculos o feitio não mu<strong>do</strong>u.<br />
Homens e mulheres usavam túnicas com mangas e<br />
capas, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> as calças <strong>do</strong>s sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s romanos.<br />
Até o século IX, os sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s usavam roupas <strong>de</strong><br />
guerreiros romanos. O corte era folga<strong>do</strong> para<br />
ocultar as formas <strong>do</strong> corpo. As cores mais usa<strong>da</strong>s<br />
eram: o ouro, púrpura, vermelho e marrom.<br />
A <strong>de</strong>coração <strong>da</strong>s roupas eram em formas <strong>de</strong><br />
animais e vegetais, bem como símbolos cristãos<br />
como a cruz, e o cor<strong>de</strong>iro. Os teci<strong>do</strong>s eram<br />
broca<strong>do</strong>s enriqueci<strong>do</strong>s com bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> prata<br />
e pedras preciosas. O TABLION, <strong>de</strong>coração<br />
tipicamente bizantina <strong>de</strong> forma quadra<strong>da</strong> e<br />
incrusta<strong>da</strong> <strong>de</strong> jóias, ornamentava as capas<br />
masculinas <strong>da</strong> classe alta. As mulheres usavam<br />
sobre suas túnicas capas e stola. Um véu<br />
retangular sempre tinha que cobrir as cabeças <strong>da</strong>s<br />
mulheres.<br />
Gótico<br />
O estilo gótico abrangeu o século XII ao século<br />
XV, sen<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> século XIII ao XV também<br />
conheci<strong>do</strong> como pré-renascimento. No século<br />
XII, entre os anos 1150 e 1500, tem início uma<br />
economia fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> no comércio. Isso faz com<br />
que o centro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social se <strong>de</strong>sloque <strong>do</strong> campo<br />
para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e apareça a burguesia urbana.<br />
A arquitetura expressa a grandiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a crença<br />
na existência <strong>de</strong> um Deus que vive num plano<br />
superior; tu<strong>do</strong> se volta para o alto, projetan<strong>do</strong>se<br />
na direção <strong>do</strong> céu, como se vê nas pontas<br />
agulha<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s torres <strong>de</strong> algumas igrejas góticas.<br />
A rosácea e os vitrais coloridíssimos que filtram a<br />
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luminosi<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />
o interior <strong>da</strong> igreja<br />
são elementos<br />
arquitetônicos<br />
muito<br />
característicos <strong>do</strong><br />
estilo gótico e estão<br />
presente em quase<br />
to<strong>da</strong>s as igrejas<br />
construí<strong>da</strong>s entre<br />
os séculos XII e XIV.<br />
As catedrais góticas<br />
mais conheci<strong>da</strong>s<br />
são: Catedral <strong>de</strong><br />
Notre Dame <strong>de</strong><br />
Paris e a Catedral<br />
<strong>de</strong> Notre Dame <strong>de</strong><br />
Chartres. Imagem<br />
Igreja gótica<br />
(Catedral <strong>de</strong> Notre<br />
Dame <strong>de</strong> Paris e a<br />
Catedral <strong>de</strong> Notre<br />
Dame <strong>de</strong> Chartres)<br />
Outro traço<br />
característico<br />
<strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong><br />
é a iluminura.<br />
A iluminura é a<br />
ilustração sobre<br />
o pergaminho <strong>de</strong><br />
livros manuscritos.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento<br />
Iluminuria<br />
<strong>de</strong> tal gênero está<br />
liga<strong>do</strong> à difusão<br />
<strong>do</strong>s livros ilustra<strong>do</strong>s, patrimônio quase exclusivo<br />
<strong>do</strong>s mosteiros: no clima <strong>de</strong> fervor cultural que<br />
caracteriza a arte gótica, os manuscritos também<br />
eram encomen<strong>da</strong><strong>do</strong>s por particulares, aristocratas<br />
e burgueses.<br />
A pintura gótica <strong>de</strong>senvolveu-se nos séculos XII,<br />
XIV e no início <strong>do</strong> século XV, quan<strong>do</strong> começou<br />
a ganhar novas características que prenunciam<br />
o Renascimento. Sua principal particulari<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
foi a procura <strong>do</strong> realismo na representação <strong>do</strong>s<br />
seres que compunham as obras pinta<strong>da</strong>s, quase<br />
sempre tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> temas religiosos, apresentava<br />
personagens <strong>de</strong> corpos pouco volumosos,<br />
cobertos por muita roupa, com o olhar volta<strong>do</strong> para<br />
cima, em direção ao plano celeste.<br />
Os principais artistas na pintura gótica são<br />
os ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros precursores <strong>da</strong> pintura <strong>do</strong><br />
Renascimento: Giotto com obras <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s:<br />
Afrescos <strong>da</strong> Igreja <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Assis (Itália)
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Obra <strong>de</strong> Jan van Eyck, 1434<br />
Obra <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1449<br />
e Retiro <strong>de</strong> São Joaquim entre os Pastores; e Jan<br />
Van Eyck com obras <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s: O Casal Arnolfini<br />
e Nossa Senhora <strong>do</strong> Chanceler Rolin.<br />
O traje masculino característico <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> era<br />
a HOUPPELANDE, conheci<strong>da</strong> mais tar<strong>de</strong> como<br />
BECA, ajustava-se aos ombros e era solta, com um<br />
cinto na cintura e com comprimento variável, as<br />
golas eram altas e as mangas compri<strong>da</strong>s e amplas,<br />
eles também usavam chapéus ou toucas.<br />
As mulheres usavam basicamente um vesti<strong>do</strong>,<br />
justo até a cintura e se abrin<strong>do</strong> em saia ampla até<br />
o chão, as mangas eram longas e justas, chegan<strong>do</strong><br />
até o meio <strong>da</strong> mão, eram usa<strong>do</strong>s também, chapéus<br />
em forma <strong>de</strong> cone ou chifres, afunila<strong>do</strong>s no topo,<br />
on<strong>de</strong> caia um véu. Neste perío<strong>do</strong> as formas <strong>do</strong><br />
vestuário feminino eram alonga<strong>da</strong>s e finas, o que<br />
<strong>da</strong>va a sensação <strong>de</strong> altura superior. Os sapatos<br />
eram <strong>de</strong> bicos finos e longos, a<strong>do</strong>rna<strong>do</strong>s com<br />
pedras preciosas. Naquele perío<strong>do</strong> não eram<br />
utiliza<strong>do</strong>s muitos a<strong>do</strong>rnos, só peças discretas,<br />
basicamente <strong>de</strong> pérolas.<br />
IDADE MODERNA<br />
Nos séculos XV e XVI, inicia-se a I<strong>da</strong><strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna,<br />
modifican<strong>do</strong> o entendimento que o homem tinha<br />
<strong>de</strong>le e <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Surge a racionalização. Há<br />
uma transformação <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista político e<br />
<strong>da</strong> compreensão <strong>da</strong> economia e <strong>da</strong>s suas bases<br />
produtivas.<br />
A mo<strong>da</strong> nasce junto com o Renascimento, nos<br />
séculos XV e XVI. Nessa fase, juntamente com<br />
o surgimento <strong>da</strong> primeira burguesia, houve uma<br />
gran<strong>de</strong> melhoria na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> matéria-prima.<br />
Aplicações, bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s e peles passaram a espelhar<br />
uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> rica, em contraste com os povos<br />
medievais, muito liga<strong>do</strong>s à forma bárbara <strong>de</strong> se<br />
viver. A altura <strong>da</strong> indumentária sobe e fica marca<strong>da</strong><br />
logo abaixo <strong>do</strong> busto, alongan<strong>do</strong> a silhueta. As<br />
formas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, vão fican<strong>do</strong> arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong><strong>da</strong>s,<br />
per<strong>de</strong>m a verticali<strong>da</strong><strong>de</strong> gótica, expandin<strong>do</strong>-se<br />
lateralmente, buscan<strong>do</strong> horizontali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
No século XVII, a cultura fica mais controla<strong>da</strong><br />
pelo Esta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> impossível produzir algo fora<br />
<strong>da</strong>s normas oficiais. Nos países católicos, a elite<br />
resumia-se aos membros <strong>da</strong> nobreza e <strong>da</strong> Igreja.<br />
Nos países protestantes, entretanto, era forma<strong>da</strong><br />
a burguesia. É a partir <strong>de</strong>sse século que a França<br />
começa a colocar-se como gran<strong>de</strong> produtora<br />
<strong>de</strong> mo<strong>da</strong>. Surgem as primeiras publicações<br />
especializa<strong>da</strong>s no assunto. Nesse perío<strong>do</strong>, 20%<br />
<strong>da</strong> produção francesa era <strong>de</strong> materiais para o<br />
vestuário. A elite usava roupas muito elabora<strong>da</strong>s<br />
e cheias <strong>de</strong> cama<strong>da</strong>s, enquanto as classes mais<br />
populares se vestiam copian<strong>do</strong>, <strong>de</strong> forma grosseira,<br />
as roupas <strong>do</strong>s nobres.<br />
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No reina<strong>do</strong> <strong>de</strong> Luís XIV, a França chega ao seu<br />
apogeu. Mas o que se assiste, logo em segui<strong>da</strong>, é<br />
a <strong>de</strong>cadência <strong>da</strong> nobreza francesa <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a política<br />
centraliza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> rei. As mu<strong>da</strong>nças e inovações<br />
<strong>de</strong>ssa época eram totalmente <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s pela<br />
casa real. Há uma valorização <strong>da</strong>s formas femininas<br />
que ressalta os quadris e acentua a cintura.<br />
As formas masculinas tornam-se mais femininas.<br />
No mo<strong>de</strong>lo francês <strong>de</strong> vestuário, a cor e os efeitos<br />
<strong>de</strong>corativos eram pre<strong>do</strong>minantes. Ca<strong>da</strong> fase <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pessoa era mostra<strong>da</strong><br />
pelo tipo <strong>de</strong> roupa que usava: na infância vestia-se<br />
<strong>de</strong> um jeito; na maturi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> outro; e na velhice,<br />
<strong>de</strong> outro. Essas diferenças eram sempre muito<br />
distintas, justamente, para marcar as etapas <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong>. O mesmo ocorria em relação às profissões,<br />
i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s por “uniformes”, que eram usa<strong>do</strong>s no<br />
dia-a-dia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a ocupação.<br />
O perío<strong>do</strong> Rococó tratou a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> forma<br />
fantasiosa. Foi uma cultura lúdica. Houve<br />
mu<strong>da</strong>nças drásticas no vestuário feminino nessa<br />
época, enquanto no masculino se alteram apenas<br />
<strong>de</strong>talhes. Esse perío<strong>do</strong> foi marca<strong>do</strong> por três estilos:<br />
Regência, Luís XV e Luís XVI. Como estilo <strong>da</strong><br />
Regência, a roupa torna-se mais confortável e leve,<br />
se compara<strong>da</strong> à <strong>de</strong> perío<strong>do</strong>s anteriores. O estilo<br />
Luís XV mu<strong>da</strong> principalmente os pentea<strong>do</strong>s. O <strong>de</strong><br />
Luís XVI, por sua vez, correspon<strong>de</strong> ao momento <strong>de</strong><br />
transição <strong>do</strong> Rococó para o Neoclássico. A roupa<br />
é simplifica<strong>da</strong>, per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> em volume e <strong>de</strong>coração,<br />
facto influencia<strong>do</strong> pela Revolução Francesa. As<br />
cores passam a ser as <strong>da</strong> ban<strong>de</strong>ira.<br />
Renascimento<br />
Coube ao Renascimento, com sua revalorização <strong>do</strong><br />
estilo clássico greco-romano, terminar por sepultar<br />
o Gótico <strong>de</strong> uma vez por to<strong>da</strong>s. Este perío<strong>do</strong> foi<br />
caracteriza<strong>do</strong> por um renova<strong>do</strong> interesse pelo<br />
passa<strong>do</strong> greco-romano clássico, especialmente<br />
pela sua arte. Começou na Itália, e difundiu-se por<br />
to<strong>da</strong> a Europa, durante os séculos XV e XVI.<br />
A fragmenta<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> feu<strong>da</strong>l <strong>da</strong> I<strong>da</strong><strong>de</strong> Média<br />
transformou-se em uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>mina<strong>da</strong>,<br />
progressivamente, por instituições políticas<br />
centraliza<strong>da</strong>s, com uma economia urbana e<br />
mercantil, em que floresceu o mecenato <strong>da</strong><br />
educação, <strong>da</strong>s artes e <strong>da</strong> música. O Renascimento<br />
italiano foi, sobretu<strong>do</strong>, um fenômeno urbano,<br />
produto <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s que floresceram no centro e<br />
no norte <strong>da</strong> Itália, como Florença, Ferrara, Milão<br />
e Veneza, resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
expansão econômica e <strong>de</strong>mográfica <strong>do</strong>s séculos<br />
XII e XIII.<br />
A idéia renascentista <strong>do</strong><br />
humanismo pressupunha<br />
uma ruptura cultural com<br />
a tradição medieval.<br />
Ou seja, a partir <strong>do</strong><br />
Renascimento, o ser<br />
humano passou a ser<br />
o gran<strong>de</strong> foco <strong>da</strong>s<br />
preocupações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e<br />
<strong>do</strong> imaginário <strong>do</strong>s artistas.<br />
O retrato, por exemplo,<br />
tornou-se um <strong>do</strong>s<br />
gêneros mais populares<br />
Monalisa <strong>de</strong> Da Vinci <strong>da</strong> pintura, utiliza<strong>do</strong>, na<br />
ausência <strong>da</strong> fotografia,<br />
para o registro <strong>de</strong> pessoas e famílias nobres e<br />
burguesas. O estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> literatura antiga, <strong>da</strong> história<br />
e <strong>da</strong> filosofia moral tinha por objetivo criar seres<br />
humanos livres e civiliza<strong>do</strong>s, pessoas <strong>de</strong> requinte e<br />
julgamento, ci<strong>da</strong>dãos, mais que apenas sacer<strong>do</strong>tes<br />
e monges. Os i<strong>de</strong>ais renascentistas <strong>de</strong> harmonia<br />
e proporção conheceram o apogeu nas obras <strong>de</strong><br />
Rafael, Leonar<strong>do</strong> <strong>da</strong> Vinci e Michelangelo, durante<br />
o século XVI.<br />
A Criação <strong>de</strong> Michelangelo<br />
Características gerais: Racionali<strong>da</strong><strong>de</strong>; Digni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Ser Humano; Rigor Científico; I<strong>de</strong>al Humanista;<br />
Reutilização <strong>da</strong>s artes greco-romana.<br />
Francisco I <strong>da</strong> França. Início <strong>do</strong><br />
século XVI<br />
As roupas masculinas<br />
eram mais<br />
extravagantes <strong>do</strong><br />
que a feminina, os<br />
sapatos passaram<br />
a ser arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong><strong>do</strong>,<br />
e os chapéus eram<br />
enfeita<strong>do</strong>s com penas<br />
ou pedras preciosas, as<br />
mangas <strong>do</strong>s GIBÕES,<br />
ou BECAS, eram<br />
bufantes e curtas, os<br />
recortes <strong>do</strong> teci<strong>do</strong><br />
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Obra <strong>de</strong> 1525<br />
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eram evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s pelas cores<br />
diferentes e abun<strong>da</strong>ntes. As<br />
saias femininas eram amplas e<br />
ricamente bor<strong>da</strong><strong>da</strong>s, as mangas<br />
tornaram-se amplas e às vezes<br />
com aplicações <strong>de</strong> peles, a<br />
cintura era aperta<strong>da</strong>, com uma<br />
espécie <strong>de</strong> corpete com um<br />
<strong>de</strong>cote em forma quadra<strong>da</strong>.<br />
Tanto homens quanto mulheres,<br />
usavam longos colares <strong>de</strong> ouro<br />
e pedras preciosas. A riqueza<br />
<strong>de</strong> cores e teci<strong>do</strong>s marcou o<br />
renascimento, como uma mo<strong>da</strong><br />
bastante rica e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
proporções.<br />
Durante o perío<strong>do</strong> Elizabetano, as cores<br />
diminuíram, tornan<strong>do</strong> o vestuário mais austero, as<br />
formas <strong>do</strong> traje masculino diminuíram. As saias<br />
femininas passaram a ser extremamente arma<strong>da</strong>s,<br />
geralmente com arcos <strong>de</strong> arame, a parte superior<br />
<strong>do</strong> vestuário era um espartilho afunila<strong>do</strong> e alonga<strong>do</strong><br />
na parte <strong>da</strong> frente, as mangas eram bufantes e<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções, o <strong>de</strong>cote sumiu, <strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />
lugar a um vestuário mais fecha<strong>do</strong>. Os pentea<strong>do</strong>s<br />
femininos eram bastante elabora<strong>do</strong>s, era usa<strong>do</strong><br />
um a<strong>do</strong>rno na cabeça, que escondia a parte <strong>de</strong><br />
trás <strong>do</strong>s cabelos, que eram trança<strong>do</strong>s, mas a parte<br />
<strong>da</strong> frente era visível. Durante seu reina<strong>do</strong>, a rainha<br />
Elizabeth lançou a mo<strong>da</strong> <strong>do</strong>s cabelos tingi<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
vermelho. Roupas austeras, perío<strong>do</strong> Elizabetano<br />
A peça mais característica <strong>de</strong>sse perío<strong>do</strong> foi o<br />
RUFO, uma espécie <strong>de</strong> gola arma<strong>da</strong> <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>,<br />
arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong><strong>da</strong>, que fazia uma volta por to<strong>do</strong> o<br />
pescoço, geralmente possuía várias cama<strong>da</strong>s,<br />
era usa<strong>da</strong> pelas mulheres, embora homens <strong>de</strong><br />
alta magistratura também as usassem. Mais tar<strong>de</strong><br />
essas golas foram diminuin<strong>do</strong> <strong>da</strong>n<strong>do</strong> origem ás<br />
golas caí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> liso com pouca ren<strong>da</strong>,<br />
geralmente brancas.<br />
Barroco<br />
Barroco, uma palavra portuguesa que significava<br />
“pérola irregular, com altibaixos”, passou bem mais<br />
tar<strong>de</strong> a ser utiliza<strong>da</strong> como termo <strong>de</strong>sfavorável para<br />
<strong>de</strong>signar certas tendências <strong>da</strong> arte seiscentista.<br />
Hoje, enten<strong>de</strong>-se por estilo barroco uma orientação<br />
artística que surgiu em Roma na vira<strong>da</strong> para o<br />
século XVII, constituin<strong>do</strong> até certo ponto uma<br />
reação ao artificialismo maneirista <strong>do</strong> século<br />
anterior. O novo estilo estava comprometi<strong>do</strong> com<br />
a emoção genuína e, ao mesmo tempo, com a<br />
ornamentação vivaz.<br />
Margarita Al<strong>do</strong>brandini, 1610<br />
O drama humano tornou-se elemento básico na<br />
pintura barroca e era em geral encena<strong>do</strong> com<br />
gestos teatrais muitíssimo expressivos, sen<strong>do</strong><br />
ilumina<strong>do</strong> por um extraodinário claro-escuro e<br />
caracteriza<strong>do</strong> por fortes combinações cromáticas.<br />
As vestimentas <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> eram bastante<br />
ricas em a<strong>do</strong>rnos e bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s, o uso <strong>da</strong> peruca<br />
cachea<strong>da</strong> e compri<strong>da</strong> por parte <strong>do</strong>s homens, é um<br />
bom exemplo <strong>de</strong>sta época. As roupas masculinas<br />
são a<strong>do</strong>rna<strong>da</strong>s com fitas, laços e ren<strong>da</strong>s. O traje<br />
masculino era basicamente composto <strong>de</strong> um<br />
casaco ajusta<strong>do</strong> na cintura, que abria até a altura<br />
<strong>do</strong>s joelhos, as mangas eram ricamente a<strong>do</strong>rna<strong>da</strong>s<br />
na altura <strong>do</strong> punho, geralmente com muitas ren<strong>da</strong>s,<br />
os sapatos possuíam fivelas <strong>de</strong> ouro, e o RUFO<br />
se transforma até virar uma gola caí<strong>da</strong>. Em 1680,<br />
a mo<strong>da</strong> masculina per<strong>de</strong> excesso (colete, cullote<br />
justo, casaca, gravata <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, meias <strong>de</strong> se<strong>da</strong><br />
branca ). Nas cabeças eram usa<strong>da</strong>s longas perucas<br />
encaracola<strong>da</strong>s e chapéus <strong>de</strong> abas largas e copa<br />
baixa com pluma – início <strong>do</strong> século. As cores mais<br />
usa<strong>da</strong>s eram: vermelho escarlate , vermelho cereja<br />
, azul escuro , amarelo páli<strong>do</strong> , rosa e azul céu . É<br />
a época <strong>do</strong>s três mosqueteiros. Imagem masculina<br />
rufo viran<strong>do</strong> gola caí<strong>da</strong>, imagem 3 mosqueteiros<br />
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O traje feminino<br />
apresentava um vesti<strong>do</strong><br />
constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> três<br />
saias, camisa bor<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
com punhos ren<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
, corpete com <strong>de</strong>cotes<br />
baixos. Usavam leques<br />
, lenços ren<strong>da</strong><strong>do</strong>s ,<br />
pérolas , cintos <strong>de</strong> ouro<br />
, sapatos revesti<strong>do</strong>s<br />
com teci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> vesti<strong>do</strong><br />
. Para disfarçar o<br />
o<strong>do</strong>r ruim, usavam<br />
saquinho <strong>de</strong> essência<br />
no <strong>de</strong>cote . O que mais<br />
<strong>de</strong>stacou-se, foi o uso <strong>de</strong><br />
Walter Raleigh e seu filho, extravagantes perucas e<br />
1602<br />
pentea<strong>do</strong>s a la Fontange,<br />
que possuíam altura eleva<strong>da</strong> e exagero <strong>de</strong> enfeites,<br />
dificultan<strong>do</strong> até a locomoção <strong>da</strong>s <strong>da</strong>mas. Claro<br />
que estas características eram <strong>da</strong>s classes mais<br />
privilegia<strong>da</strong>s, as trabalha<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> classe médias<br />
usavam toucas na cabeça e vesti<strong>do</strong>s menos<br />
arma<strong>do</strong>s, e com cores neutras, como o bege.<br />
Rococó<br />
O estilo rococó <strong>de</strong>senvolveu-se como sucessor<br />
<strong>do</strong> barroco numa ampla gama <strong>de</strong> manifestações<br />
artísticas, entre as quais se incluíam a arquitetura,<br />
a música e a literatura, assim como a pintura.<br />
Desenvolveu-se no sul <strong>da</strong> Alemanha e Áustria e<br />
principalmente na França, a partir <strong>de</strong> 1715, após<br />
a morte <strong>de</strong> Luís XIV. Também conheci<strong>do</strong> como<br />
“estilo regência”, reflete o comportamento <strong>da</strong> elite<br />
francesa <strong>de</strong> Paris e Versailles, empenha<strong>da</strong> em<br />
traduzir a agra<strong>da</strong>bili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O nome vem<br />
<strong>do</strong> francês rocaille (concha), um <strong>do</strong>s elementos<br />
<strong>de</strong>corativos mais característicos <strong>de</strong>sse estilo,<br />
não somente <strong>da</strong> arquitetura, mas também <strong>de</strong><br />
to<strong>da</strong> manifestação ornamental e <strong>de</strong> a<strong>de</strong>reços.<br />
Originan<strong>do</strong>-se em Paris no início <strong>do</strong> século XVIII,<br />
o estilo conheceu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento entre<br />
1715 e 1730, durante a regência <strong>de</strong> Filipe <strong>de</strong><br />
Orléans e não <strong>de</strong>morou a difundir-se para o resto<br />
<strong>da</strong> Europa.<br />
As cores são clara, substituin<strong>do</strong> as cores fortes<br />
<strong>do</strong> barroco, as texturas <strong>da</strong> se<strong>da</strong>, o velu<strong>do</strong> e os<br />
broca<strong>do</strong>s dão elegância às roupas, tanto nas<br />
femininas como nas masculinas, os tons pastéis<br />
pre<strong>do</strong>minam, inclusive em aplicações nas perucas<br />
brancas. Enfim uma época <strong>de</strong> festas e inspirações<br />
teatrais.<br />
Existe uma alegria na <strong>de</strong>coração carrega<strong>da</strong>,<br />
na teatrali<strong>da</strong><strong>de</strong>, na refina<strong>da</strong> artificiali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>talhes, mas sem a dramatici<strong>da</strong><strong>de</strong> pesa<strong>da</strong> nem a<br />
religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> barroco. Tenta-se, pelo exagero,<br />
se comemorar a alegria <strong>de</strong> viver, um espírito que<br />
se reflete inclusive nas obras sacras, em que o<br />
amor <strong>de</strong> Deus pelo homem assume agora a forma<br />
<strong>de</strong> uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> anjinhos rechonchu<strong>do</strong>s.<br />
Tu<strong>do</strong> é mais leve, como a <strong>de</strong>spreocupa<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> nas<br />
gran<strong>de</strong>s cortes <strong>de</strong> Paris ou Viena.<br />
A arquitetura rococó é marca<strong>da</strong> pela sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
percebi<strong>da</strong> na distribuição <strong>do</strong>s ambientes interiores,<br />
<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a valorizar um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> individual<br />
e caprichoso. Essa manifestação adquiriu<br />
importância principalmente no sul <strong>da</strong> Alemanha e<br />
na França. Suas principais características são uma<br />
exagera<strong>da</strong> tendência para a <strong>de</strong>coração carrega<strong>da</strong>,<br />
tanto nas facha<strong>da</strong>s quanto nos interiores. As<br />
cúpulas <strong>da</strong>s igrejas, menores que as <strong>da</strong>s barrocas,<br />
multiplicam-se. As pare<strong>de</strong>s ficam mais claras, com<br />
tons pastel e o branco. Guarnições <strong>do</strong>ura<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
ramos e flores, povoa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> anjinhos, contornam<br />
janelas ovais, servin<strong>do</strong> para quebrar a rigi<strong>de</strong>z <strong>da</strong>s<br />
pare<strong>de</strong>s.<br />
Igreja Rococó na Bavária<br />
Deve-se <strong>de</strong>stacar também que é nessa época<br />
que surge com um vigor inusita<strong>do</strong> a indústria <strong>da</strong><br />
escultura <strong>de</strong> porcelana na Europa, material trazi<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> Extremo Oriente, na esteira <strong>do</strong> exotismo tão em<br />
voga nessa época. Esse <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> material era i<strong>de</strong>al<br />
para a época, e imediatamente surgiram oficinas<br />
magistrais nessa técnica, em ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> Itália,<br />
França, Dinamarca e Alemanha.<br />
O homem <strong>do</strong> rococó é um cortesão, amante <strong>da</strong><br />
boa vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong> natureza. Vive na pompa <strong>do</strong> palácio,<br />
passa o dia em seus jardins e se faz retratar tanto<br />
luxuosamente traja<strong>do</strong> nos salões <strong>de</strong> espelhos e<br />
mármores quanto em meio a primorosas paisagens<br />
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bucólicas, vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> pastorzinho.<br />
As cores preferi<strong>da</strong>s são as claras. Desaparecem os<br />
intensos vermelhos e turquesa <strong>do</strong> barroco, e a tela<br />
se enche <strong>de</strong> azuis, amarelos páli<strong>do</strong>s, ver<strong>de</strong>s e rosa.<br />
As pincela<strong>da</strong>s são rápi<strong>da</strong>s e suaves, movediças.<br />
A elegância se sobrepõe ao realismo. As texturas<br />
se aperfeiçoam, bem como os brilhos. Existe uma<br />
obsessão muito particular pelas se<strong>da</strong>s e ren<strong>da</strong>s<br />
que envolvem as figuras.<br />
No masculino o volume <strong>da</strong>s perucas diminui; elas<br />
agora são empoa<strong>da</strong>s , longas, pentea<strong>da</strong>s para trás,<br />
presas (rabo <strong>de</strong> cavalo ou tranças) .<br />
Ocorre a eliminação <strong>da</strong>s abas frontais <strong>do</strong> casaco e<br />
são usa<strong>do</strong>s os fraques: casaco <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong> <strong>de</strong> abas<br />
dianteiras . O colete, peça <strong>de</strong> luxo, se vê diminui<strong>do</strong><br />
e transforma<strong>do</strong> no GILET sem mangas. São usa<strong>do</strong>s<br />
chapeus Tricórnio, um chapéu <strong>de</strong> três pontas<br />
(leva<strong>do</strong> na mão ou no braço). São usa<strong>da</strong>s bengala<br />
e espa<strong>da</strong> . Surgem pequenas bolsas no cintos ;<br />
usa-se pintas artificiais.<br />
As mulheres exageram nas alturas <strong>do</strong>s pentea<strong>do</strong>s<br />
e usam vesti<strong>do</strong>s com anquinhas laterais (PANIERS:<br />
enchimentos laterais no quadris ). O espartilho<br />
usa<strong>do</strong> era fecha<strong>do</strong> nas costas e elas usavam<br />
leques em recintos fecha<strong>do</strong>s e sombrinhas para rua<br />
. Usavam o FICHU para cobrir o busto, que era um<br />
Vesti<strong>do</strong> Rococó ( Panier)<br />
teci<strong>do</strong> branco quadra<strong>do</strong>, <strong>do</strong>bra<strong>do</strong> em triângulo.<br />
No começo <strong>do</strong> século vemos muitos enfeites,<br />
baba<strong>do</strong>s, laços, flores . Os calça<strong>do</strong>s eram com<br />
saltos baixos e fivelas e as pregas WATEAU eram<br />
frequentes (pregas que prendiam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os ombros<br />
até o chão, nas costas) .<br />
SECULO XIX<br />
No século XIX, há a transição <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> antigo<br />
para a mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>. O Neoclássico resumiu-se<br />
ao estilo diretório – uma continuação <strong>do</strong> estilo<br />
revolucionário e inspira<strong>do</strong> no mo<strong>de</strong>lo <strong>da</strong> República<br />
Romana e <strong>do</strong> Império Napoleônico. O Neoclássico<br />
dá lugar ao Romântico que busca respostas tanto<br />
no passa<strong>do</strong> quanto no futuro.<br />
No Neo-Rococó, as formas <strong>do</strong> Rococó retornam<br />
a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong>s, principalmente para o guar<strong>da</strong>-roupa<br />
feminino. Esse perío<strong>do</strong>, <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 25<br />
anos, é marca<strong>do</strong> pela utilização <strong>da</strong> crinolina, a<br />
enorme armação <strong>de</strong> arame <strong>da</strong>s saias. A silhueta <strong>de</strong><br />
uma mulher <strong>da</strong> nobreza a<strong>do</strong>pta quase uma forma<br />
<strong>de</strong> meia esfera. Mais uma vez, a maneira <strong>de</strong> se<br />
vestir i<strong>de</strong>ntifica a condição social que se tem, a<br />
começar pela gran<strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria-prima<br />
utiliza<strong>da</strong> para confeccionar este tipo <strong>de</strong> roupa.<br />
Por volta <strong>de</strong> 1850, a hegemonia <strong>do</strong> terno com<br />
gravata e uma sobrie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cores passam a<br />
caracterizar a indumentária masculina. A fantasia<br />
e a <strong>de</strong>coração eram reserva<strong>da</strong>s às roupas <strong>da</strong>s<br />
mulheres, que não trabalhavam. Nesse momento<br />
nota-se o trabalho influencian<strong>do</strong> o vestuário.<br />
Quem trabalhava, o homem, precisava <strong>de</strong> roupas<br />
confortáveis. A mulher, por sua vez, exibia o po<strong>de</strong>r<br />
econômico <strong>do</strong> homem: ela “veste” o que o dinheiro<br />
<strong>do</strong> seu mari<strong>do</strong> po<strong>de</strong> comprar.<br />
Dandismo e Império<br />
Perío<strong>do</strong> liga<strong>do</strong> à Revolução Francesa, a roupa<br />
se torna mais prática e confortável <strong>de</strong>pois <strong>da</strong><br />
revolução em 1789. Depois <strong>do</strong> terceiro esta<strong>do</strong><br />
abolir a distinção <strong>da</strong>s classes, a aristocracia<br />
aban<strong>do</strong>nou to<strong>do</strong>s os ornamentos, armações jóias,<br />
se vestin<strong>do</strong> <strong>da</strong> maneira mais simples possível .<br />
A influência era Inglesa e vinha diretamente <strong>do</strong><br />
campo, <strong>da</strong> natureza. Sem bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s excessivos,<br />
teci<strong>do</strong>s suntuosos, corpetes e peruca, os cabelos<br />
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eram curtos e naturais . A regra era abaixo o<br />
supérfulo e as inspirações eram gregas .<br />
O traje masculino era no estilo Dandi, composto<br />
por calça compri<strong>da</strong>, casaco, cartola, colarinho<br />
firme firma<strong>do</strong>s por PLASTRON ou e bengala. Feito<br />
<strong>de</strong> casimira, a roupa ajustava-se ao corpo, sem<br />
rugas, com corte perfeito.<br />
Homem <strong>da</strong>ndi e mulher trajan<strong>do</strong> vesti<strong>do</strong> império<br />
Já o feminino o traço mais marcante era o recorte<br />
logo abaixo <strong>do</strong> busto. Usavam turbante sobre<br />
cabelos curtos . As cores eram: azul, Cinza e<br />
branco.<br />
Vesti<strong>do</strong> tipo camisola com <strong>de</strong>cotes quadra<strong>do</strong>s ou V,<br />
<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> o colo em evidência. Usavam turbantes,<br />
chapéus boneca e xale .<br />
Romantismo<br />
O romantismo foi um movimento artístico ocorri<strong>do</strong><br />
na Europa por volta <strong>de</strong> 1800, que representa as<br />
mu<strong>da</strong>nças no plano individual, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> a<br />
personali<strong>da</strong><strong>de</strong>, sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, emoção e os valores<br />
interiores. Atingiu primeiro a literatura e a filosofia,<br />
para <strong>de</strong>pois se expressar através <strong>da</strong>s artes<br />
plásticas. A literatura romântica, abarcan<strong>do</strong> a épica<br />
e a lírica, <strong>do</strong> teatro ao romance, foi um movimento<br />
<strong>de</strong> vaguar<strong>da</strong> e que teve gran<strong>de</strong> repercussão na<br />
formação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> época, ao contrário <strong>da</strong>s<br />
artes plásticas, que <strong>de</strong>sempenharam um papel<br />
menos vanguardista.<br />
A arte romântica se opôs ao racionalismo <strong>da</strong> época<br />
<strong>da</strong> Revoluçao Francesa e <strong>de</strong> seus i<strong>de</strong>ais, propon<strong>do</strong><br />
a elevação <strong>do</strong>s sentimentos acima <strong>do</strong> pensamento.<br />
A podução artística romântica reforçou o<br />
individualismo na medi<strong>da</strong> em que baseou-se em<br />
valores emocionais subjetivos emuitas vezes<br />
imaginários, toman<strong>do</strong> como mo<strong>de</strong>lo os dramas<br />
amorosos e as len<strong>da</strong>s heróicas medievais, a partir<br />
<strong>do</strong>s quais revalorizou os conceitos <strong>de</strong> pátria e<br />
república. Papel especial <strong>de</strong>sempenharam a morte<br />
heróica na guerra e o suicídio por amor.<br />
A pintura foi o ramo <strong>da</strong>s artes plásticas mais<br />
significativo, foi ela o veículo que consoli<strong>da</strong>ria<br />
<strong>de</strong>finitivamente o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> uma época, utilizan<strong>do</strong>-se<br />
<strong>de</strong> temas dramitico-sentimentais inspira<strong>do</strong>s pela<br />
literatura e pela <strong>História</strong>. Procura-se no conteú<strong>do</strong>,<br />
mais <strong>do</strong> que os valores <strong>de</strong> arte, os efeitos<br />
emotivos, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> principalmente a pintura<br />
histórica e em menos grau a pintura sagra<strong>da</strong>.<br />
A arquitetura <strong>do</strong> romantismo foi marca<strong>da</strong> por<br />
elementos contraditórios, fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma<br />
<strong>de</strong> expressão algo menos expressivo. O final <strong>do</strong><br />
século XVIII e inicio <strong>do</strong> XIX forma marca<strong>do</strong>s por<br />
um conjunto <strong>de</strong> transformações, envolven<strong>do</strong><br />
a industrilaização,<br />
valorizan<strong>do</strong> e<br />
rearranjan<strong>do</strong> a vi<strong>da</strong><br />
urbana. A arquitetura<br />
<strong>da</strong> época reflete<br />
essas mu<strong>da</strong>nças;<br />
novos materiais foram<br />
utiliza<strong>do</strong>s como o<br />
ferro e <strong>de</strong>pois o aço.<br />
Ao mesmo tempo, as<br />
igrejas e os castelos<br />
fora <strong>do</strong>s limites<br />
urbanos, conservaram<br />
Homens trajan<strong>do</strong> veste<br />
romantica<br />
algumas característica<br />
<strong>de</strong> outros perío<strong>do</strong>s,<br />
como o gótico e o<br />
clássico. Esse reaparecimento <strong>de</strong> estilos mais<br />
antigos teve relação com a recuperação <strong>da</strong><br />
i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> nacional. A urbanização na Europa<br />
<strong>de</strong>terminou a construção <strong>de</strong> edifícios públicos e <strong>de</strong><br />
edifícios <strong>de</strong> aluguel para a média e alta burguesia,<br />
sem exigências estéticas, preocupa<strong>da</strong>s apenas<br />
com com o maior rendimento <strong>da</strong> exploração, e<br />
portanto esqueceu-se <strong>do</strong> fim último <strong>da</strong> arquitetura,<br />
aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> as classes menos favoreci<strong>da</strong>s em<br />
bairros cujas condições eram calamitosas.<br />
Entre os arquitetos mais reconheci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sse<br />
perío<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve-se mencionar Garnier, responsável<br />
pelo teatro <strong>da</strong> Ópera <strong>de</strong> Paris; Barry e Puguin,<br />
que reconstruíram o Parlamento <strong>de</strong> Londres; e<br />
Waesemann, na Alemanha, responsável pelo<br />
distrito neogótico <strong>de</strong> Berlim. Este último, em alguns<br />
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casos, revelou mais mau gosto <strong>do</strong> que arte.<br />
Mulheres trajan<strong>do</strong> vesti<strong>do</strong> romântico<br />
No traje feminino as cinturas eram marca<strong>da</strong>s, uso<br />
<strong>do</strong> espartilho, mangas fofas (pernil <strong>de</strong> carneiro) e<br />
saias volumosas. Os chapéus possuíam arranjos<br />
grandiosos com flores. Os vesti<strong>do</strong>s apresentavam<br />
barra<strong>do</strong>s e os cabelos eram usa<strong>do</strong>s com cachos<br />
e chinó . Usavam guar<strong>da</strong> sol , jóias relicárias, cruz,<br />
camafeu, broches. 1840/50: as jaquetas curtas<br />
acintura<strong>da</strong>s, separa<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s saias com muitas<br />
anáguas ; usavam anquinha e crinolina e xale<br />
gran<strong>de</strong> com franjas .<br />
Vitoriano<br />
Este perío<strong>do</strong> está liga<strong>do</strong> ao reina<strong>do</strong> <strong>da</strong> rainha<br />
Vitória (1837-1901, apesar <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> terminar em<br />
1890). É a mo<strong>da</strong> repleta <strong>de</strong> volumes, forma balão,<br />
mangas fofas, muitos baba<strong>do</strong>s, ren<strong>da</strong>s e gola alta.<br />
Além, é claro, <strong>da</strong>s tonali<strong>da</strong><strong>de</strong>s escuras e a clássica<br />
sobrie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> preto.<br />
O início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> vitoriano (1837- 1860) é<br />
marca<strong>do</strong> pelo extremo recato <strong>da</strong>s mulheres, que<br />
tinham seus movimentos restritos pelas pesa<strong>da</strong>s<br />
vestes, mangas cola<strong>da</strong>s e crinolina. A aparência<br />
<strong>da</strong>s <strong>da</strong>mas era <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, as roupas<br />
eram <strong>de</strong>senha<strong>da</strong>s para fazerem as mulheres<br />
parecerem fracas e impotentes, como <strong>de</strong> fato<br />
elas eram. As cores eram claras. O espartilho,<br />
que fazia mal à coluna e <strong>de</strong>formava, inclusive os<br />
órgãos internos, <strong>de</strong>bilitava ain<strong>da</strong> mais, impedin<strong>do</strong><br />
as mulheres <strong>de</strong> respirar profun<strong>da</strong>mente. Além <strong>de</strong><br />
ti<strong>do</strong> como elegante, o espartilho era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> médica à constituição feminina,<br />
usa<strong>do</strong>, inclusive, em versões juvenis a partir <strong>do</strong>s<br />
três ou quatro anos.<br />
O i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> beleza <strong>do</strong> início <strong>da</strong> era vitoriana exigia<br />
às mulheres uma constituição pequena e esguia,<br />
olhos gran<strong>de</strong>s e escuros, boca pequenina,<br />
ombros caí<strong>do</strong>s e cabelos cachea<strong>do</strong>s. A mulher<br />
<strong>de</strong>veria ser algo entre as crianças e os anjos:<br />
frágeis, tími<strong>da</strong>s, inocentes e sensíveis. A fraqueza<br />
e a inani<strong>da</strong><strong>de</strong> eram consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>sejáveis em uma mulher, era elegante ser páli<strong>da</strong><br />
e <strong>de</strong>smaiar facilmente. “Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> ferro” e vigor<br />
eram características “vulgares <strong>da</strong>s classes baixas”,<br />
reserva<strong>da</strong>s às cria<strong>da</strong>s e operárias.<br />
Casal com traje vitoriano<br />
O reina<strong>do</strong> <strong>da</strong> rainha Vitória é marca<strong>do</strong> pela<br />
instalação moral e puritanismo, ela era uma figura<br />
solene. Em 1840 ela casa-se com Albert, e este<br />
torna-se o Príncipe Consorte. Esta época é ti<strong>da</strong><br />
como o apogeu <strong>da</strong>s atitu<strong>de</strong>s vitorianas, perío<strong>do</strong><br />
pudico com um código moral estrito. Isto dura,<br />
aproxima<strong>da</strong>mente, até 1890, quan<strong>do</strong> o espirituoso<br />
estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> “festeiro e expansivo” <strong>do</strong> príncipe <strong>de</strong><br />
Gales, Edward, ecoava na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> época.<br />
Em 1861 morre o príncipe Albert e ela mergulha em<br />
profun<strong>da</strong> tristeza, não tiran<strong>do</strong> o luto até o fim <strong>de</strong><br />
sua vi<strong>da</strong> (1902). A morte <strong>do</strong> príncipe Albert marca o<br />
início <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fase <strong>da</strong> era vitoriana. As roupas<br />
e as mulheres começam a mu<strong>da</strong>r, os <strong>de</strong>cotes<br />
sobem e as cores escurecem. A mo<strong>da</strong> vitoriana<br />
<strong>do</strong> luto extremo e elabora<strong>do</strong> vestiu <strong>de</strong> preto<br />
britânicos e americanos por bastante tempo e<br />
contribuiu para tornar esta cor mais aceita e digna<br />
para as mulheres. Mesmo as crianças usavam o<br />
preto por um ano após a morte <strong>de</strong> um parente<br />
próximo. Uma viúva mantinha o luto por <strong>do</strong>is anos,<br />
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po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> optar – como a rainha Vitória – por usá-lo<br />
permanentemente.<br />
Na primeira meta<strong>da</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1850, surge<br />
Worth, um costureiro inglês que passou a ditar<br />
mo<strong>da</strong> em Paris. Agora as mulheres iam até ele. Foi<br />
uma revolução e muitos estudiosos consi<strong>de</strong>ram<br />
esse o ponto <strong>do</strong> surgimento <strong>da</strong> Alta Costura. Worth<br />
“cria o primeiro conceito <strong>de</strong> griffe” (EMBACHER,<br />
1999:41).<br />
A transição <strong>do</strong> Século XIX<br />
para o Século XX – Belle<br />
Èpoque e os anos 10<br />
No final <strong>da</strong> era Vitoriana as saias já não são<br />
enormes, tornan<strong>do</strong>-se mais justas. Em 1901<br />
Eduar<strong>do</strong> VII se torna rei e já estamos na Belle<br />
Époque (1890 – 1914, perío<strong>do</strong> entre o fim <strong>do</strong><br />
século XIX e a Primeira Guerra Mundial). A mais<br />
convencional mulher eduardiana já não era tão<br />
Mulheres com traje <strong>da</strong> Belle Èpoque<br />
infantil e frágil. Nas déca<strong>da</strong>s finais <strong>do</strong> século XIX, a<br />
mulher i<strong>de</strong>al se tornava ca<strong>da</strong> vez mais madura e no<br />
início <strong>do</strong> século XX isto se acentua, com ela mais<br />
fria e <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ra.<br />
No vestuário, o começo <strong>do</strong> século XX se <strong>de</strong>stacou<br />
pelo “frou-frou eduardiano”. A ostentação estava<br />
em voga e a mo<strong>da</strong> <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> é marca<strong>do</strong><br />
pelo luxo e beleza <strong>da</strong>s roupas, penas, ren<strong>da</strong>s,<br />
perolas (ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras ou não), baba<strong>do</strong>s, plissa<strong>do</strong>s,<br />
lantejoulas, eram inseri<strong>do</strong>s no traje em efusão.<br />
Gran<strong>de</strong>s chapéus muito bem e diverti<strong>da</strong>mente<br />
orna<strong>do</strong>s, muitas plumas e bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s. O rei<br />
é conheci<strong>do</strong> por seus apetites, amantes,<br />
extravagâncias e excessos, o oposto <strong>do</strong> recato e<br />
morali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sua mãe. O busto era <strong>de</strong>staca<strong>do</strong>,<br />
com espartilhos “mais saudáveis”, que tornavam o<br />
corpo ereto na frente, mas jogava os quadris para<br />
trás, uma postura em forma <strong>de</strong> “S”. A saia era lisa<br />
sobre os quadris e se abria em ren<strong>da</strong>s em direção<br />
ao chão, em forma <strong>de</strong> sino. A noite os <strong>de</strong>cotes<br />
eram extravagantes, mas durante o dia os vesti<strong>do</strong>s<br />
eram totalmente fecha<strong>do</strong>s até o pescoço. Os<br />
cabelos eram usa<strong>do</strong>s presos, no alto <strong>da</strong> cabeça,<br />
e o chapéu era usa<strong>do</strong> para projetá-lo para frente,<br />
para amenizar o efeito <strong>da</strong>s famosas “anquinhas”<br />
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<strong>da</strong> parte <strong>de</strong> trás <strong>do</strong> vesti<strong>do</strong>. os tons claros eram os<br />
mais usa<strong>do</strong>s. A Maison Worth em Paris era a mais<br />
pretigia<strong>da</strong> nesta época e seu estilo, extravagante e<br />
vistoso, impunha mo<strong>da</strong>.<br />
O traje masculino era composto <strong>de</strong> sobrecasaca e<br />
cartola, mas o terno era facilmente visto. As calças<br />
masculinas eram retas e com vinco na frente,<br />
os cabelos eram curtos e o uso <strong>do</strong> bigo<strong>de</strong> era<br />
bastante popular na época.<br />
A cena cultural estava em efervescência: cabarés,<br />
o cancan e o cinema haviam nasci<strong>do</strong> e a arte<br />
tomava novas formas com o Impressionismo<br />
e a Art Nouveau. Neste cenário, <strong>do</strong>is campos<br />
estilísticos começam a inspirar os artistas e<br />
<strong>de</strong>signers. Estes campos não eram antagônicos<br />
pois, na maioria <strong>da</strong>s vezes, eram simultaneamente<br />
utiliza<strong>do</strong>s em uma criação com fonte <strong>de</strong> inspiração.<br />
De um la<strong>do</strong> o movimento impulsiona<strong>do</strong> pela 2ª<br />
on<strong>da</strong> <strong>da</strong> Revolução Industrial, buscan<strong>do</strong> sempre<br />
formas orgânicas e suntuosas por meio <strong>do</strong>s novos<br />
materiais e técnicas disponíveis. De outro la<strong>do</strong>,<br />
uma corrente inspira<strong>da</strong> nas impressões <strong>de</strong> pinturas<br />
Japonesas, que neste momento chegavam pela<br />
primeira vez a portos franceses, e na influência<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> oriental, o qual recentemente havia<br />
chama<strong>do</strong> atenção <strong>do</strong>s homens <strong>de</strong> negócios<br />
europeus. O oriente passou a chamar a atenção<br />
<strong>do</strong>s europeus.<br />
Da junção <strong>de</strong>stes ramos diferentes floresceram<br />
vários movimentos, como o Art Noveau e o<br />
Impressionismo, ca<strong>da</strong> um ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mais para<br />
um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s. Gran<strong>de</strong>s artistas, como Mucha e<br />
Toulouse-Latrec, Klimt, etc. mesclavam em suas<br />
criações a mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong> e orientalismo, fosse por<br />
meio <strong>da</strong>s tintas ou por meio <strong>da</strong>s vestes.<br />
Este ambiente tornou propicio a ascensão <strong>do</strong><br />
filho <strong>de</strong> um simples fabricante <strong>de</strong> guar<strong>da</strong>-chuvas<br />
chama<strong>do</strong> Paul Poiret. Abrin<strong>do</strong> sua própria Manson<br />
em 1903, Poiret projetou seu nome com um<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> casaco-kimono muito controverso,<br />
mas em 1909 ele já havia consegui<strong>do</strong> tamanha<br />
fama que foi convi<strong>da</strong><strong>do</strong> a realizar um <strong>de</strong>sfile na<br />
10 Downing Street, casa <strong>do</strong>s primeiros ministros<br />
britânicos há séculos. Iniciou-se a on<strong>da</strong> oriental na<br />
mo<strong>da</strong>, com cores fortes, drapea<strong>do</strong>s suaves, saias<br />
afunila<strong>da</strong>s e muitos botões, sen<strong>do</strong> os enfeiteis<br />
favoritos <strong>da</strong> época.<br />
Poiret também investiu no que, na época, era<br />
pouco usual, mas que hoje tornou-se um padrão<br />
entre as gran<strong>de</strong> marcas; a expansão vertical <strong>da</strong><br />
linha <strong>de</strong> produto. Em sua Maison era possível<br />
encontrar, além <strong>de</strong> suas roupas, móveis, artigos<br />
para <strong>de</strong>coração e perfumes. Talvez um <strong>do</strong>s fatos<br />
mais associa<strong>do</strong>s a Poiret seja o <strong>de</strong> libertar as<br />
mulheres <strong>do</strong>s espartilhos. Negan<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> um<br />
século <strong>de</strong> silhuetas em forma <strong>de</strong> ampulheta e<br />
espartilhos aperta<strong>do</strong>s, Poiret pregava uma forma<br />
mais solta e fluí<strong>da</strong> para o vestuário, mas muitas<br />
<strong>de</strong> suas clientes, ain<strong>da</strong> sim, não aban<strong>do</strong>naram<br />
o espartilho. Mas certamente, uma <strong>de</strong> suas<br />
maiores inovações no mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> foi seu<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> técnica <strong>de</strong> moulage ou<br />
draping, uma radical inovação em um mun<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelo méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem <strong>da</strong><br />
alfaiataria. Esta técnica permitiu a Poiret criar suas<br />
peças com formas retas e alonga<strong>da</strong>s, mas ain<strong>da</strong><br />
sim flui<strong>da</strong>s.<br />
Criação <strong>de</strong> Poiret<br />
Outras <strong>de</strong> suas mais famosas criações são as<br />
calças sheraza<strong>de</strong>, meias-fina cor-<strong>de</strong>-carne, a<br />
saia hobble (era, geralmente utiliza<strong>da</strong> por baixo<br />
<strong>de</strong> outra saia, tinha o formato muito próximo<br />
às pernas e era muito aperta<strong>da</strong>, permitin<strong>do</strong><br />
apenas paços pequenos), túnicas-abajur e até o<br />
soutien. Lembran<strong>do</strong>-se sempre que elas estavam<br />
preenchi<strong>da</strong>s por cores vibrantes, um gran<strong>de</strong><br />
diferencial em relação ao lugar-comum <strong>da</strong> época.<br />
A assinatura <strong>de</strong> Poiret era a rosa, a qual aparecia<br />
periodicamente em suas roupas.<br />
Durante a Primeira Guerra Mundial, Poiret teve <strong>de</strong><br />
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<strong>de</strong>ixar a Maison a fim <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r na produção <strong>de</strong><br />
uniformes. Quan<strong>do</strong>, enfim, retornou, em 1919, a<br />
Maison estava às vascas <strong>da</strong> falência. Um estilo<br />
mais simples era a mo<strong>da</strong> vigente e <strong>de</strong>signers como<br />
Coco Chanel estavam fazen<strong>do</strong> um enorme sucesso<br />
com roupas minimalistas e extremamente bem<br />
acaba<strong>da</strong>s enquanto as produções elabora<strong>da</strong>s <strong>de</strong><br />
Poiret pareciam tortas e mal acaba<strong>da</strong>s. Embora<br />
o <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> Poiret era estonteante, a construção<br />
<strong>de</strong>ixava a <strong>de</strong>sejar. Assim, ele ficou fora <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>,<br />
endivi<strong>da</strong><strong>do</strong> e sem suporte <strong>de</strong> seus sócios, o que o<br />
obrigou a <strong>de</strong>ixar sua Maison. Quan<strong>do</strong> esta faliu, em<br />
1929, as roupas restantes foram vendi<strong>da</strong>s por quilo<br />
como retalhos. Quan<strong>do</strong> morreu, em 1944, Poiret<br />
estava esqueci<strong>do</strong>.<br />
SÉCULO XX<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 20<br />
Esta foi foi uma déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
melindrosas e <strong>da</strong>s Jazz-bands. Com o fim <strong>da</strong>s<br />
restrições impostas pela guerra finalmente a mo<strong>da</strong><br />
volta a florescer. Depois <strong>da</strong> experiência <strong>da</strong> Primeira<br />
Guerra Mundial, era praticamente impossível<br />
retomar os antigos hábitos, ocorreram <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>s<br />
mu<strong>da</strong>nças em termos econômicos, sociais e<br />
psicológicos. Livre <strong>do</strong>s espartilhos, usa<strong>do</strong>s até o<br />
final <strong>do</strong> século 19, a mulher começava a ter mais<br />
liber<strong>da</strong><strong>de</strong> e já se permitia mostrar as pernas, o colo.<br />
O uso <strong>da</strong> maquiagem <strong>de</strong>stacou-se, pois <strong>de</strong>ixava<br />
os traços <strong>do</strong>s rostos bem marca<strong>do</strong>s. A boca era<br />
pinta<strong>da</strong> em forma <strong>de</strong> coração, os olhos eram<br />
<strong>de</strong>staca<strong>do</strong>s, as sobrancelhas tira<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>linea<strong>da</strong>s<br />
a lápis; a pele era branca, o que acentuava os<br />
tons escuros <strong>da</strong> maquiagem. As características <strong>da</strong><br />
arquitetura, <strong>de</strong>sign e pintura <strong>da</strong> época, com suas<br />
linhas puras e o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> funcional encontravamse<br />
igualmente na mo<strong>da</strong>. Assim, a mo<strong>da</strong> dá um<br />
passo <strong>de</strong>cisivo em direção à mo<strong>de</strong>rni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Teve gran<strong>de</strong> influência o movimento <strong>da</strong> Bauhaus<br />
na mo<strong>da</strong>, fazen<strong>do</strong> que nos anos 20, a mo<strong>da</strong><br />
modificasse <strong>de</strong>cisivamente to<strong>do</strong>s os estilos<br />
anteriores. Agora a mo<strong>da</strong> era caracteriza<strong>da</strong> por<br />
suas linhas claras e direitas, estruturas visíveis e<br />
funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong>, associa<strong>da</strong>s a um valor estético<br />
próprio. A roupa feminina passou a ser mais leves,<br />
com vesti<strong>do</strong>s mais curtos, alguns <strong>de</strong>ixavam parte<br />
<strong>da</strong>s pernas <strong>de</strong> fora, eram <strong>de</strong> se<strong>da</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> braços<br />
e costas à mostra. Nessa época, o busto <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />
Mulheres <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 20<br />
se <strong>de</strong>stacar, os seios aperta<strong>do</strong>s pelos “corseletes<br />
alisa<strong>do</strong>res” e a cintura <strong>de</strong>saparecem, transferin<strong>do</strong><br />
a atenção para os quadris, o novo i<strong>de</strong>al agora é<br />
o andrógino. As moças assumem aparência <strong>de</strong><br />
rapazes e as curvas são aban<strong>do</strong>na<strong>da</strong>s. O corte <strong>de</strong><br />
cabelo é curto para equilibrar pequenos chapéus.<br />
Para o dia usava-se uma produção discreta, mas<br />
à noite vesti<strong>do</strong>s longos recebiam peles, plumas,<br />
bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s, flores e lantejoulas, em vesti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> linha<br />
tubular.<br />
Foi a déca<strong>da</strong> <strong>da</strong> estilista Coco Chanel, traduzin<strong>do</strong><br />
o traje masculino para o feminino com muito<br />
sucesso, sem que se per<strong>de</strong>sse a feminili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Cria trajes tricota<strong>do</strong>s e o tão aclama<strong>do</strong> “pretinho<br />
básico”. Vem com com sua nova mo<strong>da</strong> <strong>de</strong> blazers,<br />
capas, cardigans, cortes retos, colares compri<strong>do</strong>s,<br />
boinas e cabelos curtos. Em 1925 surgiu a<br />
saia curta, que horrorizou os conserva<strong>do</strong>res. A<br />
revolução <strong>da</strong>s saias curtas: estava sujeito a multas<br />
e prisão quem an<strong>da</strong>sse nas ruas com 8cm acima<br />
<strong>do</strong> tornozelo. Outro nome importante foi o <strong>de</strong><br />
Jean Patou, estilista francês, que criou a mo<strong>da</strong><br />
sportswear. chanel e jean Patou<br />
A déca<strong>da</strong> termina com uma crise gera<strong>da</strong> pela<br />
que<strong>da</strong> <strong>da</strong> bolsa <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> Nova Iorque, quan<strong>do</strong><br />
muitas falências e <strong>de</strong>semprego passaram a ser os<br />
<strong>de</strong>staques.<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 30<br />
Com a crise financeira, com a quebra <strong>da</strong> bolsa<br />
<strong>de</strong> Nova Iorque, em 1929, as diferenças sociais<br />
começam a atenuar as criações <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />
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casas <strong>de</strong> costura parisienses. Com a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
roupa pronta e <strong>do</strong>s teci<strong>do</strong>s sintéticos, as roupas<br />
diminuem <strong>de</strong> preço. Diferentemente <strong>do</strong>s anos 20,<br />
que havia <strong>de</strong>struí<strong>do</strong> as formas femininas, os anos<br />
30 re<strong>de</strong>scobriram as formas <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> mulher<br />
através <strong>de</strong> uma elegância refina<strong>da</strong>, sem gran<strong>de</strong>s<br />
ousadias: a cintura volta para o lugar e as saias<br />
alongam, tocan<strong>do</strong> o tornozelo, os vesti<strong>do</strong>s eram<br />
justos e retos, acompanha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> boleros, casacos<br />
<strong>de</strong> pele ou capas . As mulheres <strong>de</strong>ixam crescer o<br />
cabelo, começam a usar mangas largas e <strong>de</strong>lineiam<br />
o corpo, com saias aperta<strong>da</strong>s nos quadris. Mas<br />
a gran<strong>de</strong> ve<strong>de</strong>te <strong>de</strong>sta déca<strong>da</strong> foram as enormes<br />
aberturas nas costas, que chegavam até a cintura.<br />
I<strong>de</strong>al <strong>de</strong> beleza <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> 30<br />
Nos anos 30 existiam<br />
muitas cria<strong>do</strong>ras <strong>de</strong><br />
mo<strong>da</strong> que em na<strong>da</strong><br />
ficavam a <strong>de</strong>ver aos<br />
seus colegas <strong>do</strong><br />
sexo masculino, uma<br />
tendência que já se<br />
observara nos anos<br />
20. Sabiam reconhecer<br />
os sinais <strong>do</strong> tempo<br />
e tinham jeito para o<br />
negócio, crian<strong>do</strong> estilos<br />
que estavam em plena<br />
consonância com<br />
esses sinais. Alix Grès<br />
e Ma<strong>de</strong>leine Vionnet<br />
traduzem muito bem o novo senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo<br />
feminino. eram especialistas em sugerir os prazeres<br />
<strong>do</strong> toque em vesti<strong>do</strong>s esculturais, muitas vezes<br />
corta<strong>do</strong>s em viés.<br />
Em 1935, um <strong>do</strong>s<br />
principais cria<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong> sapatos, o italiano<br />
Salvatore Ferragamo,<br />
lançou sua marca, que<br />
se viria a transformar<br />
num <strong>do</strong>s impérios <strong>de</strong><br />
luxo italiano. Com<br />
a crise na Europa,<br />
Ferragamo começou<br />
a usar materiais<br />
Mulheres <strong>do</strong>s anos 30<br />
mais baratos, como<br />
o cânhamo, a palha e os primeiros materiais<br />
sintéticos. Sua principal invenção foi a palmilha<br />
compensa<strong>da</strong>.<br />
Destaque também para a gran<strong>de</strong> estilista<br />
francesa Elsa Schiaparelli. O Surrealismo <strong>de</strong><br />
Schiaparelli chocou, em seu trabalho com forte<br />
associação entre mo<strong>da</strong> e arte. Ela teve seu brilho,<br />
se <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> como alguém que se preocupou<br />
em enfatizar a aparição, não o organismo. Fez<br />
diversas parcerias com artistas <strong>da</strong> época, <strong>de</strong>ntre<br />
eles Salva<strong>do</strong>r Dali. Lança nessa época a cor “rosa<br />
shocking” e perfume <strong>de</strong> mesmo nome.<br />
A mo<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos 30 <strong>de</strong>scobriu a vi<strong>da</strong> ao ar livre,<br />
os banhos <strong>de</strong> sol, o ciclismo. Outros esportes<br />
também se popularizaram e os shorts tiveram<br />
a<strong>de</strong>são <strong>do</strong>s jovens. Os trajes <strong>de</strong> banho tornamse<br />
populares e surge o maiô, e um acessório que<br />
é usa<strong>do</strong> até os dias <strong>de</strong> hoje: os óculos escuros.<br />
Este último também se difundiu sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> por<br />
estrelas Hollywood. O cinema, inclusive, foi um <strong>do</strong>s<br />
gran<strong>de</strong> difusores <strong>de</strong> mo<strong>da</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> e a maneira<br />
<strong>de</strong> vestir <strong>da</strong>s mulheres foi influencia<strong>da</strong> pelas atrizes<br />
<strong>de</strong> Hollywood, que lançou suas estrelas <strong>de</strong> cinema,<br />
como Greta Garbo, como i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> beleza.<br />
Por volta <strong>de</strong> finais <strong>do</strong>s anos 30, a linha <strong>do</strong>minante,<br />
<strong>de</strong> características marca<strong>da</strong>mente ornamentais,<br />
tinha-se já simplifica<strong>do</strong> significativamente.<br />
Desenvolveu-se uma linha mais angular, que<br />
iria marcar os anos <strong>da</strong> guerra. A Alta-costura<br />
tinha estagna<strong>do</strong>. Muitos estilistas fecharam suas<br />
“maisons” ou se mu<strong>da</strong>ram <strong>de</strong> França para outros<br />
países. A guerra viria transformar a forma <strong>de</strong> vestir<br />
e o comportamento <strong>de</strong> uma época.<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 40<br />
Esta déca<strong>da</strong> ficou marca<strong>da</strong> pelo início <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong><br />
Guerra Mundial, em <strong>de</strong>corrência disso a silhueta<br />
feminina era <strong>de</strong> estilo militar, com roupas e sapatos<br />
sérios e pesa<strong>do</strong>s. A escassez <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s fez com<br />
que fossem utiliza<strong>do</strong>s materiais sintéticos com<br />
mais freqüência, como o raiom e a viscose e o uso<br />
crescente <strong>do</strong> nylon.<br />
As saias ajustaram e voltam a encurtar, a<strong>de</strong>quan<strong>do</strong>se<br />
às restrições impostas pela guerra. A mo<strong>da</strong><br />
agora era calças compri<strong>da</strong>s <strong>de</strong> corte masculino,<br />
pois eram práticas e populares, lenços na cabeça,<br />
chapéus frívolos a<strong>do</strong>rna<strong>do</strong>s com flores e véus.<br />
Na falta <strong>de</strong> matéria-prima, causa<strong>da</strong> pela guerra,<br />
as mulheres a<strong>do</strong>tam toques alegres e criativos no<br />
vestuário. Turbantes para substituir os chapéus;<br />
bijuterias para repor as jóias; plataformas para não<br />
gastar o material <strong>do</strong> sapato. O tweed foi uma peça<br />
muito usa<strong>da</strong>, com saias mais curtas e com finas<br />
pregas; as meias soquetes substituíram as meias<br />
<strong>de</strong> finas e os cabelos passaram a ser preso com<br />
grampos, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> as escassez <strong>de</strong> cabeleireiros.<br />
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Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s investem em uma mo<strong>da</strong> para<br />
merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> massa, diferente <strong>da</strong> Europa. Não ao<br />
europeu vira mo<strong>da</strong> e se tem o surgimento <strong>do</strong> Prétà-Porter.<br />
A alegria invadiu as ruas com a libertação <strong>de</strong> Paris,<br />
em 1944, assim como os ritmos <strong>do</strong> jazz e as meias<br />
<strong>de</strong> nylon americanas,<br />
trazi<strong>da</strong>s pelos sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s,<br />
que em troca levaram<br />
para suas mulheres o<br />
perfume Chanel nº 5.<br />
Roupa usa<strong>da</strong> durante<br />
a guerra<br />
Com a intenção <strong>de</strong><br />
angariar fun<strong>do</strong>s e<br />
confirmar a força e<br />
o talento <strong>da</strong> costura<br />
parisiense, em 1945 foi<br />
cria<strong>da</strong> uma exposição <strong>de</strong><br />
mo<strong>da</strong>. Como não havia<br />
material suficiente para<br />
a produção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />
luxuosos, a solução foi<br />
vestir pequenas bonecas,<br />
mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s com fio <strong>de</strong><br />
ferro e cabeças <strong>de</strong> gesso,<br />
com trajes cria<strong>do</strong>s por<br />
to<strong>do</strong>s os gran<strong>de</strong>s nomes<br />
<strong>da</strong> alta-costura francesa.<br />
Em 1947, então, acontece<br />
algo <strong>de</strong> inespera<strong>do</strong>, surge<br />
o “New Look” <strong>de</strong> Dior<br />
com cinturas aperta<strong>da</strong>s e<br />
saias amplas e chapéus<br />
gran<strong>de</strong>s. Chistian Dior,<br />
um jovem estilista,<br />
revoluciona a mo<strong>da</strong> na<br />
Europa. Era uma mo<strong>da</strong><br />
feminina, que acentuava<br />
to<strong>da</strong>s as curvas <strong>do</strong><br />
corpo <strong>da</strong>s mulheres,<br />
além <strong>de</strong> ser suntuosa e<br />
luxuosa. O sucesso foi<br />
New Look<br />
imediato. As criações <strong>de</strong><br />
Dior foram copia<strong>da</strong>s em<br />
to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>. Estas novas linhas eram totalmente<br />
diferentes <strong>da</strong>s linhas severas <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />
anterior à guerra e durante os tempos <strong>de</strong> guerra.<br />
Era a visão <strong>da</strong> mulher extremamente feminina, que<br />
iria ser o padrão <strong>do</strong>s anos 50.<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50<br />
Esta foi a déca<strong>da</strong> <strong>do</strong> renascimento <strong>da</strong> feminili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
lança<strong>da</strong> pelo New Look, <strong>de</strong> Cristian Dior. O culto<br />
à beleza estava em alta, e foram usa<strong>do</strong>s muitos<br />
cosméticos, valorizan<strong>do</strong> a beleza e ressaltan<strong>do</strong><br />
o luxo em peles, cashemire e jóias. Surgem as<br />
gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> cosméticos, como a<br />
Revlon, Helena Rubinstein e Estée Lau<strong>de</strong>r. Os<br />
cabelos podiam ser pentea<strong>do</strong>s em forma <strong>de</strong> rabo<br />
<strong>de</strong> cavalo ou em coques, as franjas começaram a<br />
aparecer. A alta-costura vive seu apogeu, através<br />
<strong>de</strong> Balenciaga, Givenchy, Chanel, Nina Ricci e<br />
Dior. O símbolos <strong>da</strong> beleza feminina eram Marilyn<br />
Monroe e Rita Hayworth. Surgem os gran<strong>de</strong>s<br />
fotógrafos <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>, <strong>da</strong>s revistas Vogue e Elle.<br />
Mulher <strong>do</strong>s anos 50<br />
Seguiram-se 10 anos <strong>de</strong> intensa ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />
mo<strong>da</strong> após o New Look. A mo<strong>da</strong> ressurge<br />
mais forte que nunca nas mãos e tesouras <strong>de</strong><br />
Dior. As sobrancelhas arquearam e tornaramse<br />
mais escuras. Os lábios se <strong>de</strong>linearam e a<br />
maquilhagem tornou-se essencial. A atmosfera era<br />
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<strong>de</strong> sofisticação, a beleza tornou-se um tema <strong>de</strong><br />
muita importância, o luxo nas estolas e joalharias<br />
elabora<strong>da</strong>s pre<strong>do</strong>minavam. Era gran<strong>de</strong> a procura<br />
por roupas para jovens e a indústria <strong>de</strong> roupas<br />
prêt-à-porter fica ca<strong>da</strong> vez mais forte.<br />
Um fator <strong>de</strong>terminante no mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> e no<br />
merca<strong>do</strong> foi a cultura juvenil, que já não podia<br />
mais ser ignora<strong>da</strong>, pois foi ain<strong>da</strong> nos anos 50<br />
que se começa a notar uma certa rebelião <strong>da</strong><br />
juventu<strong>de</strong> contra a geração mais velha, atarefa<strong>da</strong><br />
em reconstituir uma prosperi<strong>da</strong><strong>de</strong> perdi<strong>da</strong> nos<br />
anos <strong>da</strong> guerra. O rock and roll e o seu í<strong>do</strong>lo, Elvis<br />
Presley, tornaram-se extremamente importantes<br />
para a juventu<strong>de</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> oci<strong>de</strong>ntal. A forma<br />
<strong>de</strong> <strong>da</strong>nçar, provocante e sensual, <strong>de</strong> Elvis e o seu<br />
estilo <strong>de</strong> vestir entusiasmavam <strong>de</strong> sobremaneira a<br />
juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira histeria<br />
<strong>de</strong> massas, sobretu<strong>do</strong> entre o público feminino.<br />
O cinema também difundia a nova forma <strong>de</strong><br />
estar na vi<strong>da</strong> e a nova mo<strong>da</strong>. James Dean e<br />
Marlon Bran<strong>do</strong>, exprimem os sentimentos <strong>do</strong>s<br />
jovens, questionan<strong>do</strong> os valores superficiais<br />
<strong>da</strong> classe média burguesa. Também eternizam<br />
o uso <strong>da</strong> camiseta branca com calça jeans e<br />
blusão <strong>de</strong> couro. Elvis Presley e James Dean,<br />
í<strong>do</strong>los <strong>da</strong> juventu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s anos 50, são fenômenos<br />
característicos <strong>da</strong> tendência <strong>de</strong> prolongamento<br />
<strong>da</strong> a<strong>do</strong>lescência, que teve o seu início justamente<br />
nessa déca<strong>da</strong>.<br />
Marilyn Monroe e Brigitte Bar<strong>do</strong>t foram os <strong>do</strong>is<br />
gran<strong>de</strong>s símbolos <strong>de</strong> beleza <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 50 que<br />
eram uma mistura <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is estilos, a <strong>de</strong>vasta<strong>do</strong>ra<br />
combinação <strong>de</strong> sensuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e ingenui<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Ten<strong>do</strong> recupera<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o seu prestígio, a altacostura<br />
evolui graças aos jovens que entram nesse<br />
merca<strong>do</strong>: Pierre Cardin abre sua casa em 1953,<br />
Gabrielle Chanel volta com força total em 1954.<br />
Depois <strong>da</strong> morte <strong>de</strong> Dior, Yves Saint Laurent, na<br />
altura com 21 anos e novo diretor <strong>da</strong> famosa casa,<br />
foi um impulsiona<strong>do</strong>r revolucionário <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>.<br />
Em 1959, a boneca Barbie foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> e<br />
comercializa<strong>da</strong> nos EUA, sen<strong>do</strong> pouco tempo<br />
<strong>de</strong>pois exporta<strong>da</strong> para a Europa. No final <strong>da</strong><br />
déca<strong>da</strong>, nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, surgiam as saias<br />
ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s, calças cigarretes, sapatos baixos, com<br />
influência <strong>do</strong> sport wear. e o rock and roll.<br />
Se popularizaram vesti<strong>do</strong>s linha H (tubinho), linha<br />
Y (ombros mais largos) e linha A (trapézio), lança<strong>da</strong><br />
em 1958 por YSL na Casa Dior, o oposto <strong>da</strong>s<br />
linhas cinta<strong>da</strong>s que se usavam até a <strong>da</strong>ta. A linha<br />
trapézio iria ser exatamente importante para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> nos anos 60. Xadrez e<br />
pois foram muito usa<strong>do</strong>s.<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60<br />
Os anos sessenta foram <strong>da</strong> cultura jovem, <strong>do</strong>s<br />
estilos varia<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> rock and roll, <strong>do</strong>s movimentos<br />
pacifistas <strong>do</strong> final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong>, contestan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntre<br />
outras coisas, a Guerra <strong>do</strong> Vietnã. Houve uma<br />
atmosfera <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça no ar e gran<strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
nas transformações.<br />
Ocorreu uma elevação <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> Francês,<br />
incentivan<strong>do</strong> o consumo <strong>de</strong> supérfulos. Explosão<br />
<strong>da</strong> comunicação (imprensa, tv, propagan<strong>da</strong>)<br />
contribuin<strong>do</strong> para o incentivo ao aumento <strong>do</strong><br />
consumo <strong>do</strong> vestuário. Surgimento <strong>da</strong>s boutique<br />
oferecen<strong>do</strong> um prêt-à-porter <strong>de</strong> luxo.<br />
Twiggy, i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> beleza <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60<br />
Crise na Alta Costura. Nota<strong>da</strong>mente havia a<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nça e logo ocorreu a<br />
expansão <strong>de</strong> seu leque <strong>de</strong> produtos incluin<strong>do</strong><br />
perfumes, cosméticos e acessórios – responsáveis<br />
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até hoje pelo,<br />
praticamente, sustento<br />
<strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>s maisons.<br />
O nome <strong>do</strong> costureiro<br />
ganhou status <strong>de</strong><br />
marca suscetível <strong>de</strong> ser<br />
concedi<strong>da</strong> sob licensa.<br />
Crise na indústria <strong>do</strong><br />
vestuário, fragilizan<strong>do</strong><br />
o setor. Contribuiu<br />
para isso, o aumento<br />
<strong>da</strong> concorrência com<br />
produtos importa<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
países com mão <strong>de</strong> obra<br />
Criação <strong>de</strong> Paco Rabane<br />
mais barata; inúmeras<br />
pequenas empresas<br />
<strong>de</strong>clararam falência na França. De fato, durante os<br />
anos 60, a indústria têxtil passou <strong>da</strong> dispersão a<br />
uma situação próxima <strong>do</strong> oligopólio.<br />
Os anos 60, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, viveram uma<br />
explosão <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> em to<strong>do</strong>s os aspectos,<br />
a mo<strong>da</strong> focaliza os jovens, amplian<strong>do</strong> a massa<br />
consumi<strong>do</strong>ra. As jovens correm nas lojas to<strong>do</strong><br />
mês para actualizar o visual. Nesse cenário, a<br />
transformação <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> foi radical, com o fim <strong>da</strong><br />
mo<strong>da</strong> única, que passou a ter várias propostas e a<br />
forma <strong>de</strong> se vestir se tornava ca<strong>da</strong> vez mais liga<strong>da</strong><br />
ao comportamento.<br />
Foram introduzi<strong>do</strong>s novos elementos na mo<strong>da</strong>,<br />
provenientes <strong>do</strong> Egito antigo, <strong>da</strong> art nouveau, <strong>da</strong>s<br />
formas geométricas, <strong>do</strong> romantismo, enfim, uma<br />
mistura <strong>de</strong> estilos. A lingerie se mo<strong>de</strong>rniza, com o<br />
uso <strong>da</strong> calcinha e <strong>da</strong>s meias calças, para <strong>da</strong>r maior<br />
conforto a mulher mo<strong>de</strong>rna e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sses<br />
anos <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s. Uma <strong>da</strong>s manias <strong>de</strong>ssa época foi o<br />
vesti<strong>do</strong> tubinho com botas <strong>de</strong> cano longo (brancas<br />
na maioria <strong>da</strong>s vezes). Outra linha <strong>de</strong> estilo foi a<br />
cria<strong>da</strong> por YSL, com roupas <strong>de</strong> estilo masculino,<br />
como o smoking, <strong>de</strong> 1966. E teve também a louca<br />
coleção metálica <strong>de</strong> Paco Rabane inspira<strong>da</strong> na era<br />
espacial, nesta déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> homem à<br />
lua. Surge a minissaia, a ve<strong>de</strong>te <strong>da</strong> déca<strong>da</strong>, cria<strong>da</strong><br />
por Mary Quant/Courreges (há controvérsias sobre<br />
esta autoria).<br />
Tem início o movimento feminista, com a queima<br />
<strong>de</strong> sutiãs em praça pública. No Brasil, a on<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Jovem guar<strong>da</strong> influenciava to<strong>do</strong>s os jovens,<br />
em sua maneira <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> vestir. A música <strong>do</strong>s<br />
Beatles, os quatro rapazes <strong>de</strong> Liverpool, também<br />
criou mo<strong>da</strong>, principalmente para os jovens rapazes<br />
<strong>da</strong>quela época, quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s queriam ter cabelos<br />
compri<strong>do</strong>s, igual a John, Paul, George e Ringo.<br />
As primeiras lojas <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> por catálogo<br />
especializa<strong>da</strong>s em mo<strong>da</strong> juvenil foram abertas.<br />
Os gran<strong>de</strong>s armazéns abriram secções on<strong>de</strong><br />
se vendia somente “mo<strong>da</strong> jovem”. Começaram<br />
também a abrir as primeiras boutiques, que eram<br />
um novo conceito <strong>de</strong> loja, on<strong>de</strong> se vendia vestuário<br />
mo<strong>de</strong>rno e jovem. O fenômeno <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
massas <strong>de</strong>monstra claramente que a imagem <strong>do</strong>s<br />
produtos <strong>de</strong> mo<strong>da</strong> <strong>de</strong> origem francesa <strong>de</strong>ixaram<br />
<strong>de</strong> ser os únicos a fazer ou a ditar a mo<strong>da</strong>. Os<br />
jovens começaram a criar a sua própria mo<strong>da</strong>,<br />
que serve agora <strong>de</strong> inspiração para as coleções<br />
<strong>de</strong> Alta-Costura ou <strong>de</strong> prêt-à-porter <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s<br />
costureiros.<br />
Houve também o surgimento <strong>da</strong> Pop-arte , opart,<br />
filmes e peças revolucionários. No <strong>do</strong>mínio<br />
<strong>da</strong>s artes pre<strong>do</strong>minavam as experiências novas,<br />
a rotura com o que era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> obsoleto e<br />
a procura <strong>do</strong> novo e espetacular. Também neste<br />
<strong>do</strong>mínio, o conceito resumia-se a três termos:<br />
rápi<strong>do</strong>, reprodutível e consumível.<br />
O final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60 representa uma época<br />
<strong>de</strong> muita incerteza, surgin<strong>do</strong> assim <strong>do</strong>is novos<br />
movimentos que afectaram a mo<strong>da</strong>: a revitalização<br />
<strong>da</strong> volta à natureza e o impacto <strong>do</strong> movimento<br />
feminista. Yves Saint Laurent, Paco Rabanne,<br />
Courréges, Pierre Cardin e a inglesa Mary Quant<br />
souberam tirar proveito <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> jovem.<br />
Em 1969, um gran<strong>de</strong> festival <strong>de</strong> música rock<br />
entra para a história, o Woodstock, que reuniu<br />
cerca <strong>de</strong> 500 mil pessoas em três dias que ficou<br />
caracteriza<strong>do</strong> pelo amor, música, sexo e drogas.<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70<br />
O início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> setenta, foi marca<strong>da</strong> pela<br />
busca por coisas mais simples, o uso <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s<br />
naturais, como o linho, a alimentação vegetariana,<br />
as cores mais sóbrias, etc. Já na meta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<br />
déca<strong>da</strong>, surgiram vários movimentos que<br />
influenciaram a mo<strong>da</strong>, como o punk, a new wave,<br />
a disco, este último muito importante na mo<strong>da</strong>,<br />
pois com ele surgiu o Studio 54, gran<strong>de</strong> <strong>da</strong>nceteria<br />
<strong>de</strong> famosos, que lançava tendências. Foram anos<br />
<strong>de</strong> brilho, volumes, transparências, cores pretas,<br />
roupas rasga<strong>da</strong>s.<br />
A mo<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos 70 caracterizava-se por uma<br />
politização muito forte <strong>do</strong> público, impulsionan<strong>do</strong><br />
principalmente palas cama<strong>da</strong>s mais jovens. Esta<br />
fase foi também impulsiona<strong>da</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>cisivo<br />
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Movimento hippie<br />
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pelo movimento feminista, a mulher lutava ca<strong>da</strong> vez<br />
mais por seus direitos.<br />
Nesta déca<strong>da</strong>, a mo<strong>da</strong> colocava-se como<br />
meio <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> expressar uma opinião.<br />
Registaram-se então <strong>de</strong>senvolvimentos<br />
interessantes no ramo <strong>da</strong> Alta-Costura. Aliás<br />
muitos <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s estilistas <strong>do</strong>s dias <strong>de</strong> hoje,<br />
como por exemplo Thierry Mugler, Kenzo, Issey<br />
Miyake, Vivienne Westwood e Ralph Lauren,<br />
começaram suas carreiras nessa altura. No<br />
entanto, foi sobretu<strong>do</strong> o movimento Hippie com<br />
o seu vestuário ecologicamente consciente e<br />
anti-conformista que marcou uma gran<strong>de</strong> parte<br />
<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>. Algodões estampa<strong>do</strong>s com pequenas<br />
flores, anáguas com <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, chapéus <strong>de</strong><br />
palha a<strong>do</strong>rna<strong>do</strong>s com flores, cabelos suavemente<br />
ondula<strong>do</strong>s.<br />
Os jovens vestiam jeans bor<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> flores,<br />
pantalonas e saias longas e vaporosas até ao<br />
chão. Materiais mais sinuosos e suaves inva<strong>de</strong>m<br />
o merca<strong>do</strong>, teci<strong>do</strong>s para to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> roupas<br />
realçan<strong>do</strong> a silhueta natural. As mulheres assumem<br />
cargos anteriormente ocupa<strong>do</strong>s somente por<br />
homens, surgem as roupas formais com um<br />
<strong>de</strong>libera<strong>do</strong> corte masculino e visual unissex. Existe<br />
uma preocupação com a saú<strong>de</strong>, as pessoas<br />
a<strong>do</strong>ptam um estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> mais simples, como<br />
comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s agrícolas para produzir alimentos<br />
macrobióticos.<br />
Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s anos 70 apareceu o punk-rock,<br />
um estilo <strong>de</strong> música que se insurgia contra tu<strong>do</strong><br />
que estivesse liga<strong>do</strong> aos valores burgueses.<br />
O punk era uma música <strong>de</strong> rua e os seus fãs<br />
vestiam-se a condizer. O movimento teve um<br />
papel muito importante, sobretu<strong>do</strong> para os jovens<br />
<strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s sem perspectivas <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. O<br />
objectivo <strong>do</strong>s punks era alertar a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> para<br />
os problemas existentes, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> uma posição<br />
<strong>de</strong> protesto muito ofensiva e usan<strong>do</strong> a sua forma<br />
<strong>de</strong> vestir para a acentuar. Usavam t-shirts seguras<br />
por meio <strong>de</strong> alfinetes e calças justas xadrez, bem<br />
como casacos <strong>de</strong> couro enfeita<strong>do</strong>s com frases<br />
anarquistas, maquiagens berrantes, coleiras <strong>de</strong> cão<br />
à volta <strong>do</strong> pescoço. Os cabelos eram pentea<strong>do</strong>s<br />
espeta<strong>do</strong>s para cima.<br />
A grosso mo<strong>do</strong>, a mo<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos 70 caracterizouse<br />
por um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> autentici<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> regresso ao<br />
natural e <strong>de</strong> auto-realização.<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80<br />
Foi nesta época que a alta-costura per<strong>de</strong>u seu<br />
mistério, pois ca<strong>da</strong> vez mais as mulheres possuíam<br />
repertório e ferramentas para criar seu próprio<br />
estilo. Os anos 80 foram marca<strong>do</strong>s por releituras<br />
<strong>de</strong> épocas passa<strong>da</strong>s, pelo couro, pelas ombreiras<br />
altas, pela sensuali<strong>da</strong><strong>de</strong>, pelas estampas, pelas<br />
cores fortes, pela febre <strong>da</strong> ginástica e <strong>do</strong> culto<br />
ao corpo e finalmente pelo surgimento <strong>da</strong> AIDS.<br />
O ícone <strong>da</strong> geração anos 80 foi a cantora pop<br />
Ma<strong>do</strong>nna.<br />
Em 1980 entra em cena o look exagera<strong>do</strong>,<br />
po<strong>de</strong>roso, para as novas fortunas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
ações. Os ombros são marca<strong>do</strong>s por ombreiras<br />
enormes; a cintura e os quadris também são<br />
marca<strong>do</strong>s nessa época. As mulheres tornam-se<br />
a<strong>de</strong>ptas <strong>do</strong>s básicos inspira<strong>do</strong>s no guar<strong>da</strong>-roupa<br />
masculino. O blazer é a peça <strong>de</strong> resistência. As<br />
criações <strong>de</strong> Chanel viram objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo e as<br />
bijutarias começam a balançar enormes. A minisaia<br />
reina soberana e a princesa Diana começa<br />
a ditar mo<strong>da</strong>. Também a mo<strong>da</strong> punk que nasceu<br />
no final <strong>do</strong>s anos 70 reflete-se nos pentea<strong>do</strong>s e<br />
vestimentas e a mo<strong>da</strong> disco-glitter também afina<br />
durante vários anos.<br />
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A mo<strong>da</strong> tinha-se<br />
torna<strong>do</strong> <strong>de</strong>finitivamente<br />
internacional. A Alta-<br />
Costura francesa<br />
<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser a<br />
tendência <strong>do</strong>minante.<br />
Em to<strong>do</strong>s os países <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> começaram a<br />
<strong>de</strong>senvolver-se estilos<br />
próprios, que eram<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s além <strong>da</strong>s<br />
próprias fronteiras. A<br />
Inglaterra, a Itália e a<br />
Mulher <strong>de</strong> negócios<br />
Alemanha tornaram-se<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iros países produtores <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>.<br />
Os EUA enviam<br />
para a Europa um<br />
vestuário clássico<br />
e <strong>de</strong>sportivo,<br />
enquanto<br />
que <strong>do</strong> Japão<br />
nos chegam<br />
tendências<br />
vanguardistas.<br />
O estilo imposto<br />
pelos japoneses,<br />
com roupas<br />
fora <strong>de</strong> forma<br />
e mo<strong>de</strong>lagem,<br />
amassa<strong>da</strong>s<br />
e inspira<strong>da</strong>s<br />
na pobreza,<br />
chocou <strong>de</strong> início,<br />
mas acabou<br />
Mo<strong>da</strong> fitness<br />
contaminan<strong>do</strong><br />
a mo<strong>da</strong><br />
internacional. A mo<strong>da</strong> começou a integrar ca<strong>da</strong> vez<br />
mais elementos lúdicos. O estilo pós-mo<strong>de</strong>rno, que<br />
marcou to<strong>da</strong>s as formas <strong>de</strong> arte <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80,<br />
marcou também o <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>.<br />
Foi recria<strong>da</strong> a mo<strong>da</strong> fetiche e o brilho algo frívolo<br />
<strong>do</strong>s clubes noturnos e <strong>da</strong>s estrelas <strong>de</strong> Hollywood,<br />
que também contribuiu para introduzir elementos<br />
<strong>de</strong>sportivos na mo<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos 80. Ao contrário<br />
<strong>do</strong> que possa parecer, estes <strong>do</strong>is estilos não<br />
se excluem necessariamente um ao outro, mas<br />
completam-se. Têm até algo em comum, ou seja,<br />
um gran<strong>de</strong> interesse pelo corpo. Nos anos 80<br />
começou uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira on<strong>da</strong> <strong>de</strong> fitness, uma<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira invasão aos ginásios. A <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong>s<br />
benefícios <strong>da</strong> ginástica acabou levan<strong>do</strong> os teci<strong>do</strong>s,<br />
conceitos e mo<strong>de</strong>lagens <strong>da</strong>s aca<strong>de</strong>mias para o<br />
dia-a-dia.<br />
Destaque para os cria<strong>do</strong>res: Armani, Lacroix, Rei<br />
Kawakubo, Gaultier, Pra<strong>da</strong>, Dolce e Gabana e<br />
Gucci.<br />
Déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90, até atuali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Os anos noventa foram marca<strong>do</strong>s pela diversi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> estilos e pela rapi<strong>de</strong>z <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>. Vários<br />
estilistas surgem, a mo<strong>da</strong> é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um<br />
fenômeno essencial na vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas. Surge a<br />
customização, o movimento grunge, que pregava<br />
a anti-mo<strong>da</strong>. Também se fortalecem o skatewear,<br />
surfwear e o hippie Chic .<br />
A geração entre 15 e os 30 anos é uma geração<br />
<strong>de</strong>cisiva para a mo<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos 90. A música<br />
tecno e o vestuário em materiais sintéticos<br />
evi<strong>de</strong>nciam que o culto ecológico <strong>do</strong>s anos 80 já<br />
não é tão forte. As profissões relaciona<strong>da</strong>s com<br />
a informática e com a comunicação tornaram-se<br />
muito importantes, além <strong>de</strong> marcarem o dia-a-dia<br />
<strong>do</strong>s anos 90.<br />
Publici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
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A mo<strong>da</strong> inspira-se em muito <strong>do</strong> que já passou.<br />
Os <strong>de</strong>senhistas <strong>de</strong> vanguar<strong>da</strong> vem <strong>da</strong> Inglaterra e<br />
Bélgica, mas a Itália dita as tendências. É a déca<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Pra<strong>da</strong>, Versace, Armani, Dolce e Gabanna e<br />
Gucci, Calvin Klein, Ralph Lauren, entre outros.<br />
Movimento minimalista, on<strong>de</strong> a lei é “menos é<br />
mais”.<br />
As saias cobrem os joelhos e as calças tornamse<br />
uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. As transparências e <strong>de</strong>cotes<br />
em to<strong>da</strong>s as coleções tornam o busto objeto <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sejo, fazen<strong>do</strong> com que a indústria <strong>do</strong>s seios<br />
<strong>de</strong> silicone crescesse com muita rapi<strong>de</strong>z. O<br />
vestuário é inspira<strong>do</strong> na mo<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60 e 70, mas<br />
não é simplesmente imitação. É combina<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
forma eclética com outros estilos, juntamente<br />
com elementos novos <strong>de</strong> origem tecnológica,<br />
e inspira<strong>do</strong>s no web<strong>de</strong>sign e na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
consumo. É quase obrigatório entre os jovens<br />
ter celular. O computa<strong>do</strong>r portátil faz parte <strong>da</strong><br />
indumentária <strong>de</strong> quem já esta na vi<strong>da</strong> profissional.<br />
Há na publici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>da</strong> uma divulgação <strong>de</strong><br />
silhuetas anoréxicas.<br />
Com o regresso <strong>do</strong>s ingleses ao mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> mo<strong>da</strong><br />
encerra-se, <strong>de</strong> certa forma, um ciclo: a Alta-<br />
Costura começou há cerca <strong>de</strong> cem anos com<br />
um inglês em Paris, Charles Worth. Agora recebe<br />
novamente impulsos novos e importantes <strong>da</strong><br />
parte <strong>de</strong> estilistas ingleses. Paris continua a ser<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> a capital <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>. No entanto, o<br />
termo mo<strong>da</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser apenas sinônimo <strong>de</strong><br />
mo<strong>da</strong> francesa. Ao longo <strong>do</strong> século XX a mo<strong>da</strong><br />
transformou-se ca<strong>da</strong> vez mais num fenômeno<br />
internacional, no melhor senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> termo. A mo<strong>da</strong><br />
futurista começa a aparecer no final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> 90, junto com as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> ser ca<strong>da</strong> vez mais prática, versátil,<br />
veloz e criativa. E os <strong>de</strong>signers, os estilistas e a<br />
tecnologia passam a investir neste merca<strong>do</strong> com<br />
to<strong>da</strong>s as forças.<br />
Os anos 2000 entram com um forte movimento <strong>de</strong><br />
individualização, também manifesto na mo<strong>da</strong> (as<br />
crescentes customizações são exemplo disso).<br />
Há uma tentativa <strong>de</strong> busca pelo estilo pessoal,<br />
on<strong>de</strong> ser diferente é a proposta. Vemos também<br />
a valorização <strong>do</strong> conforto, com peças duráveis<br />
e práticas. A tecnologia têxtil avança e surgem<br />
fibras e teci<strong>do</strong>s inteligentes que agregam em sua<br />
estrutura inova<strong>do</strong>res diferenciais. O teci<strong>do</strong> TAKE®<br />
<strong>da</strong> Santa Constância é um exemplo disso. Utiliza<br />
o bambu como matéria-prima e possui um bio<br />
agente anti bacterici<strong>da</strong> chama<strong>do</strong> “bambu kun”,<br />
que mesmo após 50 lavagens continua com suas<br />
características ativas, ou seja, não permite que<br />
as roupas <strong>de</strong>senvolvam aquele cheiro <strong>de</strong> suor<br />
<strong>de</strong>sagradável após o uso.<br />
Também vemos manifestar em to<strong>da</strong>s as esferas<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> uma preocupação ambiental. A aceleração<br />
<strong>do</strong>s ritmos <strong>de</strong> aquecimento global tem preocupa<strong>do</strong><br />
o planeta e a mo<strong>da</strong> trata <strong>de</strong> traduzir estes anseios.<br />
Surgem novas fibras ecológicas, meios <strong>de</strong><br />
beneficiamento menos agressivos e as pessoas<br />
passam a não se preocuparem apenas com o<br />
preço e beleza <strong>da</strong>s peças, mas também com a<br />
forma com que foram produzi<strong>da</strong>s. O TENCEL®<br />
(marca registra<strong>da</strong> <strong>de</strong> Lyocel) po<strong>de</strong> ser cita<strong>do</strong><br />
aqui. É uma fibra <strong>de</strong> celulose feita a partir <strong>da</strong><br />
polpa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, um recurso natural e renovável<br />
que é retira<strong>do</strong> <strong>de</strong> florestas gerencia<strong>da</strong>s e autosustentáveis.<br />
Tem características: conforto,<br />
controle <strong>de</strong> umi<strong>da</strong><strong>de</strong>, tenaci<strong>da</strong><strong>de</strong> no seco e no<br />
molha<strong>do</strong>, e também flui<strong>de</strong>z. Temos também o<br />
Treetap, couro vegetal produzi<strong>do</strong> na amazônia.<br />
Obti<strong>do</strong> através <strong>da</strong> vulcanização <strong>da</strong> borracha <strong>do</strong><br />
látex <strong>de</strong>speja<strong>da</strong> sobre uma superfície trama<strong>da</strong><br />
geran<strong>do</strong> um teci<strong>do</strong> com aparência similar ao <strong>do</strong><br />
couro, <strong>da</strong>í “couro vegetal”.<br />
O presente <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> é aprecia<strong>do</strong>, preenchi<strong>do</strong> com<br />
arte <strong>da</strong> máquina e o avanço <strong>da</strong> tecnologia em<br />
fios, teci<strong>do</strong>s e acabamentos. O futuro carrega a<br />
chave <strong>da</strong> inovação, conveniências mo<strong>de</strong>rnas e a<br />
criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> inespera<strong>da</strong>.<br />
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Bibliografia <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong> apostila<br />
EMBACHER, Ainton. Mo<strong>da</strong> e i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>: a construção <strong>de</strong> um estilo próprio. São Paulo: Editora<br />
Anhembi Morumbi, 1999.<br />
HOLLANDER, Anne. O sexo e as roupas: a evolução <strong>do</strong> traje mo<strong>de</strong>rno. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 1996.<br />
Pp 160-173.<br />
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2005/07/14/000.htm<br />
http://operegrinomistico.blogspot.com/2007_07_01_archive.html<br />
LAVER, James. A roupa e a mo<strong>da</strong>: uma história concisa. São Paulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras, 1989. Pp<br />
177-212.<br />
RUFFAT, Michèle. “A mo<strong>da</strong> <strong>do</strong>s anos 60 entre o artesanato e a indústria” in: SANT’ANNA, Mara Rúbia e<br />
QUIRINO, Soraya F. S. (org.). Mo<strong>da</strong>Palavra. Florianópolis: UDE<strong>SC</strong>/CEART, 2002. Pp 127-134.<br />
www.girafamania.com.br/historia_arte/historia_arterenascentista.html<br />
www.historia<strong>do</strong>mun<strong>do</strong>.com.br/i<strong>da</strong><strong>de</strong>-mo<strong>de</strong>rna/renascimento/<br />
www.historianet.com.br/conteu<strong>do</strong>/<strong>de</strong>fault.aspx?codigo=290<br />
www.historia<strong>da</strong>arte.com.br/artegotica.html<br />
www.suapesquisa.com/mesopotamia<br />
www.suapesquisa.com/povosbarbaros/<br />
www.mo<strong>da</strong>manifesto.com/in<strong>de</strong>x.php?local=<strong>de</strong>talhes_mo<strong>da</strong>&id=99<br />
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