LOPES, João Marcos de Almeida ; RIZEK, Cibele Saliba. O ... - Usina
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pessoal e subjetivo das mulheres no contexto do grupo e, por <strong>de</strong>corrência,<br />
ante o grupo social do qual faz parte: nas formas <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r-se<br />
com seu companheiro – ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se correspon<strong>de</strong>r –, <strong>de</strong> articular-se<br />
como profissional ou mesmo <strong>de</strong> afirmar-se como condutora <strong>de</strong> sua própria<br />
vida. Uma outra vertente <strong>de</strong> proposições <strong>de</strong> aferição quantitativa que<br />
não correspon<strong>de</strong>m a uma avaliação direta da qualida<strong>de</strong> final do produto<br />
é a possibilida<strong>de</strong>, como já dissemos, <strong>de</strong> manter uma espécie <strong>de</strong> auditoria<br />
permanente nos gastos públicos na produção da moradia: a produção a<br />
preço <strong>de</strong> custo, promovida pelos mutirões autogeridos, permite uma verificação,<br />
em tempo real, das distorções ou ajustamentos entre qualida<strong>de</strong><br />
dos materiais aplicados, custos orçados e serviços realizados no conjunto<br />
do mercado da construção civil. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> algo próximo a<br />
uma auditoria permanente do setor: é o que a presente pesquisa, a partir<br />
<strong>de</strong> análises comparativas, procura <strong>de</strong>monstrar.<br />
6. De qualquer forma, é certo que os procedimentos analisados po<strong>de</strong>m,<br />
sim, promover melhor qualida<strong>de</strong>, conforme o padrão mais rigoroso que<br />
se estabeleça para o setor <strong>de</strong> produção habitacional popular no país. No<br />
entanto e a rigor, não parece existir qualquer <strong>de</strong>terminismo entre mo<strong>de</strong>lo<br />
e resultado: tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da instrução e condução do processo, capacida<strong>de</strong><br />
organizacional do grupo, existência <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s qualificadas para<br />
assessoramento técnico, disposição e infra-estrutura institucional instalada<br />
para a gestão partilhada dos recursos etc.<br />
7. Em algumas circunstâncias, o processo conduziu o grupo a novas formas<br />
<strong>de</strong> apropriação territorial urbana e <strong>de</strong> relacionamento individual e<br />
coletivo com o meio social e a cida<strong>de</strong>. Em outros casos, não: continua<br />
precária a relação entre moradores e cida<strong>de</strong>. Isso significa, em parte, que<br />
o processo vivenciado não patrocina, necessariamente, o surgimento <strong>de</strong><br />
novas dimensões da vida pública e <strong>de</strong> convívio urbano. O tempo e as<br />
elaborações autônomas necessários para que isso aconteça, gran<strong>de</strong> parte<br />
das vezes, não é compatível com o cronograma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das<br />
obras. Esse fato <strong>de</strong>ve ser levado em conta, particularmente no momento<br />
<strong>de</strong> instrução <strong>de</strong> programas que prevêem a participação popular: a simplificação<br />
<strong>de</strong> um processo profundamente complexo muitas vezes se mani-<br />
Coletânea Habitare - Vol. 5 - Procedimentos <strong>de</strong> Gestão Habitacional para População <strong>de</strong> Baixa Renda