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LOPES, João Marcos de Almeida ; RIZEK, Cibele Saliba. O ... - Usina

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cooptadas não alterariam a tecnoestrutura estatal, isto é, tanto faz se é mutirão,<br />

com ou sem autogestão. As transformações das estruturas <strong>de</strong> gestão pública<br />

não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> absorção das <strong>de</strong>mandas e práticas populares,<br />

mas justamente estas transformações seriam os ajustes necessários<br />

para que pouco se importe se o Estado promove produção <strong>de</strong> moradia por<br />

empreitada global ou por mutirão autogerido.<br />

Talvez a questão situe-se muito mais na funcionalida<strong>de</strong> dinâmica<br />

dos movimentos sociais e nas formas como estes movimentos relacionamse<br />

com o po<strong>de</strong>r público – o que muda incessante, permanente e rapidamente.<br />

Se indagações acerca do po<strong>de</strong>r público foram imprescindíveis para a<br />

constituição <strong>de</strong>ste pano <strong>de</strong> fundo, outras, referentes ao corpo do movimento<br />

social e <strong>de</strong> seus horizontes, também se <strong>de</strong>finiram com a mesma importância.<br />

À medida que nos aprofundávamos nos diversos elementos <strong>de</strong> referência<br />

histórica e da memória <strong>de</strong> cada entrevistado, era impossível evitar o seguinte<br />

questionamento: em que havia se transformado a ban<strong>de</strong>ira da “virtualida<strong>de</strong><br />

emancipatória” que os movimentos sociais levantaram a partir do final da<br />

década <strong>de</strong> 70? Vários investiram nesta “possibilida<strong>de</strong> emancipatória”, inclusive<br />

articulando pressupostos autogestionários e <strong>de</strong> autonomização radical em<br />

relação ao Estado. Perguntávamos, então, quais seriam as origens e referências<br />

históricas <strong>de</strong>ssas ban<strong>de</strong>iras e quais os fatores <strong>de</strong>terminantes que promoveram<br />

o giro político <strong>de</strong>senvolvido ultimamente na luta social.<br />

Fez-se necessário, então, remontar algumas matrizes <strong>de</strong> referência que<br />

auxiliaram em checar como o binômio mutirão/autogestão havia sido apropriado<br />

pelos movimentos sociais – particularmente pelos Movimentos <strong>de</strong><br />

Moradia – e como as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada formato, correspon<strong>de</strong>ndo às<br />

diferentes regiões pesquisadas, também acabaram instruindo práticas distintas,<br />

ainda que invariavelmente imbuídas, a princípio, daquela “virtualida<strong>de</strong><br />

emancipatória” à qual nos referimos.<br />

Assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as práticas autóctones <strong>de</strong> ajuda mútua para a roça da<br />

mandioca entre os índios (o “muxirão”) ou entre pequenos agricultores que<br />

se auxiliam na lida do campo, passando pelas formas urbanas espontâneas<br />

<strong>de</strong> cooperação para a construção da casa, parece que o mutirão vai, aos<br />

poucos, agregando elementos <strong>de</strong> uma retórica que se esten<strong>de</strong> para além do<br />

simples acordo para a organização do trabalho livre.<br />

Coletânea Habitare - Vol. 5 - Procedimentos <strong>de</strong> Gestão Habitacional para População <strong>de</strong> Baixa Renda

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