15.04.2013 Views

LOPES, João Marcos de Almeida ; RIZEK, Cibele Saliba. O ... - Usina

LOPES, João Marcos de Almeida ; RIZEK, Cibele Saliba. O ... - Usina

LOPES, João Marcos de Almeida ; RIZEK, Cibele Saliba. O ... - Usina

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

74<br />

condição operário/proprietário/mutuário implique – sem muitas pretensões<br />

– um trabalho pelo menos um pouco mais atento.<br />

10. Este fato implicaria, também, as formas <strong>de</strong> apropriação do imóvel.<br />

Mesmo no caso <strong>de</strong> apartamentos, como no Serrano, em Belo Horizonte,<br />

os moradores exibem com orgulho a estreita faixa obtida com a supressão<br />

<strong>de</strong> uma pare<strong>de</strong>, viabilizando uma significativa ampliação da cozinha.<br />

Isso é um diferencial não mensurável pelas vias contábeis. No caso<br />

<strong>de</strong> São Paulo, um terço dos mutirantes da União da Juta pleiteou unida<strong>de</strong>s<br />

habitacionais que permitissem articular sala e cozinha num único<br />

espaço (“cozinha americana”, como diziam). Agregando espaços fragmentados<br />

num único ambiente, este expediente acabou reor<strong>de</strong>nando<br />

todo o projeto e propiciou, inclusive, uma implantação articulada dos<br />

edifícios em torno <strong>de</strong> pequenas praças – as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vizinhança, um<br />

argumento do projeto. Tanto num caso como no outro, parece que o<br />

processo <strong>de</strong> discussão do projeto, quando estabelecido a partir <strong>de</strong> pressupostos<br />

<strong>de</strong> diálogo pleno, contribuiu para as mais diversas formas <strong>de</strong><br />

apropriação da moradia. No entanto, o diferencial parecia sempre residir<br />

na idéia <strong>de</strong> que havia sido ele, o morador, quem havia construído<br />

aquilo, projeto, obra e processo: ele sabia contar aquela história como<br />

sujeito, não como espectador.<br />

11. Por outro lado, o fato <strong>de</strong> este sujeito ser proprietário, operário e<br />

mutuário numa só pessoa não o isenta <strong>de</strong> posturas que o aproximam<br />

das idiossincrasias próprias da subjetivida<strong>de</strong> instruída pelo regime <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> privada e pelas relações i<strong>de</strong>ológicas socialmente instituídas.<br />

Ao mesmo tempo em que este sujeito age como operário que<br />

aguarda or<strong>de</strong>ns, também or<strong>de</strong>na e quer ser reconhecido como patrão;<br />

ao mesmo tempo em que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a participação incondicional em<br />

todas as etapas do processo produtivo, não admite ingerências no espaço<br />

privado do seu regime <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>; ao mesmo tempo em que se<br />

permite discutir a administração coletiva das compras, não admite sua<br />

co-responsabilida<strong>de</strong> quando materiais e serviços não correspon<strong>de</strong>m ao<br />

que havia imaginado; e assim por diante.<br />

Coletânea Habitare - Vol. 5 - Procedimentos <strong>de</strong> Gestão Habitacional para População <strong>de</strong> Baixa Renda

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!