LOPES, João Marcos de Almeida ; RIZEK, Cibele Saliba. O ... - Usina
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É necessário, entretanto, ultrapassar o julgamento dos aspectos objetivos<br />
e aparentes <strong>de</strong>sse contexto peculiar <strong>de</strong> produção da moradia – tanto<br />
porque o que mais aparece é, justamente, apenas a forma simples <strong>de</strong> aplicação<br />
da mão-<strong>de</strong>-obra dita gratuita. Uma verificação rasteira do que tem sido<br />
produzido sobre o assunto po<strong>de</strong>ria levar-nos a limitar nosso enfoque apenas<br />
a alguns liames entrelaçados à superfície, impedindo-nos <strong>de</strong> verificar, efetivamente,<br />
alguns elementos que se esten<strong>de</strong>m para além dos mecanismos <strong>de</strong><br />
aferição estatística da virtuosida<strong>de</strong> – ou <strong>de</strong> sua ausência – <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />
programa habitacional. Tanto ao céu como à terra, vários ensaios e pesquisas<br />
têm formulado conclusões que preten<strong>de</strong>m recomendar o expurgo<br />
<strong>de</strong>ssa prática do horizonte das políticas públicas, ajustando-a como réu <strong>de</strong><br />
julgamentos pertinentes a outros contextos <strong>de</strong> análise, ou, por outro lado,<br />
concebendo-a como “a” solução para o problema do déficit habitacional<br />
brasileiro, passando pela afirmação laudatória da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “construção<br />
da cidadania” através da construção da casa com as próprias mãos –<br />
secreta afirmação <strong>de</strong> uma necessária penitência civil como condição indispensável<br />
para a conquista do “paraíso” <strong>de</strong> uma justa civilida<strong>de</strong>.<br />
Além disso, também concorre o fato <strong>de</strong> que não há como abordar o<br />
objeto <strong>de</strong> uma pesquisa com essa envergadura sem consi<strong>de</strong>rar quais seriam<br />
os possíveis efeitos que a incorporação pragmática e simplista <strong>de</strong> seus resultados,<br />
articulados como recomendações que orientam práticas ditas “alternativas”<br />
ou “inovadoras” para a produção habitacional nacional, bem como sua<br />
livre e incondicionada universalização através dos meios – programas, planos<br />
e políticas – sem o arbítrio cuidadoso <strong>de</strong> uma análise mais aprofundada<br />
dos elementos que conjugam tais práticas.<br />
Assim, nem tanto ao mar, nem tanto à terra, e para além das contribuições<br />
inequívocas resultantes do processo <strong>de</strong> sistematização e análise <strong>de</strong> dados e informações<br />
sobre algumas experiências paradigmáticas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> moradias<br />
por mutirão e autogestão – que têm, sob nosso ponto <strong>de</strong> vista, a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos<br />
aproximar <strong>de</strong> forma um pouco menos anuviada do todo –, preten<strong>de</strong>mos estabelecer<br />
a simbiose <strong>de</strong> uma dupla abordagem do assunto, buscando analisar proce-<br />
Coletânea Habitare - Vol. 5 - Procedimentos <strong>de</strong> Gestão Habitacional para População <strong>de</strong> Baixa Renda